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Compensação no Direito Civil

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COMPENSAÇÃO
JUNDIAÍ – SP
2016
Epígrafe
“Só engrandecemos o nosso direito à vida cumprindo o nosso dever de cidadão no mundo”.
 Mahatma Gandhi
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	5
2	POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO	6
3	CLASSIFICAÇÃO E REQUISITOS DA COMPENSAÇÃO	11
3.1	Compensação legal	11
3.1.1	Requisitos	11
3.2	Compensação convencional	12
3.3	Compensação judicial	12
3.4	Obrigações não compensáveis	12
4	POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL	14
5	DISPOSIÇÕES LEGAIS	17
5.1	Análise legislativa	18
CONCLUSÃO	21
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA	22
INTRODUÇÃO
A compensação é um instituto originário do Direito Civil e tem por objeto a extinção das obrigações. Isto posto, havendo pluralidade de obrigações, bem como devedores e credores recíprocos, haverá compensação, até onde as dívidas se compensarem.
Nesse sentido, preceitua o art. 368: 
“Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem se, até onde se compensarem”
Além disso, de acordo com o art. 369, do Código Civil, são necessários alguns requisitos para que haja a compensação:
(a) Que as dívidas sejam líquidas, portanto a compensação legal só se operará se houver liquidez das dívidas, ou seja, certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto, pois não se poderá conceber a compensação sem que haja certeza quanto ao montante de um dos débitos;
(b) Exigibilidade das prestações, com isso, para haver a compensação legal é necessário que as dívidas estejam vencidas, caso contrário, privar-se á o devedor do benefício do termo e ter-se á injustificável antecipação do pagamento;
(c) Fungibilidade dos débitos, para haver a compensação legal, mister se faz que as prestações sejam fungíveis, homogêneas entre si e da mesma natureza.
Deste modo, entendemos que a compensação, nada mais é, o meio de pagamento pelo qual a obrigação do devedor em relação ao credor extingue-se conforme o valor da outra obrigação, devida pelo mesmo credor ao mesmo devedor.
A extinção ocorre até que sejam iguais os valores dos débitos respectivos. A regra representa o reconhecimento de que se A deve R$ 1.000,00 a B, que por sua vez, deve R$ 500,00 a A, considera-se o crédito do primeiro quitado parcialmente, para que subsista apenas um saldo de R$ 500,00.
Contudo, observamos que, se existirem dois créditos recíprocos entre as mesmas partes e eles forem de igual valor, ambos “desaparecem” integralmente. Por outro lado, se forem de valores diferentes, o maior se reduz a importância do menor, procedendo como se houvesse ocorrido o pagamento recíproco, subsistindo a dívida apenas na parte não resgatada.
Verifica-se, pois, que se trata de pagamento indireto por exigir que os credores sejam concomitantemente devedores um do outro; isto pois extinguem-se dívidas recíprocas antes de serem pagas e por permitir fracionamento de um dos débitos.
POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO
Esse artigo terá um foque em pesquisas elaboradas a partir da doutrina encontrada nos textos dos autores: Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues e Carlos Roberto Gonçalves, bem como no próprio Código Civil.
Para Maria Helena Diniz, o termo compensar significa restabelecer o equilíbrio da obrigação de débito tanto do credor, quanto do devedor até compensarem-se.
A compensação, passou por uma evolução representada em três fases como a mesma menciona destacando as observações em três fases: 
A primeira fase tinha utilidade convencional, não operando como extinções legais, após isso, foram criadas três formas de compensação: Aquela em que o banqueiro ao cobrar o seu cliente só podia exigir o saldo da conta corrente, a segunda em que o “bonorum emptor” agia contra o devedor da falência, ao mesmo tempo credor falido, obtendo a condenação do adversário no excedente e a terceira e última forma, a compensação nas ações de Boa Fé, advindas de um contrato bilateral, em que o devedor podia invocar um crédito proveniente da mesma operação que originou sua dívida.
A compensação vista como uma das modalidades do Direito Civil que extingue as obrigações é também um instituto que oferece grandes vantagens, uma delas é o fato de evitar o risco de falência do credor pago, além da economia de tempo e dinheiro com despesas desnecessárias ao pagamento de dívidas antagônicas.
De acordo com o Artigo 368 do CC, “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. ”
Quando existir dois créditos mútuos entre as mesmas partes e eles forem do mesmo valor, ambos desaparecerão integralmente; se forem valores distintos, o maior se reduz à importância do menor, procedendo como se houvesse ocorrido pagamento recíproco, subsidiando a dívida apenas na parte resgatada então podemos perceber que se duas pessoas devem mutuamente coisas semelhantes, não faz sentido nem tem a necessidade que uma pague a outra o que lhe é devido. 
Portanto, a compensação será total, quando ocorrer valores iguais nas duas obrigações e será parcial, quando os valores das obrigações forem desiguais.
O instituto da Compensação apresenta-se em três espécies no Direito Brasileiro: Compensação Legal, Compensação Voluntária ou Convencional e Compensação Judicial ou Processual. 
A compensação legal prevista no Código Civil, serve como regra geral para a compensação, seus efeitos operam de pleno direito. É aquela decorrente de lei, uma vez que independe de convenção das partes, se opera mesmo que uma delas se oponha, ocorre no momento em que se constituírem os créditos recíprocos entre duas pessoas. Maria Helena Diniz (2010, p. 330) afirma que “A compensação legal não poderá ser, no entanto, declarada ex officio, cumprindo ao interessado alegá-la na fase própria do processo. ”
Nesta espécie é irrelevante a questão da capacidade das partes, embora figure na relação negocial um incapaz, extinta será a obrigação independentemente de sua vontade, pois basta que se apresentem duas partes que sejam reciprocamente credora e devedora uma da outra.
Na Compensação Convencional, decorrente da autonomia e da vontade entre as partes, quanto à forma, a mesma resulta na convenção entre credor e devedor e se regula pelo que entre elas ficar estabelecido. O que significa que é necessário documento escrito, aquele convencionado em contrato. Maria Helena Diniz (2008, p.339/340) entende que “Este tipo de compensação é o que resulta do acordo de vontade das partes, que podem transigir, quando da ausência de algum dos pressupostos da compensação legal impedir a extinção dos débitos por essa via, estipulando-a livremente e dispensando alguns de seus requisitos desde que se respeite a ordem pública”. Por tanto, não há probabilidade de impor a compensação em casos que não se contemplem a homogeneidade, liquidez e exigibilidade de prestações recíprocas, que impeçam a compensação dos débitos por via legal. As partes podem dispensar, desde que se respeite a ordem pública, alguns dos requisitos para que as dívidas ilíquidas ou inexigíveis possam ser compensadas com dívidas líquidas e exigíveis ou, ainda, heterogêneas.
A compensação judicial, é realizada em juízo, mediante processo, faz-se necessário que cada uma das partes alegue seu direito de crédito contra a outra. Segundo Maria Helena Diniz (2010, p. 340) “Esta espécie de compensação é determinada por ato decisório do magistrado, que perceber no processo o fenômeno, em cumprimento das normas aplicáveis à compensação legal”. É matéria de natureza reconvencional, dada a ação do réu contra o autor, proposta no mesmo feito em que está sendo impetrado com a intenção de receber deste o que lhe é devido, para extinguir ou dirimir o que lhe é cobrado e produz os mesmos efeitos da compensação legal, tornada possível pela intervenção do magistrado. 
Para Sílvio Rodrigues, sobreo aspecto legal, duas são as possíveis posições em face da compensação. Por um lado, pode prescrever que ela opere automaticamente, desde que se encontrem presentes os requisitos necessários à sua efetivação; ou então, pode condicionar seu funcionamento à manifestação da vontade das partes. Na primeira hipótese se diz que a compensação é legal, na segunda, a compensação é convencional. De modo que, entre nós, a compensação processa-se automaticamente, “sine facto hominis”, e ocorrerá no instante preciso em que se constituírem créditos recíprocos entre duas pessoas. Rodrigues (2002:212).
Afirma ainda Silvio Rodrigues que em decorrência da compensação legal, tem-se ainda os seguintes efeitos:
a) é irrelevante o problema da capacidade das partes, bastando que de maneira objetiva se configure a hipótese de se apresentarem duas partes, credoras e devedoras, reciprocamente, uma da outra; 
b) a compensação retroage à data em que a situação de fato se configurou e opera desde o momento em que o réu, cobrado de uma prestação, tornou-se, por sua vez, credor do autor;
c) o efeito retroativo citado repercute nos acessórios do débito. De modo que os juros e garantias do crédito cessam a partir do momento da coexistência das dívidas; o devedor cuja dívida se extinguiu, a partir desse momento, escapa aos efeitos da mora, bem como da incidência da cláusula penal.
Os requisitos da compensação legal, que valem também para a compensação judicial, são: 
reciprocidade das obrigações:
liquidez e exigibilidade das dividas; 
c) fungibilidade das prestações (dividas da mesma natureza). 
	Carlos Roberto Gonçalves, por sua vez, diz que compensação é meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores são, simultaneamente, devedores um do outro. É modo indireto de extinção das obrigações, sucedâneo do pagamento, por produzir o mesmo efeito deste. “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem”.
	A compensação, portanto, será total, se de valores iguais as duas obrigações; e parcial, se os valores forem desiguais. No último caso há uma espécie de desconto: abatem-se até a concorrente quantia. O efeito extintivo estende-se aos juros, ao penhor, às garantias fidejussórias e reais, à cláusula penal e aos efeitos da mora, pois, cessando a dívida principal, cessam seus acessórios e garantias.
	A compensação pode ser, também, legal, convencional e judicial. É legal, quando decorre da lei, independentemente da vontade das partes. É convencional, quando resulta de acordo das partes, dispensando algum de seus requisitos. E, por fim, é judicial quando efetivada por determinação do juiz, nos casos permitidos pela lei.
	Compensação legal é a que, baseada nos pressupostos exigidos por lei, produz os seus efeitos ipso iure. Independe da vontade das partes e se realiza ainda que uma delas se oponha. Opera-se automaticamente, de pleno direito. No mesmo instante em que o segundo crédito é constituído, extinguem-se as duas dívidas. O juiz apenas reconhece, declara sua configuração, desde que provocado, pois não pode ser proclamada de ofício. Uma vez alegada e declarada judicialmente, seus efeitos retroagirão à data em que se estabeleceu a reciprocidade das dívidas.
	Pode ser arguida em contestação, em reconvenção e até mesmo nos embargos à execução (CPC, art. 745, V). Nesta última hipótese, exige-se que a compensação seja fundada em execução aparelhada. Não existindo ação ou execução em andamento, pode ajuizar ação declaratória o devedor que desejar fazer reconhecer a compensação legal, que depende de alguns requisitos, como se verá adiante.
Os requisitos da compensação legal, que valem também para a compensação judicial, são: 
 reciprocidade dos créditos;
liquidez das dívidas; 
 exigibilidade das prestações;
 fungibilidade dos débitos (homogeneidade das prestações devidas)
	Compensação convencional é a que resulta de um acordo de vontades, incidindo em hipóteses que não se enquadram nas de compensação legal. As partes, de comum acordo, passam a aceitá-la, dispensando alguns de seus requisitos, como, por exemplo, a identidade de natureza ou a liquidez das dívidas. Pela convenção celebrada, dívida ilíquida ou não vencida passa a compensar-se com dívida líquida ou vencida, dívida de café com dívida em dinheiro etc. Sem ela, incorreria compensação, pelo não preenchimento de todos os seus requisitos.
	Situa-se, pois, a compensação convencional no âmbito de exercício da autonomia privada. Por acordo de vontade as partes suprem a falta de um ou mais requisitos, ajustando a compensação. Pode, também, esta resultar da vontade de apenas uma das partes. Por exemplo: o credor de dívida vencida, que é reciprocamente devedor de dívida vincenda, pode abrir mão do prazo que o beneficia e compensar uma obrigação com outra, ocorrendo nesse caso a denominada compensação facultativa.
	Compensação judicial é a determinada pelo juiz, nos casos em que se acham presentes os pressupostos legais. Ocorre principalmente nas hipóteses de procedência da ação e também da reconvenção. Se o autor cobra do réu a importância de R$ 100.000,00, e este cobra, na reconvenção, R$ 110.000,00, e ambas são julgadas procedentes, o juiz condenará o autor a pagar somente R$ 10.000,00, fazendo a compensação.
	Apesar de algumas divergências em alguns aspectos, dos autores acima citados, ambos concordam que o direito de compensação é, portanto, um modo indireto de extinção de obrigação entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra eliminando assim as dívidas entre as partes. Atingindo o mesmo efeito do pagamento, deve ser incentivada e facilitada pela lei, de modo que diminua assim o inadimplemento.
CLASSIFICAÇÃO E REQUISITOS DA COMPENSAÇÃO
A compensação é classificada em três espécies: (a) legal, já que prevista no Código Civil, cujos efeitos operam de pleno direito (b) convencional, sendo oriunda de acordo entre as partes, que podem dispensar qualquer um de seus requisitos (c) judicial, pois decorre de sentença determinada por decisão do magistrado.
Compensação legal
Decorrente de lei, independe de acordo entre as partes e opera de pleno direito mesmo que uma delas se oponha. Acontece automaticamente, no momento em que constituem créditos recíprocos entre duas pessoas. Extingue obrigações recíprocas com todos os acessórios liberando os devedores, ainda que um deles seja incapaz, e retroagindo à data em que a situação fática se configurou.
Requisitos
Reciprocidade dos débitos;
Liquidez das dívidas;
Exigibilidade atual das prestações;
Fungibilidade dos débitos, 
Identidade de qualidade das dívidas quando especificadas em contrato;
Diversidade ou diferença de causa não proveniente de ato ilícito, comodato, depósito, alimentos ou coisa impenhorável;
Ausência da renúncia prévia de um dos devedores;
Falta de estipulação entre as partes, excluindo compensação;
Dedução das despesas necessárias com o pagamento, se as dívidas compensadas não forem pagáveis no mesmo lugar;
Observância das normas sobre imputação do pagamento se houver débitos compensáveis;
Ausência de prejuízo a terceiros.
Compensação convencional
Resulta de acordo de vontade entre as partes, quando a ausência de alguns dos pressupostos da compensação legal a impedir a extinção dos débitos por essa via, estipulando-se livremente a compensação e dispensando se alguns de seus requisitos, desde que se respeite a ordem pública.
Compensação judicial
Determina-se por ato decisório do juiz, que percebe o fenômeno no processo, em cumprimento das normas aplicáveis à compensação legal, desde que cada uma das partes alegue seus direitos de crédito contra a outra. 
Ressalta-se que a compensação também possui duas características: (a) total, quando há a extinção total da dívida e (b) parcial, quando háa extinção parcial da dívida maior.
Obrigações não compensáveis
Sendo a compensação um modo de extinção das obrigações, deve-se considerar que nem toda dívida pode ser extinta por esta. Isto porque, o Código Civil, em seu art. 373 preconiza as excludentes de compensação. Vê-se:
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Tais impedimentos são oriundos de elementos ilícitos que as gerou, sua peculiar natureza, ou mesmo o fato de serem impenhoráveis. Some-se a isso quando houver prejuízo a terceiros, não admite-se a compensação. 
À vista do exposto, uma vez que a obrigação não compensável é determinada por lei, podem as partes, ou mesmo só uma delas, se dado ciência prévia, excluir a compensação ao extinguir-se essa ou aquela obrigação. Logo, para haver a compensação convencional, é imprescindível que ambas as partes queiram a compensação, e neste caso, há necessidade dos pressupostos exigidos na compensação legal (cláusula de exclusão). 
São obrigações não compensáveis:
Quando estipulado em contrato, pelas partes, a incompensabilidade;
Quando tratar-se de obrigação alimentar, em razão de ser a “sobrevivência” do alimentando;
Quando a dívida se originar de comodato ou depósito;
Exemplo 1: No caso de comodato, A deve para B R$ 10.000,00, A deixa sob responsabilidade de B uma moto de coleção, equivalente aos R$ 10.000,00 que são devidos. Sendo assim, B tem a obrigação de restituir a A coisa certa, isto é, a moto de coleção. Não pode B requerer a compensação pelo bem guardado em razão da dívida existente entre A e B. Isto porque, o bem é infungível. 
Exemplo 2: Quanto ao depósito, pode ser utilizada a mesma situação. Sendo o objeto do depósito infungível, desobrigado estar-se-á o depositário de compensar a obrigação.
POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL
Neste tópico, veremos o entendimento dos Tribunais de Justiça sobre a compensação. As decisões destes tribunais, muitas das vezes, pacificam determinado assunto, ou por outro lado, dão a ele interpretações distintas, como veremos a seguir. Importante mencionar que a jurisprudência, acompanha os institutos na aplicação de leis em situações de fato, como é o caso da compensação. Nesse raciocínio, exporemos, adiante, espécies de compensação ou ainda, obrigações não compensáveis, em cada caso concreto.
Trata-se, o presente caso, de decisão proferida pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em Agravo de Instrumento interposto nos autos da Ação Indenizatória movida por LUCÉLIA ALMEIDA DOS SANTOS em face de INCORPORAÇÃO GARDEN LTDA. A parte autora (comprador), pleiteia a compensação do crédito decorrente da condenação judicial ao pagamento de indenização por lucros cessantes, pela parte ré (vendedor), considerando o saldo devedor do imóvel. Vê-se, portanto, que as partes são credoras e devedoras entre si, autorizando, assim, a compensação. Confira-se:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS. Deferida a compensação do crédito da agravante decorrente da condenação judicial ao pagamento de indenização por lucros cessantes, com o débito oriundo do saldo devedor do imóvel, porquanto relativos a credores e devedores recíprocos, em dívidas certas, líquidas e exigíveis, arts. 368 e 369 do CC. II. Agravo de instrumento provido.
(TJ-DF - AGI: 20150020314239, Relator: VERA ANDRIGHI, Data de Julgamento: 09/03/2016, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 17/03/2016 . Pág.: 265)
Da decisão se extrai...
“Em relação aos créditos apresentados para compensação, verifica-se que as partes são, ao mesmo tempo, credoras e devoras uma da outra.
A agravada-devedora foi condenada na presente demanda ao pagamento de indenização por lucros cessantes, no valor de R$ 1.400,00 mensais, de 20/01/13 até a efetiva entrega do imóvel, acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação, e correção monetária, pelo INPC, conforme título judicial de cumprimento (fls. 18 e 23).
A agravante-credora, por sua vez, é devedora do saldo devedor do imóvel, no valor de R$ 154.131,53 (atualizado em 28/09/15), a teor do extrato de fls. 77. Além disso, os créditos são baseados em obrigações de natureza pecuniária, líquidas e vencidas.
Caracterizados os elementos objetivos do instituto da compensação e considerando que a anuência não é requisito exigível, a pretensão da agravante-devedora deve ser deferida.” (grifo)
Por outro lado, a compensação não é admitida em todos os casos em que, existem credores e devedores, reciprocamente. As obrigações não compensáveis estão dispostas no art. 373 do Código Civil.
Neste diapasão, observamos que a próprio Código Civil indica as exceções, para que não haja uma interpretação errônea de que toda dívida pode ser compensada.
Ademais, em Ação de Execução de Alimentos, vemos, exemplificativamente, a impossibilidade de compensação de alimentos, por força do art. 373, inciso II. O genitor dos alimentandos requer a compensação dos valores relativos ao período em que os menores permaneceram sob a guarda do pai. Uma vez que não estabelecida qualquer obrigação alimentar da genitora em relação aos filhos, e ainda, incompensáveis os alimentos, decidiu-se por negar provimento ao recurso. Vê-se:
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE VALORES. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. Não é possível estabelecer a compensação de pagamento de prestações alimentares devidas pelo alimentante, com valores que a genitora teria deixado de contribuir para os filhos no período em que permaneceram sob sua guarda, pois os alimentos são incompensáveis, havendo expressa vedação legal, valendo lembrar, ainda, que os credores da pensão são os filhos alimentandos e não genitora deles. Incidência do art. 373, inc. II, Código Civil. Recurso desprovido.
(TJ-RS - AI: 70034572594 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 10/07/2010, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 21/07/2010)
Da decisão se infere...
É evidente que não se pode estabelecer a compensação de pagamento de prestações alimentares devidas pelo alimentante, com valores que a genitora teria deixado de contribuir para os filhos no período em que permaneceram sob sua guarda, por quatro singelas razões: (a) os alimentos são incompensáveis e há expressa vedação legal, como se vê dos art. 373, inc. II, e art. 1.707 do Código Civil; (b) não é possível ignorar que os credores da pensão são os filhos alimentandos e não genitora deles, não se configurando as hipóteses dos art. 368 e 369 do Código Civil; (c) não existe nenhum título estabelecendo a obrigação que o devedor pretende ver compensada; (d) cuida-se de ação de execução de alimentos e a discussão levantada pelo devedor é totalmente inadmissível. (grifo)
De outro turno, em decisão também proferida pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul têm-se a possibilidade de compensação, mesmo se tratando de alimentos. Isto é possível, pois, foram pagos ao alimentando valor superior ao devido, em razão do erro nos cálculos apresentados nos autos. Confira-se:
APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. DEVOLUÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE PRESTAÇÕES ALIMENTARES PAGAS A MAIOR. POSSIBILIDADE. Caso no qual é devida a compensação da verba alimentar paga a maior pelo executado, sob pena de enriquecimento ilícito do alimentando. A referida compensação deverá ser feita mensalmente, em percentual não superior a 25% da verba alimentar, até a integralidade dos valores pagos indevidamente. DERAM PROVIMENTO. 
(TJ-RS - AC: 70065272924 RS, Relator: José Pedro de Oliveira Eckert, Data de Julgamento: 06/08/2015, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 11/08/2015)
Do julgado se desprende...
“Nesse contexto, em que pese o caráterda incompensabilidade e irrepetibilidade dos alimentos, entendo viável a compensação dos valores pagos a maior, a fim de evitar o locupletamento ilícito por parte do alimentando.”
Conclui-se, após a análise jurisprudencial sobre o tema, que pode ser dada a mesma lei interpretação distinta, mas não contrária, de acordo com a necessidade de cada caso concreto. Além disso, reforçamos a importância da jurisprudência sobre qualquer assunto, o que no caso da compensação, é pacífico o entendimento em consonância com a legislação específica.
DISPOSIÇÕES LEGAIS
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Art. 374. A matéria da compensação, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais, é regida pelo disposto neste capítulo. (Vide Medida Provisória nº 75, de 24.10.2002) (Revogado pela Lei nº 10.677, de 22.5.2003)
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.
Análise legislativa
Art. 368. Para haver a compensação devem duas pessoas serem simultaneamente devedoras e credoras recíprocas, sendo assim a obrigação extinguem-se até o valor em que concorram.
 Art. 369. Dividas líquidas são Certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto, pois não se poderá conceber a compensação sem que haja certeza quanto ao valor de um dos débitos.
Dívidas vencidas se exige através das prestações, com isso, para haver a compensação legal é necessário que as dívidas estejam vencidas, caso contrário, privar-se á o devedor do benefício do termo e ter-se á injustificável antecipação do pagamento.
Coisas Fungíveis dos débitos, para haver a compensação legal, é a exigência que as prestações sejam fungíveis, homogêneas entre si e da mesma natureza.
Art. 370. Havendo convenção contratual no sentido de coisas fungíveis só se compensarão se for da mesma qualidade, não podem as parte compensar se as prestações forem fungíveis, mas de qualidades diferentes.
Art. 371. O devedor só pode compensar com credor até quantidade em que este lhe deve; todavia, excepcionalmente, o fiador, por ser terceiro interessado no pagamento da dívida, pode compensar com o credor do seu afiançado, isto é, de quem ele é garante (devedor), se com ele tiver crédito, de modo que ficará depois sub-rogado nos direitos dele e podendo cobrar do devedor (afiançado) aquilo que por ele pagou.
Art. 372. O prazo de favor condido a uma das partes não tem a qualidade de impedir a compensação, logo o beneficiado não o pode alegar para impedir que os débitos sejam compensados.
Art. 373.Todas as dividas independentemente da causa que advém podem ser compensadas, exceto as que a lei excepciona.
“I - se provier de esbulho, furto ou roubo”; 
(Por decorrerem de atos ilícitos) 
“II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos”;
(Por decorrerem da confiança mútua entre as partes ou no caso de alimentos por garantirem a sobrevivência de alguém)
“III - se uma for de coisa não suscetível de penhora”. 
(Não se admite que haja compensação se essa puder prejudicar direito de terceiros. Tendo o devedor se tornado credor ao seu credor, e o crédito desde haver sido penhorado por outro credor do credor, não pode o devedor opor a compensação ao exequente, pois essa iria resultar em prejuízo para ele, posto também que não há reciprocidade entre os débitos)
Art. 374. Revogado do ordenamento deve ser considerada inconstitucional.
Art. 375. Não haverá compensação se as partes dispuserem no contrato que as dívidas não poderão ser compensadas entre si, ou então se uma delas no contrato renunciar, expressamente, a este direito.
Art. 376. Se alguém se obriga a pagar débito e terceiro, não pode compensa-lo com um débito que seja credor contra o credor do terceiro. Nesse caso, o devedor assume uma obrigação que não é sua, de maneira que o dispositivo veda-lhe que faça isso com o intuito de não pagar seu débito, compensando-o. A regra implica que o devedor só pode compensar com o credor o que este lhe dever diretamente.
Art. 377. Poderá o devedor recíproco opor a compensação ao cedente no momento que for notificado da cessão de crédito, de modo que se não fizer neste momento contra o cedente, não poderá fazer depois contra o cessionário. Se no entanto, o devedor (cedido) não foi notificado da cessão de crédito, poderá o opor ao cessionário a compensação que tinha contra o cedente (credor originário), caso em que não podendo, importaria a cessão de crédito prejuízo para terceiro, no caso o devedor (cedido)
Art. 378. Sendo suas dívidas pagáveis em lugares diferentes, e acarretando com isso, custos de transporte, expedição, não pode haver compensação sem que haja a dedução das despesas efetuadas, caso em que se não for dessa maneira haverá enriquecimento sem causa de uma das partes.
Art. 379. Vigorará, quando à pluralidade de dívidas compensáveis a regra de imputação ao pagamento, em que o devedor deverá dizer o que está compensando, caso não diga, caberá ao credor dar a quitação e dizer qual delas imputa compensação, no silencio de ambos vigorará oque dispõe a lei, sendo primeiramente a compensação nas dividas liquidas e vencidas, e se todas liquidas e vencidas ao mesmo tempo, serão compensadas as mais onerosas.
Art. 380. João deve R$ 1.000,00 para José. Só que João vende um relógio para o José por R$ 2.000,00. João era devedor (devia R$ 1.000,00), virou credor (de R$ 2.000,00). Mas José devia R$ 1.000,00 para Antônio. E Antônio, para garantir essa dívida, conseguiu penhorar o crédito que José tinha com João. Nesse caso, não cabe a compensação, porque Antônio ficaria sem sua garantia. Senão João pagaria a dívida com o relógio, pegaria R$ 1.000,00 de troco e Antônio fica prejudicado.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm (acesso em 22/04/2016 às 23h40 min).
https://jus.com.br/artigos/2831/a-compensacao-no-direito-civil (acesso em 23/04/2016 às 19h52 min).
http://pensador.uol.com.br/direito/ (acesso em 24/04/2016 às 00h33 min)
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/2428/compensacao (acesso em 24/04/2016 às12h15 min)
http://cadorim.blogspot.com.br/search?q=COMPENSAÇÃO (acesso em 19/04/2016 às 10h20 min)
DINIZ, Maria Helena (2010). Curso de Direito Civil Brasileiro – Teoria Geral das Obrigações. Vol 2.Ed.25. SARAIVA, São Paulo.
GONÇALVES, Carlos Roberto (2011). Direito Civil Brasileiro - Teoria Geral das Obrigações. Vol 2.Ed.8. SARAIVA, São Paulo.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. Vol 1. SARAIVA.

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