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MESTIÇAGEM E INTERCURSOS SEXUAIS EM GILBERTO FREYRE

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Nome: André Leopoldo da Silva Filho - Turma LII - Noturno.
Gilberto Freyre trata em, A Vida Social no Brasil, uma série de temas que fizeram sua fama na década de 1930. Podemos encontrar dentre eles, a abordagem feita por Freyre em relação à mestiçagem, à sexualidade e os intercursos sexuais do Brasil de meados do século XIX. Muito influenciado pelos Annales, Freyre procura abordar a história a partir de uma análise do cotidiano, utilizando-se de fontes como literatura, anúncios de jornais e litogravuras, colocando assim, grandes nomes e eventos em segundo plano. Essa abordagem nos apresenta um panorama mais íntimo do Brasil do século XIX, pois penetra nas casas e senzalas do país adentro, descrevendo os modos de se vestir, comer, horas de lazer, entre outros.
A mestiçagem proposta por Freyre, muito presente na obra, é retratada como fundamental na formação histórica do Brasil, como uma herança dos portugueses. Em sua abordagem, o autor desconsidera qualquer valor degenerativo a respeito da mestiçagem. Ele passa a considerá-la um processo cultural normal, e não mais um problema que impossibilitava o progresso do Brasil. As peças chave da mestiçagem passam a ser tratados como fundamentais na construção de uma identidade nacional. Gilberto Freyre analisa a escravidão além da perspectiva da dominação, apelando para o que ele chama de “democracia racial”. Em sua obra, o escravo tem diferentes condições sociais, de acordo com o trabalho que ele desempenha – seja ele nas lavouras, seja ele na casa grande. Ele consegue nos apresentar dados que nos mostram que alguns escravos desfrutavam de certas vantagens sobre outros, de acordo com a função que desempenhava para seu dono. Freyre assinala ainda que um dos critérios para adentrar na colônia era o fator religioso –católico no caso – e não a raça, o que permitiu que a mestiçagem tivesse um fator de crescimento consideravelmente alto, pois os Jesuítas e o Clero eram complacentes com tal prática. Freyre introduz no pensamento brasileiro uma descrição detalhada da convivência dos negros com os brancos, sendo pioneiro ao considerar o povo brasileiro de formas democráticas e no reconhecimento do povo mestiço. 
Ainda na mesma obra, Gilberto Freyre aborda o campo dos intercursos sexuais. Fatores como a grande importação de negros africanos, uma igreja relativamente fraca perante os poderosos senhores de engenho, a ausência de políticas de povoamento e o baixo número de colonos portugueses na colônia, propiciaram os intercursos sexuais entre as raças no Brasil. Os portugueses eram predispostos a se relacionarem com pessoas de diferentes raças, devido à mescla entre Europa e África, assim como entre outras religiões. Fazendo um parênteses com Aluísio Azevedo, em sua obra “O Cortiço” o autor afirma que o clima brasileiro - muito quente - era propenso à sexualidade.
Como último tema a ser abordado na análise da presente obra, temos o campo da sexualidade. A tese central do texto é o movimento de miscigenação, entre os três povos que são os alicerces da formação da sociedade brasileira, assim como o processo de colonização promovido pelos portugueses no Brasil, e sua referente estruturação de uma sexualidade baseada na permissividade em alguns momentos e pelo patriarcalismo, em outros. Através da sexualidade, a miscigenação foi amplamente utilizada como uma política de aumento populacional para ocupar os vastos territórios a serem ainda explorados. Gilberto Freyre tenta compreender a miscigenação excessivamente pautada na sexualidade como algo positivo, pois forneceu aos brasileiros a força para a criação de uma sociedade distinta. Ele diz ainda que a miscigenação foi necessária para o povoamento do Brasil.

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