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Universidade Federal De Santa Catarina EQA - Departamento de Engenharia Química e Alimentos Engenharia Bioquímica Prof. Agenor Furigo Jr. Alunos: Graciele Beseke Diego Dalla Brida Mariana Bertoncini Florianópolis, 20 de junho de 2006. Molho de soja Conhecido há mais de 2 mil anos pelos povos orientais, o molho preparado à base de soja, ou shoyu, como é mais conhecido, é o resultado da fermentação da soja com trigo ou outro cereal e sal. O molho possui uma cor marrom escuro e pode ser utilizado em substituição ao sal, como tempero, conservante e emoliente de diversos alimentos. É rico em sódio, enzimas e proteínas, resultantes da ação de bactérias e leveduras. A fermentação do molho de soja é essencialmente um processo de hidrólise enzimática de proteínas, carboidratos e outros constituintes da soja e trigo para peptídeos, aminoácidos, açucares, álcoois, etc. O molho shoyu considerado de boa qualidade (genuinamente fermentado) deve apresentar: nitrogênio total(g/v) na faixa de 1.5 a 1.8%; açucares redutores entre 3-5%; etanol entre 2-2.5%; poliálcoois (glicerol principalmente) entre 1 e 1.5%; ácidos orgânicos (ácido lático predominantemente) entre 1-2% e teor de sal de 18%. A fim de se obter um gosto agradável, cerca de metade dos compostos nitrogenados presentes devem ser aminoácidos livres e mais 10% deve ser acido glutâmico livre. Fabricação do molho de soja O processo de fabricação do molho shoyu (figura 1) pode ser descrito, basicamente, da seguinte forma. No preparo, os grãos de soja são inicialmente colocados de molho em água (em média por 16 horas), escorridos e cozidos a vapor. Os grãos podem ser descascados antes ou após o cozimento Alguns pesquisadores descrevem como o melhor procedimento a autoclavagem à pressão aferida de 0.8 Kg/cm por uma hora. O trigo, depois de tostado, é levemente esmagado. O processo de torrefação do trigo adiciona sabor e coloração ao molho de soja resultante, destrói microorganismos da superfície e facilita a hidrólise enzimática. Resultados melhores têm sido obtidos com a torrefação do trigo à pressão atmosférica, quando os grãos contendo mais de 8% de umidade e foram tratados com ar quente a mais de 150º C por menos de 45 segundos. O trigo atua como fonte de carboidrato para cultura de bolores e na fermentação do purê. O sal utilizado no processo de fabricação do molho, geralmente é o cloreto de sódio comercial. Além do sabor salgado, o sal atua como um conservante e tem uma ação seletiva nos microorganismos que crescem no substrato da fermentação. O trigo e a soja são vigorosamente misturados e inoculados com cepas selecionadas (Aspergillus oryzae ou A. soyae), responsáveis pela fermentação dos ingredientes do molho, conhecido como “tane-koji”. O “tane-koji” é geralmente uma mistura de esporos puros, consistindo em varias cepas em proporções apropriadas, sendo considerada de boa qualidade quando são capazes de fornecer aroma e sabor característicos ao molho de soja, têm altas atividades proteolíticas e aminolíticas e um fácil cultivo. A mistura da soja cozida, trigo tostado e as cepas inoculadas são chamados de “Koji”. O Koji é distribuído em caixas rasas de madeira com cerca de 5 cm de profundidade e depois incubado a 30º C e deve estar livre de grumos para diminuir a propagação de bactérias. Após 24 horas de incubação, a mistura é coberta com uma cultura espessa, branca, de bolor. Como o crescimento do bolor continua, a temperatura da mistura pode subir acima de 40º C. Para evitar que isso ocorra, a mistura é virada ou mexida, periodicamente, para manter umidade e aeração uniformes. Com o aumento do tempo de incubação, os bolores tendem a crescer e a cultura torna-se amarela e, posteriormente, verde escura. Depois de 72 horas no estágio de fermentação, a umidade da mistura diminui gradativamente e o “shoyu- koji” está pronto para a fermentação em salmoura. O “shoyu-koji” é transferido para um recipiente fundo, no qual a salmoura é acrescentada (15 a 20% do volume) para o preparo do “Moromi”. Quanto mais baixa for a concentração de sal na salmoura, melhor será a utilização de nitrogênio, no entanto, quando a salmoura possuir concentração abaixo de 16%, pode ocorrer putrefação na mistura. Os tipos de microorganismos que podem crescer na massa (ou ‘purê’) do shoyu são limitados pela concentração de sal, os microorganismos não toleram concentrações salinas e que estavam no ‘koji’, como as leveduras selvagens, Micrococcus e Bacullus, são destruídos e param de crescer no inicio da fermentação, e apenas os halotolerantes (lactobacilos e leveduras) conseguem crescer. O valor do pH cai rapidamente, devido à degradação enzimática de proteínas e a fermentação do ácido lático. O moromi deve ser mexido periodicamente, durante os primeiros estágios do processo, para fornecer aeração à cultura de leveduras, desfavorecer o crescimento de microorganismos indesejáveis, manter a temperatura constante e promover a retirada de dióxido de carbono. Para manter as enzimas ativas por mais tempo, é aconselhável que a fermentação ocorra em temperaturas mais baixas (entre 15 e 28º C), durante aproximadamente 6 meses. Após o período de envelhecimento da mistura, é utilizado um equipamento para promover a prensagem e separar a massa de soja do líquido (shoyu). O líquido é filtrado e aquecido a uma temperatura de 80º C para cessar as reações microbianas e enzimáticas. Durante a pasteurização, ocorre a separação das substâncias coaguladas pelo calor, aumento da acidez, diminuição dos teores de aminoácidos e açucares, evaporação dos compostos voláteis e o molho adquire uma coloração marrom mais profunda. Após os tratamentos finais de decantação, filtração, pasteurização e clarificação, o molho de shoyu pode passar para as etapas de engarrafamento e rotulagem para a comercialização. Devido ao tempo necessário para a produção do shoyu ser muito extensa, foram feitas algumas tentativas para diminuir esse prazo. A primeira fase poderia ser substituída por hidrólise química com ácido clorídrico, seguido de neutralização com hidróxido de sódio, em seguida adiciona-se o inóculo do moromi, mas o produto final fica sem a qualidade do estágio de koji. O principal segredo da produção de molho shoyu está na fermentação. Este processo pode levar no mínimo seis meses e até três anos, passando por várias etapas. Pode-se, também, produzir o shoyu artificial, a partir de proteínas vegetais hidrolisadas, ácido hidroclorídico, xarope e caramelo de milho e fermentado por apenas três dias, no entanto, a qualidade e o preço deste produto é bastante inferior ao molho original. Apesar de ser normalmente utilizado o trigo, alguns fabricantes optam por substituí-lo pelo milho e, assim, aproximam mais o sabor do molho shoyu ao gosto brasileiro. Bibliografia AQUARONE,E, BORZANI, W., SCHMIDELL, W., LIMA, U.A., Biotecnologia Industrial, Biotecnologia na Produção de Alimentos, São Paulo, v.4, p. 476-485, 2001 http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt2897.pdf?PHPSESSID=c4d9a9cf6f6b0cf6686e3f9 c596a5810 19/06/2006
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