Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anotac¸o˜es sobre produto interno, norma e ortogonalidade. Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡ rodrigo.uff.math@gmail.com ‡ 1 Suma´rio 1 Produto interno, norma e ortogonalidade 4 1.0.1 Produto interno usual do Rn. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.0.2 Integrac¸a˜o e produto interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.0.3 Derivada e integral do produto interno . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.0.4 Forma sesquilinear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.1 Vetores ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.2 Coeficientes de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.2.1 Desigualdade de Schwarz por meio de Projec¸a˜o . . . . . . . . . . 24 1.3 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.3.1 ||x+ y||2 = ||x||2 + 2Re(x, y) + ||y||2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 1.3.2 Desigualdade de Cauchy-Schwarz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 1.3.3 Desigualdade triangular-Desigualdade de Minkowski . . . . . . . 31 1.3.4 Identidade do paralelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 1.3.5 Aˆngulo entre dois vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 1.4 Normas me´trica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 1.5 Processo de ortogonalizac¸a˜o de Gram-Schimdt . . . . . . . . . . . . . . . 43 1.6 Complemento ortogonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 1.7 Representac¸a˜o do produto interno em espac¸os duais . . . . . . . . . . . 50 1.7.1 Produto interno de matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 1.7.2 Isometria e equivaleˆncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 1.8 Complexificac¸a˜o de espac¸os reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 1.8.1 Complexificac¸a˜o de transformac¸o˜es lineares . . . . . . . . . . . . 71 1.8.2 Complexificac¸a˜o de produtos internos . . . . . . . . . . . . . . . . 72 1.9 Transformac¸o˜es lineares na˜o negativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 2 SUMA´RIO 3 1.9.1 Caracterizac¸a˜o de projec¸o˜es ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . 77 1.10 Teorema espectral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 1.11 Produto misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Capı´tulo 1 Produto interno, norma e ortogonalidade m Definic¸a˜o 1 (Produto interno em R). Seja V um espac¸o vetorial real, um produto interno sobre V e´ uma func¸a˜o <,>: V ×V → R que associa a cada par de vetores v,w de V um nu´mero real < v,w >, satisfazendo as propriedades 1. Positividade . 〈v, v〉 ≥ 0 e 〈v, v〉 = 0 ⇔ v = 0. 2. Linearidade . 〈av+ bw,u〉 = a〈v, u〉+ b〈w,u〉. 3. Simetria . 〈v,w〉 = 〈w, v〉. ∀ v,w, u vetores de V e a, b nu´meros reais. Dizemos tambe´m que o produto interno e´ uma forma bilinear sime´trica positiva. O produto interno tambe´m pode ser chamado de produto escalar. Normalmente se colocam as propriedades 2a) 〈av,w〉 = a〈v,w〉 2b) 〈v+w,u〉 = 〈v, u〉+ 〈w,u〉 no lugar da propriedade (2), pore´m essas propriedades sa˜o equivalentes, pois tomando na propriedade (2) b = 0 implica (2a) e tomando a = b = 1 implica (2b). Agora (2a) 4 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 5 e (2b) implicam (2) pois, como av e bw sa˜o vetores, aplicamos (2b) 〈av+ bw,u〉 = 〈av, u〉+ 〈bw,u〉 e aplicamos (2a) 〈av+ bw,u〉 = 〈av, u〉+ 〈bw,u〉 = a〈v, u〉+ b〈w,u〉. Um produto interno num espac¸o vetorial real e´ um funcional bilinear sime´trico e positivo em V . b Propriedade 1. Se u, u ′ ∈ V fixos e < u, v >=< u ′, v > ∀ v ∈ V enta˜o u = u ′. ê Demonstrac¸a˜o. < u, v >=< u ′, v > implica que < u − u ′, v >= ∀ v ∈ V daı´ tomando v = u− u ′ devemos ter que u− u ′ = 0⇒ u = u ′. b Propriedade 2. Seja X um conjunto de geradores do espac¸o vetorial V , se existem u, v ∈ V tais que < u,w >=< v,w > ∀ w ∈ X enta˜o u = v. ê Demonstrac¸a˜o. Temos que < u − v,wk >= 0 onde (wk)n1 e´ base de X, u− v = n∑ k=1 wkck daı´ temos < u− v, n∑ k=1 wkck >= n∑ k=1 < u− v,wk >︸ ︷︷ ︸ =0 = 0 portanto < u− v, u− v >= 0 o que implica u = v. m Definic¸a˜o 2 (Produto interno em C). Seja V um espac¸o vetorial sobre C, um produto interno sobre V e´ uma func¸a˜o que associa a cada par ordenado de vetores α e β um escalar < α,β >∈ C, tal que • Conjugado < α,β >= < β,α >, o conjugado tambe´m podendo ser denotado CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 6 por < β,α > =< β,α >∗ . Tal propriedade implica que < u,u > ∈ R, pois < u,u >= < u,u >, se um nu´mero pe igual ao seu conjugado, enta˜o ele e´ real. • Linearidade no primeiro argumento, < α+ β, γ >=< α, γ > + < β, γ > e < cα,β >= c < α,β > . • Positividade < α,α >︸ ︷︷ ︸ ∈R > 0 ∀ α︸︷︷︸ ∈C 6= 0. Um produto escalar < , >, tambe´m pode ser denotado por ( , ). Se tive´ssemos a propriedade de simetria < u, v >=< v, u > em V sobre C na˜o terı´amos positividade, pois dado u 6= 0 ∈ R < iu, iu >= i < u, iu >= i < iu, u >= i2 < u,u >= − < u,u > < 0 o que contraria linearidade. Pore´m com a propriedade de conjugac¸a˜o < iu, iu >= i < u, iu >= i< iu, u > = sabemos que < iu, u >= i < u, u >, como < u,u > e´ real, o conjugado de tal nu´mero e´ −i < u, u >, enta˜o = −i.i < u, u >=< u,u >> 0⇒< iu, iu > > 0. m Definic¸a˜o 3 (Espac¸os Euclidianos e Hermitianos). • Se V e´ real, um pro- duto interno <,> em V e´ dito euclidiano e V e´ dito espac¸o euclidiano . • Se V e´ complexo, um produto interno <,> em V e´ dito hermitiano e V e´ dito espac¸o hermitiano . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 7 b Propriedade 3. No espac¸o vetorial das func¸o˜es contı´nuas em [a, b] com imagem em C < f, g >= ∫b a f(x)g(x)dx define um produto interno. ê Demonstrac¸a˜o. • Linearidade < cf+ h, g >= ∫b a (cf(x) + h(x))g(x)dx = c ∫b a f(x)g(x)dx+ ∫b a h(x)g(x)dx = = c < f, g > + < h, g > . • Conjugac¸a˜o < g, f > = ∫b a g(x)f(x)dx = ∫b a f(x)g(x)dx =< f, g > . • Positividade. Se f e´ na˜o nula enta˜o < f, g >= ∫b a f(x)f(x)dx = ∫b a |f(x)|2dx > 0 por propriedade de continuidade e func¸a˜o real. b Propriedade 4. Sejam W,V espac¸os vetoriais , W com produto interno, T : V → W linear injetora. Dados v1, v2 ∈ V definindo [v1, v2] =< T(v1), T(v2) > enta˜o [, ] define um produto interno em V . ê Demonstrac¸a˜o. • Positividade. Seja v 6= 0 enta˜o T(v) 6= 0 por injetividade enta˜o < T(v), T(v) >= [v, v] > 0 • Linearidade [cv1+v2, v] =< T(cv1+v2), T(v) >= c < T(v1), T(v) > + < T(v2), T(v) >= c[v1, v]+[v2, v]. • Conjugac¸a˜o [u, v] =< T(u), T(v) >= < T(v), T(u) > = [v, u]. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 8 b Propriedade 5. Em espac¸os euclidianos ou hermitianos temos que 〈 b∑ k=a ckvk, u〉 = b∑ k=a ck〈vk, u〉 ê Demonstrac¸a˜o. Se b < a o somato´rio e´ vazio e temos 〈 b∑ k=a ckvk, u〉 = 〈0, u〉 = 0 = b∑ k=a ck〈vk, u〉 = 0. (escrever sobre somatorio em espac¸o vetorial). Seja agora b ≥ a, temos que b = a+p com p natural, vamos provar por induc¸a˜o sobre p, para p = 0 temos 〈 a∑ k=a ckvk, u〉 = 〈cava, u〉 = ca〈va, u〉 = a∑ k=a ck〈vk, u〉. Considerando a identidade va´lida para p, vamos provar para p+ 1 〈 b∑ k=a ckvk, u〉 = b∑ k=a ck〈vk, u〉 provar 〈 b+1∑ k=a ckvk, u〉 = b+1∑ k=a ck〈vk, u〉 temos que 〈 b+1∑ k=a ckvk, u〉 = 〈 b∑ k=a ckvk+cb+1vb+1, u〉 = 〈 b∑ k=a ckvk, u〉+〈cb+1vb+1, u〉 = b∑ k=a ck〈vk, u〉+cb+1〈vb+1, u〉 = = b+1∑ k=a ck〈vk, u〉 . $ Corola´rio 1. Em um espac¸o euclidiano temos 〈u, b∑ k=a ckvk〉 = b∑ k=a ck〈u, vk〉 pois CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 9 〈u, b∑ k=a ckvk〉 = 〈 b∑ k=a ckvk, u〉. $ Corola´rio 2. EmV euclidiano 〈 d∑ t=e ftut, b∑ k=a ckvk〉 = d∑ t=e b∑ k=a ftck〈ut, vk〉 pois 〈 d∑ t=e ftut, b∑ k=a ckvk〉 = d∑ t=e ft〈ut, b∑ k=a ckvk〉 e 〈ut, b∑ k=a ckvk〉 = b∑ k=a ck〈ut, vk〉 logo vale 〈 d∑ t=e ftut, b∑ k=a ckvk〉 = d∑ t=e b∑ k=a ftck〈ut, vk〉. b Propriedade 6. Se V e´ hermitiano, temos que 1. < u, n∑ k=1 vk >= n∑ k=1 < u, vk > . 2. < u, λv >= λ < u, v > . ê Demonstrac¸a˜o. 1. < u, n∑ k=1 vk >= < n∑ k=1 vk, u > = n∑ k=1 < vk, u > = n∑ k=1 < vk, u > = = n∑ k=1 < u, vk > . 2. < u, λv >= < λv, u > = λ< v, u > = λ < u, v > . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 10 $ Corola´rio 3. Em especial em V hermitiano, temos a propriedade de antiline- aridade. < u, λv+w >=< u,w > +λ < u, v > . b Propriedade 7. Para qualquer vetor u em V temos 〈0v, u〉 = 0. ê Demonstrac¸a˜o. 〈0v, u〉 = 〈0.0v, u〉 = 0〈0v, u〉 = 0. b Propriedade 8. V euclidiano vale a identidade 〈u+ v, u+ v〉 = 〈u, u〉+ 2〈u, v〉+ 〈v, v〉 ê Demonstrac¸a˜o. 〈u+ v, u+ v〉 = 〈u, u+ v〉+ 〈v, u+ v〉 = 〈u, u〉+ 〈u, v〉+ 〈v, v〉+ 〈v, u〉 = = 〈u, u〉+ 2〈u, v〉+ 〈v, v〉. b Propriedade 9. Dado V = Cn, u = (uk)n1 , v = (vk)n1 , z = (zk)n1 enta˜o < u, v >= n∑ k=1 ukvk define um produto hermitiano . ê Demonstrac¸a˜o. • < u, v >= n∑ k=1 ukvk = n∑ k=1 ukvk = n∑ k=1 vkuk = < v, u >. • Linearidade no primeiro argumento , c ∈ C < cz+ u, v >= n∑ k=1 (czk + uk)vk = c n∑ k=1 zkvk + n∑ k=1 ukvk = c < z, v > + < u, v > . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 11 • Positividade , se u 6= 0 < u,u >= n∑ k=1 ukuk = n∑ k=1 |uk| 2 > 0. b Propriedade 10. Se V e´ um espac¸o vetorial complexo, enta˜o considerando V como real (logo com escalares reais) temos [u, v] = Re < u, v > e vale < u, v >= [u, v] + i[u, iv] < u, v >= Re < u, v > +iRe < u, iv > um produto interno e´ determinado por sua parte real. ê Demonstrac¸a˜o. Primeiro para [u, v], temos • Positividade, dado u 6= 0 , [u, u] = Re < u, u >=< u,u > > 0 • Linearidade, [cv+ u,w] = Re < cv+ u,w >= Re[c < v,w > + < u,w >] = = cRe < v,w > +Re < u,w >= c[v,w] + [u,w] onde c ∈ R. • Simetria, < u, v >= a+ bi daı´ < v, u > = a+ bi⇒< v, u >= a− bi [u, v] = Re < u, v >= a [v, u] = Re < v, u >= a. Logo sa˜o iguais e temos a simetria. Perceba tambe´m que i < u, vi >= ii < u, v >=< u, v > enta˜o poderı´amos definir o produto interno com [u, v] = Re i < u, iv > . Temos que < u, v >= a+ bi e Re < u, v >= a, < u, iv >= i < u, v >= ai+ b cuja parte real e´ b logo < u, v >= Re < u, v > +iRe < u, iv > . Re < u, iv > na˜o define produto interno pois Re < u, iu >= Rei < u, u >= 0. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 12 b Propriedade 11. Se V e´ um espac¸o real ou complexo de dimensa˜o finita e´ sempre possı´vel definir um produto interno em V . ê Demonstrac¸a˜o. Sejam (wk)n1 = B base de V , u = n∑ k=1 αkwk , v = n∑ k=1 bkwk , logo definimos <,>: V → C com < u, v >= n∑ k=1 αkbk. Todo espac¸o vetorial pode ser munido de um produto interno, quando nos refe- rirmos a um espac¸o munido de um produto interno, estaremos dizendo apenas que entre os produtos internos possı´veis um foi escolhido e fixado. m Definic¸a˜o 4 (Produto interno canoˆnico). Sendo (wk)n1 = B base de V , u = n∑ k=1 αkwk , v = n∑ k=1 bkwk , <,>: V → C com < u, v >= n∑ k=1 αkbk e´ chamado de produto interno canoˆnico em relac¸a˜o a base B. b Propriedade 12. Se sa˜o dados (<,>k)n1 produtos internos em V , enta˜o sua soma [, ] = n∑ k=1 <,>k e´ um produto interno. ê Demonstrac¸a˜o. • Positividade [u, u] = n∑ k=1 < u,u >k> 0 se u e´ na˜o nulo. • Conjugac¸a˜o [u, v] = n∑ k=1 < u, v >k= n∑ k=1 < v, u >k = n∑ k=1 < v, u >k = [v, u]. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 13 • Linearidade na primeira coordenada [cw+u, v] = n∑ k=1 < cw+u, v >k= c n∑ k=1 < w, v >k + n∑ k=1 < u, v >k= c[w, v]+[u, v]. b Propriedade 13. Se c > 0 enta˜o [w, v] =< cw, v > e´ um produto interno. ê Demonstrac¸a˜o. • Positividade [w,w] = c < w,w > > 0 se w e´ na˜o nulo. • Conjugac¸a˜o [w, v] = c < w, v >= c < v,w > = [v,w]. • Linearidade na primeira coordenada [tw+ l, v] = c < tw+ u, v >= tc < w, v > +c < l, v >= t[w, v] + [l, v]. Z Exemplo 1. A diferenc¸a de dois produtos internos nem sempre e´ um produto interno, pois < u, v > − < u, v >= 0 logo na˜o vale a positividade. 1.0.1 Produto interno usual do Rn. Z Exemplo 2 (Produto interno usual do Rn). Sejam u = (xk)n1 , v = (yk)n1 e z = (zk) n 1 vetores quaisquer do Rn enta˜o < u, v >= n∑ k=1 xkyk e´ um produto interno no Rn. Vamos demonstrar que essa func¸a˜o realmente teˆm as propriedades de produto CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 14 interno. 1. Simetria < u, v >=< v, u > . Temos que < u, v >= n∑ k=1 xkyk = n∑ k=1 ykxk =< v, u > . 2. Positividade < u,u > ≥ 0. Tem-se < u,u >= n∑ k=1 xkxk = n∑ k=1 x2k e´ uma soma de nu´meros na˜o negativos e so´ pode ser zero se xk = 0, ∀ k. 3. Linearidade < au+ bv,w >= a < u,w > +b < v,w > . au+ bv = (axk + byk) n 1 tomando o produto interno segue < au+bv,w >= n∑ k=1 (axk+byk)zk = n∑ k=1 axkzk+bykzk = a n∑ k=1 xkzk+b n∑ k=1 ykzk = = a < u,w > +b < v,w > . Z Exemplo 3. Sejam u = (xk)n1 , v = (yk)n1 e z = (zk)n1 vetores quaisquer do Rn enta˜o < u, v >= n∑ k=1 f(k)xkyk e´ um produto interno no Rn, onde f(k) > 0 ∀ k. Vamos demonstrar que essa func¸a˜o realmente teˆm as propriedades de produto CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 15 interno. 1. Simetria < u, v >=< v, u > . Temos que < u, v >= n∑ k=1 f(k)xkyk = n∑ k=1 f(k)ykxk =< v, u > . 2. Positividade < u,u > ≥ 0. Tem-se < u,u >= n∑ k=1 f(k)xkxk = n∑ k=1 f(k)x2k e´ uma soma de nu´meros na˜o negativos e so´ pode ser zero se xk = 0, ∀ k. 3. Linearidade < au+ bv,w >= a < u,w > +b < v,w > . au+ bv = (axk + byk) n 1 tomando o produto interno segue < au+ bv,w >= n∑ k=1 f(k)(axk + byk)zk = n∑ k=1 f(k)axkzk + f(k)bykzk = = a n∑ k=1 f(k)xkzk + b n∑ k=1 f(k)ykzk = = a < u,w > +b < v,w > . 1.0.2 Integrac¸a˜o e produto interno b Propriedade 14. Seja f : [a, b]→ R integra´vel com f(x) ≥ 0 ∀ x ∈ [a, b]. Se CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 16 f e´ contı´nua em c ∈ [a, b] com f(c) > 0 enta˜o∫b a f(x)dx > 0. ê Demonstrac¸a˜o.[1] Existe δ > 0 tal que x ∈ [c − δ, c + δ] ⇒ f(x) > 0, pela continuidade de f, portanto∫b a f(x)dx = ∫ c−δ a f(x)dx︸ ︷︷ ︸ ≥0 + ∫ c+δ c−δ f(x)dx︸ ︷︷ ︸ >0 + ∫b c+δ f(x)dx︸ ︷︷ ︸ ≥0 > 0 ê Demonstrac¸a˜o.[2] Seja m = f(c) 2 , existe δ > 0 tal que f(x) > m para todo x ∈ [c − δ, c + δ] por continuidade no ponto c, tomamos partic¸o˜es que contenham os pontos c− δ e c+ δ, logo existe s tal que ts−1 = c− δ, ts = c+ δ, ms = inf f∈[c−δ,c+δ] f ≥ m > 0 pois o ı´nfimo e´ a maior das cotas inferiores, logo s(f, P) = s−1∑ k=1 mk︸︷︷︸ ≥0 ∆tk−1︸ ︷︷ ︸ >0 + ms︸︷︷︸ ≥m ∆ts−1︸ ︷︷ ︸ ≥2δ + n∑ k=s+1 mk︸︷︷︸ ≥0 ∆tk−1︸ ︷︷ ︸ >0 ≥ m(c+ δ− c+ δ) = 2mδ, como f e´ integra´vel temos∫b a f(x)dx = sup p s(f, p) ≥ s(f, p) ≥ 2mδ > 0 logo a integral e´ positiva. b Propriedade 15. Seja f : [a, b] → R contı´nua e na˜o identicamente nula, enta˜o ∫b a |f(x)|dx > 0. ê Demonstrac¸a˜o. Existe c tal que f(c) 6= 0, daı´ |f(c)| > 0, portanto existe um intervalo fechado [p, t] onde a func¸a˜o assume apenas valores positivos, como |f| e´ contı´nua em um compacto [p, t] elaassume um mı´nimo nesse intervalo, digamos |f(u)| > 0 enta˜o CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 17 ∫b a |f(x)|dx = ∫p a |f(x)|dx︸ ︷︷ ︸ ≥0 + ∫ t p |f(x)|dx+ ∫b t |f(x)|dx︸ ︷︷ ︸ ≥0 ≥ ≥ ∫ t p |f(x)|dx ≥ ∫ t p |f(u)|dx = |f(u)|(t− p) > 0. b Propriedade 16. No espac¸o vetorial das func¸o˜es contı´nuas em [a, b] < f, g >= ∫b a f(x)g(x)dx define um produto interno. ê Demonstrac¸a˜o. As propriedades de linearidade e simetria sa˜o decorrentes da linearidade da integral e o produto ser comutativo, falta mostrar a positividade, tal propriedade segue de: se f for na˜o nula em ponto em [a, b] enta˜o ∫b a f(x)2dx > 0 por propriedade de func¸o˜es contı´nuas , enta˜o para que o produto interno seja nulo e´ necessa´rio que f seja identicamente nula. 1.0.3 Derivada e integral do produto interno b Propriedade 17 (Derivada do produto interno). Sejam u : I→ Rn e v : I→ Rn, I intervalo aberto, u e v func¸o˜es deriva´veis em um ponto t ∈ I, enta˜o f(t) =< u(t), v(t) > define uma func¸a˜o f : I→ R que e´ deriva´vel em t e vale [< u(t), v(t) >] ′ =< u ′(t), v(t) > + < u(t), v ′(t) > . A propriedade tambe´m vale para outros produtor internos usando fo´rmula de derivada de func¸a˜o bilinear, mas vamos demonstrar o caso do produto interno canoˆnico . ê Demonstrac¸a˜o. u e v sa˜o deriva´veis em suas coordenadas1 , u(t) = (uk(t))n1 , v(t) = (vk(t))n1 1Ver derivada de func¸o˜es de Rn CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 18 < u(t), v(t) >= n∑ k=1 uk(t).vk(t) = f(t) derivando, aplicando a regra de derivada do produto, temos f ′(t) = n∑ k=1 u ′k(t).vk(t) + n∑ k=1 uk(t).v ′ k(t) =< u ′(t), v(t) > + < u(t), v ′(t) > . $ Corola´rio 4. Nas condic¸o˜es da propriedade anterior com c uma constante em Rn enta˜o [< α(t), c >] ′ =< α ′(t), c > pois [< α(t), c >] ′ =< α ′(t), c > + < α(t), c ′︸︷︷︸ 0 >=< α ′(t), c > . $ Corola´rio 5. Integral de uma curva parametrizada, supondo α(t) = (αk(t))n1 onde cada αk : I→ R e´ integra´vel, definindo a integral como a integral componente a componente ∫ x a α(t)dt = ( ∫ x a αk(t)dt) n 1 enta˜o vale que ∫ x a < α(t), c > dt =< ∫ x a α(t)dt, c > pois∫ x a < α(t), c > dt = ∫ x a n∑ k=1 ckαk(t)dt = n∑ k=1 ck( ∫ x a ckαk(t)dt) =< ∫ x a α(t)dt, c > . b Propriedade 18. Sejam α : I→ Rn e B : I→ Rn deriva´veis ( portanto tambe´m integra´veis), enta˜o vale CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 19 ∫ x a < α ′(t), B(t) > dt =< α(t), B(t) > ]x a − ∫ x a < α(t), B ′(t) > enta˜o o produto interno funciona como o produto de nu´mero para a integral . 1.0.4 Forma sesquilinear m Definic¸a˜o 5 (Forma Sesquilinear). Uma func¸a˜o f : V × V → C, onde V e´ espac¸o vetorial e´ dita sesquilinear se satisfaz: f(x+ y, z+w) = f(x, z) + f(x,w) + f(y, z) + f(y,w) f(ax, by) = abf(x, y). ∀ x, y, z,w ∈ V e a, b ∈ C. ê Demonstrac¸a˜o. Vale a regra da derivada do produto, logo vale a fo´rmula de integrac¸a˜o por partes. 1.1 Vetores ortogonais m Definic¸a˜o 6 (Vetores ortogonais). Seja V um espac¸o vetorial munido de produto interno. Dizemos que dois vetores u e v sa˜o ortogonais em relac¸a˜o ao produto interno 〈, 〉 ⇔ 〈u, v〉 = 0. Caso u e v sejam ortogonais escrevemos u⊥v. Vetores ortogonais tambe´m podem ser chamados de perpendiculares. $ Corola´rio 6. 0⊥v para todo v ∈ V , pois temos 〈0, u〉 = 0. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 20 b Propriedade 19. Em espac¸os hermitianos ou euclidianos, v⊥w implica w⊥v. ê Demonstrac¸a˜o. v⊥w implica 〈v,w〉 = 0 pore´m temos 〈v,w〉 = 〈w, v〉 = 0 logo 〈w, v〉 = 0 e daı´ w⊥v. b Propriedade 20. Seja V hermitiano ou euclidiano. Se v⊥w para todo w ∈ V enta˜o v = 0. ê Demonstrac¸a˜o. Em especial v⊥v, logo 〈v, v〉 = 0 o que implica v = 0. b Propriedade 21. Seja V hermitiano ou euclidiano. Se u⊥v e w⊥v enta˜o (au+ bw)⊥v. ê Demonstrac¸a˜o. Temos u⊥v implica 〈u, v〉 = 0 e w⊥v implica 〈w, v〉 = 0 tomando 〈au+ bw, v〉 = a〈u, v〉+ b〈w, v〉 = 0 logo (au+ bw)⊥v . m Definic¸a˜o 7 (Conjunto ortogonal). Um conjunto X ⊂ V e´ dito ser ortogonal se ∀ u, v ∈ X distintos temos < u, v >= 0 m Definic¸a˜o 8 (Conjunto ortonormal). X ⊂ V e´ ortonormal se e´ ortogonal e ∀ v ∈ X temos ||v|| = 1 . F Teorema 1. Seja {vk |k ∈ In} um conjunto de vetores na˜o nulos, com propri- edade 〈vk, vt〉 = δ(k,t)〈vk, vt〉, isto e´, e´ um conjunto ortogonal, enta˜o {vk |k ∈ In} e´ CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 21 linearmente independente. ê Demonstrac¸a˜o. Seja n∑ k=1 ckvk = 0 tomando o produto interno por vs com s em In temos n∑ k=1 ck〈vs, vk〉 = n∑ k=1 ckδ(k,s)〈vs, vk〉 = cs〈vs, vs〉 = 〈vs,0〉 = 0 como vs 6= 0 temos cs = 0 para todo s em In logo {vk |k ∈ In} e´ linearmente independente. m Definic¸a˜o 9. Uma base {vk |k ∈ In} e´ dita ortogonal ⇔ 〈vk, vt〉 = δ(k,t)〈vk, vt〉. $ Corola´rio 7. Se temos um conjunto de n vetores dois a dois ortogonais num espac¸o de dimensa˜o n enta˜o este conjunto sera´ uma base ortogonal, pois sa˜o linearmente independentes. $ Corola´rio 8. Na˜o podemos ter mais de n vetores na˜o nulos ortogonais em um espac¸o de dimensa˜o n. Z Exemplo 4. A base canoˆnica (ek)n1 de Rn e´ ortonormal, cada um dos seus elementos possui norma 1 e ale´m disso o conjunto e´ ortogonal pois < ek, ej >= n∑ s=1 xsys onde xs = δ(s,k), ys = δ(s,j), usando o delta de kronecker, temos n∑ s=1 xsys = δ(k,j)δ(k,k) = 1 se k = j, 0 caso contra´rio . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 22 Z Exemplo 5. Os vetores |u|v + |v|u = v1 e |u|v − |v|u = v2 sa˜o ortogonais em V real. < v1, v2 >=< |u|v+ |v|u, |u|v− |v|u >= = |u|2 < v, v > −|v||u| < v, u > +|v||u| < u, v > −|v|2 < u,u >= = |u|2|v|2 − |v||u| < u, v > +|v||u| < u, v > −|v|2|u|2 = 0. b Propriedade 22. Sendo v = n∑ k=1 ckak, combinac¸a˜o de vetores ortogonais na˜o nulos enta˜o v = n∑ k=1 < v, ak > ||ak||2 ak. ê Demonstrac¸a˜o. Se v = n∑ k=1 ckak enta˜o aplicando <,aj > temos < v, aj >= n∑ k=1 ck < ak, aj > cj < aj, aj >⇒ < v, aj > < aj, aj > = cj = < v, aj > ||aj||2 . Daı´ v = n∑ k=1 < v, ak > ||ak||2 ak. b Propriedade 23 (Identidade de Parseval). Se (uk)n1 e´ uma base ortonormal, v,w ∈ V (V real ou complexo) arbitra´rios, tem-se que < v,w >= n∑ k=1 < v, uk >< uk, w > . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 23 ê Demonstrac¸a˜o. < n∑ k=1 ckuk︸ ︷︷ ︸ v , n∑ j=1 ajuj︸ ︷︷ ︸ w >= n∑ k=1 n∑ j=1 ajck < uk, uj >= n∑ k=1 akck ale´m disso temos que < v, uk >= ck, < w,uk >= ak ⇒< uk, w >= ak, logo a demonstrac¸a˜o fica completa. 1.2 Coeficientes de Fourier Seja V um espac¸o vetorial de dimensa˜o finita com produto interno 〈, 〉 , β = {vk |k ∈ In} uma base ortogonal de V e u um vetor qualquer de V , sabemos que u = n∑ k=1 xkvk se aplicarmos o produto interno com vs temos 〈vs, u〉 = n∑ k=1 xk〈vs, vk〉 = n∑ k=1 xkδs,k〈vs, vk〉 = xs〈vs, vs〉 como 〈vs, vs〉 6= 0 temos xs = 〈vs, u〉 〈vs, vs〉 esta coordenada chamamos de coeficiente de Fourier. m Definic¸a˜o 10 (Projec¸a˜o ortogonal). A projec¸a˜o de v ortogonal a u 6= 0 simbolizada por Pru(v) e´ < u, v > < u,u > u. b Propriedade 24. Valem as propriedades 1. Pru(v) e´ colinear a u. 2. v− Pru(v) e´ ortogonal a u, isto e´, < v− Pru(v), u >= 0. ê Demonstrac¸a˜o. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 24 1. Pru(v) e´ colinear a u pois e´ da forma λu com λ = < u, v > < u,u > . 2. v− Pru(v) e´ ortogonal a u, pois, < v− Pru(v), u >=< v, u > − < u, v > < u,u > < u,u >= 0. $ Corola´rio 9. Vale que ||Pru(v)|| = | < v, u > < u,u > | ||u|| com norma proveniente do produtointerno podemos escrever, com < u,u >= ||u||2 Pru(v) = < u, v > < u,u > u = < u, v > ||u||2 u daı´ temos tambe´m ||Pru(v)|| = | < u, v > | ||u|| . 1.2.1 Desigualdade de Schwarz por meio de Projec¸a˜o $ Corola´rio 10 (Desigualdade de Schwarz). Vale que < v − Pu(v), Pu(v) >= 0 pois Pu(v) = λu . Logo podemos aplicar o teorema de Pita´goras, resultando em ||v− Pru(v)|| 2 + ||Pru(v)|| 2 = ||v− Pru(v) + Pru(v)|| 2 = ||v||2 logo ||Pru(v)|| = | < u, v > | ||u|| ≤ ||v||⇒ | < v, u > | ≤ ||v|| ||u|| que e´ a desigualdade de Schwarz. Vale a igualdade⇔ v−Pru(v) = 0⇔ v e u sa˜o colineares pois v = Pru(v) = λu. A demonstrac¸a˜o que foi feita serve tanto para espac¸os reais ou complexos. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 25 Z Exemplo 6. Vejamos alguns exemplos de aplicac¸o˜es da desigualdade de Schwarz para alguns produtos internos ja´ conhecidos. 1. V = Rn, (xk)n1 , (yk)n1 ∈ Rn, a desigualdade de Schwarz toma a forma de | n∑ k=1 xkyk| 2 ≤ n∑ k=1 x2k n∑ k=1 y2k 2. V = Cn, (xk)n1 , (yk)n1 ∈ Cn, a desigualdade de Schwarz toma a forma de | n∑ k=1 xkyk| 2 ≤ n∑ k=1 |xk| 2 n∑ k=1 |yk| 2 3. |tr(AB∗)| ≤ tr(AA∗) 12 tr(BB∗) 12 . 1.3 Norma m Definic¸a˜o 11 (Espac¸o vetorial normado). Um espac¸o vetorial V (sobre um corpo K, real ou complexo) e´ dito ser normado se para cada elemento v de V e´ associado um nu´mero real ‖v‖ na˜o negativo tal que valem as propriedades 1. Positividade ‖v‖ = 0⇔ v = 0. 2. Produto por constante ‖av‖ = |a|‖v‖. 3. Desigualdade triangular ‖u+ v‖ ≤ ‖u‖+ ‖v‖. sendo u ∈ V e a um escalar. Nesse caso dizemos que (V, ‖ ‖) e´ um espac¸o vetorial normado. A norma de um vetor pode ser pensada como o comprimento CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 26 ou magnitude de um vetor. m Definic¸a˜o 12 (Seminorma). Seminorma num espac¸o vetorial V e´ uma func¸a˜o que satisfaz as propriedades de norma, na˜o necessariamente satisfazendo a condic¸a˜o de que ||v|| = 0 implica v = 0, isto e´, podemos ter elementos na˜o nulos com seminorma nula. b Propriedade 25. Toda norma em R e´ da forma ||x|| = a|x| onde a > 0. ê Demonstrac¸a˜o. Em R, dado x ∈ R na˜o nulo, podemos escrever ||x|| = ||x.1|| = |x| ||1||︸︷︷︸ a = a|x| onde a > 0. As outras propriedades tambe´m sa˜o satisfeitas pois ||x|| = 0⇔ a|x| = 0⇔ x = 0. Vale a desigualdade triangular ||x+ y|| ≤ ||x||+ ||y|| pois por desigualdade triangular para mo´dulo temos |x+ y| ≤ |x|+ |y| multiplicando por a > 0 a desigualdade na˜o se altera, tem-se a|x+ y|︸ ︷︷ ︸ ||x+y|| ≤ a|x|︸︷︷︸ ||x|| + a|y|︸︷︷︸ ||y|| que e´ exatamente a desigualdade triangular para norma. Agora a u´ltima propriedade ||cx|| = |cx|a = |c||x|a = |c|||x|. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 27 b Propriedade 26. Toda norma em R proveˆm de um produto interno. ê Demonstrac¸a˜o. Definimos o seguinte produto interno em R. < x, y >= a2xy. Com a 6= 0. Temos realmente um produto interno pois < x, x >= a2x2 ≥ 0 sendo nulo ⇔ x = 0. Vale tambe´m a simetria < x, y >= a2x.y = a2yx =< y, x >. Agora a linearidade < cv+ bw,u >= a2(cv+ bw)u = ca2(vu) + ba2(wu) = c < v, u > +b < w,u > . Uma norma em R e´ do tipo ||x|| = a|x|, que proveˆm do produto interno √ < x, x > = a|x|. b Propriedade 27. Todo produto interno no espac¸o vetorial R = V e´ da forma < x, y >= a2xy, a 6= 0. ê Demonstrac¸a˜o. Ja´ sabemos que < x, y >= a2xy, a 6= 0 define um produto interno pelo que ja´ vimos em propriedade anterior. Agora suponha um produto interno dado, temos que < x, y >=< x.1, y.1 >= x.y< 1, 1 >︸ ︷︷ ︸ a2>0 = x.ya2. b Propriedade 28. Todo produto interno no espac¸o vetorial C = V e´ da forma < x, y >= a2xy, a 6= 0, a ∈ R . ê Demonstrac¸a˜o. Temos que < x, y >=< x.1, y.1 >= x.y< 1, 1 >︸ ︷︷ ︸ a2 6=0 . Agora provamos que essa expressa˜o fornece um produto interno. • Vale a positividade. < x, x > > 0 para x 6= 0 pois < x, y >= xxa2 = ||x||a2 > 0. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 28 • Conjugac¸a˜o < y, x >= y √ xa2 = yxa2 = < x.y >. • Linearidade na primeira coordenada < x+ cw, y >= (x+ cw)ya2 = (xya2) + c(ya2) =< x, y > +c < w, y > . b Propriedade 29. Vale ‖− v‖ = ‖v‖ para todo v ∈ V. ê Demonstrac¸a˜o. ‖− v‖ = |− 1|‖v‖ = ‖v‖. b Propriedade 30. Vale ‖x‖ ≥ 0 para todo x ∈ V . ê Demonstrac¸a˜o. Pela desigualdade triangular ‖u+ v‖ ≤ ‖u‖+ ‖v‖ tomando u = x e v = −x segue ‖x− x‖ = 0 ≤ ‖x‖+ ‖− x‖ = 2‖x‖ daı´ ‖x‖ ≥ 0. m Definic¸a˜o 13. Seja V um espac¸o hermitiano ou euclidiano com produto interno 〈, 〉, definimos a norma (ou comprimento) de um vetor v em relac¸a˜o a esse produto interno por ‖v‖ := √ 〈v, v〉. m Definic¸a˜o 14 (Vetor unita´rio). Se ‖v‖ = 1 v e´ chamado vetor unita´rio e dizemos que v esta´ normalizado. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 29 b Propriedade 31. Todo vetor V se escreve como v = |v|v ′ onde v ′ e´ unita´rio. ê Demonstrac¸a˜o. Caso v = 0 temos |v| = 0 e daı´ tomamos v ′ unita´rio qualquer, caso v 6= 0, tomamos v ′ = v |v| , temos v = |v| v |v| = v. A seguir propriedades va´lidas para quaisquer v,w em um espac¸o vetorial V com produto interno e a ∈ R. b Propriedade 32. Seja V um espac¸o hermitiano ou euclidiano ‖v‖ ≥ 0 e ‖v‖ = 0 ⇔ v = 0. ê Demonstrac¸a˜o. Temos ‖v‖ = √ 〈v, v〉 e como 〈v, v〉 ≥ 0 segue √ 〈v, v〉 ≥ 0 e 〈v, v〉 = 0 ⇔ v = 0, segue √〈v, v〉 = 0 ⇔ v = 0. b Propriedade 33. Seja V um espac¸o hermitiano ou euclidiano enta˜o ‖av‖ = |a| ‖v‖. ê Demonstrac¸a˜o. ‖av‖ = √ 〈av, av〉 = √ aa〈v, v〉 = |a| √ 〈v, v〉 = |a| ‖v‖. 1.3.1 ||x+ y||2 = ||x||2 + 2Re(x, y) + ||y||2. b Propriedade 34. Para um produto interno complexo, temos que ||x+ y||2 = ||x||2 + 2Re(x, y) + ||y||2. ê Demonstrac¸a˜o. ||x+ y||2 = (x+ y, x+ y) = (x, x) + (x, y) + (y, x) + (y, y) = ||x||2 + (x, y) + (x, y)︸ ︷︷ ︸ 2Re(x,y) +||y||2. De onde segue o resultado. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 30 1.3.2 Desigualdade de Cauchy-Schwarz b Propriedade 35 (Desigualdade de Schwarz). ‖w‖ ‖v‖ ≥ |〈v,w〉|. Valendo para espac¸os produtos internos com valores em R ou C. Ja´ provamos essa desigualdade por meio de projec¸o˜es, vamos provar agora de outras maneiras. ê Demonstrac¸a˜o.[Caso real] Para v = 0 vale a igualdade, pois ‖v‖ = 0 e 〈0, w〉 = 0. Seja v 6= 0, para qualquer t real vale 〈tv+w, tv+w〉 ≥ 0 logo t2〈v, v〉+ 2t〈v,w〉+ 〈w,w〉 ≥ 0 como 〈v, v〉 e´ sempre positivo, temos que ter o discriminante negativo, logo 4〈v,w〉2 − 4〈v, v〉 〈w,w〉 ≤ 0 de onde segue ‖w‖ ‖v‖ ≥ |〈v,w〉|. Se 〈v,w〉 ≥ 0 temos ‖w‖ ‖v‖ ≥ 〈v,w〉, se 〈v,w〉 < 0 ainda temos ‖w‖ ‖v‖ ≥ 〈v,w〉, pois a norma e´ um nu´mero na˜o negativo. ê Demonstrac¸a˜o. Sejam x, y ∈ H, λ ∈ R, x 6= 0. Por ||λx+ y||2 = λ2||x||2 + 2λRe(x, y) + ||y||2 = P(λ) ≥ 0. Logo temos que o ∆ da equac¸a˜o deve satisfazer ∆ = 4[re(x, y)]2 − 4||x||2||y||2 ≤ 0. Temos ∆ ≤ 0, pois temos soluc¸a˜o dupla ou a equac¸a˜o na˜o possui soluc¸a˜o. Da desigualdade anterior segue que |Re(x, y)| ≤ ||x|| ||y||. (1.1) CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 31 Se (x, y) 6= 0, (x, y) = |(x, y)|eiθ. Definindo x˜ = e−iθ.x, temos (x˜, y) = e−iθ(x, y) = |(x, y)|. Aplicando (1.1), com x˜ e y, temos que |(x, y)| = |Re(x˜, y)| ≤ ||x˜||.||y|| = |e−iθ|︸ ︷︷ ︸ 1 ||x|| ||y||, pois (x˜, y) = |(x, y)| logo Re(x˜, y) = |(x, y)|. Enta˜o conluı´mos que |(x, y)| ≤ ||x|| ||y||, no caso do produto interno complexo, o que prova o resultado. b Propriedade 36. Vale a seguinte identidade em espac¸os reais ‖u+ v‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2 + 2〈u, v〉. ê Demonstrac¸a˜o. ‖u+ v‖2 = √ 〈u+ v, u+ v〉2 = 〈u+ v, u+ v〉 = 〈u, u〉+ 2〈u, v〉+ 〈v, v〉 = = ‖u‖2 + ‖v‖2 + 2〈u, v〉. 1.3.3 Desigualdade triangular-Desigualdade de Minkowski b Propriedade 37 (Desigualdadetriangular). ‖u‖+ ‖v‖ ≥ ‖u+ v‖. Vale para norma definida por produto interno complex ou real. ê Demonstrac¸a˜o.[Caso real] Da identidade ‖u+ v‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2 + 2〈u, v〉, CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 32 e da desigualdade ‖u‖ ‖v‖ ≥ 〈u, v〉, segue que ‖u+ v‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2 + 2〈u, v〉 ≤ ‖u‖2 + ‖v‖2 + 2‖u‖ ‖v‖ = (‖u‖+ ‖v‖)2 logo (‖u‖+ ‖v‖)2 ≥ ‖u+ v‖2 de onde temos ‖u‖+ ‖v‖ ≥ ‖u+ v‖. ê Demonstrac¸a˜o.[Caso complexo] Ja´ provamos que ||x+ y||2 = ||x||2 + 2Re(x, y)︸ ︷︷ ︸ ≤||x||.||y|| +||y||2 ≤ ||x||2 + 2||x|| ||y||+ ||y||2 = (||x||+ ||y||)2 o que implica finalmente ||x+ y|| ≤ ||x||+ ||y||. b Propriedade 38 (Teorema de Pita´goras). Seja V um espac¸o euclidiano. x ⊥ y ⇔ |x+ y|2 = |x|2 + |y|2. ê Demonstrac¸a˜o.⇒). Essa implicac¸a˜o tambe´m vale para espac¸os hermitianos. Suponha < u, v >= 0. Segue da identidade ‖u+ v‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2 + 2Re 〈u, v〉︸ ︷︷ ︸ 0 = ‖u‖2 + ‖v‖2. ⇐) Agora usamos V real. ||u+ v||2 = ||u||2 + ||v||2 = ||u||2 + ||v||2 + 2 < u, v > logo < u, v >= 0. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 33 b Propriedade 39 (Teorema de Pita´goras para espac¸os complexos). Seja V um espac¸o complexo, temos que < u, v >= 0⇔ ||au+ bv||2 = ||au||2 + ||bv||2 ∀ a, b ∈ C. ê Demonstrac¸a˜o. ⇒). Ja´ provamos com a = b = 1.⇐). (refazer) Com a = b = 1 chegamos a conclusa˜o que Re < u, v >= 0, agora tomando a = 1 e b = i, tomando < u, v >= yi temos apo´s contas que ab < u, v > +ba< u, v > = 0 −iiy+ i(−iy) = 0⇒ y = 0. m Definic¸a˜o 15 (Norma do ma´ximo). Dado um espac¸o vetorial normado Vn, definimos a norma do ma´ximo como |x|M = max{|xk|, k ∈ In}, x ∈ V onde cada |xk| e´ a aplicac¸a˜o da norma de V , x = (xk)n1 . b Propriedade 40. A norma do ma´ximo define uma norma em Vn. ê Demonstrac¸a˜o. • Vale a positividade pois max{|xk|, k ∈ In} = 0⇔ |xk| = 0 ∀ k e caso um |xk| > 0 tem-se max{|xk|, k ∈ In} > 0. • |ax|M = max{|a||xk|, k ∈ In} = |a| max{|xk|, k ∈ In} = |a||x|M. • Vale que |x|M + |y|M ≥ |x+ y|M, isto e´, max{|xk|, k ∈ In}+max{|yk|, k ∈ In} ≥ max{|xk + yk|, k ∈ In} o ma´ximo do primeiro termo acontece para algum ı´ndice s, max{|xk|, k ∈ In} = xs, o do segundo termo para algum t e do outro lado da desigualdade para algum m, mas |xs|+ |yt| ≥ |xm|+ |ym| ≥ |xm + ym| . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 34 m Definic¸a˜o 16 (Norma da soma). Dado um espac¸o vetorial normado Vn, definimos a norma da soma como |x|S = n∑ k=1 |xk| onde cada |xk| e´ a aplicac¸a˜o da norma de V , x = (xk)n1 . b Propriedade 41. A norma da soma define uma norma em Vn. ê Demonstrac¸a˜o. • Vale a positividade pois n∑ k=1 |xk| ≥ 0 e so´ e´ nula se cada xk for um vetor nulo . • |ax|S = n∑ k=1 |axk| = |a| n∑ k=1 |xk| = |a||x|S. • Vale que |x|S + |y|S ≥ |x + y|S, tal propriedade segue da generalizac¸a˜o da desi- gualdade triangular n∑ k=1 |xk|+ n∑ k=1 |yk| ≥ n∑ k=1 |xk + yk|. b Propriedade 42. Em Rn vale |x+ y|2 + |x− y|2 = 2|x|+ 2|y| ê Demonstrac¸a˜o. Sejam x = (xk)n1 e y = (yk)n1 , enta˜o |x+ y|2 + |x− y|2 = n∑ k=1 (xk + yk) 2 + n∑ k=1 (xk − yk) 2 = = n∑ k=1 (x2k + 2xkyk + y2k) + n∑ k=1 (x2k − 2xkyk + y2k) = = 2 n∑ k=1 x2k + 2 n∑ k=1 y2k = 2|x|+ 2|y|. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 35 b Propriedade 43. Em V espac¸o vetorial normado vale que ||x− y|| ≥ | ||y||− ||x|| |. ê Demonstrac¸a˜o. Por desigualdade triangular sabemos que ||x− y|| ≥ ||y||− ||x|| pois ||x− y||+ ||x|| ≥ ||y|| da mesma maneira ||x− y|| ≥ ||x||− ||y|| pois ||x− y||+ ||y|| ≥ ||x|| portanto ||x− y|| ≥ | ||y||− ||x|| |. b Propriedade 44. A func¸a˜o norma fN : V → R com fN(v) = ||v||, V espac¸o vetorial normado, e´ contı´nua. ê Demonstrac¸a˜o. A func¸a˜o norma e´ Lipschitz , logo uniformemente contı´nua e contı´nua, pois | ||x||− ||y|| | ≤ ||x− y||. m Definic¸a˜o 17 (Distaˆncia entre dois vetores em espac¸os normados). Definimos a distaˆncia entre dois vetores v e w num espac¸o normado como d(v,w) = |v−w|. 1.3.4 Identidade do paralelogramo b Propriedade 45 (Identidade do paralelogramo). Seja V espac¸o vetorial nor- mado proveniente de produto interno, enta˜o vale ||u+ v||2 + ||u− v||2 = 2(||u||2 + ||v||2). Essa identidade pode ser interpretada geometricamente com a afirmac¸a˜o de CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 36 que a soma do quadrado do comprimento das diagonais de um paralelogramo e´ igual a` soma do quadrado dos lados . ê Demonstrac¸a˜o.[Caso real] < u+ v, u+ v > + < u− v, u− v >= =< u,u > + < u, v > + < v, u > + < v, v > + < u,u > + + < u,−v > + < −v, u > + < −v,−v >= 2||u||+ 2||v||. ê Demonstrac¸a˜o.[Caso complexo] Temos que ||x+ y||2 = ||x||2 + 2Re(x, y) + ||y||2, ||x+ y||2 = ||x||2 − 2Re(x, y) + ||y||2. Somando os termos, segue que ||x+ y||2 + ||x− y||2 = 2(||x||2 + ||y||2) b Propriedade 46. Ja´ mostramos que um espac¸o com norma proveniente do produto interno enta˜o vale a propriedade do paralelogramo, agora vamos mostrar o contra´rio, se vale a identidade do paralelogramo enta˜o podemos definir uma produto interno por meio da norma, considerando V real. ê Demonstrac¸a˜o. Definimos < x, y >= ||x+ y||2 − ||x− y||2 4 . Tal definic¸a˜o e´ um produto interno pois • Positividade . Sendo x 6= 0 < x, x >= 4||x||2 4 = ||x||2 que se anula ⇔ x = 0 por propriedade de norma. • Simetria < y, x >= ||x+ y||2 − ||y− x||2 4 = ||y+ x||2 − ||(−1)(x− y)||2 4 = = ||y+ x||2 − |(−1)| ||(x− y)||2 4 = ||y+ x||2 − ||(x− y)||2 4 =< x, y > . • CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 37 b Propriedade 47 (Identidade de polarizac¸a˜o caso real.). Se V e´ um espac¸o vetorial real munido de produto interno vale que 4 < u, v >= ||u+ v||2 − ||u− v||2. ê Demonstrac¸a˜o. ||u+ v||2 + ||u− v||2 =< u+ v, u+ v > − < u− v, u− v >= =< u,u > +2 < v, u > + < v, v > − < u,u > +2 < u, v > − < v, v >= 4 < u, v > . b Propriedade 48. Se V e´ um espac¸o vetorial complexo munido de produto interno vale que 4Re < u, iv >= ||u+ iv||2 − ||u− iv||2. ê Demonstrac¸a˜o. Temos que < u+ iv, u+ iv >=< u,u > + < u, iv > +< u, iv >+ < v, v > < u− iv, u− iv >=< u,u > − < u, iv > −< u, iv >+ < v, v > logo a diferenc¸a fornece 2(< u, iv > +< u, iv >) = 2(2Re < u, iv >) = 4Re < u, iv > . b Propriedade 49 (Identidade de polarizac¸a˜o caso complexo). Em espac¸os complexos vale 4 < u, v >= ||u+ v||2 + ||u− v||2 + i||u+ iv||2 − ||u− iv||2. ê Demonstrac¸a˜o. Usamos que < u, v >= Re < u, v > +iRe < u, iv > 4 < u, v >= 4Re < u, v > +4iRe < u, iv > CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 38 e daı´ usando identidades ja´ provadas para cada uma das parcelas 4 < u, v >= ||u+ v||2 + ||u− v||2 + i||u+ iv||2 − ||u− iv||2. Tal identidade tambe´m pode ser escrita como 4 < u, v >= 4∑ k=1 ik||u+ ikv||2. m Definic¸a˜o 18 (Forma quadra´tica definida por produto interno). A forma quadra´tica definida por um produto interno <,> em V e´ a func¸a˜o que associa v ∈ V ao escalar ||v||2 =< v, v > . 1.3.5 Aˆngulo entre dois vetores m Definic¸a˜o 19 (Aˆngulo entre dois vetores). A desigualdade de Schwarz nos possibilita definir aˆngulo entre vetores na˜o nulo em um espac¸o vetorial V munido de um produto interno, da desigualdade de Schwarz temos |〈v,w〉| ‖v‖ ‖w‖ ≤ 1 de onde temos se 〈v,w〉 < 0 −〈v,w〉 ‖v‖ ‖w‖ ≤ 1 〈v,w〉 ‖v‖ ‖w‖ ≥ −1 e se 〈v,w〉 > 0 〈v,w〉 ‖v‖ ‖w‖ ≤ 1 logo −1 ≤ 〈v,w〉‖v‖ ‖w‖ ≤ 1 portanto existe nu´mero real α em [0, pi] tal que cos(α) = 〈v,w〉 ‖v‖ ‖w‖ . Tal nu´mero α sera´ chamado aˆngulo entre dois vetores u e v . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 39 b Propriedade 50. Se v⊥w, temos 〈v,w〉 = 0 logo cosα = 0 em [0, pi] enta˜o α = pi/2, isto e´ , se os vetoressa˜o ortogonais enta˜o aˆngulo entre eles e´ de pi/2. m Definic¸a˜o 20 (Base ortonormal). Seja V um espac¸o vetorial com produto interno. Dizemos que uma base β = {vk |k ∈ In} de V e´ ortonormal se vale 〈vk, vs〉 = δ(k,s) ∀ k, s ∈ In. $ Corola´rio 11. Os coeficientes de fourier de w um vetor de v na base β = {vk |k ∈ In} sa˜o dados por xs = 〈w, vs〉 〈vs, vs〉 = 〈w, vs〉. 1.4 Normas me´trica b Propriedade 51. Todo espac¸o vetorial normado (V, ‖ ‖) e´ um espac¸o me´trico com a me´trica d(x, y) = ‖x− y‖ com x, y ∈ V. ê Demonstrac¸a˜o. Vale a positividade pois d(x, y) = ‖x− y‖ = 0 ⇔ x− y = O, x = y e vale tambe´m d(x, y) = ‖x− y‖ ≥ 0. Vale a simetria pois d(x, y) = ‖x−y‖ e d(y, x) = ‖y− x‖ = |− 1|‖x−y‖ = d(x, y). Vale a desigualdade triangular d(x, y) + d(x, z) = ‖x− y‖+ ‖− x+ z‖ ≥ ‖z− y‖ = d(z, y). $ Corola´rio 12. Com um produto interno podemos definir uma norma e do espac¸o vetorial normado podemos definir um espac¸o me´trico. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 40 $ Corola´rio 13. O produto interno usual do Rn e´ definido como < u,u >= n∑ k=1 x2k e a norma proveniente desse produto interno e´ ‖u‖ = √< u,u > = √√√√ n∑ k=1 x2k a me´trica fica d(u, v) = ‖u− v‖ = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2 vale a desigualdade triangular ‖x− y‖+ ‖x− z‖ ≥ ‖z− y‖ logo d(x, y) + d(x, z) = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2 + √√√√ n∑ k=1 (xk − zk)2 ≥ √√√√ n∑ k=1 (zk − yk)2 = d(z, y) m Definic¸a˜o 21 (Me´trica proveniente da norma). A me´trica d(x, y) = ‖x − y‖ no espac¸o vetorial normado (V, ‖ ‖) e´ chamada de me´trica proveniente da norma. b Propriedade 52. Seja o conjunto Rn = {(xk)nk=1, xk ∈ R} , dados os pontos x = (xk) n k=1 e y = (yk)nk=1 enta˜o d(x, y) = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2 e´ uma me´trica em Rn. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 41 ê Demonstrac¸a˜o. Vale d1 pois d(x, y) = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk) 2︸ ︷︷ ︸ ≥0 como soma de nu´meros positivos e´ um nu´mero positivo e para que a soma da direita seja zero e´ necessa´rio que todas parcelas sejam zero pois caso contra´rio, se existir uma parcela positiva a soma tambe´m sera´ positiva, daı´ concluı´mos que (xk = yk)n1 implicando que x = y. Vale a propriedade de simetria pois d(x, y) = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2 = √√√√ n∑ k=1 (−1)2(yk − xk)2 = √√√√ n∑ k=1 (yk − xk)2 = d(y, x). A desigualdade triangular provamos pela propriedade da norma e produto interno. $ Corola´rio 14. (Rn, d) e´ um espac¸o me´trico. m Definic¸a˜o 22 (Espac¸o Euclidiano). O conjunto Rn com a me´trica d(x, y) = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2 e´ chamado de espac¸o Euclidiano. m Definic¸a˜o 23 (Normas equivalentes). Duas normas ||; ‖|1 e ||; ‖|2 sa˜o equiva- lentes se existem constantes c1 e c2 tais que vale c1||x‖|1 ≤ ||; ‖|2 ≤ c2||x‖|2 b Propriedade 53 (Desigualdade de me´tricas em Rn.). Para quaisquer elemen- tos x, y ∈ Rn vale d1(x, y) ≤ d(x, y) ≤ d2(x, y) ≤ nd1(x, y) CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 42 onde d1(x, y) = max{|xk − yk|, k ∈ In|} d2(x, y) = n∑ k=1 |xk − yk| e d(x, y) = √√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2. ê Demonstrac¸a˜o. Primeiro vamos mostrar que d1(x, y) ≤ d(x, y). Como o conjunto {|xk−yk|, k ∈ In|} e´ finito, existe s ∈ In tal que d1(x, y) = |xs−ys| e na outra me´trica d(x, y) = √√√√ s−1∑ k=1 (xk − yk)2 + (xs − ys)2 + n∑ k=s+1 (xk − yk)2 daı´ segue a desigualdade. A u´ltima desigualdade, temos que |xk − yk| ≤ |xs − ys| para todo k ∈ In, tomando a soma n∑ k=1 segue n∑ k=1 |xk − yk| ≤ n∑ k=1 |xs − ys| = n|xs − ys|. A desigualdade do meio√√√√ n∑ k=1 (xk − yk)2 ≤ n∑ k=1 |xk − yk| temos ( n∑ k=1 |xk−yk|) 2 = n∑ k=1 |xk−yk| n∑ k=1 |xk−yk| = n∑ k=1 |xk−yk| n∑ l=1 |xl−yl| = n∑ k=1 n∑ l=1 |xl−yl||xk−yk| = ∑ (k,l)∈In×In |xk − yk||xl − yl| = n∑ k=1 (xk − yk) 2 + ∑ (k,l)∈In×In,k 6=l |xk − yk||xl − yl| logo n∑ k=1 (xk − yk) 2 < ( n∑ k=1 |xk − yk|) 2. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 43 1.5 Processo de ortogonalizac¸a˜o de Gram-Schimdt F Teorema 2 (de Gram-Schmidt). Seja V espac¸o vetorial de dimensa˜o finita, munido de um produto interno < , >. Dada uma base (vk)n1 de V , definindo Vk = S(vs) k 1 ∀ k ∈ In enta˜o existe um conjunto ortonormal (wk)n1 de V tal que Vk = S(ws) k 1 , ∀ k ∈ In. Em particular (wk)n1 e´ uma base ortonormal de V . A partir de uma base qualquer de um espac¸o vetorial de dimensa˜o finita e´ possı´vel achar uma base ortonormal usando o processo de diagonalizac¸a˜o de Gram-Schimdt. A partir de uma base (vk)n1 podemos achar uma base ortogonal (uk)n1 , os elementos da base ortogonal sa˜o dadas por us = vs − s−1∑ k=1 〈vs, uk〉 〈uk, uk〉uk = vs − s−1∑ k=1 Pruk(vs) e os elementos dessa base podem ser normalizados, chegamos enta˜o numa base ortonormal. ê Demonstrac¸a˜o. Vamos criar um conjunto ortogonal que satisfaz o teorema, daı´ para obter um conjunto ortonormal como pedido basta dividir cada vetor por sua norma. Seja (vk)n1 base de V , tomamos u1 = v1, definimos enta˜o V1 = S(u1) = S(v1). Tomamos u2 = v2−Pru1(v2) = v2− < v2, u1 > < u1, u1 > u1 que e´ ortogonal a u1 pelo que ja´ vimos, portanto (u1, u2) e´ ortogonal, temos que S(u1, u2) = S(v1, v2) pois v1, v2 ∈ S(u1, u2). Iteramos o procedimento de construc¸a˜o, tomando us+1 = vs+1 − s∑ k=1 Prus(vs+1), aplicando <,uj > na soma acima concluı´mos que < us+1, uj >=< vs+1, uj > − < vs+1, uj > < uj, uj > < uj, uj >= 0 pois Pruk(vs+1) = < vs+1, uk > < uk, uk > uk e < Pruk(vs+1), uj >= 0 se j 6= k por construc¸a˜o, logo as outras projec¸o˜es se anulam quando aplicamos <,uj > na soma. Agora Vs+1 = S(vk)s+11 , S = S(uk)s+11 , como vs+1 ∈ S(uk)s+11 ⇒ Vs+1 ⊂ S(uk)s+11 , mas dimVs+1 = s+ 1 ≥ dimS(uk)s+11 ⇒ Vs+1 = S(uk)s+11 e terminamos. Enta˜o podemos construir uma base ortogonal com o processo recursivo CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 44 um+1 = vm+1 − m∑ k=1 〈vm+1, uk〉 〈uk, uk〉 uk. Z Exemplo 7. Tome W ⊂ C[x] o subespac¸o dos polinoˆmios de grau ate´ 2 com o produto interno dado pela integral < f, g >= ∫ 1 0 f(t)g(t)dt. Determine o complemento ortogonal em W dos polinoˆmios constantes e aplique o processo de ortogonalizac¸a˜o a` base v1 = 1, v2 = x, v3 = x2 de W. Para o complemento ortogonal < c, f >= 0 = ∫ 1 0 c(a2x 2 + a1x+ a0)dx = c( a2 3 + a1 2 + a0) logo (a2 3 + a1 2 + a0) = 0 e´ o complemento ortogonal e´ {a2x 2 + a1x+ a0 | a2 3 + a1 2 + a0 = 0}. Vamos agora encontrar uma base ortogonal {u1, u2, u2}, tomamos u1 = 1 daı´ u2 = v2 − < v2, u1 > < u1, u1 > u1 < u1, u1 >= ∫ 1 0 1dx = 1, < v2, u1 >= ∫ 1 0 xdx = 1 2 logo u2 = x − 1 2 , agora calculamos u3 u2 = v3 − < v3, u1 > < u1, u1 > u1 − < v3, u2 > < u2, u2 > u2 < u2, u2 >= ∫ 1 0 (x − 1 2 )2dx = 1 12 , < v3, u1 >= ∫ 1 0 x2dx = 1 3 , < v3, u2 >= ∫ 1 0 x2(x − 1 2 )dx = 1 12 , usando esses resultado chegamos em u3 = x 2 − x+ 1 6 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 45 faltando normalizar, temos ||u3|| = √ < u3, u3 > = √∫ 1 0 (x2 − x+ 1 6 )2dx = 1 6 √ 5 , logo a base ortonormal e´ {1, (x− 1 2 )2 √ 3, (x2 − x+ 1 6 )6 √ 5} m Definic¸a˜o 24 (Dimensa˜o alge´brica e dimensa˜o geome´trica). A dimensa˜o alge´brica DA(V) de um espac¸o vetorial V de dimensa˜o finita e´ o nu´mero de ele- mentos de sua base. A dimensa˜o geome´trica DG(V) e´ o nu´mero ma´ximo de elementos na˜o nulos ortogonais. Sabemos que temos esse ma´ximo pois tal con- junto e´ sempre linearmente independente enta˜o a dimensa˜o geome´trica e´ menor ou igual a dimensa˜o alge´brica. DG(V) da´ o nu´mero ma´ximode direc¸o˜es mutuamente ortogonais em V . $ Corola´rio 15. O processo de ortogonalizac¸a˜o garante que DA(V) = DG(V) em V de dimensa˜o finita. $ Corola´rio 16. Para uma base ortogonal a matriz de Gram e´ diagonal e para uma base ortonormal a matriz de Gram e´ a matriz identidade. $ Corola´rio 17. o processo de ortogonalizac¸a˜o de Gram=Schmidt pode ser usado para testar independeˆncia linear. m Definic¸a˜o 25. Sejam U < V subespac¸o vetorial e (uk)r1 uma base ortonormal de U. Dado v ∈ V definimos PrU(v) = r∑ k=1 < v, uk > uk CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 46 chamada de projec¸a˜o ortogonal de v sobre U. b Propriedade 54. Vale que < v− PrU(v), uj >= 0 nas condic¸o˜es da definic¸a˜o anterior . ê Demonstrac¸a˜o. < v− r∑ k=1 < v, uk > uk, uk >=< v− < v, uj > uj, uj >=< v, uj > − < v, uj > < uj, uj >︸ ︷︷ ︸ 1 = 0. em particular v− PrU(v) e´ ortogonal a todo vetor de U. b Propriedade 55. A definic¸a˜o de PrU(v) independe da escolha da base orto- normal. ê Demonstrac¸a˜o. b Propriedade 56. PrU : V → U , PrU e´ uma projec¸a˜o, isto e´, Pr2U = PrU. ê Demonstrac¸a˜o. Sabemos que PrU(v) = r∑ k=1 < v, uk > uk PrU(v) 2 = r∑ t=1 < PrU(v), ut > ut = = r∑ t=1 < r∑ k=1 < v, uk > uk, ut > ut = r∑ t=1 r∑ k=1 < v, uk >< uk, ut > ut = r∑ t=1 < v, ut > ut = PrU(v) como querı´amos mostrar. m Definic¸a˜o 26 (Melhor aproximac¸a˜o). Uma melhor aproximac¸a˜o de u por vetores de um conjunto W e´ um vetor v ∈W tal que ||u− v|| ≤ ||u−w|| CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 47 ∀ w ∈W. 1.6 Complemento ortogonal m Definic¸a˜o 27 (Complemento ortogonal). Sejam V um espac¸o vetorial munido de um produto interno 〈, 〉 e um subconjunto na˜o vazio S de V , seja o subconjunto de V S⊥ = {v ∈ V | v⊥w ∀w ∈ S}, isto e´, o conjunto de vetores de V que sa˜o ortogonais a todos vetores de S. b Propriedade 57. Seja X ⊂ V enta˜o • 0 ∈ X⊥. • Reverte inclusa˜o. Se X ⊂ Y enta˜o Y⊥ ⊂ X⊥. • X ∩ X⊥ = {0}, sendo 0 ∈ X. • X⊥ = S(X)⊥, X subespac¸o deV . ê Demonstrac¸a˜o. • 0 ∈ X⊥ pois < 0, x >= 0 ∀ x ∈ X. • Seja y ′ ∈ Y⊥ e x ∈ X < y ′, x︸︷︷︸ ∈y >= 0 logo y ′ ∈ X⊥. • Sabemos que 0 ∈ X ∩ X⊥, sendo outro v na intersec¸a˜o temos v ∈ X e v ∈ X⊥ logo < v, v >= 0 o que implica v = 0. • X ⊂ S(X) logo S(X)⊥ ⊂ X⊥. Falta a outra inclusa˜o, seja x ∈ X⊥ < x, n∑ k=1 akxk >= n∑ k=1 ak < x, xk >= 0 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 48 logo x ∈ S(X)⊥ o que prova a igualdade. b Propriedade 58. S⊥ e´ subespac¸o de V . ê Demonstrac¸a˜o. θ esta´ contido em S⊥ pois 0⊥w para qualquer w de S. Temos tambe´m que se u e w ∈ S⊥ temos u⊥w, v⊥w para todo w em S, isso implica au+ bw⊥w pela propriedade ja´ demonstrada de ortogonalidade, segue enta˜o que S⊥ e´ subespac¸o vetorial de V . b Propriedade 59. Se S e´ subespac¸o de V dimensa˜o finita enta˜o V = U⊕U⊥. ê Demonstrac¸a˜o. Seja (uk)r1 base ortonormal de U. Complete esta base a uma base (uk)r1, (wk)s1 de V . Aplicando Gram-Schimidt a esta base, obtemos uma base ortonormal (vk)n1 de V tal que S(vk)r1 = U. Definimos W = S(vk)nr+1 por propriedade de bases ortonormais temos que W ⊂ U⊥ ⇒ V = U+W ⊂ U+U⊥ de outro lado, se u ∈ U∩U⊥, logo ∀ v ∈ V temos v = u1+u2 com u1 ∈ U, u2 ∈ U⊥ < u, v >=< u,u1 + u2 >=< u,u1 > + < u,u2 >= 0⇒ u ∈ V⊥ = {0} logo a soma e´ direta e temos o desejado. b Propriedade 60. Se V tem dimensa˜o finita e U < V enta˜o (U⊥)⊥ = U. ê Demonstrac¸a˜o. Seja X ⊂ V conjunto, X⊥ = {v ∈ V, < v, x >= 0, ∀ x ∈ X}. ∀ x ∈ X temos < x, v >= 0 ∀ v ∈ X⊥ logo X ⊂ (X⊥)⊥. Se X = U < V enta˜o U ⊂ (U⊥)⊥ e dim(U⊥)⊥ = dimV − dim(U⊥) = dimV − (dimV − dimU) = dimU portanto (U⊥)⊥ = U por causa da dimensa˜o. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 49 b Propriedade 61. Seja u ∈ V . < u,u >= 0∀ v ∈ V ⇔ u = 0 . O que pode ser colocado como V⊥ = {0}. ê Demonstrac¸a˜o.⇐). Se u = 0 a propriedade vale.⇒). < u, v >= 0 ∀ v ∈ V. Tomando v = u temos < u,u >= 0 logo devemos ter u = 0 por definic¸a˜o de produto interno . b Propriedade 62. Para todo conjunto na˜o vazio X ⊂ V (na˜o precisa ser subespac¸o) num espac¸o vetorial munido de produto interno, vale que X⊥⊥ = S(X). ê Demonstrac¸a˜o. Temos que X⊥ = S(X)⊥ , S(X) e S(X)⊥ sa˜o subespac¸os de V enta˜o vale S(X)⊥⊥ = S(X) portanto de X⊥ = S(X)⊥ segue X⊥ = S(X)⊥⊥ = S(X). b Propriedade 63. Sejam F1, F2 subespac¸os de V munido de produto interno, enta˜o • (F1 + F2)⊥ = F⊥1 ∩ F⊥2 • (F1 ∩ F2)⊥ = F⊥1 + F⊥2 . ê Demonstrac¸a˜o. • Vamos provar duas incluso˜es de conjuntos . (F1 + F2)⊥ ⊂ F⊥1 ∩ F⊥2 . Seja v ∈ (F1+F2) ⊥, V e´ ortogonal aos vetores de F1+F2 e daı´ e´ ortogonal a todos vetores de F1 e F2 isso implica que v ∈ F⊥1 ∩ F⊥2 . A segunda inclusa˜o . Seja v ∈ F⊥1 ∩ F⊥2 , v e´ ortogonal a todos os vetores de F1 e de F2 daı´ a todos de F1 + F2, por propriedade de soa logo v ∈ (F1 + F2)⊥ e fica provada a igualdade. • Tomando F1 = G⊥1 e F2 = G⊥2 enta˜o (G⊥1 +G⊥2 )⊥ = G1 ∩G2 como sa˜o subespac¸os podemos tomar o ortogonal (G1 ∩G2)⊥ = G⊥1 +G⊥2 . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 50 1.7 Representac¸a˜o do produto interno em espac¸os du- ais m Definic¸a˜o 28. Sendo V um espac¸o vetorial real ou complexo, V∗ o espac¸o dual de V , isto e´, espac¸o das transformac¸o˜es lineares de V em K. Podemos definir fv : V → K, com v fixo em V , fv(w) =< w, v > . b Propriedade 64. Vale que fv ∈ V∗. ê Demonstrac¸a˜o. fv(cw+ u) =< cw+ u, v >= c < w,u > + < u, v >= cfv(w) + fv(u). m Definic¸a˜o 29. Definimos a func¸a˜o α : V → V∗ com α(v) = fv b Propriedade 65. Valem as propriedades 1. fv+v ′ = fv + f ′v, isto e´, α(v+ v ′) = α(v) + α(v ′) 2. fcv = cfv, α(cv) = cα(v). 3. fv = 0⇔ v = 0 , α se anula apenas no vetor nulo . ê Demonstrac¸a˜o. 1. fv+v ′(w) =< w, v+ v ′ >=< w, v > + < w, v ′ >= (fv + f ′v)(w). 2. fcv(w) =< w, cv >= c < w, v >= cfv(w). 3. Se fv e´ nula enta˜o em especial fv(v) = 0 ⇒< v, v >= 0 enta˜o v = 0 . Se v = 0 enta˜o fv(w) =< w, 0︸︷︷︸ v >= 0 logo fv e´ nula . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 51 b Propriedade 66. α : V → V∗ e´ injetiva e linear caso V seja espac¸o real. ê Demonstrac¸a˜o. Ela e´ linear pelas propriedades que ja´ demonstramos, ale´m disso o nu´cleo so´ possui o vetor nulo, enta˜o e´ injetora. Como V e V∗ possuem a mesma dimensa˜o enta˜o α e´ um isomorfismo . b Propriedade 67. Seja V de dimensa˜o finita (real ou complexo) sobre K ou C, a func¸a˜o α : V → V∗ com α(v) = fv e´ um anti-isomorfismo, ale´m disso, α leva uma base ortonormal de V na sua base dual. ê Demonstrac¸a˜o. Tome B = (vk)n1 base ortonormal de V , tomando fk =<, vk > temos fk(vj) =< vj, vk >= δj,k pois B e´ ortonormal . (ver com mais detalhes) . $ Corola´rio 18. A todo funcional funcional linear f : V → K corresponde um u´nico vetor v = vf ∈ V tal que < w, v >= f(w), pois a todo funcional linear associamos um escalar. m Definic¸a˜o 30 (Adjunta). Dada uma transformac¸a˜o linear T : V →W defini- mos T ∗ :W → V com T ∗(w) = vw onde < T(v), w >w=< v, vw >v, isto e´, < T(v), w >w=< v, T ∗(w) >v . T ∗ e´ dita ser a adjunta de T . Cada f(v) =< T(v), w >w e´ um funcional linear de W → K logo existe um u´nico vw ∈ V tal que f(v) =< T(v), w >w=< v, vw >v. m Definic¸a˜o 31. Uma transformac¸a˜o T : V → W entre dois espac¸os reais ou CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 52 complexos e´ dita ser anti-linear se T(λw+w ′) = λT(w) + T(w ′). b Propriedade 68. T ∗ e´ linear . ê Demonstrac¸a˜o. Temos que < v, T ∗(λw+w ′) >v=< T(v), λw+w ′ >w= λ < T(v), w >w + < T(v), w ′ >w= = λ < v, T ∗(w) >v + < v, T ∗(w ′) >v=< v, λT ∗(w) + T ∗(w ′) >v isso significa que < v, T ∗(λw+w ′) >v=< v, λT ∗(w) + T ∗(w ′) >v ∀ v ∈ V isso implica que T ∗(λw+w ′) = λT ∗(w) + T ∗(w ′). b Propriedade69. Existe uma u´nica transformac¸a˜o linear T ∗W → V com < T(v), w >w=< v, T ∗(w) >v ∀ v ∈ V,w ∈W. ê Demonstrac¸a˜o. A existeˆncia ja´ provamos ( deixar isso mais claro ), agora ire- mos provar a unicidade. Sejam (vk)m1 base ortonormal de V e (wk)n1 base ortonormal de W. Seja A = [T ] ∈Mm,n com respeito a essas bases, A = [ai,j]. Seja B = [T ∗], onde T ∗ e´ tal que T ∗(w) = vw, com respeito a essas bases B ∈Mn,m, dado v = m∑ k=1 αkvk ∈ V temos < v, vk >= αk analogamente w = n∑ j=1 Bjvj ∈W temos < w,wj >= Bj, existem Bk,j tais que T ∗(wj) = m∑ k=1 Bk,jvk ⇒ < T ∗(wj), vt >= Bk,t CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 53 logo Bk,t =< T ∗(wj), vt >= < vt, T ∗(wj) > = < T(vt), wj > com T(vt) = n∑ j=1 aj,twj portanto = aj,t ⇒ B = AT . Logo por A, matriz do operador T ser bem determinada. m Definic¸a˜o 32 (Adjunta). Dada a matriz A, definimos a adjunta de A por A∗ := AT . $ Corola´rio 19. Dadas as bases ortonormais de V e W enta˜o se A e´ a matriz de T : V → W nestas bases, segue que A∗ e´ a matriz de T ∗ nestas bases, pois mostramos que B = [T ] satisfaz B = (AT). b Propriedade 70. Uma transformac¸a˜o linear e sua adjunta possuem o mesmo posto. ê Demonstrac¸a˜o. O posto linha e posto coluna de operadores sa˜o iguais, enta˜o o posto na˜o muda quando tomamos uma transposic¸a˜o . Se os vetores coluna de A linearmente independentes sa˜o (vk)n1 ⇔ os vetores coluna de A , (vk)n1 sa˜o linearmente independentes .⇒). Supondo (vk)n1 LI n∑ k=1 ckvk = 0⇒ n∑ k=1 ckvk = 0 e daı´ cada ck = 0 e (vk)n1 e´ LI.⇐). Supondo (vk)n1 LI n∑ k=1 ckvk = 0⇒ n∑ k=1 ckvk = 0 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 54 logo cada ck = 0 e (vk)n1 e´ LI. o posto na˜o muda quando tomamos conjugac¸a˜o, enta˜o uma matriz e sua adjunta possuem o mesmo posto. 1.7.1 Produto interno de matrizes m Definic¸a˜o 33 (Produto interno de matrizes). Seja V = Mn×n(K) espac¸o de todas as matrizes n × n com entradas em K (complexo ou real). V e´ isomorfo a Kn 2 , logo dadas duas matrizes A = (ai,j) , B = (bi,j), podemos definir o produto interno de matrizes como < A,B >= n∑ k=1 n∑ j=1 aj,kbj,k. b Propriedade 71. Sejam A,B ∈Mn,n(K) onde K e´ um corpo qualquer enta˜o Tr(AB) = Tr(BA). ê Demonstrac¸a˜o. Tr(AB) = n∑ j=1 (AB)j,j = n∑ j=1 cj,j lembrando que um termo da matriz produto e´ da forma ci,j = n∑ k=1 ai,kbk,j com i = j temos cj,j = n∑ k=1 aj,kbk,j portanto Tr(AB) = n∑ j=1 (AB)j,j = n∑ j=1 n∑ k=1 aj,kbk,j. Tr(BA) = n∑ k=1 (BA)k,k = n∑ k=1 dk,k CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 55 onde dk,k = n∑ j=1 bk,jaj,k daı´ Tr(BA) = n∑ k=1 (BA)k,k = n∑ k=1 n∑ j=1 bk,jaj,k que e´ igual a Tr(AB), basta trocar a ordem das somas e dos produtos. b Propriedade 72. Sendo A e B matrizes em V =Mn×n(K) vale que < A,B >= tr(AB∗) = tr(B∗A). ê Demonstrac¸a˜o. Temos que tr(AB∗) = n∑ j=1 (AB∗)j,j onde (AB∗)j,j esta´ sendo usado para simbolizar o elemento cj,j de entrada (j, j) da matriz AB∗ cj,j = n∑ k=1 aj,kbj,k logo tr(AB∗) = n∑ j=1 n∑ k=1 aj,kbj,k =< A,B > . o mesmo para tr(B∗A) . Lembrando a definic¸a˜o de produto de matrizes cs,j = n∑ k=1 as,kbk,j e´ o elemento na entra (s, j) da matriz AB. $ Corola´rio 20. Sejam V =Mn×n(K), (Ei,j)i,j∈In a base canoˆnica de V , onde Ei,j possui todos seus elementos nulos exceto aquele na linha i e coluna j enta˜o essa base e´ ortogonal ao produto interno de matrizes pois temos associac¸a˜o direta a base canoˆnica de Kn2 que e´ ortonormal. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 56 $ Corola´rio 21. Se A e´ uma matriz complexa enta˜o Tr(A∗A) = 0⇔ A = 0 pois < A,A = Tr(A∗A) = Tr(AA∗) segue de propriedade de produto interno . b Propriedade 73. Se V e´ o conjunto das matrizes n × n complexas munido de produto interno < A,B >= Tr(B∗A) enta˜o o complemento ortogonal em V das matrizes diagonais A = (ai,j) e´ o conjunto das matrizes B = (bi,j), que possuem elementos na diagonal tais que n∑ k=1 ak,kbk,k = 0. ê Demonstrac¸a˜o. Basta pensar o produto interno em Cn2 , os elementos fora da diagonal da primeira matriz sa˜o nulos o que da´ a forma citada. Z Exemplo 8. Sendo Fn×1 espac¸o das matrizes coluna n × 1 sobre F e seja Q uma matriz inversı´vel n× n sobre F, para X, Y em Fn×1 definimos < X, Y >= Y∗Q∗QX e´ um produto interno, pois e´ como Q e´ inversı´vel e´ injetivo e pelo que ja´ vimos < Q(Y), Q(X) >= Tr((QY)∗QX) = tr(Y∗Q∗QX) = Y∗Q∗QX e´ um produto interno e vale tr(Y∗Q∗QX) = Y∗Q∗QX pois Y∗Q∗QX e´ produto de matrizes 1×n, n×n, n×n com n× 1 que da´ uma matriz 1× 1 que e´ um elemento no corpo, enta˜o podemos suprimir o trac¸o . Z Exemplo 9. No espac¸o vetorial das func¸o˜es contı´nuas sobre I = [0, 1] o operador T com T(f)(t) = tf(t) e´ injetor pois se tf(t) = 0 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 57 para t > 0 enta˜o f(t) = 0 e por continuidade f(0) = 0, logo < Tf, Tg >= ∫ 1 0 Tf(t)Tg(t)dt = ∫ 1 0 f(t)g(t)t2dt e´ um produto interno. b Propriedade 74. Se A,B matrizes de Mm,n(K), logo 1. (A+ B)∗ = A∗ + B∗. 2. (λA)∗ = λA∗. 3. (A∗)∗ = A. 4. Se m = n enta˜o I∗ = I, (AB)∗ = B∗A∗. ê Demonstrac¸a˜o. 1. (A+ B)∗ = (A+ B)T = AT + BT = A∗ + B∗. 2. (λA)∗ = (λAT) = λAT = λA∗. 3. (A∗)∗ = (A∗)T = AT T = (A T )T = (A) = A. 4. I∗ = (IT) = I = I. (AB)∗ = (AB)T = BTAT = BT AT = B∗A∗. (provar que AB = A B. b Propriedade 75. Se A,B : E→ E comutam enta˜o A∗ e B∗ comutam. ê Demonstrac¸a˜o. Vale que AB = BA tomando a adjunta tem-se B∗A∗ = A∗B∗ logo comutam. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 58 b Propriedade 76. Sejam A,B : E → E operadores lineares, dimE = n, se B∗A = 0 enta˜o ∀ v ∈ E, A(v) e B(v) sa˜o perpendiculares, se A∗A = 0 enta˜o A = 0. ê Demonstrac¸a˜o. Dado v ∈ E qualquer temos que < B∗A(v), v >= 0 =< A(v), B(v) > logo A(v) e B(v) sa˜o perpendiculares. Caso A∗A = 0 enta˜o < A∗A(v), v >= 0 =< A(v), A(v) >⇒ A(v) = 0 enta˜o A e´ o operador nulo em E. b Propriedade 77. Se A e´ injetiva enta˜o A∗ e´ sobrejetiva, se A e´ sobrejetiva enta˜o A∗ e´ injetiva . A adjunta de um isomorfismo e´ um isomorfismo. ê Demonstrac¸a˜o. Se A : E → F e´ injetiva enta˜o existe B : F → E tal que BA = IE tomando a adjunta tem-se A∗B∗ = IE logo A∗ possui inversa a direita e por isso e´ sobrejetiva. Se A e´ sobrejetiva enta˜o possui uma inversa a direita B tal que AB = IE tomando a adjunta temos B∗A∗ = IE, A∗ possui inversa a` esquerda enta˜o e´ injetiva. Se A e´ isomorfismo enta˜o e´ injetiva e sobrejetiva e daı´ A∗ e´ sobrejetiva e injetiva e daı´ isomorfismo. Por propriedade de conjugac¸a˜o e transposta temos que (A∗)−1 = (A−1)∗. b Propriedade 78. Sejam V,W espac¸os vetoriais de dimensa˜o finita e T : V → W linear logo N(T) = (Im(T ∗))⊥. (Aqui usamos definic¸a˜o de complemento ortogonal) ê Demonstrac¸a˜o. Dados v ∈ N(T) e u ∈ Im(T ∗) devemos provar que < v, u >= 0 de fato < v, u >=< v, T ∗w >=< Tv,w >=< 0, w >= 0 logo N(T) ⊂ Im(T ∗)⊥, por outro lado v ∈ (Im(T ∗))⊥ ⇒ 0 =< v, T ∗w > ∀ w ∈W ⇒ 0 =< Tv,w > ∀ w ∈W ⇒ Tv ∈W⊥ ⇒ T(v) = 0 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 59 v ∈ N(T) ⇒ [Im(T ∗)]⊥ ⊂ N(T) logo segue a igualdade dos conjuntos pois temos as duas incluso˜es. $ Corola´rio 22. N(T ∗) = (Im[(T ∗)∗])⊥ = [Im(T)]⊥. Logo N(T ∗) = [Im(T)]⊥. Faremos analogia entre os complexos C e L(V) . C L(V) z T z1 + z2 T1 + T2 z T ∗ z1z2 < T1, T2 > Temos as propriedades • z = z, (T ∗)∗ = T. Em C os reais sa˜o caracterizados como os complexos z ∈ C tais que z = z. m Definic¸a˜o 34 (Operador auto-adjunto). Um T ∈ L(v) e´ dito auto-adjunto se T ∗ = T . Se V e´ complexo dizemos que T e´ hermitiano, se Ve´ real dizemos que T e´ sime´trico. Em C os imagina´rios puros ( elementos da forma bi com b ∈ R) sa˜o caracterizados como os complexos z ∈ C tais que z = −z. m Definic¸a˜o 35 (Operador anti-auto-adjunto). T ∈ L(v) e´ dito anti-auto-adjunto se T ∗ = −T . Em especial se V e´ complexo dizemos que T e´ anti-hermitiano, se V e´ real que T e´ anti-sime´trico. b Propriedade 79. Se T e´ anti-hermitiano enta˜o se possui autovalor seu autovalor e´ da forma λ = bi onde b ∈ R. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 60 ê Demonstrac¸a˜o. Seja λ um autovalor enta˜o λ < v, v >=< λv, v >=< T(v), v >=< v, T ∗(v) >=< v,−T(v) >= −λ < v, v > logo (λ+λ) < v, v >= 0 com v na˜o nulo temos que ter λ+λ = 0, λ = a+bi, λ = a−bi logo a soma e´ 2a = 0, a = 0 e o autovalor e´ da forma λ = bi, b ∈ R. Z Exemplo 10. Seja A ∈ M2×2(R) sime´trica , enta˜o A e´ diagonaliza´vel. Por ser sime´trica ela assume a forma A = a −c −c b logo seu polinoˆmio caracterı´stico e´ PT(x) = det x− a −c −c x− b = x2 − (b+ a)x+ ab− c2 que possui discriminante ∆ = (b−a)2+4c2 (depois de simplificado), que e´ sempre na˜o negativo, sendo nulo apenas quando a = b = c = 0 o que implicaria a matriz ser nula logo trivialmente diagonaliza´vel, caso contra´rio temos dois autovalores distintos e por isso o operador e´ diagonaliza´vel como operador de R2 → R2 pois possui dimensa˜o 2, enta˜o a matriz e´ diagonaliza´vel. Z Exemplo 11. Seja A ∈M2×2(C) tal que A2 = 0 enta˜o A = 0 ou e´ semelhante a matriz 0 1 0 0 . Vamos pensar A como operador , temos que A sendo operador sobre os com- plexos, sempre possui autovalor como A2 = 0 tem-se para v = v1 autovetor A2(v) = A(λv) = λA(v) = λ2v⇒ λ = 0 CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 61 pois v 6= 0, temos que dimW0 = 1 ou 2, se for 2 vale A = 0 se for 1 existe v2 tal que A(v2) 6= 0, v1, v2 sa˜o LI pois c1v1 + c2v2 = 0⇒ c2A(v2) = 0⇒ c2 = 0 onde aplicamos A, isso implica c1v1 = 0 ⇒ c1 = 0 daı´ v1, v2 sa˜o LI em espac¸o de dimensa˜o 2 formam base. Vale que A(v2) = t1v1 + t2v2 ⇒ A2(v2) = t2A(v2) = 0⇒ t2 = 0 por isso A(v2) = t1v1 com t1 6= 0, por isso podemos tomar a base v1, v2 t1 em que A e´ representada por 0 1 0 0 . b Propriedade 80. S e´ auto-adjunto e anti-auto-adjunto ⇔ S = 0 . ê Demonstrac¸a˜o.⇒). Temos que −S = S∗ = S⇒ 2S = 0 em caracterı´stica diferente de 2 segue que S = 0.⇐). O operador nulo e´ auto-adjunto e anti-auto-adjunto pois O∗ = 0T = 0 = −0. b Propriedade 81. Se A e B sa˜o auto-adjuntas, c ∈ R enta˜o cA + B e´ auto- adjunta , o mesmo para anti-auto-adjunta. ê Demonstrac¸a˜o. (cA+ B)∗ = cA∗ + B∗ = cA+ B e no caso de anti-auto-adjuntas ((cA+ B)∗ = cA∗ + B∗ = −cA− B = −(cA+ B). CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 62 Em C todo z ∈ C pode ser escrito de maneira u´nica como z = a + bi, a, b ∈ R, a = z+ z 2 , b = z− z 2 . b Propriedade 82. Em um espac¸o vetorial de dimensa˜o finita, todo operador linear pode ser escrito de maneira u´nica como soma de um operador auto-adjunto e um anti-auto-adjunto. ê Demonstrac¸a˜o. Podemos escrever T = T + T ∗ 2 + T − T ∗ 2 a primeira parcela e´ auto-adjunta pois ( T + T ∗ 2 )∗ = T ∗ + T 2 a outra parcela e´ anti-auto-adjunta pois ( T − T ∗ 2 )∗ = T ∗ − T 2 = − T − T ∗ 2 . Suponha que T = R1 + S1 = R2 + S2, Rk auto-adjunta e Sk anti-auto-adjunta, temos que R1 − R2 = S2 − S1 ⇒ R1 − R2 = S2 − S1 = 0 pois R1 − R2 e´ auto-adjunta e S2 − S1 e´ anti-auto-adjunta. m Definic¸a˜o 36 (Matriz de Gram). Seja V com base B = (ak)n1 munido de produto interno <,> a matriz de gram ( ou gramiana) de <,> em relac¸a˜o a` base ordenada B e´ a matriz G = (Gk,j) , n× n dada por Gk,j =< aj, ak > a matriz sera´ denotada por G. Tomamos tal definic¸a˜o tambe´m quando (ak)n1 sa˜o vetores quaisquer, na˜o apenas formando uma base do espac¸o em questa˜o. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 63 m Definic¸a˜o 37 (Gramiano). O gramiano dos vetores (vk)r1 em V e´ definido por g(vk) r 1 = det(G). I b Propriedade 83. Seja um produto interno <,> em V com base B = (ak)n1 , G a matriz de Gram enta˜o < u, v >= Y∗GX onde Y e´ a matriz de coordenadas de v e X e´ a matriz de coordenadas de u, ambos como vetores coluna n× 1. ê Demonstrac¸a˜o. Seja u = n∑ k=1 xkak, v = n∑ j=1 yjaj enta˜o < u, v >=< n∑ k=1 xkak, n∑ j=1 yjaj >= n∑ j=1 n∑ k=1 xkyj < ak, aj >= Y ∗GX vamos mostrar com mais detalhes a u´ltima passagem, primeiro calculando Y∗G, temos o produto de matrizes Y = y1 ... yn logo Y∗ = YT , transposta conjugada Y∗ = ( y1 · · · yn ) G = < a1, a1 > < a2, a1 > · · · < an, a1 > < a1, a2 > < a2, a2 > · · · < an, a2 > ... < a1, an > < a2, an > · · · < an, an > o produto de 1× n por n× n da´ uma matriz 1× n, que no caso sera´ (multiplicando a linha da primeira pelas colunas da segunda) CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 64 Y∗G = n∑ j=1 yj < a1, aj > ... n∑ j=1 yj < an, aj > agora multiplicamos por X que e´ uma matriz n× 1 e resulta em um escalar Y∗GX = n∑ j=1 yj < a1, aj > ... n∑ j=1 yj < an, aj > x1 ... xn = n∑ j=1 xk n∑ j=1 yj < ak, aj > . $ Corola´rio 23. G e´ hermitiana pois temos que G = (Gk,j) = (< aj, ak >) = (< ak, aj >) como G∗ = (Gj,k) = (< ak, aj >) enta˜o segue a igualdade. $ Corola´rio 24. Como < u,u > > 0 para u na˜o nulo enta˜o < u,u >= X∗GX > 0 para todo X na˜o nulo , logo G deve ser inversı´vel, em especial temos que para qualquer (xk)n1 na˜o nulos tem-se que n∑ j=1 xk n∑ j=1 yj < ak, aj > > 0. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 65 $ Corola´rio 25. Todo elemento da diagonal de G e´ positivo, pois e´ da forma < ak, ak >, com ak 6= 0. b Propriedade 84. Vale que g(vk)r1 > 0⇔ (vk)r1 sa˜o linearmente independentes. ê Demonstrac¸a˜o. b Propriedade 85. T ∈ L(V) e´ o operador nulo ⇔ < T(w), v >= 0, ∀ v ∈ V, ∀ w ∈ V. ê Demonstrac¸a˜o. Podemos tomar v = T(w) daı´ < T(w), T(w) >= 0⇒ T(w) = 0 com w arbitra´rio segue que T e´ nula. b Propriedade 86. Seja T um operador auto-adjunto. T e´ nulo ⇔ < T(v), v >= 0 ∀ v ∈ V. (V complexo ou real.) ê Demonstrac¸a˜o.⇒). Se T e´ nulo vale .⇐). Dados w, v ∈ V temos 0 =< T(w+v), w+v >= < T(w), w >︸ ︷︷ ︸ 0 + < T(w), v > + < T(v), w > + < T(v), w > +< T(v), v >︸ ︷︷ ︸ 0 ⇒ < T(v), w > + < T(v), w >= 0⇒< T(v), w > + < v, T ∗(w) >=< T(v), w > + < v, T(w) >= =< T(v), w > +< T(w), v > = 0 isso implica que 2Re(< T(w), v >) = 0. Se V e´ real temos < T(w), v >= 0 ∀ v,w que implica T = 0. Se V e´ complexo 0 =< T(w+iv), w+iv >=< T(w), w > + < T(w), iv > + < T(iv), w > + < T(iv), iv >⇒ 0 =< T(w), iv > + < T(iv), w >= −i < T(w), v > +i < T(v), w >= = −i < T(w), v > +i < v, T ∗(w) >= −i < T(w), v > +i < v, T(w) >= = −i < T(w), v > +i< T(w), v > = 2Im(< Tw, v >) logo < T(w), v >= 0 pois a parte real e imagina´ria sa˜o nulas enta˜o T = 0 . CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 66 b Propriedade 87. Sejam A,B : E → E operadores auto-adjuntos tais que < A(v), v >=< B(v), v > ∀ v ∈ E enta˜o A = B. ê Demonstrac¸a˜o. A− B e´ auto-adjunto e < [A− B](v), v >= ∀ v daı´ A = B. b Propriedade 88. Seja B invertı´vel e BAB∗ auto=adjunto, enta˜o A e´ auto- adjunto. ê Demonstrac¸a˜o. Temos que (BAB∗)∗ = BAB∗ = BA∗B∗ como B e´ invertı´vel enta˜o B∗ tambe´m e´ invertı´vel e daı´ cancelando termos temos A = A∗. b Propriedade 89. Seja T um operador anti-auto-adjunto. T e´ nulo ⇔ < T(v), v >= 0 ∀ v ∈ V. V complexo , sendo falsa para V real. ê Demonstrac¸a˜o. Se V e´ real e T antisime´trica T pode ser na˜o nulo e satisfazer < T(v), v >= 0 ∀ v ∈ V porexemplo T : R2 → R2 onde T e´ a rotac¸a˜o de pi 2 . $ Corola´rio 26. Como todo T e´ soma de um operador auto-adjunto e de um operador anti-auto-adjunto, temos que se V e´ complexo, T ∈ L(V) e´ nulo ⇔ < T(v), v >= 0 ∀ v ∈ V , pois T e´ soma de um anti-auto-adjunto e auto-adjunto, daı´ aplicamos os resultados ja´ demonstrados. b Propriedade 90. Sejam A e B V → V operadores auto-adjuntos . AB e´ auto-adjunto ⇔ AB = BA. ê Demonstrac¸a˜o.⇒). (AB)∗ = B∗A∗ = BA = AB.⇐). CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 67 (AB)∗ = B∗A∗ = BA = AB. m Definic¸a˜o 38 (Operador unita´rio). Um operador T : V → V e´ dito unita´rio se TT ∗ = T ∗T = I, se V e´ real T e´ chamado de ortogonal . m Definic¸a˜o 39 (Matriz unita´ria). Uma matriz A ∈Mn,n(K), onde K e´ C ou R e´ dita unita´ria se AA∗ = A∗A = I, A e´ dita ortogonal se K = R . b Propriedade 91. Sejam V,W espac¸os vetoriais de dimensa˜o finita, munidos de produto interno, T : V →W linear. Sa˜o equivalentes 1. TT ∗ = I. 2. < T(u), T(v) >=< u, v >, ∀ u, v ∈ V (preserva produto interno ). 3. ||T(u)|| = ||u||, ∀ u ∈ V (preserva norma). 4. ||T(u) − T(v)|| = ||u− v|| ( preserva distaˆncia) . 5. A imagem de uma base ortonormal e´ um conjunto ortonormal. 1.7.2 Isometria e equivaleˆncias m Definic¸a˜o 40 (Isometria). Uma transformac¸a˜o linear que satisfaz uma das propriedades anteriores e´ dita ser uma isometria. ê Demonstrac¸a˜o. • 1) ⇒ 2). < T(u), T(v) >=< u, T ∗T(v) >=< u, v > por definic¸a˜o de adjunta e hipo´tese. • 2)⇒ 3). ||T(u)|| =√< T(u), T(u) > = √< u,u > = ||u||. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 68 • 2)⇒ 5) Seja B = (vk)n1 base ortonormal de V enta˜o < T(vj), T(vk) >=< vj, vk >= ∂j,k enta˜o (T(vk))n1 e´ ortonormal . • 3)⇒ 4). ||T(u) − T(v)|| = ||T(u− v)|| = ||u− v|| • 4) ⇒ 3) tomando v = 0 . 3) ⇒ 1) em V complexo ou real . < T(u), T(u) >=< u,u >=< u, T ∗T(u) > logo < u, T ∗T(u) − u >= 0 ∀ u, tomando S = T ∗T − I e´ um operador linear auto-adjunto pois (T ∗T − I)∗ = T ∗T − I, enta˜o deve ser nulo, daı´ T ∗T = I. • • 5)⇒ 1). Seja B = (vk)n1 base ortonormal com (T(vk))n1 ortonormal, daı´ temos < T(vj), T(vk) >=< vj, vk >= ∂j,k ⇒ < vj, T ∗T(vk) >=< vj, vk > ∀ k, j logo < vj, T ∗T(vk) − vk >= 0 T ∗T(vk) − vk e´ ortogonal a todo vetor de B o que implica T ∗T(vk) − vk = 0 b Propriedade 92. O conjunto das isometrias T : V → V formam um grupo, denotado por (Isom(V), ◦). ê Demonstrac¸a˜o. 1.8 Complexificac¸a˜o de espac¸os reais b Propriedade 93. Se V e´ um espac¸o vetorial complexo, enta˜o ele e´ um espac¸o vetorial real. ê Demonstrac¸a˜o. Se (vk)n1 e´ uma C-Base de V enta˜o (vk)n1 , (ivk)n1 e´ uma R base de V , pois se (ak)n1 , (bk)n1︸ ︷︷ ︸ B reais tais que n∑ k=1 akvk + n∑ k=1 bkivk = 0 = CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 69 = n∑ k=1 (ak + ibk)vk = 0 pelos vetores (vk)n1 formarem C-base de V enta˜o ak + ibk = 0 o que implica ak = bk = 0, ∀ k logo os vetores tomados sa˜o LI sobre R. Agora vamos mostrar que geram como R-espac¸o. Dado v ∈ V , temos v = n∑ k=1 λkvk onde λk = ak + ibk por ser C espac¸o, enta˜o temos v = n∑ k=1 akvk + n∑ k=1 ibkvk portanto B e´ R base de V . Z Exemplo 12. Uma C-base de C e´ (1), uma R-base e´ (1, i). $ Corola´rio 27. Se dimCV = n enta˜o dimRV = 2n. b Propriedade 94. Seja T : V → V , transformac¸a˜o linear de V sobre C, enta˜o T e´ linear sobre R. ê Demonstrac¸a˜o. b Propriedade 95. Seja B = (vk)n1 , C-Base de V . M = [T ]B ∈ Mn,n(C), M ′ = [T ]B ′ ∈M2n,2n(R). Sendo B ′ = (vk)n1 , (ivk)n1 R-base de V . Se T(vj) = n∑ k=1 λk,jvk, onde λk,j = ak,j + ibk,j, tomando A = (ak,j) ∈ Mn,n(R), B = (bk,j) ∈ Mn,n(R) enta˜o temos M ′ = A −B B A . ê Demonstrac¸a˜o. Tal propriedade vale pois temos T(vj) = n∑ k=1 λk,jvk = n∑ k=1 ak,jvk + n∑ k=1 bk,jvk CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 70 T(ivj) = i n∑ k=1 λk,jvk = n∑ k=1 iak,jvk − n∑ k=1 bk,jvk. Z Exemplo 13. Seja T : C → C com T(z) = λz, λ = a + bi, sua representac¸a˜o matricial sobre C e´ [λ], uma R base e´ (1, i), temos T(1) = λ = a + ib, T(i) = iλ = ai− b enta˜o a matriz nessa base e´ M ′ = a −b b a . m Definic¸a˜o 41 (Complexificac¸a˜o). Seja V real, definimos VC = V × V munido de uma estrutura de espac¸o vetorial complexo com as operac¸o˜es de adic¸a˜o de vetores (u1, v1) + (u2, v2) := (u1 + u2, v1 + v2) onde a adic¸a˜o nas coordenadas (u1 + u2, v1 + v2) e´ a operac¸a˜o de adic¸a˜o em V . Produto por escalar complexo (a+ ib)(u, v) = (au− bv, bu+ av). VC e´ o espac¸o complexificado de V . b Propriedade 96. VC e´ um espac¸o vetorial complexo . ê Demonstrac¸a˜o. As propriedades da adic¸a˜o decorrem da definic¸a˜o, do fato de V ser espac¸o vetorial, da mesma maneira que se prova que Vn e´ espac¸o vetorial. ( Continuar depois ). $ Corola´rio 28. T : V → VC com T(u) = (u,0) e´ injetora pore´m T(V) na˜o e´ subespac¸o complexo de VC pois i(u,0) = (0, u), pore´m a imagem e´ um subespac¸o CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 71 real. Se associamos V = {(u,0), u ∈ V} ⊂ VC e iV = {(0, u), u ∈ V} ⊂ VC enta˜o VC = V ⊕ iV. Z Exemplo 14. Se V = R enta˜o VC = C. b Propriedade 97. Seja (vk)n1 = B uma R base de V logo B e´ uma C base de VC, em particular dimR = V = dimCVC. ê Demonstrac¸a˜o. Os vetores (vk)n1 sa˜o LI . Seja n∑ k=1 ckvk = 0 com ck = ak + ibk n∑ k=1 akvk︸ ︷︷ ︸ ∈V +i n∑ k=1 bkvk︸ ︷︷ ︸ ∈V = 0 como VC = V ⊕ iV temos que n∑ k=1 akvk = n∑ k=1 bkvk = 0 por unicidade de representac¸a˜o em V temos ak = bk ∀ k logo (vk)n1 e´ LI sobre C. Ale´m disso temos que (vk)n1 gera VC pois w ∈ Vc e´ da forma w = u+ iv com u, v ∈ V u = n∑ k=1 akvk, v = n∑ k=1 bkvk, ak, bk ∈ R⇒ w = n∑ k=1 (ak + ibk)vk (vk) n 1 gera VC logo temos B como base, pois o conjunto tambe´m e´ LI. 1.8.1 Complexificac¸a˜o de transformac¸o˜es lineares m Definic¸a˜o 42 (Complexificac¸a˜o de transformac¸o˜es lineares). Sejam T : V → W linear , W e V espac¸os reais, extendemos a transformac¸a˜o para TC : VC → Wc por linearidade, da forma TC(u+ iv) = T(u) + iT(v), u, v ∈ V. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 72 TC e´ dita ser complexificac¸a˜o de T . b Propriedade 98. TC : VC →Wc e´ realmente uma transformac¸a˜o linear. ê Demonstrac¸a˜o. b Propriedade 99. Valem que 1. (T + S)C = TC + SC. 2. (S ◦ T)C = SC ◦ TC. ê Demonstrac¸a˜o. b Propriedade 100. Se (vk)n1 = α e´ uma R-base de V logo tambe´m e´ uma C-base de VC , se B = (wk)m1 e´ uma R-base de W tambe´m e´ C-base de WC. Nessas condic¸o˜es temos que [T ]α,B = [TC]α,B, isto e´, o operador e seu complexificado possuem mesma representac¸a˜o matricial. ê Demonstrac¸a˜o. Segue do fato que TC(vk) = T(vk). 1.8.2 Complexificac¸a˜o de produtos internos m Definic¸a˜o 43 (Complexificac¸a˜o de produto interno). Se V e´ um espac¸o veto- rial real munido de produto interno, enta˜o definimos o seguinte produto interno sobre VC, dados u1, u2, v1, v2 ∈ V < u1 + iv1, u2 + iv2 >C=< u1, u2 > + < v1, v2 > +i(< v1, u2 > − < u1, v2 >). b Propriedade 101. O complexificado de um produto interno e´ um produto interno. CAPI´TULO 1. PRODUTO INTERNO, NORMA E ORTOGONALIDADE 73 ê Demonstrac¸a˜o. 1. Positividade. < u + iv, u + iv >=< u,u > + < v, v > +i(< v, u > − < u, v >︸ ︷︷ ︸ 0 ) = ||u||2 + ||v||2 ≥ 0 o termo marcado e´ nulo pois V e´ real e nele vale a simetria. Com isso < u+ iv, u+ iv >= 0⇔ ||u||2 + ||v||2 = 0⇔ u = v = 0⇔ u+ iv = 0. 2. 3. b Propriedade 102. Vale que <,>C |V =<,> . ê Demonstrac¸a˜o. b Propriedade 103. Se X ⊂ V e´ um conjunto ortonormal com respeito a <,>, enta˜o X e´ um conjunto ortonormal em VC com respeito a` <,>C. Em particular uma base ortonormal de V com respeito
Compartilhar