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Aceitação e renuncia da herança

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Instituto Superior do Litoral do Paraná - Isulpar
Direito das sucessões: aceitação e renúncia da herança
Acadêmico: Delcio Valentino Robassa
PARANGUÁ
ABRIL/2016
Direito das sucessões: Aceitação e renúncia da herança
Compete ao direito sucessório, também designado direito das sucessões ou direito hereditário, regular o destino, depois da morte de uma pessoa, dos seus direitos e obrigações que subsistem para além dessa morte. O direito das sucessões é o setor do direito civil responsável pelas regras que delimitam a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de existir.
No direito civil, notadamente no direito das sucessões, ocorrendo o falecimento de uma pessoa que detivesse bens e dívidas é aberto a sucessão hereditária mediante o trâmite do processo de inventário e partilha de bens.
O início do processo de partilha de bens deverá ocorrer em até trinta dias após o início da sucessão, isto é, após o falecimento do “de cujos”, conforme artigo 1.796 do Código Civil, in verbis:
“Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança”.
Conforme determina o princípio da Sansine, quando uma pessoa falece, o seu patrimônio transmite automaticamente aos seus herdeiros, porém, fica pendente da aceitação ou renúncia por parte do herdeiro seja ele legítimo ou testamentário. Muitas vezes, tal faculdade é desconhecida, já que, é raro uma pessoa renunciar ao recebimento de uma herança, sendo a regra a aceitação
Assim, desde que aberta a sucessão, com a morte, a vontade de receber a herança, retroage a essa data, na forma do que prescreve o artigo 1804 do Código Civil que prescreve: 
“Art. 1804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança”.
Portanto, se no momento da abertura da sucessão, o herdeiro anuiu com a transmissão de bens do de cujus, este ato produzirá efeitos desde logo, pois é um ato reptício, independendo do conhecimento de terceiros. Com isso, o herdeiro possui livre arbítrio para deliberar se aceita ou não a herança, sendo, a aceitação, requisito para a sua transmissão definitiva. 
Caso o herdeiro permaneça inerte quanto à aceitação ou renúncia da herança, esta é havida como aceita. Neste caso, ocorrerá a aceitação presumida, evitando-se prejudicar o herdeiro. Se houver algum interessado em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro. Este requerimento só pode ser feito vinte dias após a morte do autor da herança e o prazo de deliberação assinado pelo juiz não podendo ser superior a trinta dias. Silente o herdeiro ao final do prazo, a lei presume que aceitou a herança. Há também a aceitação expressa, que, embora não utilizada frequentemente, encontra-se prevista em nosso ordenamento jurídico, no art. 1.805:
“Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro”.
   A aceitação expressa se faz por declaração escrita através de instrumento público, particular ou termo nos autos do inventário.
Na aceitação tácita o herdeiro pratica atos próprios de sua qualidade, por exemplo, outorgando procuração a um advogado para acompanhar o inventário, exarando a vontade do herdeiro em aceitar a herança. A aceitação tácita é a forma mais utilizada.
Nesta toada preceitua o art. 1805 do Código Civil, os atos meramente oficiosos que correspondem a sentimentos piedosos e desinteressados, como o funeral ou a ordenança de mandar oficiar missa a favor do defunto; os de intuito meramente conservatórios que visam impedir deterioração ou perecimento da herança ou os de administração e guarda provisória que visam a cuidar do bem a fim de entregá-lo a quem deva tê-los consigo, não importam em aceitação da herança. 
Tampouco o fazem a cessão gratuita, pura e simples, da herança aos demais coerdeiros, já que neste caso tratar-se-á de verdadeira renúncia.
Se houver recusa expressa da herança, o renunciante é considerado não ter sido herdeiro em tempo algum, porque o ato retroage ao tempo da abertura da sucessão. A renúncia, portanto, é ato de extrema importância, pois através dela o herdeiro perde seus direitos sobre os bens da herança. Tamanha importância deste ato que o mesmo não se presume e não pode ser de forma tácita, mas, tão somente de maneira expressa através de escritura pública ou perante o juiz do inventário, isso é o que se deduz através da leitura do art. 1806 do Código Civil.
 Assim, a lei proíbe a aceitação ou a renúncia parcial da herança, porque, se assim fosse permitido, o herdeiro renunciante somente renunciaria ao passivo. Essa proibição encontra-se prevista no art. 1.808 do CC, assim redigido:
“Art. 1808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo”.
Desta forma, conclui-se que a aceitação da herança é a manifestação livre de vontade do herdeiro de receber a herança que lhe é deferida, devendo ser pura e simples, não podendo estar vinculada a condição ou termo, uma vez que, adquirida a herança pelo herdeiro ou pelo monte, não mais pode ela ser perdida, o que, caso não fosse, acarretaria em insegurança nas relações jurídicas.
 Acerca da aceitação da herança, ainda existem os institutos da anulação ou revogação. Ocorre toda vez que for apurado que o aceitante não é herdeiro ou que o testamento absorvia a totalidade da herança, existindo herdeiros necessários. 
No mesmo espectro que ocorre a aceitação da herança, também poderá ocorrer, em contrário sensu, a renúncia da herança, que será abordada conseguintemente. 
A renúncia é o instituto em que o herdeiro declara expressamente que não aceita a herança a que tem direito, dispondo de sua titularidade. O herdeiro não é obrigado a receber a herança, podendo recusá-la, ato que não criará nenhum direito, pois será considerado como se nunca tivesse existido.
O sucessor, após aberta a sucessão, se exime da qualidade de herdeiro, preferindo ser estranho à sucessão a aceitar a herança. Assim, entende que a renúncia é um ato unilateral, partindo do herdeiro que não deseja a herança. A renúncia, da mesma forma, retroage a data da abertura da sucessão. A renúncia bem como a aceitação é irrevogável, sendo definitiva e produzindo os efeitos jurídicos desde que o herdeiro se torna renunciante. No entanto, também como a aceitação pode ser anulada, se verificada vício de consentimento por erro, dolo ou coação, com fulcro no artigo 171, II do código civil.
Há requisitos essenciais para configuração da renúncia, impondo limitações a esse direito: 
a) Capacidade jurídica do renunciante: capacidade jurídica e mental do renunciante, em caso contrário há a necessidade do seu representante legal ou curador, caso ainda de ser feita pelo mandatário deverá possuir esta procuração com poderes especiais para tanto. 
b) Inadmissibilidade de condição ou termo: Há divergência doutrinária, vez que indicar uma pessoa para se beneficiar para uns é ato de cessão e para outros é denominada renuncia translativa. Só é válida a renúncia pura e simples. O código civil preceitua a renúncia pura e simples, devendo está posição prevalecer.
c) Forma prescrita em lei: como disposto no artigo 1806 do Código Civil, diz que a renúncia para ser válida deve ser feita por instrumento público ou por termo judicial. 
d) não realização de ato equivalente à aceitação: atos de aceitação efetivados não terá valor a renúncia, vedação ao princípio do venire contra factum proprium.
e) Impossibilidade de repúdio parcial da herança: não pode o renunciante repudiar parte da herança, deverá ser na sua totalidade. No entanto, caso o renunciante tenha maisde um direito de sucessão, como o legado ou o testamento, ele poderá optar em renunciar todos, um deles ou dois deles. 
f) Objeto lícito: é proibida a renúncia contrária à lei que se torna conflitante com o direito de terceiros. Se a parte da herança for maior que a dívida, será dividida entre os outros coerdeiros e ainda caso o renunciante tenha bens, poderá normalmente renunciar a herança.
g) aberta a sucessão: momento do óbito do autor da herança é quando nasce o direito ao herdeiro ou legatário.
Neste sentido, existem dois tipos de herança, a herança abdicativa é renúncia pura e simples, beneficiando o monte sem indicação de favorecidos. Já na translativa, há uma aceitação tácita e posterior doação ou cessão da herança a outrem.
Enfim, conclui-se que a renúncia da herança acarreta as seguintes consequências: 
I) Exclusão da sucessão o herdeiro renunciante: ele é excluído da sucessão como se nunca tivesse existido, não ocorrendo a alienação da herança para ele.
II) Acréscimo da parte do renunciante á dos outros herdeiros da mesma classe: em caso de se ter vários filhos, a parte do renunciante passará par a os demais coerdeiros, conforme dispõe o artigo 1810, o qual também preceitua que em caso de ser o único herdeiro, sem filhos, a herança é devolvida para os da classe subsequente (cônjuge em concorrência com os ascendentes).
III) Proibição da sucessão por direito de representação: a lei chama parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia se vivo fosse. Desta forma, não se pode representar o renunciante para sucedê-lo, porém, caso em que o renunciante é o único da classe ou todos os herdeiros da mesma classe renunciarem, podem os filhos por direito próprio ou cabeça vir à sucessão.
Após toda esta exposição, verifica-se que o legislador na estruturação do Código Civil trouxe a aceitação e a renúncia em um mesmo dispositivo, visto que uma repercute sobre a outra, afirmando que a existência da primeira, tão logo excluíra a segunda.
Bibliografia
Gonçalves, Carlos Roberto. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, Direitos das Sucessões. 37. ed. São Paulo: Saraiva. 2004.
FIUZA, César. Curso Completo de Direito Civil. 17ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

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