Buscar

Direito Civil NEGÓCIOS JURÍDICOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LIVRO III – DOS FATOS JURIDICOS
TÍTULO I – DOS FATOS JURÍDICOS
CAPÍTULO I - DOS FATOS JURIDICOS
Introdução
	Fatos jurídicos na definição de Savigny são os acontecimentos em virtude dos quais as relações de direito nascem e se extinguem.
	Assim, a expressão fatos jurídicos, em seu sentido amplo, engloba todos aqueles eventos, provindos da atividade humana ou decorrentes de fatos naturais, capazes de ter influência na orbita do Direito, por criarem, transferirem, modificarem ou extinguirem relações jurídicas.
CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURIDICOS
	Poder-se-ia de início, distinguir, entre tais acontecimentos, os que decorrem da natureza dos que defluem da atividade humana.
	Aqueles atos da natureza capazes de gerar relações jurídicas, são chamados fatos jurídicos em sentido estrito e são espécies do gênero fato jurídico.
	Dentre os atos provindos da atividade humana, com repercussão no âmbito jurídico, é possível, por sua vez, distinguir duas espécies.
	De uma parte os atos lícitos, voluntários a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. A liceidade do procedimento vai permitir o alcance dos efeitos almejados pelo agente. A essa espécie de fato jurídico dá se o nome de ato jurídico.
	De outra parte, há os atos humanos a que falta esse característico de liceidade. O agente agiu dolosa ou culposamente e, assim, procedendo, causou dano a outrem. Tal ato produz efeitos na orbita de direito, mas, em vez de serem almejados pelo agente, são consequências não queridas as que decorrem. A atividade ilícita provoca uma consequência jurídica, apenas esta é outra que não a almejada pelo autor do ato. A essa espécie dá se o nome de ato ilícito.
	Dessa forma têm-se:
FATOS JURIDICOS EM SENTIDO AMPLO
FATOS DA NATUREZA (nascimento, morte, abandono de álveo, avulsão, etc);
ATOS HUMANOS
LICITOS: atos jurídicos e;
ILÍCITOS: atos ilícitos.
Muitos autores modernos se rebelam contra essa classificação, acusando-a de irreal e incompleta. Irreal, porque da expressão atos jurídicos não se pode excluir o ato ilícito, que sendo ato humano, gera relações na órbita do direito; e incompleta, porque a referida classificação ignora aqueles atos que não contêm um intuito negocial, mas que sendo lícitos geram efeitos jurídicos, a despeito de não os pretender o agente, são os que alguns escritores denominam de atos meramente lícitos.
Nos atos meramente lícitos o agente alcance um efeito jurídico, via de regra vantajoso, mas que não tinha como escopo atingir.
Aos atos onde há o intuito negocial dá-se o nome de negócio jurídico; e aos atos em que tal intuito inexiste são chamados de negócios meramente lícitos.
Assim se classifica os fatos jurídicos:
FATOS JURIDICOS
FATOS NATURAIS (externos ao homem; fatos jurídicos em sentido estrito) e;
ATOS HUMANOS (ATOS JURÍDICOS)
ATOS LICITOS e;
ATOS MERAMENTE LICITOS e;
NEGÓCIO JURÍDICO
ATOS ILICÍTOS
DA AQUISIÇÃO; DA DEFESA E DO PERECIMENTO DOS DIREITOS
	A aquisição dos direitos se dá por ato próprio ou por intermédio de outrem.
	O Direito se distingue entre Direitos atuais e Direitos futuros. Atuais são os Direitos completamente adquiridos; futuros são aqueles cuja aquisição não se acabou de operar,
	Dentre os direitos futuros há a distinção entre os já deferidos e os não deferidos.
	Deferidos são os que só não se incorporaram ao patrimônio do adquirente porque este ainda não o quis, mas que poderão, a qualquer tempo, incorporar-se, pois tal fato não depende de outra coisa senão de seu arbítrio.
	Não deferidos são os direitos futuros que se subordinam a fatos ou condições falíveis, ou seja, aqueles direitos que não se incorporaram, e talvez não se incorporem, ao patrimônio do titular por razões alheias à sua vontade.
	Há ainda a expectativa de direito, o direito eventual e o direito condicional. Diz-se expectativa de direito como a mera esperança de vir adquirir um direito, trata-se da mera potencialidade de aquisição; na expectativa de direito, embora a pessoa reúna os requisitos de capacidade e legitimidade, o direito só surge e se adquire ao se verificar o fato ou ato capaz de produzi-lo ou de lhe conferir aperfeiçoamento e vida.
	O direito eventual é um direito concebido, mas ainda não nascido, falta-lhe um elemento básico. É mais do que uma expectativa de fato, porque algumas das circunstâncias de que depende seu aperfeiçoamento já se produziram.
	Direito condicional é aquele que só se aperfeiçoa, ou se aniquila, pelo advento de um evento futuro e incerto, de forma que o titular de um direito condicional, só o adquire em definitivo se sobrevier a condição suspensiva.
	Os modos de aquisição dos direitos distinguem-se em originário e derivados; onerosos e gratuitos; a título universal e a título singular.
	O direito é adquirido pelo modo originário quando inexiste entre o adquirente e seu antecessor qualquer vínculo jurídico. Quem ocupa res nullius ou res derelicta, adquirindo-lhe o domínio, não está de qualquer maneira vinculado ao proprietário anterior. O direito é adquirido pelo modo derivado quando existe uma relação jurídica entre o titular anterior e atual, como na aquisição por tradição.
	O principal interesse dessa distinção é a incidência da regra de que ninguém pode dar mais direitos a outrem do que ele mesmo possui.
	É gratuito o modo de adquirir, quando o patrimônio do adquirente, sem contraprestação, aumenta. É oneroso em caso contrário.
	A aquisição se processa a título singular quando tem por objeto coisa determinada ou mais de uma coisa determinada. Ela se efetua a título universal quando tem por objeto uma universalidade ou parte alíquota da universalidade.
	A defesa dos direitos se dá por meio de ação do titular do direito, que feita a reclamação contra o Estado sobre uma prestação jurisdicional, no sentido de assegurá-lo.
	No entanto, só tem direito de pleiteá-la quem demonstre interesse legitimo. O Poder Judiciário apenas se manifesta na solução de casos específicos, não lhe cabendo pronunciar sobre questões teóricas. De modo que só quem demonstra interesse numa relação jurídica pode ser admitido a debatê-la.
	Os direitos podem se extinguir apenas em relação a seu titular. E isso ocorre quando se transmite a outra pessoa.
	O direito se extingue quando, de acordo com o Código Civil de 1916:
Quando perde as qualidades essenciais, ou o valor econômico;
Quando se confunde com outro, de modo que não possa distinguir.
Quando fica em lugar de onde não pode ser retirado.
CAPÍTULOII - DA REPRESENTAÇÃO
PODERES DERIVADOS DE REPRESENTAÇÃO
	Os poderes derivados de representação conferem-se por lei ou pelo interessado, diz o art. 115 do atual Código Civil; o que significa o acolhimento da clássica distinção entre a representação legal e a convencional. Enquanto a primeira decorre da norma, a segunda decorre de contrato de mandato.
REGRAS BÁSICAS SOBRE A REPRESENTAÇÃO
	Conforme o art. 116 determina que a manifestação de vontade pelo representante, vincula o representado, no limite de seus poderes.
	Outra regra fundamental é a que veda o contrato consigo mesmo, encontrada no art. 117. Tal dispositivo afirma que o negócio jurídico, salvo se a lei ou representado permitir, que o representante, no seu interesse ou de terceiros, celebrado consigo mesmo, é anulável.
ATOS PRATICADOS CONTRA O INTERESSE DO REPRESENTADO
	Aqui se trata de atos praticados pelo representante, em nome do representado, objetivamente legais, mas que prejudicam este último.
	Estamos, na hipótese, na presença de dois interesses possivelmente antagônicos, de um lado o interesse do representado, que se almeja proteger, pois a ideia é a de que o representante deve atuar na defesa do interesse do representado; e do outro o interesse de terceiro de boa-fé, que contratou com o representante, na persuasão de que este atuava de acordo com as suas instruções.
	Mas, se a pessoa que contratou com o representante sabia, ou podia saber, que este atua em conflito com os interesses do representado, então não existe a figura de terceiro de boa-fé e, por isso, há razão parapermitir a anulação do ato malsinado.
CAPÍTULOIII – DO NEGOCIO JURIDICO
DEFINIÇÃO
	Segundo o Código Civil de 1916, ato jurídico é definido como o ato lícito que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.
	O ato jurídico é fundamentalmente um ato de vontade, visando um fim.
	O negócio jurídico representa uma prerrogativa que o ordenamento jurídico confere ao indivíduo capaz de, por sua vontade, criar relações a que o direito empresta validade, uma vez que conferem-se com a ordem social. A vontade procura um fim que não destoa da lei e que, por esse motivo, obtém dela eficácia necessária.
	O fim da declaração é produzir efeitos jurídicos imediatos, e, dada a liceidade do propósito, tais efeitos são efetivamente gerados. A esse princípio chama-se autonomia da vontade. Representa a medida na qual o direito positivo reconhece aos indivíduos a possibilidade de praticar atos jurídicos, produzindo seus efeitos.
 	Uma vez estabelecida uma relação jurídica, por convenção entre os particulares, legalmente constituída, a lei lhe empresta sua força coercitiva e ela se torna obrigatória. É o princípio de eu pacta sunta servanta, o qual continua a reger as relações privadas, pois, efetivamente e como ponto de partida, as convenções entre particulares são válidas e geram efeitos, sempre que não colidirem com a lei de ordem pública.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS E PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
	O Código Civil de 2002, em seu art. 104, menciona os pressupostos de validade do negócio jurídico, determinando serem:
Capacidade do agente;
Objeto lícito e;
Forma prescrita em lei.
A doutrina distingue entretanto os elementos essenciais do negócio jurídico, dos pressupostos de validade.
Em primeiro lugar tem-se a vontade humana que, por ser um elemento de caráter subjetivo, se revel através da declaração, que, desse modo, constitui, por sua vez, elemento essencial.
O segundo elemento essencial tem que ver com a idoneidade do objeto, em relação ao negócio eu se tem em vista. Assim, só será idônea para o negócio de hipoteca o bem imóvel, o navio ou o avião. Os demais bens são inidôneos para serem objeto de uma hipoteca.
Finalmente, o último elemento essencial é a forma, quando da substancia do ato, pois sem ela o ato nem sequer existe.
Os requisitos de validade do ato jurídico, conforme o art. 104, são:
Capacidade das partes: como o ato jurídico é um ato de vontade, e como o querer dos incapazes apresenta deficiências, a lei não permite que, sem quaisquer restrições, atuem na órbita do direito. No caso dos absolutamente incapazes, é desprezado sua vontade e exige-se que sejam representados nos atos jurídicos que participem. Com relação aos relativamente incapazes, é exigido que só se manifestem assistidos por seus representantes. 
Liceidade do objeto: trata-se de vedar aqueles atos cujo escopo atente contra a lei, contra a moral ou contra os bons costumes. O ordenamento só da eficácia à vontade humana, como criadora de relações jurídicas, se e enquanto ela procurar alcançar escopos que não colidam com o interesse da sociedade. Assim o objeto do negócio jurídico deverá ser licito, não contrariando a ordem pública, a moral ou os bons costumes. Se for objeto ilícito, tal negócio será nulo. Além da liceidade do objeto, ele deve ser, também, possível física ou juridicamente. O negócio jurídico deverá ter objeto determinado, ou pelo menos, suscetível de determinação. Na ausência de qualquer um destes requisitos o negócio será nulo.
A forma: é requisito de validade dos atos jurídicos obedecerem a forma prescrita, ou não adotarem a forma defesa em lei. A liberdade da forma constitui regra geral, pois ela será livre, a menos que a lei determine o contrário. De resto, o art. 107. declara:
“Art. 107: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir”
	Desse modo, os atos que dependem de forma prescrita em lei são atos formais ou solenes; enquanto aqueles que não dependem, nem precisam se revestir de qualquer forma determinada para se aperfeiçoar são denominados de atos não formais, ou não solenes.
DA RESERVA MENTAL
Ocorre a reserva mental quando um dos declarantes oculta sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Conforme o art. 110, tal manifestação de vontade ainda existirá, mesmo que o autor haja feito reserva mental de não querer o que manifestou.
	Se o declaratório ou o contratado conhece a reserva o ato configurará como ausência de vontade.
O ART. 112 DO CÓDIGO CIVIL
	O art. 112 dispondo que nas declarações de vontade, se atenderá mais à sua intenção que ao sentido literal da linguagem, contém mais um princípio de interpretação dos negócios jurídicos, do que uma regra de direito. Havendo dúvida, deve o juiz perscrutar a vontade das partes, ou seja, o que os contratantes efetivamente, queriam, pois, sendo um ato jurídico, um ato de vontade, é o conteúdo volitivo que deve ser procurado.
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Negócios unilaterais e bilaterais: Unilaterais são aqueles atos em que basta a vontade de uma das partes seja declarada para que o negócio se aperfeiçoe. Bilaterais são aqueles em que requer a manifestação de ambas as partes é relevante para que o negócio se complete.
Negócios onerosos e gratuitos: negócios onerosos são aqueles em que à vantagem obtida corresponde um sacrifício. Existe uma reciprocidade de prestações entre as partes, como na compra e na venda. Negócios gratuitos são os que envolvem sacrifício apenas de uma das partes pois a outra se beneficia apenas desta.
Negócios causa mortis e inter vivos: Causa mortis são os atos que devem produzir efeitos após a morte de seu agente, como no testamento. Inter vivos são os negócios cujos efeitos se devem produzir durante a vida dos interessados, como o mandato, o depósito, o reconhecimento de filhos, etc.
Negócios solenes e não solenes: Negócios solenes ou formais são os negócios que demandam, para se aperfeiçoar, além de outros requisitos, a obediência a uma forma prescrita em lei. Não solenes ou não formais são os negócios que não dependem de forma determinada, podendo as partes recorrer a qualquer delas.
CAPÍTULO IV - DA CONDIÇÃO DO TERMO E DO ENCARGO
INTRODUÇÃO
	Elementos acidentais do negócio jurídico são os que podem ou não figurar no negócio, sem que sua presença se faça indispensável para que o ato se configure, como por exemplo a condição, o modo ou o termo.
	Para que um elemento acidental se caracterize é mister que se possa conceber a eficácia do ato jurídico independente dele. Assim a condição, o termo e o encargo provêm do ajuste entre as partes, mas sua presença não é indispensável para a existência do negócio. Modificam lhe as consequências, modelam diferentemente a avença, mas a inexistência de uma clausula que os consigne não impossibilita que se conceba.
CONDIÇÃO: CONCEITO
	Segundo o art. 121 “considera-se condição a clausula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”.
	Assim a condição não afeta a existência do negócio, mas apenas a sua eficácia. O contrato existe desde logo, porque houve a manifestação válida da vontade de ambas as partes; apenas sua eficácia fica dependendo do advento da condição.
	A condição afeta a eficácia do negócio sob dois aspectos: quer impedindo que a avença se aperfeiçoe até o advento da condição, e então se diz ela suspensiva; quer tornando sem efeito o ajuste, em virtude de seu advento, e então tem o nome de resolutiva.
	A condição é uma declaração acessória da vontade, oposta à outra que é principal. Daí decorre que ela segue a sina do contrato, sendo nula se ele o for.
	Ademais não é condição a consequência que deriva necessariamente do ato.
	Necessário se faz que tal evento seja futuro e seja incerto. Se se tratar de um evento passado, ao qual se subordinou a eficácia do ato, o negócio será puro e simples e não condicional. Se se tratar de evento certo,não existe condição, mas termo. Neste caso, o direito conferido. Em vez de ser condicional, é um direito já deferido.
NEGÓCIOS QUE NÃO ADMITEM CONDIÇÃO
	Há negócios, entretanto, que por sua natureza repetem a ideia de condição. São atos geralmente ligados ao Direito de família ou sucessório e que devem desde logo, constituir-se de maneira definitiva, criando uma situação permanente. Seria inconveniente permitir que a presença de uma condição, que representa um elemento de incerteza, pendesse sobre tais atos, ameaçando sua eficácia.
ESPÉCIES DE CONDIÇÃO
	Pode-se dividir em condições licitas e ilícitas, conforme sejam permitidas ou expressamente defesas pela lei. Tomando dentre as ilícitas as potestativas, estar-se-á encarando a condição sob o ângulo sob onde ela promana; sob esses aspectos as condições subdividem-se em casuais, potestativas e mistas
	A ideia de condição impossível opõe-se à de condição possível. Quanto à aquela a lei ainda distingue a condição fisicamente impossível da juridicamente impossível, estabelecendo-se que a primeira se considera não escrita e que a última invalida os atos a ela juridicamente subordinados (CC, art. 123).
	Tendo em consideração a influência que a condição exerce sobre a sorte do direito a que afeta, podem-se classificar as condições em suspensivas e resolutivas.
CONDIÇÃO CASUAL, POTESTATIVA E MISTA: Condição casual é aquele que depende de um acontecimento alheio à vontade das partes, estando submetido ao caso fortuito ou força maior. Diz-se protestativa a condição quando a realização de fato de que depende a relação jurídica, se subordina à vontade de uma das partes que pode provocar ou impedir sua ocorrência. Nem todas as condições potestativas são ilícitas; só o são as puramente potestativas, isto é, aquelas em que a eficácia do negócio jurídico fica ao arbítrio de uma das partes sem a interferência de qualquer fator externo; é a clausula si voluero, ou seja, se me aprouver. As condições simplesmente postestativas diferem das acima mencionadas porque, embora sujeitas a manifestação de vontade de uma das partes, dependem, por igual, de algum acontecimento que escapa à sua alçada. As condições mistas são aquelas que dependem de uma das partes e igualmente da vontade de um terceiro determinado.
CONDIÇÃO IMPOSSÍVEL: condição impossível é aquela que subordina a eficácia do negócio a um acontecimento cuja realização é física ou juridicamente inalcançável. A impossibilidade física contém sempre uma disposição que contradiz a natureza das coisas. A impossibilidade física só se caracteriza quando se invoca uma condição impossível a todas as pessoas; uma condição não se torna impossível pelo fato de ser inatingível para um determinado devedor. A condição juridicamente impossível é aquela que colide com um obstáculo legal e permanente, ou que fere a moral e os bons costumes. O legislador brasileiro atribui efeitos diversos a condição, conforme seja ela física ou juridicamente impossível. A condição de não fazer coisa fisicamente impossível tem-se por inexistente (CC, art. 124); a juridicamente impossível invalida o ato a ela subordinado (CC, art. 123). Por conseguinte, se a impossibilidade é física o ato prevalece, considerando-se a condição como não escrita; se juridicamente impossível a condição, tanto esta como o contrato em seu todo são nulos. Se as partes condicionarem a eficácia do negócio jurídico a uma circunstância a que colide com a lei, com a ordem pública, com a moral ou com os bons costumes; tal estipulação contamina todo o contrato, que, por essa razão, não pode subsistir.
Condição suspensiva: o art. 125 dá a noção de condição suspensiva. Diz que subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva, enquanto esta não se verificar, não se terá adquirido o direito a que ele visa. De modo que, nos contratos subordinados a essa espécie de clausula, a aquisição do direito fica submetida à ocorrência de um fato futuro e incerto. Se este advir, adquire-se o direito; caso contrário, não. Enquanto a condição não ocorre, o titular do direito eventual tem apenas uma expectativa de direito, e esse direito eventual tem previsão na lei de ser protegido por meio de atos conservatórios (CC art. 130). Paralelamente, surge sobre a coisa do objeto do contrato um ônus que, sem chegar a ser um vínculo real representa uma limitação ao direito do alienante, de certo modo importante. Com efeito, se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva e, pendente esta, fazer quanto àquelas novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem compatíveis (CC art.126)
Condição resolutiva: o negócio sujeito a condição resolutiva se aperfeiçoa desde logo, todavia fica sujeito a se desfazer, e de fato se desfaz, se ocorrer aquele evento futuro e incerto, referido na avença. Se ele não advier dentro de tal prazo, frustra-se a condição, e o contrato continua a viger em toda a sua plenitude; se pelo contrário, o fato temido produzir-se, o negócio perde sua eficácia, desamarrando-se o nó contratual. Tal condição está prevista no art. 127 do Código Civil.
A CONDIÇÃO MALICIOSAMENTE OBSTADA OU PROVOCADA PELO INTERESSADO
	A lei considera verificada a condição quando é maliciosamente obstada pela parte a quem prejudica; e a presume não ocorrida quando for maliciosamente provocada por aquele a quem o seu implemento aproveita (CC art. 129).
	Ela condena por igual o dolo daquele que impede a realização da condição e o daquele que lhe força o advento.
	A regra é informada pelo princípio da responsabilidade, pois convocando ou frustrando a condição, um dos contratantes causa prejuízo ao outro, e a melhor maneira de repará-lo é considerar a condição como não ocorrida ou não realizada.
O TERMO
	Termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia de um ato jurídico. Trata-se de uma modalidade de negócio jurídico cujo fim é suspender a execução ou o efeito de uma obrigação, até um momento determinado, ou até o advento de um acontecimento futuro e certo.
	No termo, todavia, como o direito a que ele se refere será inexoravelmente do credor, por isso que o termo, por definição mesmo, é certo, diz-se que tal direito, embora futuro, é deferido, porque o termo não impede a aquisição do direito, cuja eficácia ele apenas suspende.
	Termo inicial, dies a quo, é o que sempre suspende o exercício de um direito, ou ainda é momento em que a eficácia de um ato deve começar. Também chama-se termo suspensivo, porque prostra a exigibilidade de um direito.
	Termo final, dies ad quem, é o que dá termino a um direito criado pelo contrato e, até então, vigente. É o momento em que a eficácia do ato jurídico deve terminar. Também se denomina termo resolutivo ou extintivo.
	O art. 135 do Código Civil estabeleceu que ao termo inicial e final, aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
	Assim, ao titular do direito a termo se permite a pratica de atos conservatórios.
	O advento do termo inicial invalida os atos de disposição antes dele praticados, e o de termo final extingue o direito a que ele se opõe.
	Diz-se certo, quando termo se refere a uma data indeterminada, e incerto quando configura um fato inexorável, mas que não se pode precisar o momento exato de sua ocorrência.
O PRAZO E AS REGRAS A ELE RELATIVAS
	O art. 132 determina que se computem os prazos excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. Todavia, se este cair em sábado ou em feriado, considera-se prorrogado o prazo até o dia seguinte, sendo ele útil.
	Além de definir o que é meado, isto é, o décimo quinto dia de cada mês, o art. 132, §4º, determina que os prazos fixados por hora contam-se de minuto a minuto.
	Daí decorre que, se o devedor não pode ser obrigado a pagar antes do termo, tem o direito de fazê-lo, pois o prazo se abriu em seu favor.
	Ainda a respeito dos prazos, cuida a lei daqueles atos que os não mencionarem, serem exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
ENCARGOEncargo ou modo é uma limitação trazida a liberalidade, quer por destino ao seu objeto, quer por impor ao beneficiário uma contraprestação. É um ônus, que diminui a extensão da liberalidade.
	O encargo se distingue da condição, pois, enquanto esta atua sobre a eficácia do negócio, impedindo a aquisição do direito (suspensiva) ou aniquilando-o (resolutiva); o encargo não suspende tal aquisição, que se torna perfeita e acabada desde logo, a menos que o disponente imponha o contrário, caso em que o modo funcionará como condição suspensiva (CC art. 136)
	O inadimplemento do encargo pode conduzir ao desfazimento da liberalidade.
CAPÍTULOIV – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURIDICO
INTRDOUÇÃO 
	O Código Civil de 2002 trouxe consigo seis tipos de defeitos do negócio jurídico. São eles o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores.
	São defeitos de naturezas diversas. De um lado tem-se os vícios de consentimento, em que estão reunidos neles os defeitos de erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão; se caracterizam por incidir seu vício sobre a vontade, impedindo de se externar conforme o intimo desejo do agente. De outro lado há o vício social, representado pela fraude contra credores; se caracteriza por exteriorizar a vontade do agente exatamente como ela é, no entanto tal vontade tem por escopo prejudicar terceiros.
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO
	É sabido que o ato jurídico é o ato lícito da vontade humana, sendo assim é necessário que tal vontade se externe livre e consciente; se tal incorre, falta o elemento primordial do negócio jurídico, que, por conseguinte, é suscetível de ser tornado sem efeito. Se o consentimento vier inquinado de um vício que macula, a lei, no intuito de proteger quem manifestou, permiti-lhe promover a declaração de ineficácia do ato gerado por anuência defeituosa.
DISPARIDADE ENTRE VONTADE REAL E DECLARAÇÃO
	Na teoria geral da vontade, se no ato jurídico, o direito empresta consequências ao querer individual, é evidente que se ocorrer disparidade entre a vontade real e a declaração, é a primeira que deverá prevalecer.
	Aliás, essa concepção atende apenas ao interesse do autor da declaração, ignorando o da sociedade para a qual a declaração se dirige.
	Reagindo, contra esta teoria, a teoria da declaração, escolhe senda opostas. Desconsidera a vontade, para ater-se ao reflexo externado (representado na declaração), almejando, desse modo, assegurar estabilidade do emissor da declaração, e protege o da pessoa a quem a declaração se dirige.
	A teoria da responsabilidade reconhece que, mesmo desacompanhada da vontade, pode a declaração ter efeito obrigatório quando a disparidade entre ela e a vontade real decorrer de culpa ou doo do declarante. Em tal caso, o declarante vincula-se, a despeito de não querer, por isso que é responsável pelo desacordo entre o que disse e o que quis. Não se pode aproveitar de sua própria torpeza (se houver dolo), ou de sua incúria (se houver culpa), para promover a ineficácia do ato, com o prejuízo para terceiros de boa-fé, que confiaram na verdade da declaração emitida. Porém, a parte a quem se destina a declaração continua desamparada e corre o risco de desfazer o negócio jurídico, em que legitimamente, confiou, apenas porque o emissor da declaração incidiu em erro, ainda que de boa-fé.
	Na teoria da confiança se a declaração difere da vontade, é a declaração que deve prevalecer, pois a pessoa a quem é dirigida de certo, não tinha elementos para verificar tal disparidade. Se entretanto, esse contratante conhecia a divergência entre o querido e o declarado, ou se podia descobri-la atuando com mediana diligência, então não sofre prejuízo com o prevalecimento da vontade real sobre a declarada, nem merece que se lhe conceda proteção, pois entrou conscientemente no negócio, conhecendo os riscos que ameaçavam a sua anulação.
O ERRO. PRESSUPOSTOS PARA QUE TORNE ANULÁVEL O ATO JURÍDICO
	Erro é a ideia falsa da realidade, capaz de conduzir o declarante a manifestar sua vontade de maneira diversa da que manifestaria se por ventura melhor a conhecesse. 
	Se o ato jurídico é ato de vontade, e se a vontade se apresenta viciada por erro, permite a lei que, dados certos pressupostos, se invalide o negócio. É necessário – e estes são os pressupostos requeridos pela lei – que o erro seja substancial, que seja escusável e que seja conhecido ou suscetível de ser conhecido pelo outro contratante.
	Se o erro for acidental, isto é, se for um erro de menor importância, não há margem para ação anulatória.
ERRO SUBSTANCIAL
	Diz a lei serem anuláveis os atos jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial. Conforme define a doutrina, erro substancial é aquele de tal importância que, se fosse conhecido a verdade, o consentimento não se externaria.
	Em seu art. 139, o Código Civil considera erro substancial quando o engano:
Interessa à natureza do negócio ao objeto principal da declaração, ou a algumas qualidades essenciais a ele;
Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
ERRO ESCUSÁVEL
	Erro escusável é aquele erro justificável, perdoável, tendo-se em conta as circunstâncias do caso.
	Não exige a lei, expressamente, o característico da escusabilidade erro para admiti-lo entre os defeitos do ato jurídico. De sorte que, se o interprete se ativer à mera exege literal, basta ser o engano substancia para tornar anulável o ato.
ERRO CONHECIDO OU RECONHECÍVEL PELO OUTRO CONTRATANTE
	O erro é reconhecível quando, em relação ao conteúdo, as circunstâncias do contrato, ou à qualidade dos contratantes, uma pessoa de diligência normal poderia percebê-lo.
	Com efeito o art. 138 do novo Código Civil declara que são anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
	Para que o erro possa ser proveitosamente alegado, mister se faz a demonstração de que a pessoa que contratou com a vítima do engano estava à corrente de tal circunstância, ou poderiam com diligência normal, ter-se posto à corrente do erro.
TRANSMISSÃO ERRÔNEA DA VONTADE POR TRANSMISSÃO OU NÚNCIO
	Considera-se, igualmente, erro da mesma qualidade que o resultante da declaração direta aquele advindo da transmissão defeituosa por instrumento ou núncio.
	A regra deflui da lei é a mesma já apontada. Se a vontade for mal transmitida pelo mensageiro, há que se apurar se houve culpa in elegendo ou mesmo in vigilando, do emitente da declaração. Se afirmativa a resposta, não pode tal erro infirmar o ato, por ser inescusável. Toda via, essa solução deve ser completada por outra ideia. Se a pessoa que recebe a mensagem errada tem elementos para aferir sua autenticidade e seu conteúdo, mas, por negligência ou dolo, não o faz, então não merece a proteção da lei. E, assim, o negócio deve ser desfeito, aplicando-se a regra de que o erro anula o ato jurídico.
O FALSO MOTIVO
	O falso motivo, conforme o art. 140 do Código Civil, só vicia o ato quando expressa como razão determinante, ou sob forma de condição.
	Se as partes decidem elevar esses motivos à categoria de condição de validade do ato jurídico, eles passam a ser elementos substanciais do negócio, e sua falta conduz ao perecimento da relação jurídica.
O DOLO, SUA DISTINÇÃO DO ERRO
	Dolo é artificio ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato, que o prejudica e aproveita o autor do dolo ou a terceiro.
	Enquanto o erro, o engano é espontâneo, no dolo é provocado. Ele advém do embuste do outro contratante, de sua malícia, de sua manha no sentido de ludibriar a vítima.
DOLO PRINCIPAL E DOLO ACIDENTAL
	O dolo principal (dolus dans causam contratui) constitui o vício de consentimento capaz de anular o ato jurídico; o acidental(dolo accidens) não passa de um ato ilícito, que gera, para seu agente, uma obrigação de reparar o prejuízo causado a vítima.
O “DOLUS BONUS” E O “DOLUS MALUS”
	Para que o dolo constitua causa de anulação do negócio jurídico há que ser grave, em outras palavras, a gravidade do dolo é a medida da sua intensidade.
	Para o direito há um dolo menos intenso, que é tolerado, a par de um mais grave, que é repelido.
	Esse dolo tolerado é o chamado de dolus bonus, em oposição ao dolo mais grave, que seria o dolus malus. Aquele não induz a nulidade, pois quem nele incorre o faz por sua própria culpa, ou por uma simpleza de espirito concebível.
O DOLO POR OMISSÃO
	O silêncio, via de regra, não gera qualquer efeito jurídico. Todavia, dele podem resultar obrigações ara o contratante silente, se existir o dever de enunciar uma circunstância. Trata-se do dolo negativo, da reticência maliciosa, que se configura pela violação de um dever de agir.
	A omissão dolosa de um dos contratantes, silenciando sobre circunstancia que, se conhecida da outra parte, a teria dissuadido do negócio, constitui procedimento doloso, capaz de conduzir a anulação do contrato. É a regra do art. 147 do Código Civil, que estabelece os seguintes pressupostos para caracterizar o dolo por omissão
Tratar-se de ato bilateral;
Haver intenção de induzir o outro contratante à pratica de um ato que o prejudica e beneficia o autor do dolo;
Ter o autor do dolo silenciado sobre circunstância relevante, quando lhe cumpria revela-la;
Ser a omissão causa do consentimento, configurando-se assim, o dolus causam dans;
Partir a omissão do outro contratante.
O DOLO DE AMBAS AS PARTES
	Para que o dolo permita a anulação do negócio jurídico, necessário se faz que não seja reciproco. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma o pode alegar, para anular o ato ou para reclamar indenização (art. 150).
A COAÇÃO: CONCEITO E DISCIPLINA JURÍDICA
	É a coação o terceiro dos vícios de consentimento. Já foi dito que o negócio jurídico tem por substrato a manifestação da vontade humana. Mas, para a que a vontade alcance os efeitos almejados, é mister que ela se externe livre e conscientemente. Se o querer não se manifestou livremente, o negócio pode ser desfeito, por viciá-lo a coação
	Coação é toda expressão sobre um indivíduo para determina-lo a concordar com um ato.
	É antiga a distinção entre a violência absoluta, vis absolutas, e a relativa, vis compulsivas. Aquela representa a violência física, e esta, a moral.
	Na primeira, isto é, na vis absolutas, o ato consegue pela força física.
	Na vis compulsivas, ao contrário, configura-se o vício de vontade. Seu mecanismo envolve uma escolha. A vítima tem como opção ou submeter-se ao ato exigido ou sofrer as consequências do ato ameaçado.
	Se se tratar de vis absoluta, o ato jurídico é nulo, por faltar um elemento substancial, isto é, o consentimento; se ao contrário, caracterizar-se a hipótese de vis compulsiva, o ato é anulável.
PRESSUPOSTOS PARA QUE SE CARACTERIZE O VÍCIO
	Diz o art. 151 do Código Civil que “a coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável a sua pessoa, à sua família ou aos seus bens”.
	Para que a figura da coação se completa, e seja capaz de invalidar o ato jurídico, é mister:
Que a ameaça seja causa do ato;
Que seja ela grave;
Que seja ela injusta;
Que seja ela atual ou iminente;
Que traga justo receio de um grave prejuízo e;
Que o prejuízo recaia sobre a pessoa ou os bens do paciente, ou de sua família.
A COAÇÃO DEVE SER CAUSA DO ATO
	Para possibilitar a anulação do negócio jurídico, a violência deve ser causa do consentimento.
	Se alguém dela for vítima, mas de sua anuência independente da ameaça, não se configura coação.
A AMEAÇA DEVE SER GRAVE
	Para que vicie a vontade do contratante, a coação deve ser grave. Haverá coação se a ameaça provocar o aparecimento de um temor que vicie sua vontade.
	Para que tal processo psicológico se desencadeie, é mister que a causa geradora, isto é, a ameaça, revista-se de gravidade suficiente para provocar temor adequado. Caso contrário, não haverá vício de vontade.
	Duas posições são possíveis para medir a gravidade da ameaça.
	O critério abstrato figura-se em um homem médio e normal, a fim de examinar se a ameaça em questão é suficiente para assustá-lo. Se a resposta for positiva, caracteriza-se coação; caso contrário, não.
	O critério concreto, em vez de verificar se o ato malsinado é, em tese, capaz de viciar a anuência de um homem normal, examina-se a vítima da ameaça, tendo em vista seu sexo, sua educação, seu temperamento assustadiço, ou não, para apurar se a violência contra ele perpetrada foi, ou não suficientemente intensa para alterar-lhe a espontaneidade de querer, induzindo-a a consentir, embora sem o desejar.
	O Código Civil atual, adotou o critério concreto.
O TEMOR REVERENCIAL
	Segundo o art. 153 do Código Civil, não se considera coação o simples temor reverencial. Por essa expressão entende-se o receio de desgostar o pai, a mão ou outras pessoas a quem se deve obediência e respeito.
	O temor reverencial pode constituir causa eficiente da declaração de vontade, mas por não ser grave o efeito da desobediência, não representa o vício do querer, não deferindo o contratante, desse modo, ação declaratória de ineficácia.
	Se a ele (o temor reverencial), entretanto, se ajuntam ameaças e violências, o temor reverencial deixa de ser simples e passa a integrar a figura do vício da vontade.
A AMEAÇA DEVE SER INJUSTA
	Para que se caracterize a coação mister se faz que o constrangimento a que é submetido o paciente seja injusto. A lei o diz ao proclamar que não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito.
	Assim, se uma das partes ameaça a outra de praticar um ato perfeitamente legal, para obter um fim a que tinha direito, e logra, por meio de tal expediente, colher-lhe a anuência, não se configura coação, pois faltou, para caracterizá-la, a ilicitude do consentimento.
	Configura-se, contudo, a coação, quando, embora a ameaça seja a da prática de um ato ilícito, o resultado que se quer extorquir é injusto.
	Tal entendimento decorre da própria lei, no art. 153 do Código Civil. A coação aparece não só quando sua atitude, ainda que jurídica, corresponde ao exercício anormal, ou irregular, ou abusivo de um direito.
A AMEAÇA DEVE SER UM MAL IMINENTE
	O art. 151 do Código Civil prescreve que a coação para viciar o consentimento, deve ser capaz de incutir no paciente o temor de um dano iminente. A expressão significa que o dano receado deve ser “atual e inevitável”, pois a ameaça de um mal impossível, remoto ou evitável, não constitui coação capaz de viciar um ato.
	A palavra iminente não significa que a ameaça deva realizar-se imediatamente. Basta que provoque, desde logo, no espírito da vítima, um temor de intensidade suficiente para conduzi-la a contratar.
	O ato ameaçado pode não ser atual, contanto que o temor por ele suscitado faça-se desde logo presente no ânimo do paciente. Não basta a mera suspeita da vítima de estar sujeita a uma violência se não assentir no ato imposto, é preciso que esteja ela persuadida de que corre perigo se não concordar com o negócio extorquido. Nesse caso, o temor é iminente, embora a violência física ainda não exista.
CONTEÚDO DA AMEAÇA: SOBRE QUEM DEVE RECAIR, E O PROBLEMA DA INTENSIDADE DAS SUAS CONSEQUENCIAS
	A coação vicia o ato jurídico se provocar no espírito do paciente temor de dano à sua pessoa, à pessoa de sua família, ou aos seus bens.
	A ameaça deve viciar a pessoa da vítima ou aos seus bens, bem como a pessoa de sua família ou aos bens desta.
	Igualmente verifica-se coação se a ameaça provoca adequado receio de dano patrimonial, como na hipótese de ameaça de incêndio ou de depredação, entre outras.
	Não é só a violência dirigida ao contratante que vicia o negócio jurídico. A lei considera a hipótese de a violência ser dirigida a pessoa, ou bens de pessoa da famíliado contratante.
	Além disso, a doutrina ampliou o sentido da lei para admitir que o vício da violência também se caracterize-se mesmo quando a ameaça vise a terceiros não parentes do contratante.
COAÇÃO PROVINDA DE TERCEIROS
	O art. 154 do Código Civil, determina que a coação vicia o ato, ainda que exercida por terceiro.
O ESTADO DE PERIGO
	Constitui estado de perigo, a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume uma obrigação desproporcional e excessiva.
	A anulabilidade do negócio jurídico celebrado em estado de perigo encontra justificativa em diversos dispositivos do Código Civil, principalmente naqueles que consagram os princípios de boa-fé e da probidade e condicionam o exercício de contratar à função social do contrato.
ELEMENTOS DO ESTADO DE PERIGO
	São elementos conceituais, elencados no art. 156, do estado de perigo:
Uma situação de necessidade;
Iminência de dano atual e grave – o perigo de dano deve ser atual e iminente, capaz de transmitir o receio de que, se não for interceptado e afastado, as consequências temidas, fatalmente advirão;
Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo grave de dano – a vontade deve se apresentar distorcida em consequência do perigo de dano;
Incidência da ameaça de dano sobre a pessoa do próprio declarante ou de sua família;
Conhecimento do perigo pela outra parte: no estado de perigo há, em regra, um aproveitamento da situação para a obtenção da vantagem. O estado psicológico da vítima, decorrente do temor de grave dano, pode ser a causa do aproveitamento da outra parte;
Assunção de obrigação excessivamente onerosa: é importante dizer que o estado de perigo se configura quando a obrigação assumida é excessivamente onerosa.
EFEITOS DO ESTADO DE PERIGO
	O art. 178, II, declara anulável o negócio jurídico celebrado em estado de perigo.
	Na maioria das vezes a má-fé se faz presente. Nestas hipóteses se aplicam os art’s. 156 e 178, II, do Código Civil, que sancionam a conduta reprovável pela anulação do negócio jurídico.
	Contudo, os casos em que o prestador esteja de boa-fé, por não pretender tirar proveito do perigo de dano, ou não tê-lo provocado, não se enquadram no tipo descrito no art. 156, que pressupõe o conhecimento do perigo no sentido de aproveitamento da situação de extrema necessidade do declarante.
	Quando o agente age com má-fé anula-se o negócio jurídico, porém quando age com boa-fé mantém-se o negócio jurídico com a redução do excesso contido na obrigação.
LESÃO
	Lesão é o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes. Não se contenta o art. 157, com qualquer desproporção, há de ser manifesta.
CARACTERÍSTICAS DA LESÃO
	A lesão destaca-se dos demais defeitos do negócio jurídico por acarretar uma ruptura do equilíbrio contratual na fase de formação do negócio jurídico, desde o seu nascimento.
	Faz-se na doutrina, atualmente, a seguinte distinção, denomina-se de lesão usurária ou real quando a lei exige, além da necessidade ou inexperiência do lesionado, o dolo do aproveitamento da outra parte; e de lesão ou lesão especial quando a lei limita-se à mesma exigência de obtenção de vantagem exagerada ou desproporcional, sem indagação, porém, da má-fé ou ilicitude do comportamento da parte beneficiada.
ELEMENTOS DA LESÃO
	A lesão compõe-se de dois elementos: o objetivo, consistente na manifesta desproporção entre as prestações recíprocas, gerados de lucro exagerado; e o subjetivo, caracterizado pela inexperiência ou premente necessidade do lesado.
	A desproporção das prestações estabelecidas no contrato pode ser determinada a partir de uma tarifa estabelecida na lei, como um parâmetro quantitativo para a caracterização da lesão, ou ser um conceito aberto, a ser definido, no caso concreto, pelo juiz.
	No tocante ao elemento subjetivo, a lesão decorre da falta de paridade entre as partes, determinada pela premente necessidade ou inexperiência do contratante.
	A necessidade do contratante, de fala a lei, está relacionada a necessidade contratual. Está relacionada a impossibilidade de evitar o contrato, o que independe da capacidade financeira do lesado.
	Do mesmo modo, a inexperiência deve ser relacionada ao contrato, consistindo na falta de conhecimentos técnicos ou habilidades relativas à natureza da transação.
EFEITOS DA LESÃO
	O Código Civil considera lesão um vício de consentimento, que torna anulável o contrato, faz porém uma ressalva: não se decretará a anulação se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
	O lesionado poderá optar pela anulação ou pela revisão do contrato, formulando pedido alternativo: a anulação do negócio ou a suplementação do preço.
	Somente se poderá invocar a lesão nos contratos aleatórios, excepcionalmente quando a vantagem que obtém uma das partes é excessiva, desproporcional em relação a álea do contrato.
FRAUDE CONTRA CREDORES
	A fraude contra credores não conduz a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração. A vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo. Mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros, ou seja, os credores. Por essa razão é considerada vício social.
	O patrimônio do devedor constitui a garantia geral dos credores, se ele o desfalca maliciosa e substancialmente, a ponto de não garantir mais o pagamento de todas as suas dívidas, tornando-se insolvente, com o seu passivo superando o seu ativo, configura-se fraude contra credores.
	Fraude contra credores é, portanto, todo ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia que este representa para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente, ou por ele reduzido à insolvência.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
	Dois elementos compõe a fraude: o objetivo (eventos damni), ou seja, a própria insolvência, que constitui ato prejudicial ao credor; e o subjetivo (consilium fraudis), que é a má-fé do devedor, a consciência de prejudicar terceiros.
	Embora a insolvência não seja notória, pode ter o adquirente motivos para conhece-la. Assim, os contratos se presumem fraudulentos: a) pela clandestinidade do bairro; b) pela continuação dos bens alienados na posse do devedor quando, segundo a natureza do ato deviam passar para terceiros; c) pela falta de causa; d) pelo parentesco ou afinidade entre o devedor e o terceiro; e) pelo preço vil; f) pela alienação de todos os bens.
ATOS DE TRANSMISSÃO GRATUITA DE BENS OU REMISSÃO DE DIVIDA
	O art. 158 do Código Civil, declara que poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos de seus direitos, os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão da dívida; quando os pratique o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore.
	O Código Civil menciona expressamente a remissão ou perdão de dívida como liberalidade que também reduz o patrimônio do devedor, também sujeito à anulabilidade. Os créditos, ou dívidas ativas que o devedor tem a receber de terceiros, constituem parte de seu patrimônio. Se ele os perdoa, esse patrimônio, que é garantia dos credores, se reduz proporcionalmente. Por essa razão, seus credores têm legitimo interesse em invalidade a liberalidade, para que os créditos perdoados se reincorporem no ativo do devedor.
ATOS DE TRANSMISSÃO ONEROSOS
	O art. 159 do Código Civil trata dos casos de anulabilidade do negócio jurídico oneroso, exigindo além da insolvência ou eventos damni, o conhecimento dessa situação pelo terceiro adquirente, qual seja o consilium fraudis.
	O aludido dispositivo proclama que ocorrerá à anulabilidade dos contratos onerosos, mesmo havendo contra prestação, tanto no caso de conhecimento real da insolvência pelo outro, contratante, como no caso de conhecimento presumível, em face da notoriedade ou da existência de motivos para esse fato.
PAGAMENTOANTECIPADO DE DÍVIDA
	Se o devedor salda débitos vincendos, comporta-se de maneira anormal. Presume-se, na hipótese, o intuito fraudulento e o credor beneficiado ficará obrigado a repor em proveito do acervo, o que recebeu, instaurado o concurso de credores
CONCESSÃO FRADULENTA DE GARANTIAS
	As garantias a que se refere o art. 163 do Código Civil, são reais, pois a fidejussória não prejudica os credores ficará irremediavelmente comprometida se houver outorga, a um deles, de penhor, anticrese ou hipoteca. A constituição da garantia vem situar o credor favorecido numa posição privilegiada, ao mesmo tempo que agrava a dos demais, tornando problemática a solução do passivo pelo devedor.
	A garantia dada de certo modo sai parcialmente do patrimônio do devedor para assegurar a liquidação do crédito hipotecário, pignoratício ou anticrético. Os demais credores, em consequências, receberão menos, para que o beneficiário receba mais. É essa desigualdade que a lei quer evitar, presumindo fraudulento o procedimento do devedor.
	O que se anula na hipótese é somente a garantia, a preferência concedida a um dos credores. Continua ele como credor, porém, retornando à condição de quirografário.
AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA
	A ação anulatória do negócio jurídico celebrada em fraude contra credores é chamada de revocatória ou pauliana. É a ação pela qual os credores impugnam os atos fraudulentos de seu devedor.
LEGITIMIDADE ATIVA
	Estão legitimados a ajuizar a ação pauliana:
Os credores quirografários (art. 158, caput);
Só os credores que já o eram a tempo da alienação fraudulenta (art. 158, § 2º);
Os credores cuja garantias se tornar insuficiente (art. 158, § 1º)
LEGITIMIDADE PASSIVA
	A ação anulatória deve ser intentada contra o devedor insolvente e também contra a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, bem como, se o bem alienado pelo devedor já houver sido transmitido a outrem, contra os terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
FRAUDE NÃO ULTIMADA
	Quando o negócio é aperfeiçoado pelo acordo de vontade mas o seu cumprimento é diferido para data futura, permite-se ao adquirente que ainda não efetuou o pagamento do preço, evitar a proposição da ação pauliana, ou extingui-la, depositando-o em juízo, se for aproximadamente o corrente, requerendo a citação por edital de todos os interessados.
	O adquirente do bem que desfalcou o patrimônio do devedor pode, desse modo, elidindo eventual presunção de má-fé, evitar a anulação do negócio. O depósito do preço equivalente ao valor de mercado da coisa impede que considere consumada a fraude, pois demonstra boa-fé do adquirente e que nenhuma vantagem patrimonial obteria em prejuízo dos credores. Cessa, com isso, o interesse dos credores, que, por conseguinte, perdem a legitimidade ativa para propor a ação pauliana.
VALIDADE DOS NEGÓCIOS ORDINÁRIOS REALIZADOS DE BOA FÉ PELO DEVEDOR
	Malgrado o devedor insolvente esteja inibido de alienar bens de seu patrimônio, para não agravar e ampliar a insolvência, admitem-se exceções. Como na hipótese em que ele contrai novos débitos para beneficiar os próprios credores, possibilitando o funcionamento de seu estabelecimento, ou para manter-se e à sua família.
	Permite-se, portanto, ao devedor insolvente evitar a paralisação de suas atividades normais, fato este que somente agravaria sua situação, em prejuízo dos credores, que veriam frustradas as possibilidades de receber os seus créditos.
CAPÍTULO V - DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
INTRODUÇÃO
	A expressão “Da invalidade do negócio jurídico” dada a este capítulo, abrange a nulidade e a anulabilidade do negócio jurídico. É empregada para designar o negócio jurídico que não produz os efeitos desejados pelas partes, o qual será classificado pela forma supra mencionada de acordo com o grau de imperfeição verificado.
NEGÓCIO JURÍDICO INEXISTENTE
	O negócio jurídico é inexistente quando lhe falta algum elemento estrutural, como o consentimento. Se não houver qualquer manifestação de vontade, o negócio não chegou a se formar, inexiste portanto. Se a vontade manifestada foi, mas se encontra eivada de erro, dolo ou coação, o negócio existe, mas é anulável. Se a vontade emana de um absolutamente incapaz, maior é o defeito e o negócio existe, mas é nulo.
NULIDADE: CONCEITO
	Nulidade é sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados sem observância dos requisitos essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos que lhe são próprios.
	O negócio é nulo quando ofende preceitos de ordem pública, que interessem à sociedade.
NULIDADE: ESPÉCIES
	A nulidade pode ser absoluta e relativa, total e parcial, textual e virtual.
	Nos casos de nulidade absoluta existe um interesse social, além de individual, para que se prive o ato ou negócio jurídico dos seus efeitos específicos, visto que há ofensa a preceito de ordem pública, assim afeta a todos.
	A nulidade relativa é denominada de anulabilidade e atinge os negócios que se acham inquinados de vício capaz de lhes determinar a invalidade, mas que pode ser afastado ou sanado.
	Nulidade total é a que atinge todo o negócio jurídico. A parcial afeta somente parte dele. Dessa forma, a nulidade parcial do negócio não prejudicará na parte válida, se esta for separável (art. 184/CC)
	Diz-se que a nulidade é textual quando vem expressa na lei. É virtual ou implícita a nulidade quando pode ser deduzida de expressões utilizadas pelo legislador.
CAUSAS DE NULIDADE	
	O art. 166 considera nulo o negócio jurídico quando
For celebrado por pessoa absolutamente incapaz
For ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto
O motivo determinante, comum a ambas as partes for ilícito
Não revestir a forma prescrita em lei
For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade
Tiver por objetivo fraudar a lei imperativa
A lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a pratica, sem cominar sanção.
ANULABILIDADE: CONCEITO
	Anulabilidade é sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados por pessoa relativamente incapaz ou eivados de algum vicio de consentimento ou vicio social.
	A anulabilidade visa, pois, a proteção do consentimento ou refere-se à incapacidade do agente.
	A anulabilidade por não concernir a questões de interesse geral, de ordem pública, como a nulidade, é prescritível e admite confirmação, como efeito de sanar o defeito que a macula.
CAUSAS DE ANULABILIDADE
	Declara o art. 171 que além dos casos expressamente declarados em lei, é anulável o negócio jurídico que:	
Por incapacidade relativa do agente;
Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
DIFERENÇAS ENTRE NULIDADE E ANULABILIDADE
A anulabilidade é decretada no interesse privado da pessoa prejudica. A nulidade é de ordem pública e decretada no interesse da própria coletividade.
A anulabilidade pode ser suprida pelo juiz, a requerimento das partes (art. 168, a contrario sensu), ou sanada, expressamente ou tacitamente, pela confirmação. A nulidade não pode ser sanada pela confirmação ou suprida pelo juiz. A confirmação será expressa quando houver uma declaração de vontade, sendo necessário que a vontade de mantê-lo seja explicita (art. 173), devendo observar a mesma forma do ato praticado. E será tácita quando a obrigação já foi cumprida e parte pelo devedor, ciente do vício que a inquinava (art. 174), ou quando deixa consumar-se a decadência de seu direito; A confirmação retroage à data do ato, e não poderá ser efetivada se prejudicar terceiros.
A anulabilidade não pode ser prenunciada de ofício. Depende provação dos interessados, e não opera antes de julgada por sentença; É portanto ex nunc. A nulidade deve ser pronunciada por ofício pelo juiz (art. 168, p.u) e seu efeito é ex tunc, pois retroage à data do negócio, para lhe negar direitos.
A anulabilidade só pode ser alegada pelos interessados, isto é, pelos prejudicados, sendo que os seus efeitos aproveitam apenas dos que a alegavam, salvo o caso de solidariedade,ou indivisibilidade (art. 177). A nulidade pode ser alegada por qualquer interessado, em nome próprio, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, em nome da sociedade que representa (art. 168, caput).
Ocorre a decadência da anulabilidade em prazos mais ou menos curtos, geralmente de dois anos. O negócio nulo não se valida com o tempo, nem é suscetível de confirmação (art. 169). Mas a alegação do direito pode esbarrar na usucapião consumada em favor de terceiro.
O negócio anulável produz efeitos no momento em que é decretada a sua invalidade. O ato nulo não produz nenhum efeito.
CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURIDICO
	O art. 169 afirma que “o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo”. Mas admite-se a sua conversão, através do disposto no art. 170.
	Introduz-se assim, a conversão do negócio nulo em um outro, de natureza diversa, desde que se possa inferir que a vontade das partes era realizar o negócio subjacente.
	O instituo da conversão permite que, observados certos requisitos, se transforme um negócio jurídico, em princípio nulo, em outro para propiciar a consecução do resultado prático que as partes visavam ele alcança.
	Dois são os requisitos a serem observados:
O objetivo: concernente à necessidade de que o segundo negócio em que se converteu o nulo, tenha por suporte os mesmos elementos fáticos deste;
O subjetivo: relativo à intenção das partes de obter o efeito prático resultante do negócio em que se converte o inválido.
A SIMULAÇÃO
	Simulação é uma declaração falsa enganosa, da vontade, visando aparentar negócio diverso do efetivamente desejado.
	Negócio simulado assim é o que tem aparência contrária à realidade. A simulação é, portanto, produto de um conluio entre os contratantes, visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta conferir. É uma desconformidade consciente de declaração, realizada de comum acordo com a pessoa a quem se destina, com o objetivo de enganar terceiros ou fraudar a lei.
CARACTERISTICAS DA SIMULAÇÃO
	A simulação apresenta as seguintes características:
É em regra, negócio jurídico bilateral, sendo os contratos o seu campo natural. Resulta do acordo entre duas partes, para lesar terceiros ou fraudar a lei;
É sempre acordada com a outra parte, ou com as pessoas a quem a ela se destina;
É uma declaração deliberadamente desconforme com a intenção. As partes maliciosamente disfarçam seu pensamento, apresentando sob aparência irreal ou fictícia;
É realizado com o intuito de enganar terceiros ou fraudar a lei.
ESPÉCIES DE SIMULAÇÃO
	Na simulação absoluta as partes na realidade não realizam nenhum negócio. Apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na verdade desejem o ato.
	Na simulação relativa, as partes pretendem realizar determinado negócio prejudicial à terceiros ou em fraude à lei. Para escondê-lo ou dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio.
	Simulação não confunde com dissimulação, embora ambas haja o propósito de enganar. Na simulação, procura-se o que não existe; na dissimulação oculta-se o que é verdadeiro.
	O art. 167 do Código Civil estabelece que é o nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substancia e na forma.
	Ressalvam-se, porém, “os direitos de terceiros de boa-fé, em face dos contraentes do negócio jurídico simulado” (art. 167, §2º).
	Se a simulação acarreta a nulidade do negócio jurídico e, portanto, deve ser decretada de ofício pelo juiz quando a encontrar provada (art. 168, p.ú.), a ação movida por um simulador contra o outro possibilitará que esse fato venha a ocorrer.
EFEITOS DA SIMULAÇÃO
	O art. 167 dispõe que a simulação acarreta a nulidade do negócio simulado, mas em caso de simulação relativa, o negócio dissimulado poderá subsistir se for válido na substancia e na forma.
TÍTULO II – DOS ATOS LÍCITOS
Conforme o disposto no art. 185 aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicamos as disposições do título I.
TÍTULO III – DOS ATOS ILÍCITOS
	Ato ilícito é o praticado com infração ao dever de não lesar outrem. Tal dever é imposto a todos no art. 186 que diz que “aquele por ação ou omissão voluntária, negligencia ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Em consequência, o autor do dano fica obrigado a repará-lo (art. 927).
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL 
	Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual (dever contratual) Quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (conduta legal), imposto genericamente no art. 927, diz-se que ela é extracontratual.
	A consequência da infração de dever legal e ao dever extracontratual é mesma.
	Na responsabilidade contratual, o inadimplemento presume-se culposo. O credor lesado encontra-se em posição mais favorável, pois só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida, sendo presumida a culpa do inadimplente; na extracontratual, ao lesado incumbe o ônus de provar a culpa ou dolo do causador do dano.
	A contratual tem origem no descumprimento da contravenção, enquanto a extracontratual a tem na inobservância do dever genérico de não lesar a outrem.
RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL
	Na responsabilidade penal, o agente infringe uma norma penal, de direito público. O interesse lesado é o da sociedade. Na responsabilidade civil, o interesse diretamente lesado é privado. O prejudicado poderá pleitear ou não a reparação. Se, ao causar dano, o agente transgredi a lei penal, torna-se, ao mesmo tempo, obrigado civil e penalmente.
	A responsabilidade penal é pessoal, intransferível. Responde o réu com a própria liberdade. A responsabilidade civil é patrimonial: é o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações.
	A tipicidade é um dos requisitos genéricos do crime. No cível, qualquer ação ou omissão pode gerar a responsabilidade, desde que viole direito e cause prejuízo a outrem.
	A culpabilidade é bem mais ampla na área cível (a culpa, ainda que levíssima, obrigada a indenizar). Na esfera criminal, exige-se para a condenação que a culta tenha certo grau de intensidade.
	Somente os maiores de dezoito anos são responsáveis penalmente. No cível, o menor de dezoito responde pelos prejuízos que causar, se os responsáveis, por ele não tiverem obrigação de o fazer ou não disporem de meios suficientes.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E RESPONSABILIDAD OBJETIVA
	A teoria clássica, também chamada de Teoria Subjetiva, pressupõe a culpa como fundamento da responsabilidade civil. Diz-se, pois, ser subjetiva a responsabilidade quando se esteia na culpa.
	Esta teoria, dita objetiva ou do risco, tem como postulado que todo dano é indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independentemente de culpa. Nos casos de responsabilidade objetiva, não se exige prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar.
IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE
	O art. 185 pressupõe o elemento imputabilidade, ou seja, a existência, no agente da livre determinação de vontade. Para alguém praticar um ato ilícito e ser obrigado a reparar é necessário que tenha capacidade de discernimento. Aquele que não pode querer e entender não incorre em culpa, e, por isso, não pratica ato ilícito.
A RESPONSABILIDADE DOS PRIVADOS DE DISCERNIMENTO
	Se um privado de discernimento pratica um ato ilícito, não é ele responsável civilmente. Se vier a causar dano a outrem, o ato se equipara a força maior ou caso fortuito. Se a responsabilidade não puder ser atribuída ao encarregado de sua guarda, a vítima ficará irressarcida.
	Pessoas assim, geralmente, tem um curador incumbido de sua guarda ou vigilância. E o Código Civil responsabiliza o curador pelos atos dos curatelados que estiverem em sua autoridade e companhia (art. 932), independentemente de culpa por sua parte (art.933).
	A indenização, que deverá ser equitativa, não terá lugarse privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem, ficando a vítima irressarcida.
ATOS LESIVOS NÃO CONSIDERADOS ILICÍTOS
	O art. 188 declara não constituir ato ilícito, os praticados em legitima defesa, ou no exercício regular de um direito, ou em estado de necessidade.
LEGITIMA DEFESA
	Se o ato foi praticado contra o próprio autor, e em legitima defesa, não pode o agente ser responsabilizado civilmente pelos danos causados. Entretanto se por engano ou erro de pontaria, terceira pessoa foi atingida (ou alguma coisa de valor), neste caso deve o agente reparar o dano. Mas terá ação regressiva contra o agressor, para se ressarcir da importância desembolsada.
	Somente a legitima defesa real, e praticada contra o agressor, deixa de ser ato ilícitos, apesar do dano causado, impedindo a ação de ressarcimento.
EXERCICIO REGULAR E O ABUSO DE DIREITO.
	Prevalece na doutrina hoje o entendimento de que o abuso de direito prescinde da ideia de culpa. O abuso de direito ocorre quando o agente, atuando dentro dos limites da lei, deixa de considerar a finalidade social de seu direito subjetivo e o exorbita, ao exercê-lo, causando prejuízo a outrem. Embora não haja, em geral, violação aos limites objetivos da lei, o agente desvia-se dos fins sociais a que esta se destina.
O ESTADO DE NECESSIDADE
	O Código Civil de 2002, trata do estado de necessidade no art. 188, II, c/c art’s. 929 e 930. Dispõe o art. 188, II, não constituir ato ilícito “a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”. E o parágrafo único completa “no caso do inciso II, o ato será legitimo somente quando as circunstancias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”.
	Embora a lei declare que o ato praticado em estado de necessidade não é ilícito, nem por isso libera quem o pratica de reparar o prejuízo que causou.
TITULO IV – DA PRESCRIÇÃO E DA DECADENCIA
CAPITULO I – DA PRESCRIÇÃO
INTRODUÇÃO
	Distingue-se, pois, duas espécies de prescrição: a extintiva e a aquisitiva, também chamada de usucapião.
	O instituto da prescrição é necessário para que haja tranquilidade na ordem jurídica, pela consolidação de todos os direitos.
	Para distinguir a prescrição da decadência, o Código Civil optou por uma fórmula que espanca qualquer dúvida. Prazos de prescrição são, apenas e exclusivamente, os taxativamente descriminados na Parte Geral, nos art’s. 205 (regra geral) e 206 (regras especiais), sendo decadência todos os demais, estabelecidos como complemento de cada artigo que vige matéria, tanto na Parte Geral, como na Parte Especial.
CONCEITOS E REQUISITOS
	Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em consequência do não uso dela, durante determinado espaço de tempo.
	A prescrição, conforme alude o art. 189 se inicia com a violação de um direito, nascendo para o titular uma pretensão, que se extingue com a prescrição nos prazos definidos nos art’s. 205 e 206.
	A prescrição tem como requisitos:
Violação de um direito, com o nascimento da pretensão;
Inercia do titular do direito;
O decurso do tempo fixado em lei.
Configura-se prescrição intercorrente quando o autor de processo já iniciado permanece inerte, de forma continuada e ininterrupta, durante lapso temporal suficiente para a perda da pretensão.
PRETENSÃO IMPRECRITIVEIS
	A primeira vista tem-se impressão de que não há pretensões imprescritíveis. Entretanto, a doutrina aponta várias pretensões imprescritíveis, afirmando que a prescritibilidade é a regra e imprescritibilidade a exceção.
	Assim, não prescrevem:
As que protege direito da personalidade;
As que se prendem ao estado das pessoas;
As de exercício facultativo (ou potestativo) em que não existir direito violado;
As referente a bens públicos de qualquer natureza;
As que protegem o direito de propriedade;
As pretensões de reaver bens confiados a guarda de outem, a título de deposito, penhora, ou mandato;
As destinadas a anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou contrato (art. 1167)
PRESCRIÇÃO E INSTITUTOS AFINS
	A preclusão consiste na perda de uma faculdade processual por não ter sido exercido no momento próprio. Impede que se renovem as questões já decididas dentro da mesma ação; Só produz efeitos dentro do próprio processo em que advém.
	A perempção também é de natureza processual. Consiste na perda do direito de ação pelo autor contumaz, que deu causa a três arquivamentos consecutivos (art. 228, p.ú./ CPC) Não extingue o direito material, nem a pretensão, que passam a ser oponíveis somente em defesa.
	A decadência tem decurso fatal, não se suspendendo nem se interrompendo pelas causas interruptivas ou suspensivas da prescrição, só podendo ser obstada a sua consumação pelo efetivo exercício do direito ou da ação, quando esta constitui o meio pelo qual deve ser exercido o direito.
	A decadência atinge, diretamente, o direito, e por via obliqua, extingue a ação (é o próprio direito que perece).
DISPOSIÇÕES LEGAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO
	“Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue pela prescrição nos prazos a que aludem os art.’s 205 e 206”, afirma o art. 189, única e exclusivamente. A exceção prescreve no mesmo prazo em a prescrição (art. 190).
	Tendo em vista o disposto no art. 193, pode-se dizer que a prescrição da execução “pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição”, mas dentro de prazo igual ao conferido para a dedução da pretensão.
	O art. 191 não admite renuncia prévia da prescrição, isto é, antes que se tenha consumada. Não se admite a renúncia prévia, nem prescrição em curso, mas só da consumada.
	Dois são os requisitos para a validade renúncia: a) que a prescrição já esteja consumada; e b) que não prejudique terceiro.
	Observados esses requisitos, a renúncia, isto é, a desistência do direito de arguir a prescrição, pode ser expressa ou tácita. A renúncia expressa decorre da manifestação taxativa, inequívoca, escrita ou verbal, do devedor de que dela não pretende utilizar-se. Tácita, segundo dispõe o art. 191 “é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição”.
	A prescrição em curso não cria direito adquirido, podendo o seu prazo ser reduzido ou ampliado por lei superveniente, ou transformado em prazo decadencial. Não se admite, porém, ampliação ou redução de prazo prescricional pela vontade das partes.
	Dispõe o art.193 que “a prescrição pode ser alegada em qualquer grau da jurisdição, pela parte a quem ela aproveita”. Pode ser arguida em qualquer fase ou estado da causa, em primeira ou segunda instância. Pode, portanto, ser alegada em qualquer fase do processo de conhecimento ainda que o réu tenha deixado de invocá-la na contestação, não significando renunciá-la tacitamente a falta de invocação na primeira oportunidade, em que falar no processo.
CAPÍTULO II – DA DECADÊNCIA
CONCEITOS E CARACTERISTICAS 
	Um dos critérios usados pela doutrina para distinguir prescrição da decadência consiste em considerar que, nesta o prazo começa a fluir no momento em que o direito nasce. Desse modo, no mesmo instante que o agente adquire o direito já começa a correr o prazo decadencial.
	A decadência pode resultar da lei (legal), do testamento e do contrato (convencional).
	Na decadência, que é instituto de direito substantivo, há a perda de um direito previsto em lei. A decadência, se consubstancia, pois, no decurso infrutífero de um termo prefixado para o exercício de um direito. O tempo age em relação a decadência como um requisito do ato, pelo que a própria decadência é a sanção consequente da inobservância de um termo.
	A decadência ocorre quando um direito potestativo não é exercido extrajudicialmente ou judicialmente, dentro do prazo para exercê-lo, o que provoca a decadência desse direito potestativo.
DISPOSIÇÕES LEGAIS SOBRE A DECADÊNCIA
	O Código Civil distingue a decadência legal da convencional, para estabelecer quequanto a esta “a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação” (art.211).
	O art. 210 diz que o juiz “deve de oficio, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei”. Ainda que se trate de direitos patrimoniais, a decadência pode ser decretada de oficio, quando estabelecida por lei.
	Prescreve o art. 207 que salvo disposição em contrário, não se aplicam a decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
	O art. 208 determina que se aplique a decadência o disposto nos art’s. 195 e 198, I, que dizem respeito aos incapazes. Este dispositivo abre uma exceção com relação ao artigo anterior, não admitindo a fluência de prazo decadencial contra os absolutamente incapazes (art. 198, I), bem como permitindo que os relativamente incapazes responsabilizem os representantes e assistentes que derem causa a decadência, não a alegando oportunamente a seu favor (art. 195).
	Por fim o art. 209 proclama ser nula a renúncia a decadência fixada em lei, sendo possível, contudo, a renúncia de decadência oriunda de convenção;
TITULO V – DAS PROVAS
INTRODUÇÃO
	Prova é o meio empregado para demonstrar a existência do ato ou negócio jurídico. Deve ser admissível (não proibido por lei e aplicável ao caso em exame), pertinente (adequada a demonstração dos fatos em questão) e concludente (esclarecida dos fatos controvertidos).
	Não basta alegar, é preciso provar. O ônus da prova incumbe a quem alega o fato e não a quem o contesta, sendo os fatos notórios independe de prova.
MEIOS DE PROVA
	Dispõe o art. 212, ser meios de prova:
Confissão;
Documento;
Testemunha;
Presunção;
Pericia.
CONFISSÃO
	Ocorre a confissão quando a parte afirma a verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. Pode ser judicial (em juízo) ou extrajudicial (fora do processo), espontânea ou provocada, expressa ou presumida (fictícia) pela revelia. Tem, como elementos essenciais, a capacidade da parte, a declaração de vontade e objeto possível.
DOCUMENTO
	O documento pode ser público ou particular. Tem função apenas probatória. Públicos são os documentos elaborados por autoridade pública no exercício de suas funções. Particulares quando elaborados por particulares.
	Documentos não se confundem com instrumentos públicos ou particulares. Estes são espécies e aqueles são gêneros. O instrumento é criado com a finalidade precípua de servir de provas.
	A escritura pública tem, pois, fidedignidade iminente à fé pública do notário. Deve conter, salvo quando exigidos por lei:
Data e local de sua realização;
Reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecidos ao ato por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
Nome, nacionalidade, estado civil das partes, profissão, domicilio e residência;
Manifestação clara das vontades das partes e dos intervenientes;
Referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;
Declaração de ter sido lida na presença das partes e dos demais comparecentes, ou de todos que a lerem;
Assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
TESTEMUNHA
	As testemunhas podem ser instrumentarias ou judiciais. Estas são as que prestam depoimento em juízo. Aquelas são as que assinam o instrumento. A prova testemunhal é menos segura que a documental. Por essa razão salvo os casos expressos em lei, a prova testemunhal nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do salário mínimo vigente no país ao tempo em que foram celebrados.
	Embora não se admita prova exclusivamente testemunhal nos contratos, cujo valor exceda os limites previstos em lei, há uma tendência para considerar que quanto aos efeitos pretéritos do contrato, é admissível a prova exclusivamente testemunhal, qualquer que seja seu valor.
PRESUNÇÃO
	Presunção é a ilação que se extrai de um fato conhecido, para se chegar a um desconhecido. Não se confunde com indicio, que é meio de se chegar a uma presunção.
	As presunções podem ser legais (juris) ou comuns (hominis). Legais são as que decorrem da lei. Comuns ou hominis são as que se baseiam no que ordinariamente acontece na experiência da vida.
	As presunções legais dividem-se em absolutas (juris et de jure) e relativas (juris tantum). Absolutas são as que não admitem prova em contrário. Relativas são as que admitem prova em contrário.
PERÍCIA
	O Código de Processo Civil denomina prova pericial o exame e a vistoria (art. 420/ CPC). Exame é a apreciação de alguma coisa, por peritos, para auxiliar o juiz a formar sua convicção. Vistoria é a perícia restrita porém à inspeção ocular. A vistoria destinada a perpetuar a memória de certos fatos transitórios, antes que desapareçam, é denominada ad perpetuam rei memoriam.
	Tal diploma também considera prova pericial a avaliação, que é a atribuição ao bem de seu valor de mercado. É o exame pericial destinado ao valor de determinado bem, comum nas desapropriações e indenizações.

Outros materiais