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AVISO PRÉVIO 1. Conceito Segundo Mauricio Godinho Delgado, “Aviso prévio, no Direito do Trabalho, é instituto de natureza multidimensional, que cumpre as funções de declarar à parte contratual adversa a vontade unilateral de um dos sujeitos contratuais no sentido de romper, sem justa causa, o pacto, fixando, ainda, prazo tipificado para a respectiva extinção, com o correspondente pagamento do período do aviso.” Percebe-se, pois, que o aviso prévio está umbilicalmente ligado à extinção do contrato de emprego,em regra, por tempo indeterminado, sem a figura da justa causa. 2. Duração Atualmente, o aviso prévio é do, no mínimo, 30 (trinta) dias, de acordo com o art. 7º, XXI,CRFB, e de, no máximo, 90 dias, em consonância com a Lei nº 12.506/ 2011. 3. Cabimento Cabe, em regra, aviso prévio nos contratos de trabalho por tempo indeterminado (se não houver justa causa), pois, nos contratos por tempo determinado, as partes, desde o início do contrato de emprego, já sabem quando terminará o mesmo. Excepcionalmente, caberá aviso prévio na terminação do contrato por tempo determinado, mas, apenas na hipótese de terminação antecipada, desde que o contrato contenha cláusula assecuratória de direito recíproco de terminação antecipada (art. 481, da CLT), seja ele de experiência (Súmula n. 163, TST) ou não. De acordo com o §4º, do art. 487, da CLT, o aviso prévio é cabível na rescisão indireta. É invalida a concessão de aviso prévio na fluência de garantia no emprego (estabilidade provisória), ante a incompatibilidade dos dois institutos ( Súm. 348,TST). 4. Natureza jurídica Os eminentes mestres Amauri Mascaro Nascimento, Sergio Pinto Martins e Mauricio Godinho Delgado lecionam que o aviso prévio tem natureza jurídica tridimensional ou multidimensional. Diz-se que a natureza jurídica do aviso prévio é tridimensional, porque envolve os três elementos: comunicação, tempo e pagamento. 5. Forma A lei não impõe uma forma especial, para a concessão do aviso prévio, logo pode ser escrita ou verbal, embora a primeira seja a mais segura. 6. Modalidades Existem duas modalidades de aviso prévio: a) aviso prévio trabalhado; b) aviso prévio indenizado. Se o aviso prévio for concedido pelo empregador, o empregado poderá escolher entre uma das seguintes hipóteses: 1) diminuição diária de 2 horas na jornada (que pode ocorrer no início ou no final do expediente), ou 2) faltar 7 dias corridos. Diz-se que o empregado pode escolher, entre as opções acima, com fulcro no art. 488, parágrafo único da CLT. Sergio Pinto Martins e Mauricio Godinho Delgado defendem também a tese de que se trata de uma faculdade conferida ao empregado, se deseja trabalhar menos duas horas diárias ou faltar sete dias corridos. Entendemos que, quando o empregado opta por faltar 7 (sete) dias corridos, pode optar por faltar nos sete primeiros ou últimos sete dias, não sendo obrigatoriamente estes (os 7 últimos dias corridos), uma vez que a lei não exige isso, conforme lição do mestre Sergio Pinto Martins. Nesse aspecto, divergimos do preclaro Mauricio Godinho Delgado, para quem os sete dias corridos devem ser os últimos dias do aviso trabalhado. No que tange ao empregado rural, mister dizer que só há possibilidade de o referido operário utilizar-se de um dia por semana, durante o aviso prévio , concedido pelo empregador, para a procura de outro emprego; não havendo, pois, a escolha entre faltar sete dias corridos ou o horário de trabalho terminar 2 horas mais cedo ( art. 15, Lei n. 5.889/1973). Segundo entendimento sumulado do TST, é ilegal substituir o período que se reduz da jornada de trabalho no aviso prévio pelo pagamento das horas correspondentes (Súm. n. 230), uma vez que o desiderato deste é possibilitar a procura de nova colocação. 7. Prazo para pagamento das verbas Este é um assunto bastante explorado nos Exames da OAB, tanto na primeira, como na segunda fase. O prazo para pagamento dos créditos trabalhistas varia de acordo com a modalidade de aviso prévio (indenizado ou trabalhado). a) AVISO PRÉVIO TRABALHADO — as verbas resilitórias deverão ser quitadas até o 1º DIA ÚTIL seguinte ao término do aviso prévio (art. 477,§ 6º, a, CLT) . b) AVISO PRÉVIO INDENIZADO — as verbas deverão ser pagas no prazo de 10 dias contados da concessão do aviso. Obs.: aqui o legislador não fez menção a dia útil. ( art. 477,§ 6º, “b”, CLT). Assim, se o último dia do prazo do aviso prévio indenizado, ou seja, o 10º dia, coincidir com um domingo ou feriado, há duas correntes doutrinárias. Uma defende a tese de que o prazo será encurtado, vencendo-se ANTECIPADAMENTE no último dia útil do decêndio (entendemos ser esta a mais segura). Outra defende que, embora o legislador não tenha, no caso do aviso prévio indenizado, usado a expressão dia útil, se o 10º dia coincidir com feriado ou domingo, o empregador poderá pagar as verbas resilitórias no primeiro dia útil seguinte. Caso o prazo acima não seja respeitado, a sanção está prevista no art. 477, § 8º, da CLT. O empregador doméstico não fica sujeito a essa sanção, uma vez que não se aplica a CLT ao doméstico, conforme determina o art. 7º, a, da CLT. 8. Local para pagamento O empregado com mais de 12 meses de trabalho, para o mesmo empregador, deverá receber as verbas no Sindicato de Classe ou Autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego (art. 477, § 1º). Já o empregado com menos de 12 meses de trabalho poderá receber as verbas na própria empresa. 9. Detalhes cobrados em concursos e na prova da OAB • Em caso de CULPA RECÍPROCA na rescisão, é devido o aviso prévio, de acordo com a nova redação da Súmula n. 14, do TST. • É cabível aviso prévio somente nos contratos por tempo INDETERMINADO (ex vi da Súmula n. 163, do TST), sendo a exceção a regra prevista no art. 481, da CLT. • O aviso prévio é um direito IRRENUNCIÁVEL pelo empregado (exceção: Súmula n. 276, TST). • O aviso prévio indenizado tem os mesmos efeitos do aviso prévio trabalhado. Aliás a Súmula n. 371, do TST, ratifica essa assertiva. • De acordo com a Súmula n. 380, do TST, para a contagem do prazo do aviso, exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento, ou seja, aplica-se a regra do art. 132, do Código Civil brasileiro. • Havendo justa causa do empregado, não há que se falar em aviso prévio, pois o empregador deve agir de imediato. • À luz da Súmula n. 348, do TST, é inválida a concessão de aviso prévio na fluência da garantia de emprego, ante a incompatibilidade dos dois institutos. De acordo com a OJ nª 82, da SDI-1, TST, 82, “A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado.” Segundo, ainda, a SDI, do TST, por meio da OJ nº 83, “A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. Art. 487, § 1º, da CLT”.
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