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Unit IV

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UNIDADE 4
1 Fenomenologia e Existencialismo
A Fenomenologia e o Existencialismo são bases filosóficas do pensamento que concorrem para a produção da Psicologia científica, subsidiando e se constituindo em base epistemológica importante para a sistematização da área humana do conhecimento.
Clique nas abas abaixo e obtenha informações a respeito de cada uma.
· Fenomenologia
A Fenomenologia, segundo Martins e Farinha, (1984) constitui-se como ideia, diferenciando-se de um campo conceitual, pois, enquanto ideia, apresenta uma perspectiva de conhecimento de um fenômeno sem a pretensão de uma teoria acabada. 
O acesso ao fenômeno de fato será garantido por meio de um processo explicativo que se distancia da revelação científica posta em termos de positividade das verdades sobre os objetos advindos da rigorosa, porém exclusiva, aplicação de métodos e técnicas que se afastam, naturalmente, do plano filosófico explicativo do fenômeno.
O fato de encontrarmos na fenomenologia elementos de uma filosofia em sua essência repõe no campo do conhecimento psicológico sobre o homem a sua condição de pensar sobre as coisas humanas na condição humana, ou seja, de ver e de falar dos elementos perceptivos, subjetivos, que correspondem à existência do próprio homem. 
A resposta à pergunta “o que é Fenomenologia?”, feita por Merleau-Ponty (apud MARTINS; FARINHA, 1984, p. 58) aponta para “o estudo das essências, é uma filosofia que recoloca as essências na existência: uma filosofia para a qual não se pode compreender o homem e o mundo senão a partir de sua facticidade”.
Compreendendo a condição humana como campo de um conhecimento que também pode ser sistematizado por racionalidades diferentes daquelas experimentadas no plano das ciências naturais, a Fenomenologia passa a ser também um método de investigação dessa condição humana posta em análise a partir dos elementos constitutivos de seu modo único de ser e estar no mundo.
· Existencialismo
O Existencialismo, enquanto escola filosófica, corresponde ao pensamento direcionado a compreender o ser humano nas suas ações, seus sentimentos e suas vivências na sua singularidade de experiência vital.
Critelli (1984), ao explicar o existencialismo pela perspectiva heideggeriana, sugere uma analogia como a leitura de um poema, admitindo que a poesia não carece de justificativas nem de explicações; ela denuncia, revela, brinca e alerta, assim, torna evidentes os sentidos que cada um julga pertinente a partir de sua leitura.
Em suma, o Existencialismo, assim como a poesia, sugere que não há uma única forma de apreender o fenômeno, e que essas maneiras podem ser uma forma legítima de apreensão da realidade sem a condição de uma lógica pré-existente.
1.1 Campo teórico e contribuições para a Psicologia
A principal questão levantada por essas áreas do conhecimento pode ser trazida pela preocupação que têm sobre a problematização da ideia da verdade, pois tal ideia constitui a essência dos entes; a mesma não se encontra no objeto a priori, ela se realiza na apreensão particular dos fenômenos e sua busca se transforma em conhecimento de fato.
Tal conhecimento só será tangível na compreensão de que a Fenomenologia conduz a um método de acesso à realidade concreta do mundo enquanto método, se preocupando em fundamentar a significação de modo particular de construção do saber.
Enquanto terreno filosófico de compreensão e método de análise, a Fenomenologia se torna uma forma de apreensão do fenômeno humano a partir da superação dos posicionamentos dicotômicos, tradicionalmente utilizados pelo pensamento científico moderno, em relação à concepção de sujeito como sendo aquele que observa e objeto como algo a ser observado.
Tal posicionamento implica o pensamento em uma suspensão dos paradigmas totalizantes do empirismo, idealismo e positivismo, presentes na história do conhecimento da humanidade, ou seja, propondo uma outra alternativa para a pesquisa e, consequentemente, para a produção do conhecimento científico.
2 A constituição da Psicologia como ciência
A constituição da Psicologia como ciência se confunde com a própria história das Ciências Humanas ao deslocar o pensamento de uma investigação de base filosófica para a composição de um corpo teórico e conceitual que explicasse o fenômeno humano com objetividade e por meio de aplicações de métodos, que demonstrem o caráter universal do conhecimento produzido sobre o homem, dando, ao mesmo, efetivas condições objetivas e concretas para conduzir o pensamento para novas descobertas e linear progresso de acréscimo de saber. Clique abaixo e obtenha mais informações.
Com tal conhecimento e sabedores dos processos e métodos para se atingir o máximo de consciência possível sobre ele, os representantes de tal conhecimento estariam em vantagem e com melhores condições de “corrigir” o “desvio natural” vivenciado pela humanidade. Assim, devolveriam aos homens as faculdades de revelar os segredos dos fenômenos do mundo, prever seus comportamentos e direcioná-los de modo a conquistar e dominar a vida que se conhecia até então.
Olhando hoje para esse evento – o advento do conhecimento científico – na linha do tempo da história humana sobre a terra, parece-nos, de forma simplista a considerar, que trata-se de uma proposição quase certa a se chegar, dada a forma como concebemos a humanidade em sua racionalidade e curiosidade inerente para os fatos naturais e humanos. 
Seria mesmo apenas uma questão de tempo para que os homens pensassem de maneira lógica e racional até chegarem aos princípios de um modo eficaz, eficiente e criativo de dominar e produzir o mundo a fim de atender às suas reais e vitais necessidades básicas. Mas quais seriam tais necessidades básicas? O homem é natural, mas transcende à natureza; é um ser vivo, mas vive de modo diferente de qualquer outro ser vivo!
A tradição do pensamento filosófico sobre as condições vitais do mundo e do homem é tensionada até o limite daquilo que viria a se produzir como uma nova maneira de responder às questões da humanidade ao se transferir a pergunta desencadeadora sobre o sentido da vida para a busca de se conhecer, explicar e controlar a Vida, com suas bases físicas e orgânicas passando a investigar o corpo, estrutura e funcionamento, descobrindo-se, mais uma vez, um universo de conhecimentos a serem desvelados sobre o homem e inaugurando um caminho sem precedentes na história da humanidade: o procedimento científico.
2.1 Percursos históricos
Como podemos estudar junto de Bock, Furtado e Teixeira (2008), a Psicologia científica tem uma história própria que ora se confunde com a própria história das Ciências Humanas.
O desenvolvimento de um pensamento específico sobre a psicologia humana e seus diferentes modos de se expressar e dar-se a conhecer também está presente e se revela por meio das práticas sociais vivenciadas e experienciadas pelos diferentes grupos humanos, nas mais diferentes culturas e práticas cotidianas, dadas ao conhecimento por intermédio de histórias orais e compartilhamento também de registros escritos.
Desse modo, mesmo apontado para um momento específico e objetivo da história da ciência psicológica sendo inaugurada em Leipzig, na Alemanha de Wilhem Wundt (1832-1920), com o laboratório de Psicologia Experimental, não podemos deixar de referenciar a história da antiguidade grega e sua contribuição para a composição de um rede complexa de saberes que mais tarde se constituiria como base, não somente para a Psicologia científica, mas de todo corpo de conhecimento científico da era moderna.
Não podemos tratar tais conhecimentos como se referindo a um corpo de conhecimentos psicológicos, pois não havia essa preocupação na antiguidade grega ou na posterior tradição romana. Era, sim, a busca pela definição de um espírito humano, algo que definisse os aspectos inerentes à interioridade subjetiva ligada aos sentimentos e afetos constitutivos da experiência emocional.
Para tratar a história da Psicologia científica, Figueiredo e Santi (2008) vão buscar no processo histórico da formação dasciências denominadas humanas e sociais as condições necessárias para o seu “aparecimento” como ciência independente, e apresentam as seguintes condições,
[...] (além, naturalmente, da crença de que a ciência com seus métodos e técnicas rigorosas é um meio insubstituível para o conhecimento): a) uma experiência muito clara da subjetividade privatizada; e b) a experiência da crise dessa subjetividade (FIGUEIREDO; SANTI, 2008, p. 19).
Desse modo, as pistas deixadas pelos autores nos conduzem para a compreensão de que, junto ao “espírito científico” do século XVII, revelou-se o projeto da Revolução Científica e o paradoxo da Psicologia, também apontado por Silva e Mendes (2017, p. 63), pois,
[...] para garantir seu status de ciência – e com isso a execução das normas científicas para a legitimação de sua teoria e prática -, a Psicologia precisou ser leal em relação ao seu objeto de estudo – o que exigiu o distanciamento de uma busca ao absoluto em detrimento da diversidade imanente ao homem – o que a levou ao campo da pluralidade.
É nesse cenário de profundas transformações para o modo de ser e estar no mundo que o homem da renascença se lança em uma jornada sem precedentes históricos e com vistas a uma vivência tão potente que transformaria o seu modo de se relacionar com o mundo e revolucionaria as artes, as religiões, comércios, cultura e sociedade, de um modo geral. Isso obrigou o homem daquele período a inventar-se a si mesmo como um dado subjetivo e “revelar”, no centro das novas descobertas de saberes, agora científicos, a consciência como resposta para seus maiores dilemas (Quem sou Eu? De onde Eu venho? Qual a minha missão, o meu propósito de vida?). Com certeza, se ainda não nos fizemos essas perguntas, já as encontramos em algum questionamento artístico, teórico, filosófico, religioso, cultural...
2.2 Problematização do pensamento científico: a contribuição da Psicologia
Na onda dos fatos que concorrem para o apontamento dos avanços científicos como centrais para o desenvolvimento humano, vivenciamos, no século XIX, o apogeu do modo capitalista de produção em uma escala industrial imensa e irreversível. Assim, encontrou-se, no princípio da eficiência e eficácia do conhecimento científico, respaldo para os avanços técnicos e tecnológicos iluminados pela racionalidade de produção cada vez maior e mais rápida devido ao controle e diminuição das falhas estudadas e corrigidas no processo.
Essa mentalidade favorece o aparecimento de um campo de investigação tão empolgante e necessário acompanhamento quanto o plano tecnológico, qual seja, a área das Ciências Humanas.
Assim, para conhecer o modo de funcionamento e de pensar do ser humano, era necessário estudar e compreender os mecanismos do cérebro, lugar onde reside a psiquê humana, a qual comanda toda a rede neural que faz com que os homens respondam aos estímulos físicos de forma motora, além de ser onde também reside toda a subjetividade associada às emoções, sensações e percepções humanas.
A aproximação do campo da Psicologia com a Fisiologia e Neurofisiologia foram fundamentais para avanços no campo da Neuroanatomia. Além disso, “a descoberta que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não estar na dependência dos centros cerebrais superiores” (BOCK, FURTADO; TEIXEIRA 2008, p. 37), abriu caminho para o estudo dos fenômenos psicológicos através da Psicofísica.
Foi por meio dessa área que os cientistas tentaram explicar a percepção das cores através da fisiologia do olho, uma perspectiva inédita e reveladora de proposições até então impensadas para a compreensão do fenômeno da visão humana.
Na orientação desse pensamento científico, a Psicologia consegue mensurar a relação entre estímulo e sensação através dos estudos de Fechner e Weber que postulam uma lei de progressão de percepção e estímulo, onde a primeira aumenta em progressão aritmética e a segunda em progressão geométrica.
Outro marco tão importante quanto esse é a criação do laboratório de Wundt em Leipzig, Alemanha, dedicado para a pesquisa científica na área de Psicofisiologia. Segundo esse pesquisador, os fenômenos mentais corresponderiam aos orgânicos, o que é denominado paralelismo psicofísico. Para se ter acesso à mente e à consciência dos sujeitos em laboratório, Wundt usa o método de introspecção, no qual um sujeito previamente treinado seria capaz de dizer o caminho que um estímulo orgânico faria em seu corpo até chegar a sua mente.
Eis o início da Psicologia como ciência independente. Suas origens se aproximam das ciências fisiológica, neuroanatômica e neurofisiológica para constituir-se no plano das realidades empíricas e concretas do ser humano, mas também delas se afastam quando começa-se a compreender e a lançar novas luzes às questões, não tão novas, mas que não encontram respaldos explicativos nas bases orgânicas e funcionais do sistema nervoso.
Afinal, a experiência da subjetividade, tão associada às transformações históricas vivenciadas pelo homem, sobredeterminou um modo de pensar o mundo de maneira única e criou as condições para que o registro da individualidade do sujeito se constituísse em uma ideia de eu, cuja crise acarretará na criação de uma Psicologia. Esta, talvez, mais humana e próxima às incertezas desse novo objeto de investigação, exigindo um rigor científico, diferente daquele proposto pelas ciências naturais, contribuindo assim para a reinvenção científica de si mesmo como objeto e sujeito de investigação.
3 A unicidade ou pluralidade do objeto da Psicologia
Em se tratando de estudos em Psicologia, não podemos deixar de levar em consideração o caráter controverso de suas escolas e sistemas de pensamentos, suas contribuições científicas de diversas matrizes de conhecimento, que se aproximam ou se repelem em contradições teórico-filosóficas, tornando impossível a tarefa de aglutinar em um mesmo campo de análise os fenômenos denominados psicológicos.
Desse modo, se um dia houve unicidade de objeto, foi somente pela caracterização de um plano hegemônico de ideias que excluía qualquer outra possibilidade de investigação ou apreensão do fenômeno humano em sua heterogenia.
Quanto a essa ideia, poderíamos mesmo pensar nos primórdios da Psicologia Científica, cuja ideia central residia na necessidade de transformar todo o conhecimento em termos de objetividade quantificável e tratável por meio de técnicas e métodos específicos compartilhados pelo modelo da ciência Física.
Assim, o objeto da Psicologia estaria circunscrito ao centro de investigação proposto pelos primeiros laboratórios de investigação e estudos dos fenômenos psíquicos humanos, recordando as percepções, sensações e comportamentos observáveis.
Como desdobramento epistemológico dessa forma “fechada” e “objetivada” de compreender o fenômeno psicológico humano, encontra-se no legado histórico das discussões e dos questionamentos acerca da condição humana e de seus sentidos um outro entendimento que, mais tarde, constituirá a “subjetividade” como objeto específico da Psicologia. Segundo Bock, Trassi e Teixeira (2008, p. 22):
Nossa matéria-prima, portanto, é o ser humano em todas as suas expressões, as visíveis (o comportamento) e as invisíveis (os sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos todos assim) – é o ser humano-corpo, ser humano-pensamento, ser humano-afeto, ser humano-ação e tudo isto está sintetizado no termo subjetividade.
Uma compreensão mais aberta do que representa a Psicologia para as ciências humanas se consolidará e validará as intervenções propostas nos termos de uma efetiva pluralidade de objetos, respeitados seus planos teóricos e metodológicos de acesso e produção de conhecimento, delineando epistemologias que, apesar de diferentes enquanto natureza e objeto de investigação, tornam-se complementares dada a complexidade do fenômeno a ser investigado, ou seja, a condição humana e seus efeitos no mundo.
3.1 Dos sistemas às escolas do pensamento psicológico
Para tratarmos dos sistemas às escolas do pensamento psicológico,é importante dizer que, segundo os estudiosos da história da Psicologia, apesar de seu início apontar para a Alemanha, mais precisamente no laboratório experimental de Leipzig, com Wundt, Fechner e Weber, foi nos Estados Unidos, potência capitalista em expressiva ascensão, que a Psicologia expandiu seus conhecimentos e ganhou destaque científico, derivando as primeiras abordagens ou escolas e dando origem às diversas teorias do seu campo teórico.
São três as abordagens, a saber: Funcionalismo, Estruturalismo e Associacionismo. Acompanhe as definições abaixo.
Funcionalismo
O Funcionalismo é a primeira abordagem genuinamente americana, desenvolvida por William James (1842 - 1910), que buscou responder ao senso prático de sua cultura, elegendo a consciência como meio para responder a duas questões fundamentais no entendimento do homem e sua melhor adaptação ao meio – o objeto das ações humanas e suas motivações.
Estruturalismo
Na segunda abordagem, o Estruturalismo terá a fundamental participação de Wundt e seus estudos, porém, este será representado por seu seguidor, Titchener, autor do termo que identifica essa abordagem em diferenciação ao Funcionalismo de William James. Apesar de também se interessar pela consciência enquanto objeto de estudo, seus esforços serão direcionados para a investigação de seus aspectos estruturais, como nos apresentam Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 41), “[...] os elementos da consciência como estrutura do sistema nervoso central. [...] O método de observação de Titchener, assim, como o de Wundt é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório.”
Associacionismo
A terceira abordagem corresponde ao Associacionismo de Edward L. Thorndike, que, a partir de uma perspectiva utilitarista da produção científica do conhecimento, produziu a primeira contribuição teórica da Psicologia à aprendizagem. Nessa teoria, a aprendizagem acontece por meio da associação de ideias, sendo as mais simples as primeiras a serem assimiladas sobre um tema, para posterior apreensão das ideias mais complexas.
Thorndike também terá grande importância, mais tarde, para a Psicologia Comportamentalista, ao sistematizar a Lei do Efeito, um conhecimento pautado na continuidade de um comportamento de um organismo vivo caso o mesmo seja recompensado no momento em que aparece, ou, por outro lado, se extinguiria, caso fosse castigado.
O legado desses sistemas e escolas do pensamento psicológico irá compor um terreno frutífero para o desenvolvimento e surgimento de novas ideias, criação de métodos e estudos, além das diversas áreas de saberes específicos que invariavelmente tratarão o humano em sua subjetividade e manifestações, a saber: Comportamentalismo, Psicanálise, Gestalt, etc.
3.2 As Psicologias
Para ajustarmos o olhar para as psicologias segundo o plano constitutivo de sua diversidade de métodos e modos de compreender o fenômeno humano no mundo, buscaremos a contribuição do pensamento dialético e do método do materialismo histórico como produtor de um entendimento capaz de abarcar as características de movimento e transformação do homem no mundo, o qual também é por ele produzido e nele provoca transformações.
Esse tipo de pensamento no acontecimento, no momento mesmo em que se manifesta, só se faz possível dentro da lógica do campo da Psicologia Sócio-Histórica de Vygostky (BOCK, TEIXEIRA; FURTADO, 2008).
Referência importante para a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, esse autor contribui de maneira decisiva para a inscrição da Psicologia no plano das ciências humanas ao estudar o mundo psíquico como formação histórica e social da humanidade, devolvendo ao plano coletivo das relações humanas o sentido que também é dado ao processo de individuação e internalização das subjetividades.
Nesse sentido, o que eu penso e sinto quando penso e quando sinto, apesar da experiência se singularizar numa certa unidade de identificação com o sujeito, ela não é privativa deste, apenas se constitui enquanto efeito de singularização.
Assim, a teoria vygotskyana da Psicologia parte de duas premissas importantes: a filogenética e a ontogenética. Acompanhe as definições abaixo.
	Filogenética
	Considera a atividade produtiva do homem, ou seja, o trabalho como elemento central de nossa humanização.
	Ontongenética
	Irá se desenvolver ontogeneticamente na apropriação que uma criança faz da cultura em seu plano de experiências sensíveis e mediadas pela linguagem.
Bock, Teixeira e Furtado (2011, p. 31) colocam:
Essa relação entre a base filogenética e a ontogenética permite a Vygotsky considerar que o psiquismo humano está estruturado a partir da consciência e da atividade concreta no mundo. Que o pensamento (elemento básico do psiquismo) se expressa por meio da linguagem e que a linguagem é o elemento de mediação entre o ser humano e o mundo e a condição básica para a relação com outro ser humano.
Desse modo, não restam dúvidas quanto ao melhor modo de tratarmos o conhecimento psicológico sobre o homem, de situarmos a Psicologia como ciência que estuda e compreende a subjetividade como objeto de investigação de métodos teóricos, técnicos e filosóficos-conceituais em seus processos materiais e também “subjetivos”, a partir de um olhar que tem na sua multideterminação a heterogeneidade do homem e seus efeitos. As Psicologias são as melhores expressões desse entendimento.
4 Principais teorias e sistemas atuais da Psicologia
Como vimos, a Psicologia científica é o efeito de um processo dinâmico de modos de operar o pensamento que ainda hoje se faz presente nas teorias psicanalíticas do inconsciente, o Behaviorismo (ou comportamentalismo), estudo do comportamento, a Gestalt (psicologia da forma), o Psicodrama, o Humanismo, além da própria Psicologia Histórico-Cultural, acima apresentada.
Conforme Bock, Furtado e Teixeira (2011), o que se apresentou até aqui enquanto matrizes e sistemas de um pensamento psicológico precisa ser aprofundado e compreendido como uma possibilidade de organização desse conhecimento plural e diverso.
Vale também destacar que existe uma aproximação forte na compreensão dos estudiosos da Psicologia, cujas matrizes modernas se encontram nas linhas de pensamento das três referências específicas do estudo do fenômeno humano, a saber: a Psicanálise, a Gestalt e o Behaviorismo, com suas histórias e fundamentos filosóficos peculiares. (BOCK, FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Para saber um pouco mais como essas linhas de pensamento organizam o conhecimento da Psicologia, apresentaremos alguns de seus principais pressupostos, autores, e iluminaremos o que deverá ser trabalho de estudo dos que querem ser psicólogos ou dos que se aproximam de seu plano teórico-metodológico a fim de aplicações prático-profissionais ou de pesquisa acadêmico-conceitual. Clique abaixo e acompanhe.
· Psicanálise
Iniciemos com a Psicanálise, um dos sistemas de pensamento mais difundidos e conhecidos de toda a psicologia, cuja origem está intimamente associada à prática clínica. Foi em 1900 com a publicação da obra “A Interpretação dos Sonhos” que Freud, "[...] passa a se preocupar com os mistérios do psiquismo humano e a desenvolver uma teoria poderosa, que vai muito além de uma psicopatologia e de um instrumento clínico de superação do sintoma psicológico. Nesse sentido, ele desenvolve uma teoria que será utilizada – além, evidentemente, daquilo que é o seu foco central – para a compreensão da subjetividade humana e das formas dela derivada" (BOCK, TEIXEIRA; FURTADO, 2011, p. 26).
Com a popularização dos conceitos de inconsciente, id, ego e superego, e a busca de compreender a produção humana em termos de processos subjetivos tão complexos quanto a própria relação das dimensões interna da personalidade do sujeito, a Psicanálise ganha status de teoria antropológica e cultural, permitindo uma interpretação desveladora das reais intenções humanas e dos segredos de suas motivações, revelando-se uma forma de análise fecunda para as produçõesartísticas, ou mesmo para leitura dos acontecimentos institucionais das organizações e grupos, além do indivíduo.
· Behaviorismo/Comportamentalismo
Um outro sistema de pensamento tão forte e, principalmente, antagônico ao movimento psicanalítico de estudo do inconsciente, é o Behaviorismo ou Comportamentalismo. Seu antagonismo reside no afastamento por completo das concepções interiorizantes do fenômeno psíquico, buscando no plano das relações objetivas do organismo com o meio as origens e consequências dos comportamentos.
Segundo Figueiredo (2008), trata-se de um sistema organizado pelo psicólogo americano J. B. Watson (1878-1958), que desloca as investigações científicas sobre a mente, atentando-se para análise do próprio comportamento e suas interações com o ambiente.
Como principal desenvolvedor das ideias desse campo teórico, B. F. Skinner (1904-1990) foi responsável por produzir, segundo o Figueiredo (2008), uma filosofia da Ciência do Comportamento, uma leitura tão inovadora e amplamente aceita entre os psicólogos de vários países, inclusive o Brasil, sendo reconhecido como Behaviorismo Radical.
Na base dessa teoria está o conceito de comportamento operante, ou seja, a ideia de que todo o comportamento é uma ação direta ou indireta sobre o mundo, o que, segundo as leituras skinnerianas, caracterizaria a maior parte de nossas ações no ambiente. É uma teoria tão complexa quanto qualquer outro campo teórico da Psicologia, e seu campo conceitual, tal como a Psicanálise, também foi popularizado de modo a tornar parte do cotidiano de nossas vivências a ideia de punição, reforçamentos, esquiva e fuga.
· Gestalt
Por fim, apresentamos a Psicologia da Gestalt, ou da forma, um campo teórico nascido na Europa que está formalmente embasado na tentativa de superação da fragmentação das ações e dos processos humanos realizados pelas tendências da Psicologia científica do século XIX. A Gestalt atua através de uma análise capaz de devolver à compreensão do fenômeno humano sua dimensão existencial e subjetiva.
É, pois, através da análise fenomenológica que essa perspectiva propõe os estudos da percepção a partir de um questionamento fundamental postulado na contramão de "[...] um princípio implícito na teoria behaviorista – o de que há relação de causa e efeito entre o estímulo e a resposta – porque, para os gestaltistas, entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e a maneira como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano" (BOCK, TEIXEIRA; FURTADO, 2011, p. 24).
Na perspectiva teórica em questão, o que está em processo de transformações dadas à análise não é o comportamento, nem tampouco a consciência ou as operações inconscientes, mas sim as condições presentes no momento da percepção do estímulo.
Estão, na base de seu campo conceitual, a percepção da relação isomórfica da parte-todo e a tendência de estabelecer uma relação de completude de uma figura ao avistar somente uma parte da mesma. Esse fenômeno da percepção é norteado pelos processos de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura objeto.
É a operação do que hoje comumente reconhecemos como ilusão de ótica.
4.1 A diversidade teórica e planos de interfaces possíveis em Psicologia
A Psicologia se constituiu no plano das ciências humanas e daí derivou seus estudos, objetos, métodos e técnicas com vistas a responder às questões humanas apresentadas por diferentes perspectivas teóricas e filosóficas. Podemos mesmo reconhecer como fazendo parte de seus estudos diferentes áreas do conhecimento, além das próprias humanidades, e hoje vislumbramos diferentes e diversos intercessores que também permitem abrir-se em desafiantes e novas áreas do conhecimento científico.
Algumas dessas áreas híbridas podem ser analisadas ao longo da prática profissional e da contribuição das pesquisas específicas, demandando, até mesmo, em alguns casos, a criação de uma área totalmente nova de atuação profissional, porém, com profundas raízes originárias da Psicologia.
Um exemplo clássico desse processo é a criação da Psicopedagogia. Com esse processo, vislumbramos a formação dessa área independente e com recursos metodológicos de habilitação específica de seus profissionais, produzida pela interface entre duas áreas das ciências humanas – Pedagogia e Psicologia.
Outra interface bastante difundida em com vasta produção é da Psicologia Ambiental, uma área de conhecimento que busca compreender as relações dinâmicas entre o homem e o meio onde vive, investigando como se constituem e o determinam por meio de práticas de permanência e pelo sentimento de pertencimento nele evocados.
As concepções dessas áreas de conexões com outros conhecimentos produzem efeito de emanações de um campo conceitual que, se num primeiro momento nos remete a uma “costura aparente” nas zonas de toque entre uma ciência e outra, posteriormente vemos a emergência de um saber expresso de um modo inteiramente novo e criativo, produzido em um novo modo de “dizer” dos fatos, objetos e fenômenos que também os recriam numa visibilidade de descobertas e desafios a serem respondidos com novas metodologias, igualmente, em constante transformações.
4.2 Desafios da Psicologia como ciência e profissão
Diante da dimensão temporal, histórica, científica e de sua principal capacidade criadora e disruptiva de saberes, a Psicologia é apresentada também em sua dimensão de prática social, pois refere-se aos fatos e feitos humanos (mesmo quando analisa as vicissitudes dos comportamentos animais, ou até mesmo as condições de análises de questões puramente orgânicas de estrutura e funcionamento de um sistema simples de vida, quem está olhando, registrando, indagando e dando sentido ao observável é o homem), esse ser cuja capacidade de abstração de si mesmo permitiu-lhe pensar sobre o próprio ato de pensar como forma independente de ação no mundo.
É pois um desafio que se apresenta ao estudo dos estudos do homem: a compreensão também que se faz das práticas sociais advindas desse campo do conhecimento científico, pois criou condições para aplicação desses saberes em diferentes modalidades de intervenção profissional e, com isso, dilatou, seu campo de atuação, ao mesmo tempo que exigiu novas formulações, alianças de saberes e interfaces metodológicas que sustentassem tais demandas.
Fique de Olho:
Para maior aprofundamento dessa questão, sugerimos a leitura do artigo “Políticas Públicas e Direitos Humanos: Desafios à Atuação do Psicólogo”, de Gesser (2013), o qual apresenta a atuação do psicólogo a partir de uma perspectiva ética e potencializadora do sujeito e de seu conhecimento sobre a humanidade. 
As práticas profissionais do psicólogo atendem desde o plano meticuloso e normativo dos laboratórios até mesmo a sua inserção no plano das vivências imersivas de uma cultura de uma população tradicional. Tais práticas encontram referência desde as atuações mais tradicionais da prática clínica (psicólogo clínico), hospitalar (psicólogo hospitalar), de consultório, passando pelas questões educacionais (psicólogo escolar/educacional), pelas demandas do mundo do trabalho (psicólogo organizacional), às demandas socioculturais (psicólogo social/comunitário), dentre outras formas já estabelecidas pelo ordenamento técnico-científico e legal da categoria.
A compreensão da Psicologia como ciência e profissão atende aos critérios de ordenamento da racionalidade organizativa da sociedade onde vivemos por meio do Conselho Federal de Psicologia e seus Regionais, com a finalidade de garantir aos profissionais habilitados pela formação acadêmica da área direito ao livre exercício profissional e condições de capacitação técnica para aplicação ética de seus conhecimentos.

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