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GILBERTO FREYRE (Biografia e Bibliografia, Ideias sobre a Formação da Sociedade Brasileira e Reflexos no Brasil Contemporâneo)

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ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO, MARKETING E COMUNICAÇÃO
DALILA NEVES DE AZEVEDO RA: 11180173
GILBERTO FREYRE
(Biografia e Bibliografia, Ideias sobre a Formação da Sociedade Brasileira e Reflexos no Brasil Contemporâneo)
	
SANTOS/SP
2018
BIOGRAFIA 
Gilberto de Mello Freyre nasceu em 15 de março de 1900, no Recife, Pernambuco. Filho do Dr. Alfredo Freyre, professor e juiz de direito, e da Dna. Francisca de Mello Freyre, ele pertencia a uma das famílias mais tradicionais do Brasil – visto que, em se falando dos Freyre, podemos remontar à época em que o Brasil ainda era uma colônia de Portugal.
Ingressou no Jardim de Infância do Colégio Americano Gilreath em 1908, e neste período iniciou seu contato com a literatura. Mesmo tendo dificuldades para aprender a ler e escrever, cultivava os livros através das gravuras e expressava-se através dos desenhos. Gilberto somente conseguiu desenvolver estas habilidades após tomar aulas particulares, ministradas em inglês. Em meados de 1909 ele teve seu primeiro contato com o universo rural, quando passou uma estadia em um engenho de parentes, e mais tarde relatou essas experiencias em seu livro “Pessoas, Coisas e Animais”. Um pouco mais tarde, em 1914 já no ensino médio, iniciou sua carreira como escritor, tornando-se redator chefe do jornal do colégio onde estudava.
Após concluir os estudos básicos no Brasil e com a ajuda de uma bolsa da igreja, mudou-se para os Estados Unidos para iniciar sua formação acadêmica. Estudou Bacharel em Artes Liberais, com especialização em Ciências Políticas e Sociais, na Universidade Baylor (Texas), e fez seu mestrado e doutorado em Ciências Políticas, Sociais e Judiciais na Universidade de Columbia (Nova Iorque). Utilizou como tema para sua tese final em 1922 “A Vida Social no Brasil em Meados do Século XIX”, que foi vítima de diversos elogios.
Gilberto Freyre retornou para o Brasil em 1923, voltando para sua cidade natal. A partir de então, teve a oportunidade de conhecer diversos escritores e músicos brasileiros, com os quais pôde compartilhar seus trabalhos. Freyre também foi convidado a trabalhar em diversas revistas e jornais locais, contribuindo para nomes como a revista O Cruzeiro e o jornal Diário de Pernambuco – do qual tornou-se mais tarde, em 1926, diretor. Ocupou ainda cargos importantes como oficial de gabinete do Governador, e professor da Escola Normal do Estado de Pernambuco, assumindo a primeira cadeira de sociologia estabelecida oficialmente no Brasil em meados de 1928.
Em 1930, deixou novamente o Brasil, desta vez viajando para Lisboa, onde deu início as pesquisas de sua obra que ficaria conhecida ao redor de todo o mundo: Casa Grande & Senzala (concluído em dezembro de 1933). 
Casou-se no ano de 1941 com Maria Magdalena Guedes Pereira, com a qual teve dois filhos (Sônia e Fernando).
Foi além de escritor, sociólogo, jornalista, poeta e pintor, e é considerado até os dias de hoje um dos pioneiros da sociologia no Brasil. Ao longo de sua carreira, foi honrado com diversos prêmios dentre os quais, o título de Doutor Honoris Causa e de Cavaleiro do Império Britânico, concedido pela Rainha Elizabeth II. Participou de movimentos importantes para a história do país, na maioria das vezes sempre ao lado dos estudantes. Em 1946, foi eleito Deputado Federal, e neste mesmo ano criou o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (hoje conhecido como Fundação Joaquim Nabuco).
Faleceu em 18 de julho de 1987, em Recife, devido a isquemia cerebral, infecção respiratória e insuficiência renal.
BIBLIOGRAFIA
No decorrer de sua vida, Gilberto Freyre publicou mais de 20 livros, nos quais abordava sempre a questão social e racial no Brasil e temas de seu local de origem, as terras do Nordeste. 
Dentre suas obras, podemos citar como sendo a mais importante para a revolução da historiografia: Casa-Grande & Senzala (1933) – primeiro volume de sua trilogia intitulada “Introdução à Sociedade Patriarcal no Brasil” – onde através de diversas pesquisas de campo procurou retratar a relação de senhor do engenho e escravos no Brasil, e a importância da miscigenação das raças na formação da sociedade brasileira – esta, retratada de forma pura e violenta. Contudo este título não é um estudo da sociologia, uma vez que Freyre era um escritor – apesar de sua formação em Ciências Sociais – e sabia da importância e necessidade de pesquisas concretas para que pudesse validar um estudo sociológico ou antropológico, portanto, Casa-Grande & Senzala trata-se de um ensaio com linguagem obscena e vulgar – feito que resultou na queima de exemplares em praça pública de Recife. O título foi pioneiro na introdução da questão de Democracia Racial no Brasil (apesar de o termo em si nunca ter sido mencionado por Freyre), e recebeu inúmeras críticas uma vez que o autor afirmava que o racismo e discriminação de negros e indígenas no país não existia (comparava-os diretamente com a segregação norte-americana). 
Podemos citar também Sobrados e Mucambos (1936) – volume II da trilogia – onde Freyre retratou a influência europeia na transição de um país rural, referindo-se ao período em que devido a decadência do regime escravocrata no Brasil, os senhores tiveram que passar a viver em sobrados e os negros, não mais escravos, passaram a ocupar pequenos casebres nas áreas urbanas – hoje conhecidos como favelas.
Outra obra destacada é Interpretação do Brasil (1947), que se trata de um relato para estrangeiros de sobre como a relação dos diferentes grupos existentes no país (considerada uma relação harmoniosa se comparada aos Estados Unidos e Europa) podia contribuir para o desenvolvimento saudável de uma sociedade, e servir de modelo para novas estruturas sociais.
O último volume de “Introdução à Sociedade Patriarcal no Brasil” é Ordem e Progresso (1957), onde Freyre aborda a evolução do período monárquico para a república do Brasil, e aponta diversos elementos que, apesar da mudança na organização política, permaneceram; ou seja, mesmo com a tentativa de integração dos diferentes setores da sociedade, o modo de vida e organização política e social conservou-se. 
Sua tese de doutorado Vida social no Brasil nos meados do século XIX também viria a se transformar em um livro do mesmo nome no ano de 1964.
Destacam-se ainda: O mundo que o português criou (1940), Sociologia (1945), Vida, forma e cor (1962), Brasis, Brasil e Brasília (1968), Rurbanização: que é? (1982).
GILBERTO FREYRE E A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Gilberto Freyre discute como totalidade em sua obra a formação da sociedade brasileira através dos três pilares: branco (europeu), negro (africano) e o indígena (nativo), dentre os quais branco e negro tiveram sua importância ressaltada; o branco devido a totalidade do poder colonial, e o negro devido ao fato de proximidade que lhe era atribuída aos senhores de engenho através da senzala. Dentre os diversos pontos desta relação que foram abordados por Freyre, sem dúvidas o mais polêmico é o fato da Democracia Racial, onde ele desmistificava a questão racista e de inferioridade que era atribuída aos negros e índios. Uma das justificativas que utiliza para isto é o fato do acolhimento destes elementos – negros e índios – pela religião católica (que para o autor era a verdadeira instancia unificadora da raça). Portanto, uma vez inseridos no meio religioso, era possível estabelecer a convivência entre senhores e escravos. 
A miscigenação é outro fator tratado em primeiro plano por Gilberto Freyre, que atribuía este como sendo o ponto primordial para desenvolvimento do país, afinal seria impossível o português expandir as terras relacionando-se somente com seus “iguais”. Daí inicia-se o processo de reprodução entre brancos, negros e indígenas, resultando em um número cada vez maior de mestiços no Brasil. Para Ricardo Ossagô de Carvalho, em seu artigo “A Construção da Identidade Brasileira a Partir de Gilberto Freyre” (2014):
“[...]a miscigenação de certa forma era algo positivo, pois possibilitava a melhor adaptação do branco no ambientetropical, fornecendo assim a mão de obra, o prazer sexual e a constituição de toda uma cultura particular [...]” (Carvalho, 2014, p. 298).
Contudo existiam ainda, do ponto de vista do autor, diversas desvantagens desta miscigenação, sendo algumas delas a inferioridade física dos mestiços, causada pela má nutrição de escravos. 
De qualquer modo, Freyre insiste na falsa ideia do “bom senhor e escravo submisso”, pois de acordo com o escritor, em comparando-se aos regimes escravocratas europeus e árabes, o escravo no Brasil era “quase da família”:
“[...]O fato de que a escravidão, no Brasil, foi, evidentemente, menos cruel do que na América inglesa, e mesmo do que nas Américas francesa e espanhola, já me parece documentado de forma idônea[...]” (Freyre, 1969, p. 179).
E através deste equilíbrio de antagonismos e da harmonia dos conflitos que se originou nossa sociedade exclusiva e justamente distribuída em um ambiente recíproco para os pilares e possibilitando o máximo de aproveitamento das culturas.
IMPACTOS DAS IDEIAS DE FREYRE NA FORMAÇÃO DO BRASIL
Justamente por discutir a formação da nossa sociedade, os reflexos do pensamento de Gilberto Freyre causam impactos no Brasil até os tempos atuais. A ideia difundida pelo autor de que o Brasil não é – nunca foi – um país racista, de que o modo de tratamento para com as raças que não europeias dá-se por uma questão cultural (uma vez que para Freyre, o que separava os indivíduos em “inferiores” e “superiores” era justamente sua cultura, frisando sempre a cultura do branco português como superior), introduzem um pensamento de que quaisquer privilégios atribuídos a descendentes de negros e índios (mais de 45% da população) não são necessários, contudo muito fala-se em Casa-Grande & Senzala, porém pouco interpreta-se o ensaio, que apesar de romantizar a miscigenação traz quase que com clareza a perversão e crueldade originadas com este feito.
Todo indivíduo ao nascer herda uma história, o passado de sua família, e toda a sua carga cultural, portanto seria hipocrisia dizer que brancos e negros são tratados com igualdade – como negar o fato de que para propagar a população no Brasil, negros (principalmente mulheres) sofreram todo tipo de abuso sexual? Ou negar que para que a economia e política no país expandissem, escravos eram torturados e mortos? Não é uma história que possa ser apagada, contudo permanece velada à sombra do mito da meritocracia.
Ocultar essa parte fundamental da história do país faz com que a população acredite que o sistema de cotas raciais, por exemplo, não faz sentido, uma vez que, em tese, todos têm as mesmas oportunidades e podem igualmente alcançar o mesmo nível de sucesso. Esta ideia é brutalmente desfeita quando observamos que a maior parte dos habitantes da periferia são negros (remontando aos mucambos), ou quando todo tipo de mídia ao tratar de um crime frisa o fato de que o suposto criminoso é negro (nunca vemos “branco” ser utilizado como adjetivo nestes casos). O preconceito racial se faz presente no Brasil do pior modo que poderia: oculto em discursos de ódio.
Infelizmente é uma realidade que ainda está distante de ser mudada, afinal para compreender a existência do racismo e extingui-lo é necessário aprofundar e propagar conhecimento sobre o assunto, entretanto como falar sobre algo que para a ideia de muitos não se faz real?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JUNIOR, Arnaldo Nogueira. Releituras - Resumo Biográfico e Bibliográfico: Gilberto Freyre. Disponível em: <http://releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp>. Acesso em: 16 nov. 2018.
VIEIRA, Eziel. Biografias e Curiosidades: Biografia de Gilberto Freyre. 2016. Disponível em: <http://biografiaecuriosidade.blogspot.com/2016/02/biografia-de-gilberto-freyre.html>. Acesso em: 16 nov. 2018.
GASPAR, Lúcia. Gilberto Freyre. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: 16 nov. 2018.
GILBERTO Freyre. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: 
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1785/gilberto-freyre>. Acesso em: 17 nov. 2018.
BEZERRA, Juliana. Gilberto Freyre. Disponível em:
<https://www.todamateria.com.br/gilberto-freyre/>. Acesso em: 17 nov. 2018.
FERNANDES, Cláudio. O Brasil de Gilberto Freyre. Disponível em: <https://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/o-brasil-gilberto-freyre.htm>. Acesso em: 17 nov. 2018.
DAMASCENO, Daniel. A Formação da Sociedade Brasileira por Gilberto Freyre. 2010. Disponível em: <http://falandodaaula.blogspot.com /2010/11/formacao-da-sociedade-brasileira-por.html>. Acesso em: 17 nov. 2018.
CARVALHO, Ricardo Ossagô de. A Construção da Identidade Brasileira a Partir de Gilberto Freyre. Oficina do Historiador, Porto Alegre/RS, p. 293-304, maio. 2014. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/oficinadohistoriador /article/viewFile18973/12039>. Acesso em: 17 nov. 2018.
SOUZA, Jessé. Gilberto Freyre e a singularidade cultural brasileira. Tempo Social, São Paulo, v.12, n.1, p.69-100, maio de 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702000000100 005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 nov. 2018.

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