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Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP Teorias e Sistemas em Psicologia O que é ciência? A ciência busca explicações sistemáticas e controláveis, organiza e classifica o conhecimento com princípios explicativos. Ela preocupa-se com a validade de aplicação de suas proposições, delimitando seu campo de aplicação. Ela busca sistemas unificados que diminuem as possíveis contradições. Tem produtos de vida curta, suscetíveis a criticas, mas busca explicações de longo alcance. Suas conclusões são produtos de um método cientifico, que permite argumentações. Em contrapartida o senso comum, que é aceito sem críticas, não possui método, é contraditório e suas crenças podem durar por muito tempo. Deve se lembrar que a ciência é experimental, sua proposição pode, eventualmente, determinar uma situação em que o modelo não funcione – critério de falseabilidade. Algo falseável é aquilo que não é automaticamente verdadeiro, é testável. Isso significa que a ciência não tem objetividade absoluta. Como a psicologia tornou-se ciência? No século XVII, Descartes separou as ideias de corpo e mente, o que foi fundamental para o advento da psicologia. Todos os seres possuíam uma existência dupla, um corpo e uma mente pensante imaterial ou alma. A psicologia pode ser compreendida como uma ponte entre filosofia e fisiologia; enquanto a fisiologia explica a composição física do cérebro e do sistema nervoso, a psicologia examina seus processos mentais e como eles se manifestam no pensamento, fala e comportamento; enquanto a filosofia se preocupa com ideias, a psicologia se interessa em saber como elas ocorrem e o que dizem sobre a mente. Nos Estados Unidos a psicologia nasceu como uma divisão do departamento de filosofia teve, portanto, abordagem especulativa e teórica, que envolvia conceitos de consciente e “eu”, por exemplo; enquanto na Alemanha ela fazia parte de faculdades de ciência. Na Europa, a psicologia teve base científica na observação de processos mentais (percepção sensorial e memoria), em laboratório. A psicologia se consolidou como ciência em 1879, quando Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório experimental de psicologia na Alemanha, na Universidade de Leipzig. Em 1890 Pavlov fez experimentos que desenvolveram a psicologia, para o behaviorismo. Os behavioristas não acreditavam ser possível estudar os processos mentais com objetividade, por isso o ideal era estudar o comportamento, passível de experiências. A teoria estímulo-resposta popularizou-se com o trabalho de John Watson. Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP Enquanto surgia o Behaviorismo nos Estados Unidos, em Viena, S. Freud desenvolveu sua teoria sobre a mente que alteraria o curso da psicologia, criando uma abordagem completamente diferente, sua teoria era baseada no convívio com seus pacientes; dai marcou estudo da experiência subjetiva. No século XX, tanto behaviorismo quanto a psicanálise caíram em desuso, pois retornaram os estudos científicos da mente, a psicologia cognitiva surge, com base nas teorias da Gestalt, que estudava percepção. O início da Psicologia e suas ‘escolas’ Primeiro surgiram duas escolas psicológicas: Estruturalismo e Funcionalismo. O estruturalismo estudava a estrutura da mente, enquanto que o funcionalismo estudava as funções desempenhadas por essa estrutura. ESTRUTURALISMO A primeira delas, portanto, foi o estruturalismo tinha característica de ser mais ligada à busca de conhecimento do que à pratica em si – mais ‘pura’. Suas pesquisas eram de natureza fisiológica com experimentações laboratoriais. O estruturalismo queria descobrir quais as estruturas da mente, como acontecia a percepção, por exemplo, como eram organizadas e o que causava tais fenômenos. Wundt foi o percursor do estruturalismo (mas quem fundou foi Titchener), era um psicólogo alemão, que depois ficou conhecido como ‘pai da psicologia moderna’ – ele utilizava de experimentos laboratoriais com sujeitos e fenômenos, por exemplo, percepção do som. A psicologia passou a ser o estudo científico da experiência do consciente. A) Wilhelm Wundt Aristóteles dizia que existiam três espécies de alma: vegetal, animal e humana, a primeira se preocupa com nutrição e crescimento; a segunda com essas duas funções mais movimento e sensações; a terceira, além das características anteriores, também poderia raciocinar. Para Descartes os animais eram maquinas movidas por reflexo; para Darwin há ligação genética entre homens e animais, portanto, todas as criaturas tem consciência. Essa ultima foi a posição de Wundt, defendendo que a consciência era universal a todos os seres vivos. Wundt queria que a psicologia tivesse autonomia, mas não que se separasse da filosofia. Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP O laboratório de Wundt inspirou outras universidades a criarem departamentos de psicologia, muitas delas foram comandadas por seus alunos, como Titchenner e Cattell. Com a criação do laboratório de psicologia, Wundt possibilitou a institucionalização da psicologia, isso ocorreu com a inclusão orçamentária do Instituto de Psicologia na faculdade. Porém não se deve entender a institucionalização como a autonomia da psicologia em relação a filosofia, pois ainda continuou subordinada a faculdade de Filosofia durante muito tempo na Alemanha. A institucionalização foi uma desvinculação programática, na formação de uma nova ciência, sem influencias metafisicas. Wundt considerava a consciência como uma experiência interna, e queria no laboratório descrevê-la com exatidão, através de sua forma imediata, observação direta. Ele buscava investigar a consciência com termos mensuráveis, por exemplo, pela percepção ou sensações das pessoas. Para ele a ciência da natureza e a psicologia seriam complementares, uma não se subordina nem se rende a outra. Isso era chamado de paralelismo psicofísico. A experiência seria uma unidade que poderia ser elaborada de maneira empírica de duas formas, complementares: conteúdo objetivo (exp. Mediata) e conteúdo subjetivo (exp. imediata). Wundt diz que são complementares, pois fornecem relatos diferentes de uma mesma experiência. Experiência imediata – investiga o sujeito da experiência; conteúdo subjetivo. Individual, interno – “Está calor!” Experiência mediata – investiga os objetos mediados por um sujeito, deixando este ‘de lado’ nos estudos. Mensurável, externo – “Faz 28ºC!” – física, química, fisiologia... Assim havia duas possibilidades de se fazer ciência empírica (testável): Ciência Natural – conteúdo de experiência mediata – química, física, fisiologia. Essa ciência se utilizava de dois métodos: experimentação: manipulação intencional; e observação: apreensão sem influência. Psicologia – conteúdo da experiência imediata. Essa ciência apenas revelava os processos, e não os objetos estáveis; não pode deixar o sujeito de fora. A psicologia estuda, portanto, o mesmo objeto da ciência natural, observado de um ângulo diferente. E deve assim, usar do mesmo método: experimento e observação. A experiência seria utilizada nos estudos de sensação, percepção e representação, o que Wundt chamava de psicologia individual ou fisiológica; a psicologia cientifica porém usa da observação científica, o observador altera inevitavelmente o curso dos processos psíquicos. Por esse motivo o psicólogo não poderia usar a observação pura ou auto observação na psicologia individual. A observação pura seria utilizada em processos mentais surgidos ao longo da historia do homem como, por exemplo,linguagem, religião, mitos e costumes, são esses inacessíveis pelos métodos experimentais. Diferença entre psicologia e ciência natural: a psicologia é o estudo da experiência imediata e seu conteúdo revela apenas processos, e não objetos estáveis, como Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP ocorre na observação cientifica da natureza; a psicologia não pode desconsiderar o sujeito, pois é sua prioridade. Wundt atacou a ‘ciência da alma’, porque se apoiava em hipóteses metafisicas, espiritual e material, extrapolavam os limites da experiência. O objeto de estudo deixa de ser a mente para ser a experiência imediata. O que é psicologia segundo Wundt? “Ciência empírica na qual o objeto de estudo é a experiência imediata” A auto observação, criticada por Wundt, está ligada a ideia de introspecção, e seria portanto, impossível ler a mente por ela mesma. Todavia, a percepção interna é controlada, o sujeito relata suas experiências o que permite o estudo das mesmas. Essa ultima era usada por Wundt para estudar os processos psíquicos. Uma das principais ideia de Wundt, portanto, é que os processos psicológicos se desenvolvem gradualmente e continuamente, do simples para o complexo. Os conteúdos simples não aparecem isolados, nós só o percebemos na sua complexidade. Em seus estudos ele concluiu que a consciência consiste em três ações: representação, vontade e sentimentos. As representações são as percepções e intuições (representam atividades subjetivas), ele chamou de apercepção o processo que torna conscientes essas representações. São o conteúdo objetivo. A apercepção vem em conjunto com a atenção, mas também é possível aprender conteúdos por sem atenção, por meio da percepção. As vontades seriam a maneira como o sujeito intervém no mundo externo, esse não poderia ser controlado nem medido em laboratório. Os sentimentos, por meio de relatos, poderiam ser estudados em laboratório, e medidos no comportamento. Conteúdo subjetivo. Os conteúdos simples não são percebidos por nós, apenas percebemos a junção final, o conjunto. Ou seja, percebemos a fusão de sentimentos compostos, afetos e processos volitivos. Para Wundt além das sensações, o desenvolvimento psicológico era explicado pelas influencias sociais (religião, leis, arte, historia, mitos...). nesse caso bastaria a observação pura, pois são fenômenos inacessíveis pelo experimento. B) Edward Titchener (americano) Titchener foi o fundador do estruturalismo, baseado nos trabalhos de Wundt. Foi o fundador do estruturalismo, construindo sua própria concepção de psicologia, com aspectos diferentes de Wundt. Para Titchener a psicologia é o estudo dos elementos da consciência pela introspecção, e todo o resto que não se relacionar com isso não é psicologia. A psicologia dos povos de Wundt, portanto, não cabe na avaliação de Titchener. Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP Para ele a consciência é formada por três elementos: sensações (percepções), imagens e afeto (emoções e sentimentos). Outra diferença é que Titchener, em sua teoria, tinha como objeto a decomposição dos processos psíquicos em suas bases fundamentais, enquanto que Wundt queria que sua psicologia busca-se as leis universais da vida psíquica. [Um estudante de Wundt, E. B. Titchener era um forte apoiador do estruturalismo nos Estados Unidos, porém, ele sofria concorrência por parte de um forte opositor, a escola de pensamento do funcionalismo. O funcionalismo era liderado por William James e John Dewey. Enquanto os estruturalistas essencialmente queriam determinar “o que era a consciência?”, os funcionalistas queriam determinar “ para que servia a consciência ?” em outras palavras, os funcionalistas queriam estudar o propósito, ou função da consciência e seus processos mentais básicos. Os estruturalistas e funcionalistas debateram apaixonadamente sobre qual abordagem da psicologia seria melhor, cada qual esperando modelar a direção de suas linhas de pensamento. Embora nenhum dos lados emergiram como indiscutíveis ganhadores deste debate, suas energias e disposições levaram a psicologia a uma rápida divulgação, especialmente nos Estados Unidos.] [Em 1883, G. Stanley Hall (FUNCIONALISTA) estabeleceu o primeiro laboratório de psicologia nos Estados Unidos, na Universidade de John`s Hopkins, embora apenas para fins acadêmicos, e em 1900, já existiam inúmeros laboratórios, três jornais de psicologia, e a Associação Americana de Psicologia já havia sido fundada. Posteriormente, os dois movimentos da psicologia ficaram em segundo plano, e foram substituídos pelas subseqüentes escolas de pensamento. Porém, tanto o estruturalismo quanto o funcionalismo, fizeram grandes contribuições para o campo da psicologia, e psicólogos hoje estudam ambos, a estrutura, e a função do consciente.] FUNCIONALISMO Foi a primeira escola americana de psicologia. Teve influencia nas ideias de Darwin (adaptação). Era radicalmente oposta ao estruturalismo, para eles a mente é responsável por ajustar o homem ao ambiente, fazendo-o adaptar-se ao meio físico e social. Diferente da anterior aqui o estudo é voltado para questões práticas. O funcionalismo estuda o pensamento buscando compreender para que servem as estruturas, suas funções e para que a mente funciona daquela determinada maneira. Isso através do estimulo e resposta. O funcionalismo criticava veementemente o Behaviorismo. Foi influenciador da Gestalt, por perceber que compreendemos melhor os fenômenos psicológicos quando olhamos para o todo, e não às partes isoladas (S-R) A) William James – pioneiro do funcionalismo dos EUA Era um psicólogo americano, ele comparou as experiências diárias de consciência (que estão sempre sendo modificadas) a um rio que flui continuamente, com seus percalços e mudanças, daí o termo “fluxo de pensamento”. Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP Para James a consciência não é uma coisa, mas sim um processo, aquilo que o cérebro faz para controlar o sistema nervoso, ela nos permite pensar sobre passado, presente e futuro, adaptar-se às circunstancias. “A consciência é um fluxo de pensamentos, que são inteiramente separados uns dos outros, cada um é seguido de outro e assim sucessivamente. De alguma maneira, eles se unem e nos dão a sensação de consciência unificada, isso acontece porque os pensamentos são percebidos formando uma pulsação dentro do fluxo de consciência, que nos dão uma conclusão – ponto de repouso para formar uma imagem mental, mas que logo continua a avançar. A consciência esta em constante evolução” A consciência se apresenta ao organismo sempre que ele exija sua presença, o hábito seria um repouso da consciência, é o que ocorre na maior parte do dia. Ao elaborar processos conscientes ocorre o chamado self (eu, ego), seria uma posição maleável, que aparece quando solicitado, é um lugar de experiência individual. Pragmatismo – a verdade vem dos fatos, mas os fatos não são verdadeiros em si, eles apenas são. James dizia que durante a vida nós testamos varias verdades, comparando-as, assim nossas crenças conscientes se alteram na medida em que mudamos de verdade. O pragmatismo (filosofia) americano foi base nos estudos de James. B) Edward Thorndike - conexionismo Nos Estados Unidos houve uma reação contra a abordagem de W. James, porque a introspecção não podia ser estudada com fenômenos mensuráveis e observáveis. A solução foi estudar o comportamento, em laboratório, de maneira controlada. Os primeiros behavioristas foram E. Thorndike, Tolman e Edwin Guthrie, que elaboraramteorias de aprendizagem, memoria, condicionamento e interação com ambiente. Eles foram influenciados por Pavlov e seus experimentos fisiologistas com cães, concentravam-se na observação de estímulos e respostas, ignorando os processos mentais interiores, pois não podiam ser experimentados em nenhum analise comportamental. Houve uma drástica mudança de foco da mente para o comportamento. Em seguida veio Skinner, com seu behaviorismo radical, que trouxe o comportamento operante, comportamento moldado por consequências e não por estímulos. *Thorndike e o conexionismo Nos Estados Unidos, ele primeiro buscou estudar educação e aprendizagem, queria examinar os processos de inteligência e aprendizado pela observação de experimentos controlados. Seus resultados levaram posteriormente, aos fundamentos do Behaviorismo. Thorndike não é behaviorista, mas sim funcionalista. Experiências com gatos e ‘caixas problemas’, verificou que os gatos saiam cada vez mais rápido das caixas.. Criou a lei do efeito, segundo o qual a resposta a uma Adrielle Gênova Ferreira Psicologia – Presidente Prudente/ SP situação que traz um resultado satisfatório apresenta mais probabilidade de ocorrer novamente no futuro, e em contrapartida, uma que resulta em resultado insatisfatório apresenta menos probabilidade de ser repetida. Essa é a ideia de conexão ente estimulo e resposta e sua relevância para a aprendizagem do comportamento. Chamou de conexionismo porque as conexões feitas na aprendizagem são impressas no circuito cerebral. Thorndike considerava-se um psicólogo educacional, mesmo que sua teoria fosse base do Behaviorismo, depois. Ele tentou provar que os animais aprender por tentativa e erro, e não por utilizar alguma capacidade de discernimento. Depois de estudar a inteligência animal, voltou-se para a inteligência humana. Para ele a inteligência mais elementar se caracterizaria pela associação entre estimulo e resposta, que resulta na conexão neural. Portanto, a inteligência seria a capacidade de formar esses vínculos neurais, que dependem, portanto de genética mais experiência. *Diferença entre Thorndike e o behaviorismo Para Thorndike há um constructo de estimulo e resposta que passa pelo organismo (inteligência), ele não ignora, como faz o behaviorismo, o subjetivo – prazer do individuo diante daquele estimulo. *Resumo baseado nas aulas, livros indicados pelo professor e conteúdos de artigos na internet.
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