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Fichamento livro Kleber Barreto

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ÉTICA E TÉCNICA NO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
Andanças com Dom Quixote e Sancho Pança
Kleber Duarte Barretto
Fichamento capítulo XV
Que Trata da função do acompanhante como modelo de identificação
Estamos adentrando em terreno constituído de diferentes níveis. A identificação com um objeto pode se dar desde um nível de extrema simplicidade até um alto grau de sofisticação> podemos fazer determinadas coisas de maneira semelhante a alguém ou até tomar a história de vida de uma pessoa e estabelecer princípios para apropria vida, buscando um estilo semelhante.
 Diga-me com quem andas que te direi quem és. Por essa razão tomei não só como norte, mas tenho investido que me acompanhe Milton numa faze regressiva com dificuldade de falar e andar, mas quando entravamos no elevador, percebia que adotava a mesma postura corporal que eu. 
 Era como se olhasse para um espelho, e como se estivesse brincado de ser minha sombra. Nessa época acreditávamos que ele precisava da função paterna, a fim de que pudesse sair da relação fusional com sua mãe e com os outros.
De repente uma foto chamou a atenção. Estava em um grupo de crianças tendo aula de natação com meu pai. O curioso foi ver-me copiando exatamente o gesto de meu pai enquanto ele conversava com o grupo. Imediatamente, veio a minha mente as situações que estava vivendo com Milton. E dei-me conta de quanto meu pai foi uma pessoa importante para mim.
Para avaliar a função da imitação para um determinado paciente parece ser algo valioso, pois poderíamos compreender se esse comportamento está a serviço comportamento esta a serviço de seu desenvolvimento ou se cumpre a função de impedi-lo. Um outro nível da função de modelo de identificação está relacionado à seguinte ideia de Winnicott (1971): “A originalidade nasce as tradição”. Ai temos a concepção de que o novo só surge a partir de elementos presentes em uma determinada cultura. Ou Seja, criamos na medida em que os apropriamos da nossa tradição cultura, onde a visão winnicottiana dos fenômenos como idealização, admiração e influência ressaltam esses acontecimentos não como algo simplesmente alienante, mas sim como uma base do sujeito por um objeto que o auxilie a desenvolver suas potencialidades. Nesse sentido a transferência não é vista apenas como mera repetição do passado, mas também como incessante busca de um novo objeto que possa auxiliar no desenvolvimento do self. 
Podemos observar que o assento da função recai exclusivamente na negatividade do paciente: a estereotipia, o imediatismo e a inadequação dos mecanismos de defesa, assim como a noção do processo são fatores desenvolvidos pela identificação, como o comentário de Flávia, espantada pela conversa da at ao dispensar o convite de jantar dos pais. Vemos pelo exemplo que a atitude despretensiosa da acompanhante através da função de modelo de identidade abre todo um campo de experiência para Flávia.
Outro encontro que vale lembrar foi com João, onde notei que este passou a tomar o ato como modelo de identificação. Esperou-me calçando um mocassino, algo raríssimo, segundo a mãe, pois seu habitual era estar sempre de chinelos. Entretanto o que ocorrera de mais interessante, é que inúmeras vezes, enquanto eu engolia os alimentos e observava o ambiente, eu notava que alguma lágrima corria pelo rosto. Penso que as lágrimas eram frutos de uma dor provocada pela maior consciência do tempo e de si mesmo, mas será que o at ou qualquer que seja o terapeuta, participa da relação apenas como uma figura na história do sujeito acompanhado? Quem sabe em nossos próximos passos podemos trazer alguma luz a nossa reflexão.

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