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OAB 2ª FASE PENAL 162 QUESTÕES E SUAS RESPOSTAS

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OAB 2ª FASE 
PENAL 
 
Todas as perguntas e respostas dos 
últimos 23 exames 
 
 
 
 
 
 
 
Organização: ALINE ALBUQUERQUE FERREIRA 
 
Fonte: http://oab.fgv.br/, http://www.cespe.unb.br/concursos/ e 
http://www.oab.org.br/servicos/examedeordem 
2015 
 
 
QUESTÕES PRÁTICAS 
 
1. O que significa a expressão “detração penal”? 
 A detração penal é um instituto de direito penal que abate o tempo de segregação provisória cumprida pelo 
condenado, tendo como fundamento o artigo 42 do Código Penal que enuncia que se computam, na pena privativa de 
liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão 
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo 41 do Código Penal. 
 
2. Qual a diferença entre perdão judicial e perdão tácito? 
O perdão tácito é uma causa extintiva de punibilidade prevista no artigo 107, inciso V, do Código Penal, configurando-
se na ação penal exclusivamente privada, em face de um ato do querelante para com o querelado, denotando 
incompatibilidade e continuar o processo-crime, vez que o ato da vítima denota que perdoou o querelado, existindo 
apenas quando já recebida a queixa-crime por parte do juiz, não devendo ser confundida com a renuncia tácita que é 
sempre antes de iniciar o processo, devendo o perdão tácito para extinguir a punibilidade ser aceito por parte do 
querelado, porquanto o perdão é sempre bilateral. Já o perdão judicial constitui providência exclusivamente do Poder 
Jurisdicional derivada de medida de Política Criminal, havendo previsão expressa em situações de homicídio culposo e 
outras culposas expressas em lei, quando as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave 
que a sanção penal se torne desnecessária, destacando que o artigo 120 do Código Penal é expresso ao afirmar a 
natureza declaratória do instituto do perdão judicial ao afirmar que “a sentença que conceder perdão judicial não será 
considerada para efeitos de reincidência”. 
 
3. O que é a reforma in pejus indireta? 
A reforma in pejus indireta consiste na situação em que anulada sentença condenatória em recurso exclusivo da 
defesa, não pode ser prolatada nova decisão mais gravosa do que a anulada. Trata-se assim de conseqüência negativa 
ao réu que exclusivamente apelou, não podendo por isso o Tribunal piorar indiretamente a sua situação do réu. 
Exemplo: O réu condenado a 2 anos de reclusão apela e obtém a nulidade da sentença. A nova decisão poderá impor-
lhe, no máximo, a pena de dois anos, pois do contrario o réu estaria sendo prejudicado indiretamente pelo seu 
recurso. 
 
4. O que significa a expressão “despronúncia”? 
 A despronúncia é a reconsideração da própria decisão de pronúncia ou a não aceitação da pronúncia por parte do 
Tribunal de Justiça, em face do Recurso em Sentido Estrito interposto pelo pronunciado. A despronúncia, assim, pode 
ocorrer em duas hipóteses: 1) se o juiz, em face do recurso em sentido estrito, interposto contra a sentença de 
pronuncia, reconsiderar a decisão, revogando-a; se mantida a pronúncia, em primeira instância, vier o Tribunal a 
revogá-la. A despronúncia é, portanto, a revogação ou desconstituição da pronúncia anteriormente decretada, seja por 
parte do juízo de primeira instância, em sede de reconsideração, seja por parte do Tribunal de Justiça que, apreciando 
recurso do réu, reforma a sentença de pronúncia para impronunciá-lo. A distinção entre impronúncia e despronúncia 
está em que a primeira é decretada pelo juízo “a quo” em juízo de valor que afirma, desde logo, a inexistência do crime 
ou de indícios suficientes de autoria, enquanto a segunda pressupõe a existência de uma sentença de pronúncia e o 
reconhecimento desses pressupostos por parte do juízo de origem, mas que vem a ser reformada em sede de reexame 
pela instância “ad quem”. 
 
5. É possível a incidência da escusa absolutória no crime de roubo? 
Conforme o artigo 183 inciso I do Código Penal não é cabível a incidência da escusa absolutória no crime de roubo. 
 
6. O uso de arma de brinquedo pode ser tida como qualificadora do crime de roubo (art.157, §2.º, I, do 
Código Penal)? 
Não. O entendimento jurisprudencial dado pela antiga Súmula do STJ nº 174, foi revogada pela Lei nº 9.437/97, que 
previu crime próprio para a utilização de simulacro de arma de brinquedo (art.36). Esse artigo foi revogado, ao depois, 
pela Lei nº 10.826/03. Entretanto, hoje não mais se considera motivo de maior reprovação a utilização de arma sem o 
potencial ofensivo, não podendo ser tido o emprego de arma de brinquedo como qualificadora do roubo. 
 
7. Em que tipo penal se enquadra o chamado seqüestro-relâmpago? 
Existem 3 posições. A primeira, afirma tratar-se unicamente de crime de roubo com causa de aumento de pena pela 
manutenção da vítima em poder do agente, restringindo sua liberdade (art.157, §2º, V, CP). A segunda posição, 
assevera que tem-se configurado o crime de roubo simples em concurso material com o crime de seqüestro (art.157, 
caput, c.c. art.148, caput, todos do CP)(REGIS PRADO, Luiz.Curso de Direito Penal Brasileiro. São Paulo, RT, 2005, vol.2, 
p.445). A terceira, entende haver, unicamente, extorsão, e não roubo (art.158, CP)(JESUS, Damásio de.Código Penal 
Anotado. São Paulo: Saraiva, 2006, p.598). 
 
8. Quais os requisitos de admissibilidade da prisão temporária? Eles são alternativos ou cumulativos? 
Os requisitos são dados pelo art.1º, da Lei nº 7.960/89, quais sejam: I.quando imprescindível para as investigações do 
inquérito policial; II.quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao 
esclarecimento de sua identidade; III.quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na 
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: homicídio doloso (art.121 caput e seu 
§2º); seqüestro e cárcere privado (art.148, caput, e seus §§1º e 2º); roubo (art.157, caput, e seus §§1º e 2º); extorsão 
(art.158, caput e seus §§1º e 2º); extorsão mediante seqüestro (art.159, caput e seus §§1º e 2º); estupro (art.213 
caput e sua combinação com o art.223, caput e parágrafo único); atentado violento ao pudor (art.214, caput e sua 
combinação com o art.223, caput e parágrafo único), epidemia com resultado morte (art.267, §1º); envenenamento de 
água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.279, caput, cc art.285); quadrilha ou 
bando (art.288, todos do Código Penal); genocídio (art.1º, 2º, 3º da Lei nº 2.889/56), tráfico de drogas (art.12 da Lei nº 
6.368/76); crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492/86). Existe posição que entende serem eles alternativos, 
bastando a presença de um deles para a possibilidade de prisão temporária, e outra, que os entende cumulativos, 
sendo necessária a presença do item I ou do item II, em conjunto com o item III. 
 
9. Existem recursos criminais que podem ser considerados privativos da defesa? Quais? 
Revisão Criminal; Embargos infringentes e de nulidade. 
 
10. Todos os crimes da lei de drogas (Lei n.° 11.343/06) autorizam a prisão preventiva? Por que razão? 
 Não. Segundo o art. 48, §2° da Lei n° 11.343/06, “tratando-se da conduta prevista no art.28 desta Lei, não se imporá 
prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, n falta deste, 
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições 
dos exames e perícias necessárias”. Isso se explica pelo fato do crime disposto no art.28 não prever penas privativas de 
liberdade, não devendo, tampouco, ser submetido a prisão processual. 
 
11. A e B, sem estarem previamente combinados, atiram, ao mesmo tempo, em C, que faleceu em virtude de 
ser atingido por somente um dos projéteis. Como a doutrina denomina essasituação? A e B responderiam 
por algum crime? Justifique. 
 A doutrina denomina de autoria colateral (ou co-autoria lateral ou imprópria). “Caso duas pessoas, ao mesmo tempo, 
sem conhecerem a intenção uma da outra, dispararem sobre a vítima, responderão cada uma por um crime se os 
disparos de amas forem causas da morte. Se a vítima morreu apenas em decorrência da conduta de uma, a outra 
responde por tentativa de homicídio. Havendo dúvida insanável sobre a autoria, a solução deverá obedecer ao 
princípio do in dubio pro reo, punindo-se ambos por tentativa de homicídio” (MIRABETE, Julio Fabbrini. “Manual de 
Direito Penal – Parte Geral”. Vol 1. São Paulo: Atlas, 1997, p. 230). 
 
12. Foi expedido mandado de busca e apreensão para ingresso na residência de A, cujo objeto era a busca e 
apreensão de coisas que serviriam como fontes de prova em investigação sobre homicídio que teria sido 
cometido por A. No interior da residência nada foi encontrado sobre o homicídio, mas os policiais acharam, 
fortuitamente, um famoso quadro que fora subtraído de um museu. Pode ser o quadro apreendido? 
Explique, indicando as diversas posições. 
 Existem duas posições principais: a primeira entende que, estando a busca e apreensão autorizada por mandado do 
juiz competente, a entrada na casa seria lícita, por isso tudo o que fosse encontrado na casa poderia ser apreendido; a 
segunda defende que a diligência deve ser relacionada apenas ao conteúdo do mandado e ao que está autorizado por 
este, só admitindo, parte da doutrina, apreensão do que estivesse relacionado com o objeto do mandado 
 
13. Por que a exigência de prisão para apelar constitui uso anômalo da prisão processual? Fundamente a 
resposta. 
 Essa exigência representa um impedimento ao exercício do direito de recorrer, ofendendo o princípio do duplo grau 
de jurisdição e impondo ao acusado ônus excessivo sem que haja qualquer limitação para o órgão da acusação. Assim, 
por não ter natureza cautelar, a prisão exerce função anômala de impedimento da apelação. 
 
14. O Ministério Público pode apelar de sentença absolutória proferida em processo iniciado por queixa? 
Fundamente a resposta. 
Depende. Em se tratando de ação penal pública de iniciativa exclusivamente privada, o Ministério Público não poderá 
interpor o recurso de apelação, uma vez que nesta ação vigora o princípio da disponibilidade. Já na ação penal privada 
subsidiária da pública poderá o Ministério Público apelar, segundo disposição expressa do artigo 29 do Código de 
Processo Penal 
 
15. O tempo de prisão provisória em um processo pode, sempre, ser computado em pena privativa de 
liberdade imposta em outro processo? Fundamentar. 
 Existem duas orientações. A primeira mais restrita entende que somente é computável na pena de prisão aquela 
prisão cautelar relativa ao objeto da condenação. Uma segunda posição mais liberal entende que é possível a 
“detração da pena ocorrida por outro processo, desde que o crime pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido 
praticado anteriormente à sua prisão. Seria uma hipótese de fungibilidade da prisão” (MIRABETE, Julio Fabbrini. 
“Manual de Direito Penal – Parte Geral”. Vol 1. São Paulo: Atlas, 1997, p. 262). 
 
16. Que são escusas absolutórias? Fundamente e indique as suas conseqüências. 
 As escusas absolutórias, também conhecidas como imunidades absolutas, são circunstâncias de caráter pessoal, 
referentes a laços familiares ou afetivos entre os envolvidos, que, por razões de política criminal, o legislador houve 
por bem afastar a punibilidade. Trata-se de condição negativa de punibilidade ou causa de exclusão de pena. Estão 
previstas nos arts. 181, incisos I e II, e 348, § 2.°, do Código Penal. 
 
17. O juiz pode receber apenas parcialmente a denúncia oferecida pelo Ministério Público? Fundamente a 
resposta. 
 A maioria da doutrina entende ser possível o recebimento parcial da denúncia pelo juiz, tendo em vista a inexistência 
de vedação legal.Ressalte-se, ainda, que, havendo imputações cumulativas e recebendo o juiz a denúncia apenas em 
relação a algumas, haverá rejeição quanto às outras e, neste ponto, caberá recurso em sentido estrito. 
 
18. Que é competência por prerrogativa de função? Em relação ao co-autor particular, estende-se a ele essa 
competência? Fundamente. 
É a competência determinada em razão da função ou cargo exercido por determinadas pessoas. Tal determinação é 
feita tendo em vista a dignidade de alguns cargos e funções públicas e não das pessoas que os ocupam.Segundo a 
doutrina a competência por prerrogativa de função abrange também as pessoas que não gozam de foro especial, 
sempre que houver concurso de pessoas (arts. 77, I, e 78, III). É também o entendimento da jurisprudência. 
Entretanto, rejeitada a denúncia contra a pessoa que goza de foro privilegiado, a competência para o julgamento dos 
demais retorna para o 1° grau de jurisdição.Em alguns casos, não se observa a regra de extensão da competência por 
estarem envolvidas normas constitucionais, hierarquicamente superiores às regras sobre conexão do Código de 
Processo Penal. 
 
19. Se alguém, para matar, fere a vítima, segundo a doutrina ele só será punido pelo crime de homicídio. Neste 
caso, que tipo de conflito existe e qual o critério utilizado para resolvê-lo? 
Trata-se de conflito aparente de normas, resolvido pelo princípio da consunção, pois ocorre a relação consuntiva, ou 
de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação 
ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a 
mesma finalidade prática atinente àquele crime, a exemplo do que ocorre no denominado crime progressivo, como é o 
caso do crime de homicídio, o qual pressupõe a lesão corporal como resultado anterior. 
 
20. O acusado apelou de uma condenação pelo Tribunal do Júri, alegando que se tratava de decisão 
manifestamente contrária à prova dos autos. No dia seguinte, ainda dentro do prazo, ingressa com nova 
apelação, sustentando que a decisão, além de manifestamente contrária à prova dos autos, era nula. É 
admissível essa segunda apelação? Por quê? 
O fundamento utilizado pelo juiz para não receber a apelação no caso aventado poderia ser o da ocorrência de 
preclusão consumativa, alegando a perda da faculdade processual em decorrência do seu exercício com o ingresso da 
primeira apelação.Contudo, entende a doutrina que tal decisão não seria acertada, pois a regra da preclusão 
consumativa não se aplica ao caso, visto se tratar de simples suplementação do recurso interposto, realizada 
tempestivamente. 
 
21. Tem-se admitido que o Tribunal de Justiça, em revisão criminal, possa absolver pessoa condenada pelo 
Tribunal do Júri. Como conciliar tal orientação com o princípio constitucional da soberania dos veredictos 
(art. 5o, inciso XXXVIII, alínea c, da Constituição Federal)? 
 A soberania dos veredictos, princípio constitucional, "é preceito estabelecido como garantia do acusado, podendo 
ceder diante de norma que visa exatamente a garantir os direitos de defesa e a própria liberdade. Portanto, é 
juridicamente possível o pedido de revisão dos veredictos do Júri" (Grinover, Magalhães e Scarance, Recursos no 
Processo Penal, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed., tópico 212). 
 
22. Verifique os crimes abaixo descritos e, de forma justificada, esclareça se são crimes próprios. 
I) Art. 1o, inciso I, alínea a, da Lei 9.455/97: “ Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração 
ou confissão da vítima ou de terceira pessoa”. 
II) Art. 133, caput, do Código Penal: “ Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dosriscos resultantes do abandono”. 
O art. 1.°, inciso I, alínea a, da Lei 9.455/97, não é crime próprio, tratando-se de delito comum, pois para a sua 
consecução não se exige nenhuma qualidade especial do agente, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Já o 
crime de abandono de incapaz, previsto no art. 133, caput, do Código Penal, é próprio, pois exige "que o agente tenha 
especial relação de assistência com o sujeito passivo (cuidado, guarda, vigilância ou autoridade), ou tenha a posição de 
garantidor, ou, ainda, haja dado causa ao abandono por anterior comportamento (CP, art. 13, § 2.°)" (Delmanto, 
Código Penal Comentado, Ed. Renovar, comentário ao art. 133). 
 
23. Para a regressão de regime de cumprimento de pena pela prática de fato definido como crime doloso, 
conforme disposto no art. 118, inciso I, da Lei de Execução Penal, há necessidade de sentença condenatória 
transitada em julgado em relação a este crime? Fundamentar. 
Não há necessidade de que o fato definido como crime doloso seja objeto de sentença condenatória transitada em 
julgado para possibilitar a regressão do condenado a regime mais gravoso, nos termos do art. 118, inciso I, da Lei de 
Execução Penal (Lei n° 7.210/84). Como ensina Mirabete, "... quando a lei exige a condenação ou o trânsito em julgado 
da sentença é ela expressa a respeito dessa circunstância, como, aliás, o faz no inciso II do artigo 118. Ademais, a 
prática de crime doloso é também falta grave (art. 52 da LEP) e, se no inciso I desse artigo, se menciona também a 
infração disciplinar como causa de regressão, entendimento diverso levaria à conclusão final de que essa menção é 
superabundante, o que não se coaduna com as regras de interpretação da lei. Deve-se entender, portanto, que, em se 
tratando da prática de falta grave ou crime doloso, a revogação independe da condenação ou aplicação da sanção 
disciplinar" (Execução Penal, ed. Atlas, 8ª edição, tópico 5.37). 
 
24. Que é flagrante diferido ou retardado? É possível a sua realização? Aplica-se a todas as espécies de crimes? 
O flagrante diferido, também conhecido como retardado ou prorrogado, "é a possibilidade que a polícia possui de 
retardar a realização da prisão em flagrante, para obter maiores dados e informações a respeito do funcionamento, 
componentes e atuação de uma organização criminosa" (Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal 
Comentado, Ed. Revista dos Tribunais, 2ª edição, comentário ao art. 302, n. 18). É possível a sua realização quando o 
flagrante referir-se a alguns crimes. Aplica-se às investigações referentes a ilícitos decorrentes de ações praticadas por 
quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo (art. 1° da Lei 9.034/95). Nos termos 
do art. 2°, inciso II, da referida lei, "em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já 
previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: II - a ação controlada, que consiste 
em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde 
que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do 
ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações". Aplica-se o instituto, também, aos 
procedimentos investigatórios relativos aos crimes de tóxicos, nos termos do artigo 33, inciso II, da Lei n° 10.409/02. O 
dispositivo possibilita, mediante autorização judicial, "a não-atuação policial sobre os portadores de produtos, 
substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território brasileiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, 
em colaboração ou não com outros países, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de 
tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível". 
 
25. No que consiste a teoria da actio libera in causa? É adotada no direito brasileiro? Fundamentar legalmente. 
Conforme consta da Exposição de Motivos do Código, foi adotada, com o artigo 28 do Código Penal, a teoria da “actio 
libera in causa”. Por essa teoria, “não deixa de ser imputável quem se pôs em estado de inconsciência ou de 
incapacidade de autocontrole dolosa ou culposamente (em relação ao fato que constitui o delito) , e nessa situação 
comete o crime” (Mirabete, 5.7.2). Esclarece o autor citado: “A explicação é válida para os casos de embriaguez 
preordenada ou mesmo da voluntária ou culposa quando o agente assumiu o risco de, embriagado, cometer o crime 
ou, pelo menos, quando a prática do delito era previsível, mas não nas hipóteses em o agente não quer ou não prevê 
que vá cometer o fato ilícito”. 
 
26. João e Maria convivem, sem serem casados, há vinte anos, na mesma casa e tiveram três filhos. João foi 
condenado por crime de roubo qualificado. Maria e o pai de João, de nome Pedro, escondem-no em um 
sítio de propriedade de um amigo, chamado Antonio, dando a este conhecimento do fato de João estar 
condenado. Que crimes cometem Maria, Pedro e Antonio? Justifique. 
O crime seria o previsto no artigo 348 do Código Penal. O pai, Pedro, não responde pelo crime porque, segundo o § 2º, 
fica isento de pena o ascendente. O amigo, Antonio, poderá ser punido pelo delito, porque a ele não se aplica o 
referido parágrafo. Quanto a Maria, duas interpretações são possíveis. Por uma orientação mais rígida, ela responderia 
porque o parágrafo só isenta de pena o cônjuge. Por outra, mais afinada com a vigente Constituição Federal, a 
companheira deve ser equiparada à mulher casada (art. 226, § 3°). 
 
27. Que justiça e órgão julgam juiz de direito do Estado de São Paulo acusado de homicídio doloso ocorrido na 
cidade de Campo Grande – MS? 
O juiz de direito é julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 
 
28. As Comissões Parlamentares de Inquérito estaduais podem determinar a quebra de sigilo bancário de 
pessoas por elas investigadas? Fundamentar. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, é possível que as comissões parlamentares de inquérito estaduais determinem a 
quebra do sigilo bancário, equiparando-se os poderes dessas comissões aos outorgados às comissões federais, pela 
invocação do princípio federativo (STF, Inq. 779-RJ). Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal admite que as 
comissões federais determinem a quebra de sigilo bancário, por terem os mesmos poderes do juiz, exceto aqueles que 
são exclusivos do Poder Judiciário. 
 
29. Pode, durante o processamento de recurso especial, ser iniciado o cumprimento de pena privativa de 
liberdade ou de pena restritiva de direito aplicada a acusado que respondeu o processo em liberdade? 
Justifique. Considere, separadamente, as hipóteses de pena privativa e de pena restritiva. 
Pena restritiva de direitos – Não pode, segundo orientação do STJ e do STF, em face do artigo 147 da Lei de Execução 
Penal. Há, contudo, orientação jurisprudencial minoritária em sentido contrário, sustentando que o recurso especial 
não tem efeito suspensivo.Pena privativa de liberdade – Não pode, segundo orientação doutrinária e em parte da 
jurisprudência, por ofensa ao princípio constitucional da presunção de inocência, que exige ser toda prisão cautelar. 
Pode, conforme orientação do STF e do STJ, porque o recurso especial não tem efeito suspensivo e não há ofensa ao 
princípio constitucional da presunção de inocência. 
 
30. O Promotor de Justiça requereu arquivamento do inquérito policial porque, em face das circunstâncias 
objetivas e subjetivas ligadas ao fato e ao agente, a pena aplicável levaria à prescrição retroativa. Como 
deve o juiz agir em face do requerimento formulado? Indique, se for o caso, as alternativas possíveis para o 
juiz em face das orientações divergentes a respeito do assunto. 
Primeira alternativa – Encaminhar ao Procurador-Geral de Justiça (art. 28 do CPP), sustentando o não cabimento do 
arquivamento em facede provável prescrição pela pena em concreto, porque esta depende da sentença e não está 
prevista no direito brasileiro.Segunda alternativa – Determina o arquivamento do inquérito policial, admitindo falta de 
interesse de agir pela provável prescrição da pena em concreto. 
 
31. Como deve proceder o juiz, na aplicação da pena, em caso de concurso de causas de aumento? E em caso 
de concurso de causas de diminuição? Justifique. 
Concurso de causas de aumento. Primeira possibilidade é a de o juiz aplicar somente a mais ampla. A outra 
possibilidade, de aplicar as diversas causas de aumento, depende da orientação adotada. Conforme uma orientação, 
os aumentos são sempre aplicados sobre a pena-base. Por outra orientação, aplicado o primeiro aumento, os outros 
incidirão sobre a pena já acrescida.Concurso de causas de diminuição. Primeira possibilidade é a de o juiz aplicar 
somente a mais ampla. A outra possibilidade, de aplicar as diversas causas de diminuição, depende da orientação 
adotada. Conforme uma orientação, as diminuições são sempre aplicadas sobre a pena-base. Por outra orientação, 
aplicada a primeira diminuição, as outras incidirão sobre a pena já diminuída.Há quem sustente que se deve adotar 
critérios diversos. No concurso de causas de diminuição, feita a primeira redução, as demais incidiriam sobre a pena já 
diminuída, para evitar a pena “zero”. Todavia, no concurso de causas de aumento, seria adotado outro critério, o de 
todos os acréscimos incidirem sobre a pena-base, porque mais favorável ao acusado. 
 
32. O Brasil adotava o sistema do duplo binário.O que significa a adoção desse sistema? Qual sistema o 
substituiu e qual o seu significado? 
Segundo o sistema do duplo binário, vigente antes da Reforma Penal de 1984, o juiz podia aplicar pena e medida de 
segurança. O sistema que o substituiu foi o vicariante, o qual veda a aplicação conjunta de pena e de medida de 
segurança. 
 
33. O advogado do acusado A, em plenário de julgamento pelo Júri, apesar de inexistir réplica do promotor, 
requereu ao juiz que lhe fosse dada a oportunidade para oferecer tréplica.Qual a solução a ser adotada? 
Fundamente. 
 Há duas posições, as quais indicam as possíveis soluções. Uma, no sentido de que o advogado do acusado não pode 
oferecer a tréplica, pois ela pressupõe a réplica. Além do mais, haveria prejuízo ao Ministério Público e ofensa ao 
princípio do contraditório. Conforme essa orientação, o juiz deveria indeferir o pedido. Outra posição sustenta que a 
defesa pode apresentar a tréplica, porque a Constituição Federal garante, no artigo 5 º, XXXVIII, alínea a, a plenitude 
da defesa, não podendo ficar o acusado prejudicado em sua defesa devido à ausência de réplica do Ministério Público, 
com tempo menor em relação ao que poderia ser utilizado. Por esse entendimento, o juiz deveria deferir o 
requerimento. 
 
34. O advogado de João, apesar de regularmente intimado, deixou de oferecer as razões de apelação que 
interpusera em favor do acusado em virtude de sua condenação.Que deve fazer o juiz? Justifique. 
Segundo o Código de Processo Penal, poderia o juiz dar seguimento ao processo (artigo 601) sem as razões, 
encaminhando os autos ao tribunal. Contudo, conforme doutrina predominante e forte jurisprudência, para melhor 
preservar o direito de defesa, em momento culminante do processo, o juiz deveria intimar o acusado a constituir novo 
defensor para oferecer as razões no prazo. Decorrido o prazo, deveria nomear defensor para o acusado. 
 
35. Como o artigo 5o, XLII, da Constituição Federal, considera, entre outros, crime inafiançável e insuscetível de 
graça ou anistia o terrorismo, tem sido questionada pela doutrina a previsão do crime de terrorismo entre 
nós. Pergunta-se: a) que artigo de lei se refere ao terrorismo como prática criminosa? b) essa disposição 
permite afirmar que existe, entre nós, o crime de terrorismo? 
O artigo 20 da Lei 7.170, de 14.12.83, considera crime “... praticar... atos de terrorismo”. Parte da doutrina, contudo, 
sustenta que, ante a generalidade da disposição, inexiste, na realidade, definido entre nós o crime de terrorismo. 
Considera que há ofensa ao princípio da legalidade. 
 
36. Pedro, não-funcionário, ingressou na repartição pública em que João, funcionário público, seu amigo, 
trabalha e subtraiu o computador que João, conforme previamente combinado, deixara sobre a sua mesa. 
O ingresso se deu no período noturno, com uso de chave cedida por João.Pergunta-se: que crimes 
cometeram Pedro e João? Justifique. 
Peculato-subtração (artigo 312, §1º). Comunica-se a condição de funcionário público, porque elementar do crime (art. 
30 do Código Penal). 
 
37. Em qual tipo de procedimento e em quais momentos processuais o juiz pode indeferir pedido de juntada de 
documentos? Quais as razões que justificam tais regras? Fundamente. 
As provas poderão ser apresentadas em qualquer fase do processo, desde que a lei não disponha de forma contrária. 
Esta é a regra geral. Contudo, no procedimento dos crimes da competência do Tribunal do Júri, há duas ressalvas a 
essa possibilidade: a primeira ocorre no momento das alegações previstas no art. 406, §2°, do Código de Processo 
Penal; e a segunda no momento do julgamento em plenário, conforme disposto no art. 475 do Código de Processo 
Penal.Em relação à primeira, a restrição é justificada em face da natureza da decisão de pronúncia, de admissibilidade 
de encaminhamento da causa a julgamento em plenário, e em razão da possibilidade posterior de juntada de 
documentos antes do julgamento em plenário. Quanto à segunda, justifica-se a proibição da apresentação de 
documentos em data muito próxima ao julgamento, ou durante este, para evitar surpresa às partes, impedindo-se o 
pleno exercício do contraditório. 
 
38. “A” esteve preso preventivamente no período de 02.03.2003 a 02.06.2003, mas foi absolvido da acusação. 
Contudo, foi condenado por outro crime, cometido em 01.02.2003, à pena de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) 
meses de reclusão. No tocante à pena aplicada, o que poderá ser levado em conta, em benefício do 
condenado? Fundamente. 
 Em benefício do condenado, poderá levar-se em conta a detração penal, prevista nos artigos 42 do Código Penal 
(“Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou 
no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo 
anterior”).Segundo entendimento jurisprudencial, assinalado por Mirabete (Execução Penal, Ed. Atlas, tópico 3.17), 
tem-se admitido a detração por prisão ocorrida em outro processo, em que logrou o réu a absolvição, quando se trata 
de pena por outro crime anteriormente cometido. 
 
39. Uma lei nova que impusesse prisão preventiva obrigatória em crimes de tráfico internacional de 
entorpecentes poderia ser aceita e poderia ser aplicada a processos em andamento? Por quê? 
Fundamente. 
 A aceitação, ou não, de prisão preventiva obrigatória envolve a admissibilidade, ou não, de prisão que não tenha 
natureza cautelar. A tendência da doutrina é aceitar apenas a prisão cautelar, ou seja, a prisão que é necessária em 
face de circunstâncias do caso concreto, porque, assim, estaria sendo observado o princípio constitucional da 
presunção de inocência (art. 5 º, LVII, da CF). A prisão preventiva obrigatória representaria simples antecipação de 
pena, sendo o acusado tratado, antes de decisão definitiva, como se fosse culpado.Contudo, como boa parte da 
jurisprudência admite prisões não cautelares, apesar do referido princípio constitucional da presunção de inocência, 
deveria ser visto se a nova disposição seria aplicável aos processos em andamento. A regra é de que a norma 
processual tem aplicação imediata, atingindo processos em andamento. Contudo, parte da doutrina considera que, 
nos casos de prisão, como está envolvidaa liberdade, seja por aplicação de princípios constitucionais de proteção à 
liberdade, seja por aplicação do artigo 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal, só deveria ser aplicada aos 
novos crimes, ou, pelo menos, aos novos processos. 
 
40. Corrija a seguinte frase, apontado os seus erros e justificando a correção: “A coação moral, como causa 
excludente da tipicidade, ocasiona sempre a absolvição do coato, só sendo punível o coator”. 
A frase correta, de acordo com o artigo 22 do Código Penal, aplicável ao caso, seria: “A coação moral irresistível, como 
causa excludente da culpabilidade, ocasiona, sempre, a absolvição do coato, só sendo punível o coator”.A coação 
moral pode ser irresistível ou resistível.Quando irresistível, a coação moral exclui a culpabilidade em relação ao coato, 
sendo punido apenas o coator. Neste caso, como há um resquício de vontade na conduta do coato, o crime subsiste. 
Existindo crime, não há que se falar em exclusão da tipicidade. Trata-se, como dito, de causa excludente da 
culpabilidade.A coação resistível, por sua vez, não causa a exclusão da culpabilidade, sendo o coato punido. Neste 
caso, a coação serve apenas como atenuante genérica prevista no art. 65, inciso III, c, primeira parte, do Código Penal. 
 
41. O particular, não funcionário público, pode ser punido por crime de peculato? Explique e fundamente. 
 O particular pode ser punido como partícipe. Embora o peculato se trate de crime próprio, praticado por funcionário 
público e não por particular, este pode, contudo, de qualquer modo colaborar para a prática do crime (art. 29, do 
Código Penal). Responderá pelo ilícito criminal, diante do que dispõe o artigo 30 do Código Penal, pois a condição de 
funcionário público se trata de circunstância elementar do peculato. 
 
42. Qual o procedimento a ser seguido em relação ao recurso interposto da decisão do juiz da execução penal 
que indefere o livramento condicional? Fundamentar. 
 O recurso é o agravo previsto no artigo 197 da Lei de Execução Penal. Embora houvesse anteriormente divergência 
doutrinária e jurisprudencial quanto ao rito a ser seguido para esse recurso, ora se afirmando que deveria ser o 
procedimento do agravo do Código de Processo Civil, ora se sustentando que deveria ser o procedimento do recurso 
em sentido estrito, atualmente, em virtude de orientação consolidada no Supremo Tribunal Federal, deve ser adotado 
o rito do recurso em sentido estrito. 
 
43. João atira em determinada pessoa, mas erra o alvo, atingindo apenas outra pessoa que vem a falecer. 
Como deve ser responsabilizado? 
Cuida-se de hipótese de erro na execução do crime. Assim, aplica-se ao caso o artigo 73 do Código Penal, ou seja, o 
agente responde como se tivesse praticado o crime contra a pessoa que pretendia ofender, atendendo-se o disposto 
no §. 3 º, do artigo 20, do Código Penal. 
 
44. O que pode suceder se foi recebida queixa apresentada por advogado sem estar acompanhada de 
procuração que faça menção ao fato criminoso? 
 O juiz não deveria ter recebido a queixa. Assim, se a falha for descoberta posteriormente, deve o juiz anular o 
processo e, se for o caso, declarar extinta a punibilidade em virtude da decadência. Ainda, se o juiz determinar que a 
procuração seja regularizada ou se o próprio querelante perceber a falha, tem-se entendido, com base no artigo 568, 
do Código de Processo Penal, ser possível a regularização desde que não tenha havido decadência. 
 
45. Qual é, atualmente, o conceito de infração de menor potencial ofensivo? Justifique e fundamente a 
resposta. 
 O conceito originário da Lei 9.099/95 foi ampliado pela dos Juizados Especiais Federais (Lei nº 10.259/2001) de modo 
que atualmente abrange toda infração penal cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, sujeita ou não a 
procedimento especial. 
 
46. Pode o juiz, na pronúncia, enquadrar o acusado em dispositivo penal que prevê pena mais grave do que a 
imposta ao crime articulado na denúncia? Justifique e fundamente a resposta. 
Sim. Pronunciando o réu por crime mais grave (por exemplo: homicídio ao invés de infanticídio); nem por isso o réu 
será julgado por fato de que não se defendeu, porque, após a pronúncia, vem o libelo, do qual passará a constar o 
novo dispositivo legal, em que passou a estar incurso o réu, podendo a defesa, na contrariedade, se insurgir contra a 
nova definição jurídica do fato. Além do mais aplica-se ao caso o art. 408, parágrafo 4º c/c art. 383 do CPP. 
 
47. Em que hipótese o delegado de polícia pode instaurar inquérito de ofício para a apuração do crime de 
estupro? Fundamente a resposta. 
 Quando o estupro for seguido de lesão corporal grave, ou morte da vítima, ou cometido com abuso de pátrio poder. 
Nesse caso, trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, pois pressupõe o emprego da violência. Aplica-se 
também no caso a súmula 608 do STF, o que autoriza igualmente o delegado a instaurar inquérito em todos os casos 
de violência real. 
 
48. Que justiça é competente para julgar civil que, em co-autoria com policial militar estadual em serviço, 
subtrai bem pertencente a uma Secretaria de Estado? Justifique e fundamente a resposta. 
Justiça Estadual Comum porque, pela Constituição Federal (art. 125, parágrafo 4º ), a Justiça Militar só julga policial 
militar e bombeiro, não tendo, assim, competência para julgar processo civil. Ainda, pelo artigo 79 – I, a continência, 
no caso, não importa em unidade de processo e julgamento. 
 
49. Explique, dando o dispositivo legal, o que são normas penais permissivas, também conhecidas como 
autorizantes. 
São aquelas que permitem a prática de um fato típico, excluindo-lhe a ilicitude. São, portanto, as causas de exclusão da 
ilicitude, art. 23 do Código Penal. 
 
50. O indivíduo "A", em estado de embriaguez, promove atos escandalosos no interior de freqüentado 
restaurante. "A", visivelmente embriagado, é retirado do ambiente por seu amigo "B" e conduzido até o 
bar anexo, onde "B" e o garçom "C" lhe servem uísque. Justifique, dando os dispositivos legais, se ocorreu 
ilícito penal. 
Sim. "A" cometeu a contravenção penal de embriaguez (art. 62), e os indivíduos "B" e "C", a contravenção penal de 
servir bebida alcoólica a quem já se encontre embriagado, art. 63, II, todos da L.C.P.. 
 
51. Particular pode ser co-autor de peculato? Explicite. 
Sim, conforme o art. 30 do C.P., pois é circunstância elementar do delito, a condição de servidor público, que se 
comunica ao particular, quando este conhecia a condição do mencionado funcionário. 
 
52. O crime de roubo qualificado, art. 157, parágrafo 2.º, incisos I, II, III, IV e V do C.P., é considerado crime 
hediondo? 
Não, em virtude da relação dos crimes hediondos, mencionados na Lei 8072 de 25/07/90, não ter incluido o crime de 
roubo no elenco dos delitos considerados como tal. 
 
53. Qual é o momento processual adequado para que se contradite testemunha da acusação? 
A contradita deverá ser argüida após a qualificação e antes da oitiva da testemunha, conforme artigo 214, do Código 
de Processo Penal. 
 
54. Arrole os direitos do inimputável sujeito à internação por força de medida de segurança. 
Os direitos do internado estão previstos no artigo 99, do Código Penal, que estabelece o recolhimento a 
estabelecimento dotado de características hospitalares e recebimento de tratamento. 
 
55. É possível a tentativa de contravenção? 
 Não, pois o art. 4º da Lei das Contravenções Penais declara a impunibilidade da tentativa dessa espécie de ato ilícito. 
 
56. Pode o Ministério Público impetrar Habeas Corpus? Explique. 
O artigo 654 do Código de Processo Penal confere ao Ministério Público legitimidade para impetrar Habeas Corpus. 
Demais, a Constituição Federal, em seu artigo 127, caput, atribui ao Ministério Público a incumbência da "defesa da 
ordem jurídica, no regime democráticoe dos interesses sociais e individuais indisponíveis". Porém, só estará apto a 
agir em nome do Ministério Público o promotor que, em razão do exercício de suas funções e nos limites de suas 
atribuições, tiver conhecimento da ocorrência do constrangimento ou ameaça à liberdade. Assim, não pode o 
promotor atuante em determinada comarca impetrar Habeas Corpus por fato ocorrido em outra comarca, onde não 
atue. 
 
57. De acordo com os arts. 59 e 68 do CP, quando da dosimetria da pena, o Magistrado considera os maus 
antecedentes resultantes de diversas condenações para sua fixação, aumentando-a em 1/3 e, depois, tendo 
em vista as circunstâncias atenuantes e agravantes, utiliza a reincidência para majorá-la. Foi aplicada a lei 
penal? 
 Não. Hipótese que caracteriza "bis in idem"."Dosimetria da pena. Maus antecedentes e reincidência considerados na 
fixação da pena-base e, depois, para a aplicação da agravante da reincidência.Nesta hipótese, as condenações 
anteriores foram explicitamente invocadas na fixação da pena-base; não cabia, a seguir, tê-las em conta para a 
agravante da reincidência. Exclusão da agravante". 
 
58. Dê as notas características do instituto da representação. 
 Representação é um meio que visa provocar iniciativa do Ministério Público, a fim de que este ofereça a denúncia, que 
é a peça inicial da ação penal pública. É considerada condição de procedibilidade. 
 
59. .Agente que, com mais de cinco pessoas, participa de reuniões periódicas, sob o compromisso de ocultar 
das autoridades a existência, o objetivo e a finalidade da organização ou administração da associação, 
poderá estar incorrendo em algum ilícito penal previsto na legislação própria? 
Sim, conforme artigo 39 da lei de Contravenções Penais. 
 
60. Eliseu compareceu ao Fórum da Capital e notou afixado no local de costume o edital de citação em seu 
nome, vindo a dilacerá-lo. Não satisfeito, foi até o cartório onde tramita a ação penal e, tendo o 
serventuário se descuidado, arrancou do livro de registro de distribuições a folha que continha os seus 
dados, destruindo-a. Cometeu algum delito? Oferte resposta motivada e fundamentada. 
 O comportamento de "A" configura dois delitos, que estão previstos nos artigos 336 ("Rasgar ou, de qualquer forma, 
inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público...") e 337 ("Subtrair, ou inutilizar, total ou 
parcialmente, livro oficial... confiado à custódia de funcionário..."), ambos do Código Penal. 
 
61. "A revisão criminal, em regra, é ação com dúplice pedido, podendo, ainda, cumular um terceiro: a 
indenização pelo erro judiciário". É correta a afirmativa? Por quê? 
Sim. Com a RC é instaurada uma nova relação processual, visando a desconstituir a sentença e substituí-la por outra. 
Assim, a sentença na RC rescinde a sentença anterior e determina uma das 3 primeiras hipóteses do 626, caput, do 
CPP. Conforme o 630, CPP, é possível, ainda, cumular o pedido de indenização 
 
62. .Quase ao término da construção de Hospital Público, com inauguração já programada, o mestre de obras 
participa de greve e abandona o serviço junto com seus subordinados, em razão de pretenderem justo 
aumento de salário e recebimento dos atrasados. Praticaram algum crime? Emita seu parecer de modo 
fundamentado. 
Não, pois exerceram um direito, haja vista que o artigo 201 do Código Penal foi, em tese, revogado pelo artigo 9º da 
Constituição Federal, bem como, a Doutrina entende que é uma infração atípica, ainda que os grevistas sejam 
funcionários públicos, pois o artigo 37, inciso VII, da C. Federal, não foi até a presente data, objeto de Lei 
Complementar. 
 
63. Maria das Dores, chefe das enfermeiras de hospital municipal, presenciou outra funcionária, Madalena, 
enfermeira a ela subordinada, furtando comprimidos para dor de cabeça do almoxarifado. Sabedora de que 
Madalena encontrava-se em precária situação financeira, deixou de responsabilizá-la pelo fato. Estaria 
Maria das Dores incursa em alguma figura típica? Responda e justifique. 
A conduta de Maria das Dores se acomoda ao tipo penal do artigo 320, ou seja, assim descrita:- "deixar o funcionário 
por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou quando lhe falte 
competência, levar o fato ao conhecimento da autoridade competente". 
 
64. O julgamento do crime de furto, de alguma forma, pode submeter-se à competência do Tribunal Popular do 
Júri? Dê sua posição, motivando-a. 
Em princípio o Tribunal do Júri detém a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados e 
consumados, enquanto que, se houver outro delito conexo, esse fato atrairá a competência, fazendo a exceção, que é 
referida no Código de Processo Penal em seu artigo 78, inciso I. 
 
65. Cleóbulo, condenado por tráfico de entorpecentes, está iniciando o cumprimento da pena, com fixação em 
regime fechado. Poderá futuramente ser beneficiado pela progressão de pena ou ter qualquer outro 
benefício liberatório? Poderá ser beneficiado pela remição de pena? Atenda às questões com a respectiva 
fundamentação. 
 Como se trata de crime equiparado a hediondo, nos termos da Lei 8.072/90, deverá cumprir a pena integralmente no 
regime fechado. Poderá, no entanto, cumprido mais de 2/3 da pena, vir a ser beneficiado pelo livramento condicional, 
conforme inciso V, do artigo 83, do Código Penal. No que diz respeito a remição de pena, que é a redução da pena na 
proporção de um dia para cada três dias trabalhados, não há nenhum obstáculo legal. 
 
66. Pítaco, sentenciado por furto, teve extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal. 
Dias após, cometeu novo furto. Deverá ser considerado reincidente? Explicite e justifique. 
 O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva, também chamada de retroativa ou da ação penal, faz 
desaparecer a sentença condenatória e, portanto, seus efeitos. Como conseqüência, não tem como influir para os fins 
de se reconhecer a reincidência. 
 
67. Pode o Ministério Público impetrar Habeas Corpus? Explique. 
O artigo 654 do Código de Processo Penal confere ao Ministério Público legitimidade para impetrar Habeas Corpus. 
Demais, a Constituição Federal, em seu artigo 127, caput, atribui-lhe a incumbência da "defesa da ordem jurídica, no 
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis". Porém, só estará apto a agir em nome do 
Ministério Público o promotor que, em razão do exercício de suas funções e nos limites de suas atribuições, tiver 
conhecimento da ocorrência do constrangimento ou ameaça à liberdade. 
 
68. José participou como jurado no julgamento de Américo, acusado de crime de homicídio simples. Proferida 
sentença absolutória, dias após constatou-se que José e outros três jurados receberam, cada um, a 
importância de R$1.000,00 (um mil reais) para votarem favoravelmente ao acusado. José e seus 
companheiros do Conselho de Sentença cometeram crime? Justifique fundamentadamente a resposta. 
José e os demais jurados envolvidos cometeram Crime Contra a Administração Pública, pois sendo considerados 
funcionários públicos para fins penais (art.327 caput do CP) receberam vantagem indevida. Incorreram, assim, nas 
sanções do artigo 317 do Código Penal - Corrupção Passiva. 
 
69. João, nascido em 07 de janeiro de 1991, Osvaldo, em 09 de maio de 1986, e Alfredo, em 21 de julho de 
1983, no dia 10 de janeiro do corrente ano foram detidos por policiais militares, no momento em que 
praticavam roubo em uma padaria. À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, como serão 
considerados os três rapazes em razão de suas idades? 
 De acordo com o E C A, João é considerado criança, pois tem 11 anos de idade e Osvaldo é considerando adolescente, 
pois tem 16 anos de idade (artigo 2º, ECA);Alfredo com 18 anos na data dos fatos, é excluído do ECA, sendo 
considerado penalmenteimputável e, portanto, incurso nas sanções cabíveis do Código Penal. 
 
70. Ana induziu a gestante Maria a provocar aborto em si mesma, e ela o provocou. Em outra hipótese, Geralda 
executou aborto em Clementina, gestante, com o seu consentimento. Tipifique, juridicamente, as condutas 
de Ana, Maria, Geralda e Clementina. 
 Ana: é partícipe no crime de auto-aborto (artigo 124, c.c. o artigo 29, ambos do Código Penal); 
Maria: responde por auto-aborto (artigo 124 caput do Código Penal); 
Geralda: responde por crime de aborto praticado com o consentimento da gestante (artigo 126 do Código Penal); 
Clementina: responde por aborto consentido (artigo 124 do Código Penal) 
 
71. Carlos, menor de 21 anos e primário, é condenado por roubo à pena de 5 anos e 4 meses em regime 
fechado, não lhe sendo facultado recorrer em liberdade. Arrole argumentos hábeis à reforma de tal 
decisão. 
Cabível o recurso em liberdade ante a menoridade e primariedade do réu.Quanto ao regime fechado, pode ser 
outorgado regime semi-aberto, eis que não vedado pela lei, consoante art. 33, parágrafo 2º, "b" do C.P.P. 
 
72. A causa especial de aumento de pena concernente ao repouso noturno aplica-se ao furto qualificado? 
Explique. 
A causa especial de aumento do parágrafo 1º do art. 155 do CP (repouso noturno) somente incide sobre o furto 
simples, sendo pois, descabida a sua aplicação na hipótese de delito qualificado (art. 155, parágrafo 4º, IV do CP). 
 
73. O artigo 14, em seu inciso II, aduz que "diz-se o crime: tentado, quando, iniciada a execução, não se 
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente". Ainda, o parágrafo único deste artigo afirma que 
"salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 
diminuída de um a dois terços". Pergunta-se: Qual o critério adotado para a diminuição entre um a dois 
terços? Justifique. 
O Código Penal adotou a teoria objetiva, sendo certo que o quantum da redução da pena deve ser encontrado em 
função das circunstâncias da própria tentativa. Vale dizer: quanto mais o agente aproximou-se da consumação do 
crime, menor deve ser a redução da pena; quanto mais distante ficou da consumação, maior deve ser a redução da 
pena. 
 
74. Pecuarista que tem sua propriedade margeando leito de estrada de ferro e não coloca cerca para que o 
gado não invada a linha férrea comete algum delito? Elabore resposta motivada e fundamentada. 
O pecuarista que assim agir incide nas penas do artigo 260, inciso IV, do Código Penal, cometendo o crime de perigo de 
desastre ferroviário ("Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: IV # praticando outro fato de que possa 
resultar desastre".) 
 
75. Em Direito Penal, qual a diferença entre remição e detração? 
Detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória, no 
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, 
à sua falta, a outro estabelecimento adequado (Artigo 42, C.P.)Remição: é instituto pelo qual o condenado que cumpre 
pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo da execução da pena. A 
contagem do tempo é feita a razão de um dia de pena por três de trabalho (artigo 126 e § 1º da LEP). 
 
76. É possível a manutenção do averiguado em custódia, após o esgotamento do prazo legal da prisão 
temporária já prorrogado? 
É possível desde que, havendo prova do crime e indício suficiente de autoria, seja decretada a prisão preventiva pelo 
juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
 
77. João Antônio, casado e pai de uma criança de seis meses de idade, na véspera de completar dezoito anos 
dispara dois tiros com arma de fogo contra José Pedro, com o objetivo de matá-lo. José Pedro, ferido, é 
socorrido por populares, porém, morre três dias depois, quando João Antônio completara dezoito anos. 
João Antônio é considerado imputável e poderá ser processado criminalmente? Justifique. 
João Antonio não poderá ser processado criminalmente pois era inimputável à época do fato, ficando sujeito às 
normas estabelecidas na legislação especial (artigo 27 do C.P.). A circunstância de ser casado não lhe confere 
maioridade penal, mas tão-somente a civil. 
 
78. Antônio de Souza, durante a madrugada e mediante escalada, entra em uma fábrica de cigarros com o fim 
de subtrair tantos pacotes quantos pudesse carregar. Quando se encontrava já no interior do edifício, foi 
sur-preendido por um segurança da empresa que, armado de revólver, lhe deu voz de prisão. Antônio, 
então, envolveu-se em luta corporal com o segurança e com uma barra de ferro desferiu-lhe vários golpes, 
produzindo-lhe lesões que resultaram perigo de vida. Em seguida, fugiu do local, sem nada levar. 
Classifique juridicamente a conduta pela qual Antônio deverá ser responsabilizado. 
 Antonio deverá ser responsabilizado por tentativa de furto qualificado (mediante escalada) em concurso material com 
lesão corporal de natureza grave (Artigo 155, § 4º, inciso II e artigo 129, § 1º, inciso II, c.c. o artigo 69, todos do Código 
Penal). 
 
79. Maria das Flores foi a uma clínica clandestina, acompanhada de seu namorado Ulisses Gabriel, 
submetendo-se a intervenção de abortamento, pago por ele. Neste caso, se Maria e Ulisses cometeram 
crime, classifique juridicamente suas condutas, justificando. 
Maria das Flores comete o crime de auto-aborto (artigo 124 do Código Penal) e Ulisses Gabriel também responde pelo 
mesmo crime, na condição de co-autor (artigo 29, caput, do Código Penal). 
 
80. Enumere as causas interruptivas da prescrição. 
São as contempladas no artigo 117, do Código Penal, ou seja, o recebimento da denúncia ou queixa, a pronúncia, a 
decisão confirmatória da pronúncia, a sentença condenatória recorrível, o início ou continuação do cumprimento da 
pena e a reincidência. 
 
81. Quais os requisitos para o deferimento da reabilitação? 
Arts. 93 a 95 CP.decurso de dois anos, a partir da data em que foi extinta, de qualquer modo, a pena imposta;tenha 
tido domicílio no País no prazo acima referido;tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de 
bom comportamento público e privado;tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrada a absoluta 
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove renúncia da vítima ou novação da 
dívida. 
 
82. Quando da dosimetria da pena, por ocasião da prolação da sentença, o Magistrado fixou a pena-base do 
acusado acima do mínimo legal em decorrência de maus antecedentes, por existir condenação anterior (CP, 
art. 59). Após isso, aumentou a reprimenda fixada em virtude da agravante da reincidência, por ostentar o 
réu aquela condenação anterior (CP, art. 61, I). Está correto tal procedimento? Fundamente. 
O fato que serve para justificar a agravante da reincidência (CP, art. 61, I) não pode ser levado à conta de maus 
antecedentes para fundamentar a fixação da pena-base acima do mínimo legal (CP, art. 59). Reconhecendo a 
ocorrência de "bis in idem", deve-se excluir da pena-base o aumento decorrente da circunstância judicial desfavorável. 
 
83. Manoel chega em casa, após o dia de trabalho, e sua mãe diz que policiais estiveram à sua procura, 
aduzindo ser ele a pessoa que roubou Maria. Imediatamente, Manoel dirige-se à Delegacia, com vistas a 
elucidar não ser ele o verdadeiro autor do delito. Neste momento, o Delegado de Polícia efetua sua prisão 
em flagrante delito para garantia da ordem pública. Quais os argumentos que podem ser invocados a favor 
de Manoel? Justifique. 
A manutenção da prisão em flagrante só se justifica quando presentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, 
nos termos do art. 310, parágrafo único do C.P.P.. O fundamento invocado de garantiada ordem pública, sem qualquer 
outra demonstração de real necessidade, nem tampouco da presença dos requisitos autorizadores da prisão 
preventiva, não justifica a manutenção do flagrante. 
 
84. Em que crime estará incurso o agente que, propositalmente, interrompe fornecimento de força e luz em 
escola pública, com o intento de não serem realizadas na data prevista os exames finais do ano letivo? 
Artigo 265 C.P.. 
 
85. Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de 
informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta 
descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por 
Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo 
à instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do 
aludido procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o 
crime de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma 
empresa. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em 
sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento 
exclusivamente das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração 
da investigação, ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao 
Ministério Público Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 
1º, I, da Lei 8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após 
analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser 
o caso de absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento.Com base nos fatos 
narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? Habeas 
Corpus, uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão que não absolvera sumariamente o acusado, sendo 
cabível a ação mandamental, conforme estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP. No caso, não seria admissível o 
recurso em sentido estrito, uma vez que o enunciado não traz qualquer informação acerca da fundamentação utilizada 
pelo magistrado para deixar de absolver sumariamente o réu, não podendo o candidato deduzir que teria sido 
realizado e indeferido pedido expresso de reconhecimento de extinção da punibilidade. 
b) A quem a impugnação deve ser endereçada? Ao Tribunal Regional Federal. 
c)Quais fundamentos devem ser utilizados? Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito quanto ao delito 
previsto no artigo 168A, do CP, e, após, restando apenas acusação pertinente à sonegação de tributo de natureza 
estadual, incompetência absoluta – em razão da matéria – do juízo federal para processar e julgar a matéria. Quanto à 
Súmula Vinculante nº 24, o enunciado não traz qualquer informação no sentido de que a via administrativa ainda não 
teria se esgotado, não podendo o candidato deduzir tal fato 
 
86. Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de Belo Horizonte, 
para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem belíssima que 
conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da casa do 
genitor do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a 
subtração. Ao chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da 
residência uma televisão de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no 
veículo, ambos se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo.Com base no 
relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? Não, uma vez que incide sobre o caso a escusa absolutória 
prevista no artigo 181, II, do CP. 
b) Maria pode ser punida pela referida conduta? Sim, uma vez que a circunstância relativa a Caio é de caráter 
pessoal, não se comunicando a ela (artigo 30 do CP). Assim, poderá ser punida pela prática do crime de furto 
qualificado pelo repouso noturno. 
c)Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal? Belo 
Horizonte, local em que delito se consumou, conforme artigos 69, I, do CPP e 6º do CP. 
 
87. Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que acabara de sacar 
o valor relativo à sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal e presenciado por duas 
funcionárias da referida instituição, as quais prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática do 
delito. Ao oferecer denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público Federal 
requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem pública, por ser o crime 
gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as testemunhas seriam mulheres e poderiam se 
sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em liberdade antes da colheita de seus depoimentos judiciais. Ao 
receber a inicial, o magistrado decretou a prisão preventiva de Jeremias, utilizando-se dos argumentos apontados 
pelo Parquet.Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar a decisão judicial que recebeu a denúncia e 
decretou a prisão preventiva. 
a) Não, pois a competência para processamento e julgamento é de uma vara comum da justiça estadual, por se tratar 
de crime patrimonial e que não ofende bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas. 
b) Não, pois a jurisprudência é pacífica no sentido de que considerações genéricas e presunções de que em liberdade 
as testemunhas possam sentir-se amedrontadas não são argumentos válidos para a decretação da prisão antes do 
trânsito em julgado de decisão condenatória, pois tal providência possui natureza estritamente cautelar, de modo que 
somente poderá ser determinada quando calcada em elementos concretos que demonstrem a existência de risco 
efetivo à eficácia da prestação jurisdicional. 
c) Tribunal Regional Federal, pois a autoridade coatora é juiz de direito federal. 
 
88. Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu 
automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a 
discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito 
assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade 
não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em 
direção e refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um 
buraco e, em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas 
que estavam na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de 
velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, 
Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo 
eventual, três vezes em concurso formal. Recebida a denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada 
aoTribunal do Júri da localidade e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos 
exatos termos da inicial.Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens 
a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? Incompetência do juízo, uma vez 
que Caio praticou homicídio culposo, pois agiu com culpa consciente, na medida em que, embora tenha previsto o 
resultado, acreditou que o evento não fosse ocorrer em razão de sua perícia. 
b) Qual pedido deveria ser realizado? Desclassificação da imputação para homicídio culposo e declínio de 
competência, conforme previsão do artigo 419 do CPP. 
c)Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser 
dirigida? Recurso em sentido estrito, conforme previsão do artigo 581, IV, do CPP. A peça de interposição deveria ser 
dirigida ao juiz de direito da vara criminal vinculada ao tribunal do júri, prolator da decisão atacada. 
 
89. Em 22 de julho de 2008, Caio foi condenado à pena de 10 (dez) anos de reclusão, a ser cumprida em regime 
inicialmente fechado, pela prática, no dia 10 de novembro de 2006, do crime de tráfico de drogas, previsto 
no artigo 33 da Lei 11.343/2006. Iniciada a execução da sua pena em 7 de janeiro de 2009, a Defensoria 
Pública, em 10 de fevereiro de 2011, requereu a progressão do cumprimento da sua pena para o regime 
semiaberto, tendo o pedido sido indeferido pelo juízo de execuções penais ao argumento de que, para 
tanto, seria necessário o cumprimento de 2/5 da pena. Considerando ter sido procurado pela família de Caio 
para advogar em sua defesa, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) o(s) meio(s) de impugnação da decisão que indeferiu o pedido da Defensoria Pública? Habeas Corpus e 
agravo em execução penal. 
b) Qual(is) argumento(s) jurídico(s) poderia(m) ser usado(s) em defesa da progressão de regime de Caio? 
 Tendo em vista que a norma que alterou as regras relativas à progressão de regime possui natureza penal e é mais 
gravosa ao réu, não pode retroagir de modo a abarcar fatos que lhe são anteriores. No caso, o delito foi praticado 
antes da edição da lei, devendo, em consequência, ser aplicada a fração de 1/6 para a progressão de regime. 
 
90. Em processo criminal que tramitou perante a justiça federal comum, foi apurada a prática de crime de 
extorsão mediante sequestro. O juiz da causa ordenou, no curso da instrução do processo, que se expedisse 
carta rogatória para a oitiva da vítima e se colhesse depoimento de uma testemunha arrolada, na denúncia, 
pelo Ministério Público. Foi encerrada a instrução do processo, sem o retorno das sobreditas cartas, tendo 
o juiz proferido sentença na qual condenou os réus, entre os quais, Jair K. Os réus apelaram e a condenação 
foi mantida pelo tribunal regional federal, por unanimidade. O acórdão condenatório transitou em julgado 
em 20/3/2010. Após essa data, as cartas rogatórias regressaram, e o juiz originário do feito mandou juntá-las 
aos autos. O conteúdo das cartas afastou, de forma manifesta e cabal, a participação de Jair K. nos fatos 
apurados, tendo ele constituído advogado, em 26/3/2010.Em face dessa situação hipotética, indique, com a 
devida fundamentação legal, a medida judicial a ser adotada em favor de Jair K. bem como o órgão 
competente para julgá-la, o fundamento legal da medida, o prazo para o ajuizamento, o mérito da questão 
e seus pedidos e efeitos. 
A medida judicial a ser intentada é a ação de revisão criminal, prevista no art. 621 e seguintes do CPP. Isso porque, nos 
termos do referido artigo, este é o instrumento judicial apto a rescindir sentença condenatória com trânsito em 
julgado. O fundamento da ação deve ser feito com base no art. 621O órgão competente para conhecer, processar e 
julgar a ação de revisão criminal é o TRF respectivo, consoante competência firmada no art. 108 da Constituição 
Federal: “Compete aos Tribunais Regionais Federais: I – processar e julgar, originariamente: (...) b) as revisões criminais 
e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;” Quanto ao prazo, poderá ser intentada a 
qualquer tempo, antes de extinto o cumprimento da pena ou mesmo depois desta nos exatos termos do art. 622 do 
CPP, que prescreve o seguinte, in verbis: “A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da 
pena ou após. Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.” No 
mérito, deve-se alegar que a atuação do juiz originário não foi ilegal, visto que o CPP assim o autoriza nos termos dos 
artigos 222 e 222-AEntretanto, surgiram provas novas que conduzem à absolvição do condenado (art.621, inciso III do 
CPP). No que se refere aos pedidos, deve-se requerer o conhecimento da ação de revisão criminal, julgando-a 
procedente com a finalidade de rescindir o julgado e absolver o condenado porque a decisão não apreciou as provas 
(novas provas de inocência do condenado) que chegaram ao conhecimento após o trânsito em julgado do acórdão e 
que ensejam a absolvição do condenado. Quanto aos efeitos, deve-se mencionar que a medida, julgada procedente, 
poderá alterar a classificação do crime, absolver o condenado, modificar a pena, anular o processo. No caso hipotético 
terá como objetivo a absolvição do condenado, conforme art. 626 
 
91. O juiz criminal responsável pelo processamento de determinada ação penal instaurada para a apuração de 
crime contra o patrimônio, cometido em janeiro de 2010, determinou a realização de importante perícia 
por apenas um perito oficial, tendo sido a prova pericial fundamental para justificar a condenação do réu. 
Considerando essa situação hipotética, esclareça, com a devida fundamentação legal, a viabilidade jurídica 
de se alegar eventual nulidade em favor do réu, em razão de a perícia ter sido realizada por apenas um 
perito. 
Não há nulidade no caso. Com o advento da Lei n.º 11.690/2008, que alterou dispositivos do Código de Processo Penal, 
o artigo 159 passou a ter a seguinte redação: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito 
oficial, portador de diploma de curso superior. § 1.º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.” A inovação legislativa dispensou a antiga exigência de dois 
peritos no mínimo para a produção do laudo pericial, pois, com a alteração na redação do art. 159, caput, basta agora 
que a perícia seja realizada por "perito oficial". Tendo sido a expressão empregada no singular, resta clara a intenção 
do legislador de se contentar, de agora em diante, com a perícia realizada por apenas um perito. Nesse contexto, passa 
a ser regra o que era exceção. 
 
92. Júlio foi denunciado pela prática do delito de furto cometido em fevereiro de 2010. Encerrada a instrução 
probatória, constatou-se, pelas provas testemunhais produzidas pela acusação, que Júlio praticara roubo, 
dado o emprego de grave ameaça contra a vítima.Em face dessa situação hipotética, responda, de forma 
fundamentada, às seguintes indagações. 
a. Dada a nova definição jurídica do fato, que procedimento deve ser adotado pela autoridade 
judicial, sem que se fira o princípio da ampla defesa? 
b. O princípio da correlação é aplicável ao caso concreto? 
c. Caso Júlio tivesse cometido crime de ação penal exclusivamente privada, dada a nova definição 
jurídica do fato narrado na queixa após o fim da instrução probatória, seria aplicável o instituto da 
mutatio libelli? 
A primeiraindagação deve ser respondida com base no art. 384 do CPP, que assim dispõe: “Encerrada a instrução 
probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de 
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou 
queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, 
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (...) § 4.º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar 
até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do 
aditamento.”(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Dessa forma, deverá o juiz dar aplicabilidade ao comando do 
art. 384, e parágrafos, do CPP, para encaminhar os autos ao Ministério Público, a fim de que haja o aditamento da 
denúncia, propiciando ao réu a oportunidade de se defender da nova capitulação do fato. 
No que se refere à segunda indagação, deve-se responder que,segundo o princípio da correlação, deve haver uma 
correlação entre o fato descrito na denúncia ou queixa e o fato pelo qual o réu é o condenado. Aplica-se no processo 
em questão para explicar que o acusado não se defende da capitulação legal dada ao crime na denúncia, mas sim dos 
fatos narrados na referida peça acusatória. (Nesse sentido:, Fernando Capez. Curso de processo penal.16 ed., São 
Paulo: Saraiva, p. 465) 
 A resposta à terceira indagação deve ser negativa. O procedimento previsto no art. 384 do Código de Processo Penal 
somente se aplica na hipótese de ação penal pública e ação penal privada subsidiária da pública, sendo inadmissível o 
juiz determinar abertura de vista para o Ministério Público aditar a queixa e ampliar a imputação, na ação penal 
exclusivamente privada, conforme clara redação do dispositivo: “(...) o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou 
queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública 
(...).” 
 
93. Tomé responde a ação penal submetida ao procedimento ordinário pela suposta prática do delito de 
estelionato, na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque (CP, art. 171, VI). Condenado o 
réu em primeira instância, o juiz sentenciante fixou a pena em dois anos de reclusão e vinte dias-multa, 
omitindo-se quanto à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. A sentença 
condenatória foi publicada em 8/3/2010, segunda-feira, mesmo dia da intimação pessoal de Tomé e de seu 
advogado. Durante a instrução processual, restou comprovado que Tomé é réu reincidente, constando em 
sua folha de antecedentes criminais condenação anterior, transitada em julgado, pela prática de delito de 
furto (CP, art. 155,caput). As outras circunstâncias judiciais, no entanto, lhe são plenamente favoráveis.Em 
face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação, a medida judicial adequada para 
sanar a referida omissão e o prazo final para sua apresentação, bem como esclareça se Tomé faz jus à 
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
A peça processual adequada são os embargos de declaração, conforme art. 382 do CPP: “Qualquer das partes poderá, 
no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, 
contradição ou omissão.” No caso, o prazo final será 10/3/2010, pois a parte interessada dispõe de dois dias para 
apresentá-la. Tomé faz jus à substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos. Isso porque 
preenche os requisitos especificados no art. 44 do CP, a saber: “I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a 
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa; (...) III – a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem 
que essa substituição seja suficiente. § 3.º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde 
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado 
em virtude da prática do mesmo crime. Assim, apesar de Tomé ser reincidente, não se trata de reincidência específica, 
de forma que a vedação prevista no referido § 3.º não se aplica no caso. 
 
94. José da Silva foi preso em flagrante pela polícia militar quando transportava em seu carro grande 
quantidade de drogas. Levado pelos policiais à delegacia de polícia mais próxima, José telefonou para seu 
advogado, o qual requereu ao delegado que aguardasse sua chegada para lavrar o flagrante. Enquanto 
esperavam o advogado, o delegado de polícia conversou informalmente com José, o qual confessou que 
pertencia a um grupo que se dedicava ao tráfico de drogas e declinou o nome de outras cinco pessoas que 
participavam desse grupo. Essa conversa foi gravada pelo delegado de polícia. Após a chegada do advogado 
à delegacia, a autoridade policial permitiu que José da Silva se entrevistasse particularmente com seu 
advogado e, só então, procedeu à lavratura do auto de prisão em flagrante, ocasião em que José foi 
informado de seu direito de permanecer calado e foi formalmente interrogado pela autoridade policial. 
Durante o interrogatório formal, assistido pelo advogado, José da Silva optou por permanecer calado, 
afirmando que só se manifestaria em juízo. Com base na gravação contendo a confissão e delação de José, 
o Delegado de Polícia, em um único ato, determina que um de seus policiais atue como agente infiltrado e 
requer, ainda, outras medidas cautelares investigativas para obter provas em face dos demais membros do 
grupo criminoso: 1. Quebra de sigilo de dados telefônicos, autorizada pelo juiz competente; 2. busca e 
apreensão, deferida pelo juiz competente, a qual logrou apreender grande quantidade de drogas e armas; 
3. prisão preventiva dos cinco comparsas de José da Silva, que estavam de posse das drogas e armas. Todas 
as provas coligidas na investigação corroboraram as informações fornecidas por José em seu depoimento. 
Relatado o inquérito policial, o promotor de justiça denunciou todos os envolvidos por associação para o 
tráfico de drogas (art. 35, Lei 11.343/2006), tráfico ilícito de entorpecentes (art. 33, Lei 11.343/2006) e 
quadrilha armada (art. 288, parágrafo único). Considerando tal narrativa, excluindo eventual pedido de 
aplicação do instituto da delação premiada, indique quais as teses defensivas, no plano do direito material 
e processual, que podem ser arguidas a partir do enunciado acima, pela defesa de José. Indique os 
dispositivos legais aplicáveis aos argumentos apresentados. 
1. gravação informal obtida pelo delegado de polícia constitui prova ilícita, já que o preso tem o direito de ser 
informado dos seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado (art. 5º, inc. LXIII, Constituição). O depoimento 
policial é um ato formal e, segundo o artigo 6º, V, deve observar as regras para a oitiva do acusado na fase judicial, 
previstas no Capítulo III, Título VII do Código de Processo Penal. Como as demais provas foram obtidas a partir do 
depoimento que constitui prova ilícita, devem igualmente ser consideradas ilícitas (art. 157, §1º, Código de Processo 
Penal). 2. A infiltração de agente policial, conforme determina o artigo 53, I da Lei 11343/06, só pode ser determinada 
mediante autorização judicial e oitiva do Ministério Público. 3. Não se admite a acumulação das acusações de 
quadrilha e associação para o tráfico, já que as duas redações típicas compreendem as mesmas ações objetivas 
(estabilidade na comunhão de ações e desígnios para a prática de crimes). 
 
95. Caio, funcionário público, ao fiscalizar determinado estabelecimento comercial exige vantagem indevida. A 
qual delito corresponde o