Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DELEGADO CIVIL DIURNO CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Penal Especial Professor: Denis Pigozzi Aulas: 19 e 20 | Data: 18/11/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 1) DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA 2) AUTOACUSAÇÃO FALSA DE CRIME 3) FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA 3.1) Causas De Aumento De Pena 3.2) Retratação 4) FAVORECIMENTO PESSOAL 5) FAVORECIMENTO REAL (continuação) 6) COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO 7) EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZOES DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS 1) CAPITULO II: DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS 1.1) Art. 210, CP: violação de sepultura 1.2) Art. 211, CP: destruição, subtração ou ocultação de cadáver 1.3) Art. 212, CP: vilipendio a cadáver 5) FAVORECIMENTO REAL: Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. No favorecimento pessoal a conduta é dirigida para a pessoa do criminoso, enquanto no favorecimento real a conduta é voltada para a coisa. Objetividade jurídica: é a administração da justiça Sujeito ativo: qualquer pessoa, porem a lei exclui a coautoria ou receptação, é conduta autônoma de quem não participou do crime anterior. O agente age para o autor do crime anterior, para tornar seguro o proveito do crime para este. O favorecimento real pode ou não ter fim lucrativo. Sujeito passivo é o Estado Tipo objetivo: prestar auxílio (ajudar de qualquer forma a criminoso) (porque precisa ter um crime anterior) Tipo subjetivo: crime doloso sabe que a coisa tem origem ilícita. Não se tem escusa absolutória no favorecimento real, diferentemente do favorecimento pessoal. Página 2 de 8 Consumação: ocorre no memento em que o auxílio foi prestado, não precisando conseguir tornar seguro o proveito do crime. A tentativa é admitida no prestar auxilio 6) COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO: Art. 344, CP Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Objetividade jurídica: a administração da justiça Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: o Estado e a pessoa que sofre a violência ou grave ameaça Tipo objetivo: usar de violência física ou grave ameaça. Contra quem? a) autoridade: delegado de polícia, MP e juiz b) parte: autor e réu c) terceiro: qualquer outra pessoa que funciona ou é chama a intervir no processo. Onde? a) processo judicial (criminal, civil, trabalhista) b) processo policial (inquérito policial) c) processo administrativo (processo e procedimento administrativo) d) juízo arbitral Tipo subjetivo: a coação é dolosa acrescida de uma finalidade especial (elemento subjetivo especial do tipo), no caso com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio (deve estar relacionada com o que se discute no processo) Página 3 de 8 * Consumação e tentativa: consuma-se no momento do uso da violência ou da grave ameaça (crime formal) (tem previsão do resultado naturalístico, mas este não precisa ser alcançado). Já a tentativa é admitida por se tratar de crime plurisubsistente. Concurso necessário de crimes: a pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa, além da pena correspondente a violência (lesão, homicídio) 7) EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZOES Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Objetividade jurídica: a administração da justiça Sujeito ativo: qualquer pessoa Caso o funcionário público se utilize da função para satisfazer sua pretensão, comete crime de abuso de autoridade lei 4898/65. Vale lembrar que quando um PM comete abuso de autoridade é julgado pela justiça comum, conforme súmula 172, STJ. Súmula 172, STJ: Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Sujeito passivo: o Estado e a pessoa que acaba sendo atingida pelo exercício arbitrário das próprias razões. Tipo objetivo: fazer justiça com as próprias mãos – praticar uma ação tendente a satisfazer uma pretensão (com grave ameaça, violência ou fraude). Tal pretensão pode ser legitima ou ilegítima, basta existir a pretensão. Pode existir pretensão sem razão. “Salvo quando a lei a permite”: é o chamado elemento normativo do tipo porque depende de um juízo de valor. (Ex: esbulho possessório, legitima defesa, etc.) Elemento subjetivo: o crime é doloso e o agente tem que supor ter o direito. Consumação: consuma-se quando a pessoa age para satisfazer a pretensão, independente se conseguir ou não que almeja. Assim trata-se de crime formal. Já a tentativa é admitida, desde que a conduta seja plurisubsistente. Concurso necessário: a lei determina a soma das penas do exercício arbitrário das próprias razões e o que resultar da violência. Já o que decorrer da ameaça e da fraude fica absolvida. Página 4 de 8 Ação penal: não havendo emprego de violência somente se procede mediante queixa; havendo este meio de execução empregado, a ação é pública incondicionada. DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS: TÍTULO V 1) CAPITULO II: DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS: 1.1) Art. 210, CP: violação de sepultura Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa Objeto jurídico: o respeito no tocante às pessoas e dor de seus familiares. Tipo objetivo: sepultura. É o local onde o cadáver enterrado. Urna funerária, é o recipiente onde se guardam o cadáver, seus ossos ou suas cinzas As condutas são: a) violar: abrir de forma ilegítima b) profanar: é ultrajar. Ex.: jogar lixo sobre o caixão. Trata-se de tipo misto alternativo, ou crime de ação múltipla, ou de conteúdo variado, porque a pratica de uma só conduta já configura o delito ou a realização de mais de uma conduta, no mesmo contexto fático, configura crime único. CUIDADO: se subtrair objetos/coisas externas, como placa de prata, sem violar ou profanar, o sujeito comete crime de furto. *Subtração de coisas enterradas com o cadáver: existem duas correntes: a) entende-se que há crime de furto porque tais objetos tem dono, que são os familiares, os sucessores do falecido. Para esta corrente o arrombamento da sepultura é qualificadora do furto e não crime autônomo de violação de sepultura b) majoritária: entende que se trata de crime de violação de sepultura do art. 210, CP. Para esta corrente, tais objetos são equiparados a coisa abandonada por não haver interesse dos familiares em tê-los de volta, de modo que não podem ser considerados coisas alheias. CUIDADO: caso o cadáver seja subtraído, ocorre o crime do art. 211, CP ficando o art. 210, CP absolvido. OBS: existe a contravenção penal de exumação de cadáver que é aquela feita sem a observância das regras dos art. 163/166, CPP. Página 5 de 8 Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamentemarcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Crime material: consuma-se no instante da efetiva violação ou profanação da sepultura ou urna funerária. 1.2) Art. 211, CP: destruição, subtração ou ocultação de cadáver: Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Destruir cadáver ou parte dele: pode ser total (colocar fogo) ou parcial (decepar os dedos da vítima de latrocínio, para que o corpo não seja identificado). Caso o agente faca um risco no rosto do cadáver, comete o crime de vilipendio a cadáver, do art. 212, CP. Caso o agente mate e depois destrua o cadáver haverá concurso material de crimes. Subtrair: tirar da esfera de vigilância. Não é necessário a comprovação do “animus rem sidi gabendi” = de ter a coisa para si, bastando deixa-lo em outro local e o crime já está configurado. Excepcionalmente pode haver crime de furto do art. 155, CP, quando o cadáver integrar o patrimônio de alguma instituição. Página 6 de 8 CUIDADO: com o crime do art. 14 da lei 9434/97 Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as disposições desta Lei: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, de 100 a 360 dias- multa. § 1.º Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa, de 100 a 150 dias- multa. § 2.º Se o crime é praticado em pessoa viva, e resulta para o ofendido: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de três a dez anos, e multa, de 100 a 200 dias- multa § 3.º Se o crime é praticado em pessoa viva e resulta para o ofendido: I - Incapacidade para o trabalho; II - Enfermidade incurável; III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de quatro a doze anos, e multa, de 150 a 300 dias-multa. § 4.º Se o crime é praticado em pessoa viva e resulta morte: Página 7 de 8 Pena - reclusão, de oito a vinte anos, e multa de 200 a 360 dias- multa. *Ocultar: significa inserir o corpo em local onde não possa ser encontrado. Caso o agente mate e depois oculte o cadáver, haverá concurso material de crimes. ATENÇÃO: quando a ocultação do corpo faz parte do ato executório do homicídio, o agente apenas responde pelo homicídio (ex: enterrar pessoa viva). A ocultação só ocorre do sepultamento. Após haverá subtração do cadáver ou o crime do art. 210, CP. Cuidado com o art. 19, da lei 9434/97, além da contravenção penal do art. 67 LCP. Art. 19, da lei 9434/97: Deixar de recompor cadáver, devolvendo- lhe aspecto condigno, para sepultamento ou deixar de entregar ou retardar sua entrega aos familiares ou interessados: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 67, Lei de Contravenções Penais: Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais: Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Trata-se de crime de ação múltipla, conforme já estudado. Cadáver é o corpo humano morto, enquanto conserva sua aparência (não se inclui cinzas, múmias, esqueletos e corpos em decomposição). Assim, o coveiro que vende ossos para estudantes comete o crime do art. 210, CP, pois a ossada não integra o conceito de cadáver. De acordo com a jurisprudência, após o 6 mês da gestação quando o feto já possui a forma humana é viável a configuração do crime. 1.3) Art. 212, CP: vilipendio a cadáver Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Vilipendiar: ultrajar, desrespeitar. Pode ser cometido por qualquer meio de execução (palavras, gestos, escritos) (ex: jogar fezes ou urinar sobre as cinzas). Tem que ser cometido na presença do cadáver ou de suas cinzas. Os atos de necrofilia (relações sexuais com o cadáver) configura o crime aqui estudado. Se o sujeito mata a vítima com dolo especifico de violar seu corpo sem vida, responde por homicídio qualificado (para garantir a execução), mais vilipendio a cadáver. Página 8 de 8 Agente agarrou a mulher para estuprar e a matou porque se esquivou do ato sexual, e depois da morte consegue seu intento (penetração), deve responder por homicídio qualificado em concurso material com tentativa de estupro e vilipendio a cadáver. Cuidado com o art. 19 da lei 9434/97 A tentativa é possível, exceto na forma verbal.
Compartilhar