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História do Direito
Aula
- Direito em Atenas (cont.)
Devemos lembrar que não podemos falar de direito grego, pois outras cidades adotavam outros sistemas de direito, sendo esse
restrito à atenas.
3.2) Influência da Religião
Os gregos vinculavam uma determinada etidade, uma deusa, para questões da vida, logo o direito também é representado por uma
deusa. A deusa grega da justiça é dita ser Thêmis, mas isso não é verdade. A deusa Thêmis, quando muito, pode ser identifica
da como a deusa da verdade, por mais que exista uma ligação forte entre verdade e justiça, não são as mesmas coisas. É muito
comum que leiam-se relatos de pessoas julgando em nome de Themis, mas a deusa representante da justiça é Diké, filha de Zeus
e Thêmis.
Todas as palavras ligadas ao direito trazem a ideia da Diké no radical das palavras. Outro assunto importante se tratando des
sa deusa é sua representação. Os gregos eram antropomórficos e as características de representação são importantes. A deusa
Diké era representada com uma espada na mão direita uma balança na mão esquerda e os olhos abertos. Isso mostra o que era,
para os gregos, a concepção da justiça, com o uso da espada como representação do uso da força.
Mas assim como toda mitologia grega, haverá uma apropriação dessa mitologia para os romanos, que modificarão os símbolos quan
do for pertinente. A deusa Diké, é grega, mas haverá uma substituição na cultura romana, com a deusa Iustitia, representada
pelos romanos com os olhos vendados e as duas mãos segurando a balança. A simples comparação simbólica das duas deusas mostra
como era diferente a concepção de justiça para os gregos e romanos.
Para os romanos a ideia era dar a cada um o que é seu, sem olhar as diferenças. Os gregos tem concepção diferente, pois dese
jam observar as diferenças para, quando necessário, aplicar a justiça para essa diferença. Essa distinção é relacionada a mo
derna igualdade formal e igualdade material. A igualdade formal é aquela que é regra na nossa sociedade, está na nossa consti
tuição, todos são iguais perante a lei. Ser justo é ser igual, ser justo é tratar todos fundamentado em uma igualdade formal.
Se uma empresa paga um salário para homens e outro menor para mulheres, está violando essa igualdade formal. Ela, evidentemen
te, se assemelha ao conceito romano de justiça.
Porém, a nossa própria constituição determina que há casos que devemos levar em consideração não a igualdade formal, mas sim
a material, que diz respeito a tratar os desiguais de maneira desigual, senão a verdadeira igualdade não será alcançada. Ela
é excessão à regra e deve ser prevista em alguma norma. Temos muitos exemplos disso, por exemplo, o imposto de renda, a per
centagem da contribuição é diferente para os que ganham diferente.
A dialética entre o uso de uma ou outra concepção de igualdade é bem enxergada na discussão sobre as cotas, já que quem defen
de as cotas está pautado na igualdade material e quem as condena está pautado na igualdade formal.
A igualdade material tem conceitos parecidos com o conceito grego de justiça.
Durante o período arcáico, no momento em que a população tinha um vínculo maior com a religião e a divindade, a ideia da de
usa Diké como a justiça era fundamental. A medida em que o tempo passou, durante o período democrático, a religião e a deusa
Diké passam a ser a inspiração da justiça, uma questão mais cultural e simbólica do que a mitológica em si.
3.3) Filosofia e Direito
Outro elemento que abordaremos, é mencionar os três grandes filósofos, Sócrates, Platão e Aristóteles. Esses três falaram so
bre diversos assuntos, pois o saber não era compartimentalizado ainda, indo de justiça a física. Logo, eles também falaram
sobre o direito, e a contribuição principal de cada um deles é, em relação a Sócrates, a ideia de que a lei deve ser obedeci
da sempre e ele mostrou isso com a prórpria vida.
É de conhecimento comum que Sócrates é condenado a morte por dois crimes que supostamente não cometeu e na véspera de sua mor
te, fica um período preso aguardando a data de sua execução e seus discípulos conseguem invadir a prisão e tentam resgatá-lo,
porém, ele não aceita o resgate pois deveria aceitar a sentença por conta da força da lei de sempre ter que ser obedecida.
Platão ficará com muita irritação com a morte de Sócrates em relação a democracia ateniense, pois para ele, a condenação de
Sócrates tem como causa a democracia. Para Platão, a democracia é o sistema que privilegia a quantidade das pessoas em detri
mento à qualidade de alguns. Para ele, tem peso a oratória, a argumentação, e criará todo um sistema filosófico baseado na
ideia de que a verdade é um privilégio para poucos e esses poucos devem estar no domínio do Direito.
De um modo geral, todos os grandes intelectuais gregos eram contrários à democracia, apenas os sofistas sendo favoráveis a
ela. Mas na opinião do professor, aquele que mais contribuiu para o estudo jurídico foi Aristóteles.
Aristóteles tem dois livros obrigatórios, A Política; e Ética a Nicômaco, onde estuda profundamente a justiça no livro V, a
justiça distributiva, que nos interessa.
3.4) Do Direito costumeiro ao Direito escrito
Quando estudamos os grupos sociais, vimos que tinhamos em atenas o período arcáico e o democrático. O período arcaico tinha
como principal característica o fato que o direito era costumeiro, baseado nos costumes. A escrita vai surgir aproximadamente
no séc. VIII A.C. e começa a existir uma pressão social para que o direito que antes era oral, a ser reduzido a estrito.
Exitia um grupo, os Eupátridas, que eram a elite, possuiam o monopólio da justiça e da política. O desenvolvimento social vai
fazer com que surjam a justiça, as cidades, o comércio se torne mais evidente e algumas classes começassem a ficar mais ricas
, porém, sem o monopólio do poder. Logo, começa a haver um processo de transformação daquele direito costumeiro em um direito
escrito, e é dada uma grande importância para o chamado Legislador.
Cada cidade terá o seu legislador ou legisladores, pessoas escolhidas para fazer leis. Em Atenas, o primeiro legislador será
Drácon, no ano de 621 A.C.. Drácon, que era eupátrida, recebe a missão de tentar acalmar os ânimos reduzindo alguns costumes
em uma espécie de corpo de leis, códigos, como vimos acontecer em algumas outras sociedades.
Essa é a importância de Drácon, elaborando um "código" simples de leis, principalmente na esfera penal, quase não abordando
outros assuntos, e a grande característica dessa legislação é seu extremo vigor, entrando para a história como uma das mais
cruéis a ser feitas, pretendendo também diminuir os casos de vingança privada.
Mesmo para os padrões atenienses foi considerada rigorosa e causará muitos protestos, levando à escolha de um novo legislador
que tentou refazer o código com algumas mudanças, na figura de Sólon. Ele irá amenizar o rigor do código de Drácon, vai aca
bar com a escravidão por dívida, entre outras. Mas sua principal contribuição foi a reforma política e social que ele vai im
plementar.
Diferentemente de Drácon, que não quis acabar com os privilégios dos Eupátridas, Sólon cria uma divisão social que era funda
mentada não mais em sua origem familiar, origem do período arcáico, mas determinando quatro grupos sociais fundamentados na
riqueza, do mais rico ao mais pobre. Os Eupátridas estavam no grupo dos mais ricos, mas não apenas eles, pois muitos outros
tinham feito sucesso no comércio, ganhando riquezas. Porém, ele ainda não inclui o pobre como podendo participar da política,
sendo privilégios dos dois primeiros grupos. Por isso, Sólon não pode ser considerado o pai da democracia, pois não deu opor
tunidades a todos de participar da política.
Ele criará alguns órgãos públicos com a participação dos mais pobres, mas nenhum com atribuições jurídicas ou administrativas
.
Passados 100 anos mais ou menos, no ano de 508 A.C., ainda continua uma certa pressão social.
Com isso, um terceiro legisla
dor surge, Clístenes, quem cria o conceito democrático, pegando os quatro grupos sociais criados por Sólons e desconstrói a
divisão social, sendo criada divisão apenas em seu domicilio, dividindo as cidades em 10 tribos, ou regiões, e cada região
seria formada por todas as classes, dependendo apenas de onde vivem. Todos aqueles homens livres nascidos em Atenas passam a
ser cidadãos e todo cidadão estava apto a participar da vida política e jurídica.
A democracia ateniense, oficialmente, vai de 508 até 322 A.c.. Durante esse período, haverá dois momentos em que ela será der
rubada e só será realmente interrompida com a chegada dos Macedônios no poder. Esse período é um que a cidade de Atenas será
envolvida em várias guerras e a peste, mas de um modo geral, a cidade tinha cerca de 50.000 cidadãos, contando apenas os ho
mens e cerca de 100.000 escravos.

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