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TEORIA HUMANISTA-EXISTENCIAL

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Departamento de Psicologia - Curso de Psicologia da Unidade Coração Eucarístico
Estudo de caso: poema “Retrato”
Bruna Luísa Vieira Dutra
Daniel Augusto Maldonado
Dayane Marques
Mônica Fortes
Sarah Rocha Machado
Belo Horizonte – Minas Gerais
2016�
	A abordagem humanista existencial tem por objetivo facilitar ao cliente um autoconhecimento e uma autonomia psicológica suficiente para que ele possa assumir livremente sua existência, que tem uma tendência para a atualização e crescimento pessoal. Isso ocorre através de uma relação empática e transformadora entre terapeuta e paciente. De acordo com essa abordagem o homem deverá estar no centro das discussões, a abordagem Humanista Existencial possui como objeto de estudo a existência humana ou o Dasein, partindo dos questionamentos essenciais da humanidade, tais como: quem somos, de onde viemos e para onde vamos. O homem não deve ser analisado apenas pelos seus sintomas manifestados, mas compreendido e valorizado como um todo complexo, considerando seus aspectos positivos e saudáveis. 
	O terapeuta existencial não considera o paciente como um conjunto de pulsões, fantasmas e mecanismos de defesa, mas como uma pessoa que procura um significado para a sua existência. É a pessoa que dá sentido aos mecanismos e não o contrário. O psicoterapeuta, então, pode ajudar o cliente, sendo um facilitador de seu processo, ajudando-o a descobrir o rumo de sua existência, que pode se concretizar por meio de uma “experiência” de descobrir o verdadeiro sentido da vida e da tentativa de ser coerente consigo mesmo, buscando um acordo interno. 
	Rogers (1987) entende a relação terapeuta-cliente como uma relação de ajuda, na qual pelo menos uma das partes procura promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma maior capacidade de enfrentar a vida. Para ele, é fundamental que o outro seja respeitado na sua integridade, independente de qualquer mérito, competência ou diagnóstico. Trata-se antes de tudo, de uma consideração pelo outro. A forma como terapeuta-cliente se relacionam no processo do tratamento terá efeitos no seu resultado. Portanto, pode-se dizer que o encontro terapeuta-cliente é visto como uma arte a partir do momento em que eu desenvolvo habilidades de respeito e compreendo a subjetividade do meu cliente, e a arte é vista como um encontro quando eu posso estar realmente com essa pessoa considerando-o e valorizando o que ele me oferece.
	O poema Retrato de Cecília Meireles apresenta um sentimento de mudança que nos faz refletir acerca de dois momentos principais. O primeiro é trabalhado de forma implícita e lembrado pelo eu-lírico com um certo tom nostálgico, enquanto o segundo momento corresponde a uma fase em que existem conflitos que são agravados quando comparados com esse primeiro momento, anterior a escrita do poema, e na qual muitos atributos físicos e psicológicos parecem perdidos. Tal sentimento é expresso nos fragmentos em que a autora coloca “Eu não tinha esse rosto de hoje, assim tão calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios” e que encontra-se embutido em um contexto inesperado de mudança, na qual a autora complementa “Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil”.
Na hipótese de um paciente que chegue com essa demanda de um “tempo perdido” e na consequente frustração que essa perda provoca no momento atual, faz-se necessário uma análise conjunta ao paciente, principalmente no que tange ao sentido da vida, bem com o os seus desdobramentos referentes a questão existencial humana. Nesse sentido, é importante destacar que a vida é um constante desenrolar de fatos e sentimentos que estão inevitavelmente se sobrepondo, sendo portanto, fruto da concretude da mudança, muita bem expressa no devir filosófico e na inexorabilidade dos acontecimentos.
	Ora mesmo que essa paciente seja um idoso que encontra-se preso a um passado, afirmando que as possibilidades ou justamente as não possibilidades em sua vida estão limitadas pela iminência da morte é importante trabalhar na capacidade de mudança vista pela óptica humanista, ressaltando o potencial de crescimento e auto-realização do sujeito. Obviamente que a postura do terapeuta deve estar sempre fundamentada no tripé conceitual da empatia, congruência e aceitação incondicional, analisando o indivíduo como um todo complexo.
	Fazendo um adendo a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) de Rogers, é interessante destacar o conceito de self, ou seja, o eu de agora que nada mais é que um autoconceito baseado em experiências passadas, estímulos presentes e perspectivas futuras do indivíduo e que se entendido a luz do poema de Cecília Meireles, nos faz indagar qual seria a noção de self de um eu-lírico, que com um certo pesar, rememora uma vida que não pode ser mais recuperada. Ainda nessa linha de raciocínio, vale lembrar o conceito de self ideal, isto é, um visão ideal de si mesmo e que justamente por manter um distância de diferença em relação ao self é motivo de insatisfação, além de constituir um obstáculo para o desenvolvimento pessoal. Nesse sentido, o self ideal no poema de Cecília Meireles parece convergir para um self que um dia existiu, mas que encontra-se aprisionado ao passado.
	O terapeuta deve ajudar a construir no cliente uma postura onde este possa reagir aos acontecimentos da sua vida, a partir da consciência de que é livre e responsável pelos seus atos, ao contrário de assumir uma postura lamuriosa diante dos seus problemas. A responsabilidade diante da vida possibilita o crescimento, através dela é possível controlar a própria vida, de acordo com as suas próprias decisões. Tornar-se responsável é tornar-se livre para escolher e desapegar de sentimentos negativos. A descoberta de um sentido é um fator importante que impulsiona a motivação humana. Viver o presente com responsabilidade é preparar-se, aproveitando o processo autenticamente. Além disso é importante resaltar que não existe um modelo de psicoterapia nesta abordagem, o terapeuta se apresenta como um facilitador na tomada de consciência do paciente. Porém perguntas de cunho investigativo podem ser feitas, para uma melhor compreensão da vida do cliente como por exemplo: “Que rosto ficou perdido no espelho?” “O que mudou em você?”. De forma que o paciente falasse do que o aflige ao mesmo tempo em que perceberia que o terapeuta o ouve com atenção, não se importando com o que ele sente e respeito da sua dor. As perguntas o conduziriam a enfrentar suas angustias na medida em que juntos alcançariam uma melhor compreensão de suas vivências e posteriormente uma construção de responsabilidade e sentido diante da vida.

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