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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE)

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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
1 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE) 
 
 
CONCEITO 
O Recurso em Sentido Estrito é o recurso atra-
vés do qual se busca o reexame da decisão, 
despacho ou sentença do juiz, permitindo a este, 
um novo pronunciamento, nas hipóteses taxati-
vamente previstas em lei. 
 
CUIDADO 
 
Deve-se ter muito cuidado para não confundir 
quando será cabível o RESE ou a Apelação. 
Podemos diferenciar da seguinte maneira: 
REGRA GERAL se a decisão for de mérito ca-
berá APELAÇÃO e se for decisão interlocutó-
ria caberá RESE. 
Todavia, esta dica NÃO se aplica às decisões 
proferidas pelo Tribunal do Júri. 
 
TIPOS DE SENTENÇA 
Para saber se caberá RESE ou APELAÇÃO 
deve-se verificar se já existe uma sentença, 
pois, a depender do tipo de sentença, caberá um 
ou outro recurso. 
 
A doutrina ensina que pode haver os seguintes 
tipos de sentença: 
► Sentença Stricto Sensu ou Sentença em 
termo próprio 
É a decisão judicial propriamente dita sobre o 
mérito do feito, é a sentença que decide o MÉ-
RITO da questão, decidindo de forma intrínseca 
as questões do processo. Desta sentença, via 
de regra, caberá Apelação. 
Vale lembrar que existe a seguinte classificação 
deste tipo de sentença: 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Medida de Segurança NÃO é pena, tendo em 
vista que a pena tem a ideia de reeducação 
do apenado, já a medida de segurança tem 
fins curativos. 
 
► Sentença Latu Sensu 
É qualquer decisão do juiz que NÃO resolva o 
MÉRITO, como as decisões interlocutórias. 
Todas as sentenças que foram feitas antes de 
decidir o feito serão consideradas sentenças 
latu sensu. 
Tal sentença é sinônimo de toda e qualquer sen-
tença interlocutória, tudo que seja decisão ema-
nada do juiz e que não verse sobre o mérito do 
feito. Como já foi dito, desta sentença, via de re-
gra, caberá RESE. 
Como se pode observar, saber o tipo de sen-
tença que foi proferida é de suma importância 
para poder identificar se será cabível o RESE. 
 
PRAZO 
O prazo do RESE, via de regra, é de 5 dias para 
oferecer a petição de interposição e 2 dias para 
oferecer as razões do recurso, conforme 
arts. 586 e 588 do CPP, respectivamente. 
Excepcionalmente, o RESE terá o prazo de 20 
dias para ser interposto, já com as razões inclu-
sas, no caso de decisão que incluir jurado na 
lista geral ou desta o excluir (art. 581, XIV), con-
tado da data da publicação definitiva da lista de 
jurados, conforme art. 586, parágrafo único do 
CPP. 
 
ENDEREÇAMENTO DO RESE 
Via de regra, a petição de interposição do RESE 
é endereçada ao juiz do feito, e as razões para 
o Tribunal respectivo (TJ ou TRF). 
A exceção é no caso de decisão que incluir ju-
rado na lista geral ou desta o excluir (Art. 581, 
XIV), quando a petição de interposição será en-
dereçada ao Presidente do Tribunal (TJ ou 
TRF), assim como as razões. 
 
EFEITO REGRESSIVO 
(JUÍZO DE RETRATAÇÃO) 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
2 
Uma característica peculiar do Recurso em Sen-
tido Estrito é a de que ele possui efeito regres-
sivo, pois o juiz do feito pode, após tomar conhe-
cimento das razões e contrarrazões das partes, 
reavaliar e modificar sua decisão. Ou seja, no 
RESE é permitido ao próprio juiz prolator da de-
cisão recorrida retratar-se desta antes da re-
messa do recurso ao juízo ad quem, nos exatos 
moldes do art. 589 do Código de Processo Pe-
nal. 
 
RESE É COMPOSTO POR DUAS PEÇAS 
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO 
• Dirigida ao juiz da vara criminal que proferiu a 
sentença; 
• No caso de inclusão ou exclusão do jurado, 
deve ser dirigida ao Presidente do Tribunal; 
• Deve ser pedido o recebimento e o processa-
mento do RESE, a reforma da decisão recorrida 
e que, caso seja mantida a decisão, seja feita a 
remessa ao Tribunal competente. 
RAZÕES 
• Dirigida ao Tribunal competente; 
• Deve-se requerer o provimento do recurso e a 
reforma da decisão prolatada. 
 
Caso o juiz venha a reformar sua decisão, ca-
berá ao recorrido intentar petição, no prazo de 5 
dias, para subida dos autos. Caso o magistrado 
não modifique a decisão, deverá ele mesmo fa-
zer a remessa dos autos à instância superior. 
 
HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RESE 
O rol das hipóteses de cabimento do RESE é 
TAXATIVO. 
Vale ressaltar, também, que algumas das situa-
ções elencadas no artigo 581 do Código de Pro-
cesso Penal não comportam mais RESE, sub-
metendo-se ao Agravo em Execução. 
Outras, simplesmente não possuem mais apli-
cação prática ou foram revogadas tacitamente 
por outros dispositivos legais. 
Posto isto, vale analisar as hipóteses de cabi-
mento do RESE que ainda estão plenamente em 
vigor: 
 
DECISÃO QUE NÃO RECEBER DENÚNCIA 
OU QUEIXA (Art. 581, I, CPP). 
Esta hipótese de RESE será cabível todas as 
vezes que a denúncia ou queixa for rejeitada nos 
termos do art. 395 do Código de Processo Pe-
nal, ou seja, basta que haja a rejeição liminar da 
denúncia ou queixa com fundamento nas hipó-
teses deste artigo para ser cabível o RESE. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Admite a jurisprudência, também, ser cabível 
o RESE com tal fundamento quando a deci-
são rejeita o aditamento da denúncia. 
 
Vale lembrar que não existe recurso previsto ex-
pressamente no Código de Processo Penal para 
a decisão que recebe a denúncia ou a queixa, 
sendo possível a parte intentar habeas corpus 
como ação autônoma, no intuito de trancar a 
ação penal. 
Por fim, havendo a interposição do RESE por 
parte da acusação, o denunciado deve ser inti-
mado para apresentar suas contrarrazões, 
ainda que não exista sequer processo, tendo por 
fundamento a manutenção da ampla defesa. 
 
ATENÇÃO!!! 
 
Em caso de crimes de competência dos Jui-
zados Especiais Criminais a rejeição da de-
núncia ou queixa ensejará APELAÇÃO, nos 
termos do art. 82 da Lei nº 9099/95 e o prazo 
será de 10 DIAS. 
 
DECISÃO QUE CONCLUIR PELA INCOMPE-
TÊNCIA DO JUÍZO (Art. 581, II, CPP) 
Aplica-se este caso, quando o reconhecimento 
da incompetência for feito de ofício pelo juiz, ou 
seja, o próprio juiz, por iniciativa pessoal e sem 
o requerimento de nenhuma das partes, en-
tende que não é competente para julgar o feito 
e profere decisão alegando a incompetência do 
juízo. 
Deve-se ficar atento ao detalhe acima, pois caso 
o reconhecimento da incompetência seja decor-
rente da arguição de uma exceção, NÃO haverá 
a fundamentação do RESE com base no inciso 
II do art. 581 do CPP e sim com base no inciso 
III do artigo 581 do CPP. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
3 
Caso o magistrado conclua pela competência 
do juízo, não existe recurso cabível, podendo 
a defesa ingressar com habeas corpus, tendo 
por fundamento o princípio do juiz natural. 
 
DECISÃO QUE JULGAR PROCEDENTE AS 
EXCEÇÕES, SALVO A DE SUSPEIÇÃO 
(Art. 581, III, CPP) 
As exceções, conforme previsão do art. 95 do 
CPP, podem ser de suspeição (ou impedimento) 
incompetência do juízo, litispendência, ilegitimi-
dade da parte e coisa julgada. 
No que se refere às exceções de incompetência 
do juízo, litispendência, ilegitimidade da parte e 
coisa julgada, elas são processadas em apar-
tado e decididas pelo próprio juiz da causa, nos 
exatos termos do art. 111 do CPP. 
Caso o juiz da causa decida pela procedência 
destas exceções será cabível a interposição do 
RESE com fundamento no inciso III, do art. 581 
do CPP. 
Em relação à decisão que julga procedente a ex-
ceção de incompetência do juízo, deve-se ter 
cuidado, tendo em vista que neste caso NÃO é 
o próprio juiz que decide de ofício pela incompe-
tência do juízo(o que ensejaria a interposição 
do RESE com base no inciso II, do art. 581 do 
CPP) e sim a decisão de incompetência é moti-
vada pela interposição de uma exceção, ou seja, 
há o reconhecimento da incompetência do juízo 
através de um requerimento da parte. 
Por sua vez, no que diz respeito à decisão que 
julgar procedente a exceção de suspeição existe 
uma ressalva trazida pelo próprio inciso III, do 
art. 581 do CPP. 
Neste caso NÃO será cabível a interposição do 
RESE, tendo em vista que nesta hipótese o du-
plo grau de jurisdição será automático, podendo 
ocorrer as seguintes situações: 
1ª) Caso o magistrado concorde com a exceção 
de suspeição, decretará a suspensão do pro-
cesso e a remessa dos autos ao substituto. 
Neste momento ocorrerá um controle jurisdicio-
nal, realizado pelo Tribunal, pois cabe ao Presi-
dente designar qual o magistrado será o substi-
tuto. 
2ª) Caso o juiz discorde da exceção de suspei-
ção, os autos, obrigatoriamente, devem ser en-
caminhados a instância superior. 
Recomenda-se a leitura dos artigos 99 e 100 do 
CPP. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Caso o juiz decida pela rejeição da exceção, 
não existe recurso cabível, podendo ser inten-
tado habeas corpus. 
 
DECISÃO QUE PRONUNCIAR O RÉU 
(Art. 581, IV, CPP) 
Por expressa disposição legal, da decisão que 
pronunciar o réu caberá a interposição do RESE 
com base no inciso, IV, do art. 581 do Código de 
Processo Penal. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Em relação às decisões que podem ser profe-
ridas em sede de Tribunal do Júri, vale lem-
brar a possibilidade de interposição dos se-
guintes recursos: 
• Pronúncia – cabe RESE com fundamento no 
art. 581, IV, do CPP. 
• Desclassificação – cabe RESE com funda-
mento no art. 581, II ou III, do CPP. 
• Impronúncia – cabe APELAÇÃO com funda-
mento no art. 416 do CPP. 
• Absolvição Sumária – cabe APELAÇÃO 
com fundamento no art. 416 do CPP. 
 
DECISÃO QUE CONCEDER, NEGAR, ARBI-
TRAR, CASSAR OU JULGAR INIDÔNEA A FI-
ANÇA, INDEFERIR REQUERIMENTO DE PRI-
SÃO PREVENTIVA OU REVOGÁ-LA, CONCE-
DER LIBERDADE PROVISÓRIA OU RELAXAR 
A PRISÃO EM FLAGRANTE; (Art. 581, V, CPP) 
Toda vez que couber RESE no caso de fiança 
deve-se verificar quais são os casos em que não 
cabe fiança previstos nos arts. 323 e 324 do 
CPP. 
Outro ponto relacionado à fiança que é de 
grande relevância é o de que o delegado de po-
lícia, atualmente, poderá conceder fiança nos 
casos de infração cuja pena privativa de liber-
dade máxima não seja superior a 4 (quatro) 
anos. 
Nos demais casos, a fiança será requerida ao 
juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas, 
nos exatos termos do art. 322, caput e parágrafo 
único do Código de Processo Penal. 
Destaca-se que somente caberá RESE do inde-
ferimento da prisão preventiva, caso a sentença 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
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venha a decretar a preventiva deve-se pedir a 
revogação da prisão preventiva. 
Recomenda-se a leitura dos artigos 311 a 315 
do CPP. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Caso a liberdade provisória seja negada, ca-
berá a defesa intentar habeas corpus. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
O assistente de acusação não é parte legítima 
para intentar RESE, nas hipóteses em que o 
juiz conceder liberdade ao réu. 
 
DECISÃO QUE JULGAR QUEBRADA A FI-
ANÇA OU PERDIDA SEU VALOR (Art. 581, VI, 
CPP) 
As hipóteses que acarretam a perda ou quebra-
mento da fiança, de acordo com o CPP, estão 
trazidas nos 341 a 346 do CPP. 
 
DECISÃO QUE DECRETAR A PRESCRIÇÃO 
OU JULGAR, POR OUTRO MODO EXTINTA A 
PUNIBILIDADE (Art. 581, VIII, CPP) 
Normalmente quem utiliza esta hipótese de 
RESE é o promotor de justiça ou o Assistente de 
Acusação, já que a extinção de punibilidade é 
benéfica ao agente. 
 
DECISÃO QUE INDEFERIR O PEDIDO DE RE-
CONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO OU DE 
OUTRA CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILI-
DADE (Art. 581, IX, CPP) 
Esta hipótese de RESE ocorrerá nos casos de 
existir uma decisão que denegar o reconheci-
mento de uma causa extintiva de punibilidade. 
Deve o candidato sempre ir para o art. 107 do 
Código Penal para ver quais são as hipóteses 
de extinção de punibilidade e se houve, no caso 
concreto, o indeferimento do seu pedido de re-
conhecimento. Ex. Houve decadência ao direito 
de queixa, mas o juiz NÃO a reconheceu, neste 
caso será cabível a impetração de RESE. 
 
DECISÃO QUE CONCEDER OU NEGAR OR-
DEM DE HABEAS CORPUS (Art. 581, X, CPP) 
Desta hipótese de RESE a situação que inte-
ressa à defesa é o caso de negação de ordem 
de habeas corpus. 
Vale ressaltar que a negativa de seguimento do 
habeas corpus deve ser realizada por um juiz 
singular para poder caber o RESE. 
Deve-se ter cuidado com esta hipótese de 
RESE, pois caso o habeas corpus seja negado 
pelo Tribunal de Justiça, pelo TRF ou por Tribu-
nais Superiores (STJ, STM ou TSE), NÃO ca-
berá RESE e sim o Recurso Ordinário Constitu-
cional (ROC), nos termos dos artigos 102, II, “a” 
e 105, II, “a” da Constituição Federal. 
Neste último caso, NÃO haverá supressão de 
instância em face de previsão constitucional ex-
pressa deste último recurso. 
Desta forma, sempre que for o caso de denega-
ção de Habeas Corpus deve-se ir para o art. 102 
CF e 105 CF para verificar se há uma situação 
que motivaria o Recurso Ordinário Constitucio-
nal (ROC) para o STF ou STJ a depender do 
caso. 
No caso de ser hipótese de ROC, este recurso 
vai ser impetrado diretamente no STF ou STJ, 
não havendo que se falar em supressão de ins-
tância. 
 
DECISÃO QUE ANULAR, TOTAL OU PARCI-
ALMENTE, O PROCESSO DA INSTRUÇÃO 
CRIMINAL (Art. 581, XIII, CPP) 
Nesta hipótese de RESE, segundo a doutrina, o 
que importa é que houve a anulação de algum 
ato processual, ou de todo o processo, e não 
apenas a anulação da instrução criminal. 
Ou seja, a expressão “instrução” foi utilizada de 
forma ampla. Neste caso será cabível a impetra-
ção de RESE tanto pela acusação, quanto pela 
defesa, a depender do interesse. 
 
DECISÃO QUE INCLUIR OU EXCLUIR JU-
RADO DA LISTA GERAL (Art. 581, XIV, CPP) 
Existe uma grande peculiaridade nesta hipótese 
de RESE, pois o prazo para intentá-lo, neste 
caso, é de 20 dias, nos termos do art. 586, pa-
rágrafo único, do CPP, a contar da publicação 
definitiva da lista de jurados. 
Além disso, o endereçamento da petição de in-
terposição e as das razões é feito diretamente 
ao Presidente do Tribunal e as razões do re-
curso, exclusivamente nesta hipótese, serão 
apresentadas dentro do prazo de 20 dias, NÃO 
havendo o prazo de 2 dias para apresentação 
das razões recursais, como ocorre nas demais 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
5 
hipóteses de RESE previstas ao teor do artigo 
581 do CPP. 
Vale lembrar que qualquer pessoa é parte legí-
tima para intentar RESE nesta hipótese, tendo 
em vista que a lista de jurados é de interesse 
coletivo ou difuso. 
 
DECISÃO QUE DENEGAR A APELAÇÃO OU 
JULGÁ-LA DESERTA (Art. 581, XV, CPP) 
A hipótese de denegação de apelação ainda 
está plenamente em vigor e ocorrerá todas as 
vezes que a apelação NÃO for recebida pela au-
sência de pressupostos recursais de admissibi-
lidade. 
Não é mais cabível o instituto da deserção da 
apelação em decorrência da revogação do 
art. 594 CPP. 
Este artigo previa que caso o réu apresentasse 
apelação e depois viesse a fugir, haveria a de-
serção da apelação. 
Corroborando com este entendimento, o STJ 
editou a Súmula 347 que afirma que “o conheci-
mento de recurso de apelação do réu independe 
de sua prisão”, razão pela qual, também em 
sede jurisprudencial, a hipótese de cabimento 
de RESE diante de decisão que julgou a apela-
ção deserta encontra-se superada. 
 
DECISÃO QUE ORDENAR A SUSPENSÃO DO 
PROCESSO POR QUESTÃOPREJUDICIAL 
(Art. 581, XVI, CPP) 
As questões prejudiciais estão previstas nos ar-
tigos 92 e 93 do CPP. 
A regra é a de que o juiz, no curso da instrução 
criminal, não está adstrito às provas apresenta-
das pelas partes, ou seja, o magistrado não é 
obrigado a se restringir ao que for alegado pelas 
partes, sendo uma prova lícita o juiz pode man-
dar produzi-la. 
Desta forma, entende-se que o juiz é livre para 
produzir as provas que bem entender, que jul-
gue relevantes, necessárias e pertinentes, a 
única exigência é que a prova seja lícita. 
Ao magistrado cabe o conhecimento da verdade 
real, ele tem que chegar ao seu conceito sobre 
o fato e se a prova for lícita ele poderá determi-
nar a produção de provas de ofício. 
Entretanto, existem casos em que o juiz, para 
decidir uma questão de mérito, necessita da pro-
dução de prova de outra esfera, diferente da es-
fera penal. 
Neste caso estamos diante de uma questão pre-
judicial de natureza extrapenal ou heterogênea. 
Diante de uma questão prejudicial heterogênea 
se o magistrado tiver que dirimir dúvida sobre o 
estado civil de pessoas e esta questão tiver que 
ser solucionada para caracterizar o crime (al-
guma de suas elementares) ele terá que remeter 
o caso ao juiz cível e deve suspender o processo 
(não corre prazo de nada), existindo o que a 
doutrina chama de questão prejudicial heterogê-
nea obrigatória. 
Neste caso o juiz criminal manda para o juiz cí-
vel e espera que este seja resolvido. 
Há uma controvérsia sobre direito civil que verse 
sobre o estado de pessoa, a lei proíbe que o juiz 
solucione, devendo mandar o feito para a esfera 
civil, conforme os art. 92 e 93 do CPP. 
Ex. Caso de bigamia, somente haverá este 
crime se o primeiro casamento for válido. Se es-
tiver havendo discussão sobre a nulidade do pri-
meiro casamento no âmbito cível não haverá bi-
gamia e esta controvérsia sobre o estado civil 
das pessoas é elementar do crime de bigamia e 
não pode ser resolvida pelo magistrado criminal. 
Neste caso, da decisão que ordenar a suspen-
são do processo por questão prejudicial hetero-
gênea obrigatória caberá a interposição de 
RESE. 
Vale ressaltar que a controvérsia deve ser indis-
pensável para caracterizar a elementar do 
crime, se não for indispensável, o juiz pode de-
cidir sem necessidade de sustar o feito e reme-
ter o processo para o juízo cível, existindo, neste 
caso, o que a doutrina chama de questão preju-
dicial heterogênea facultativa. 
Neste caso, o próprio juiz do feito criminal é que 
irá decidir a questão prejudicial mencionada. 
Ex. Fulano que comete lesão corporal sobre 
uma pessoa, mas há dúvida se esta pessoa é 
filho ou não do autor do crime. 
Neste caso há questão prejudicial heterogênea 
facultativa, pois não é questão necessária para 
caracterizar a elementar do crime e sim uma cir-
cunstância agravante prevista no art. 61, II, e), 
do CP, podendo o próprio juiz criminal decidir 
sobre a questão, sem necessidade de sustação 
do feito e de remessa para o juízo cível. No caso 
de decisão que julgar questão prejudicial hete-
rogênea facultativa, como não há a suspensão 
do processo, NÃO há o cabimento de RESE. 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
6 
DECISÃO DO INCIDENTE DE FALSIDADE. 
(Art. 581, XVIII, CPP) 
O incidente de falsidade está previsto nos arti-
gos 145 a 148 do CPP, e caso o juiz profira uma 
decisão julgando este tipo de incidente, será ca-
bível a apresentação do RESE. 
 
HIPÓTESES EM QUE NÃO CABE MAIS 
RESE 
Deve-se ter muito cuidado para não cair nas se-
guintes “cascas de banana”, tendo em vista que 
nas seguintes hipóteses NÃO é cabível mais o 
RESE: 
1ª) Da decisão que conceder, negar ou revogar 
a suspensão condicional da pena (art. 581, XI, 
CPP) – caberá Agravo ou Apelação a depender 
de quem decidiu acerca da suspensão condicio-
nal da pena. Em caso de decisão, na sentença, 
pelo juiz sentenciante, caberá Apelação, com 
fundamento no art. 593, I do CPP. Em sendo a 
decisão proferida pelo juízo da execução, ca-
berá Agravo em Execução com fundamento no 
art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Pe-
nais; 
2ª) Da decisão que conceder, negar ou revogar 
livramento condicional (art. 581, XII, CPP) – ca-
berá Agravo em Execução (art. 197 da Lei 
7.210/84 – Lei de Execuções Penais); 
3ª) Da decisão que decidir sobre a unificação 
de penas (art. 581, XVII CPP) – caberá Agravo 
em Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de 
Execuções Penais); 
4ª) Da decisão que decretar medida de segu-
rança, depois de transitar a sentença em julgado 
(art. 581, XIX, CPP) – caberá Agravo em Execu-
ção (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções 
Penais); 
5ª) Da decisão que impuser medida de segu-
rança por transgressão de outra (art. 581, XX, 
CPP) – caberá Agravo em Execução (art. 197 
da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais); 
6ª) Da decisão que mantiver ou substituir a me-
dida de segurança, nos casos do art. 774 
(art. 581, XXI, CPP) – NÃO cabe recurso pois o 
art. 774 do CPP foi revogado tacitamente pela 
Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais; 
7ª) Da decisão que revogar a medida de segu-
rança (art. 581, XXII, CPP) – caberá Agravo em 
Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Exe-
cuções Penais); 
8ª) Da decisão que deixar de revogar a medida 
de segurança, nos casos em que a lei admita a 
revogação (art. 581, XXIII, CPP) – caberá 
Agravo em Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – 
Lei de Execuções Penais); 
9ª) Da decisão que converter a multa em deten-
ção ou em prisão simples (art. 581, XXIV, 
CPP) – NÃO cabe recurso ALGUM, pois esta hi-
pótese foi revogada tacitamente pela modifica-
ção do art. 51 do Código Penal, que converteu a 
multa em dívida de valor, não tornando mais 
possível a sua conversão em prisão. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Apesar de não constar no rol do art. 581 do 
Código de Processo Penal, é possível o in-
tento do Recurso em Sentido Estrito (RESE), 
nos termos do art. 294, parágrafo único do 
Código de Trânsito Brasileiro. 
 
É possível, ainda, o cabimento do (RESE), de 
acordo com o constante no Decreto-Lei 201/67, 
da decisão que concede ou denega a prisão pre-
ventiva, bem como do afastamento do cargo, 
nos termos do art. 2º, III do referido decreto. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
A Decisão que concede, nega ou revoga a 
suspensão condicional do processo, nos ter-
mos do art. 89 da Lei 9.099/95 também ca-
berá RESE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRUTURA DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
Petição de interposição 
Endereçamento: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DE _______________________ (Regra Geral) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICI-
ÁRIA DE _____________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA DE __________________ (Crimes da Competência do Tribunal do Júri) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO _____ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 
DA COMARCA _______________ (Endereçamento ao Juizado Especial) 
 
Processo número: 
(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público/Querelante, 
às fls. ___________, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosa-
mente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de _____________, 
conforme fls. _________________,interpor tempestivamente o presente 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fundamento no art. 581, (indicar inciso) do Código de Processo Penal. Em se tratando do CTB, fun-
damentar no art. 294, parágrafo único da Lei 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro. Interpondo RESE 
em face do constante no Decreto-Lei 201, a fundamentação será no art. 2º, III do Decreto-Lei 201/67. 
 
 Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de Processo Penal e, 
em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado a superior instância para o 
devido processamento e julgamento. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
 
Razões ou contrarrazões 
Endereçamento: 
RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL (DE JUSTIÇA OU REGIONAL FEDERAL) COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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Endereçamento para Turma Recursal dos Juizados Especiais 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL 
COLENDA TURMA 
ÍNCLITOS JULGADORES 
 
1. Dos Fatos 
Seja mais resumido nos fatos, e mais enfático no resumo do processo. 
Cita-se o mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. 
Deve-se expor como se chegou à sentença. 
No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor: 
“A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir 
aduzidos”. 
2. Das Preliminares 
Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. 
Abra os artigos na seguinte sequência: 
1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 
2º) Art. 109 CP – Prescrição 
3º) Art. 564 CPP – Nulidades 
4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 
5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusa-
tória. 
3. Do Mérito 
Fale logo do mérito no primeiro parágrafo, diga o que você quer. Deve-se dizer logo o porquê de você está 
atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no mérito. 
Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o direito pertinente ao caso 
e os artigos correlatos. 
4. Do Pedido 
Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e demais pedidos sub-
sidiários possíveis. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 
CASO PRÁTICO RESOLVIDO 
 
Felipe e Gabriel são amigos há vários anos e são fanáticos pela prática de alpinismo, fazendo, inclusive, 
inúmeras escaladas em várias montanhas do Brasil. 
No dia 22 de outubro de 2013, ao realizarem uma escalada na montanha do Estado de Alfa, Felipe per-
cebeu que a corda que o sustentava começou a se romper, ocasião em que cortou o sustentáculo, im-
pondo com isso a queda de Gabriel, também sustentado pela mesma corda. Tal conduta provocou a 
morte imediata de Gabriel, tendo Felipe sido salvo. 
Em virtude da situação apresentada, Felipe foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado pelo re-
curso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, 
tendo em vista que, segundo o promotor de justiça competente, Felipe cortou dolosamente a corda que 
o sustentava e à vítima, quando os dois estavam escalando uma montanha, o que tornou impossível 
qualquer tipo de defesa por parte de Gabriel. 
A denúncia foi apresentada com base em provas colhidas em um inquérito policial, tendo sido juntada 
perícia tanatoscópica comprovando a morte de Gabriel. 
O Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município Delta do Estado Alfa recebeu a denúncia e mandou 
citar o réu para apresentar defesa. Este apresentou resposta no prazo legal. 
Na audiência de instrução, realizada no dia 16 de julho de 2014, o réu foi ouvido e informou que realmente 
tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de 
extremo perigo, pois a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa 
senão cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. 
Além disso, foram ouvidas testemunhas da acusação que não viram o crime, mas informaram que Felipe 
e Gabriel, de fato, eram amigos desde crianças e não sabiam de nenhuma rixa entre os dois que pudesse 
ocasionar vontade por parte do réu de matar a vítima. Inexistindo testemunha de defesa arrolada ao 
processo, as alegações finais foram realizadas de maneira oral, tendo o representante do Parquet se 
manifestado pela pronúncia do réu, nos mesmos termos da denúncia, tendo requerido a defesa a absol-
vição sumária do agente. 
O magistrado, em audiência, prolatou sentença de pronúncia pelo crime de homicídio simples, retirando 
a qualificadora em virtude de sua manifesta ilegalidade, intimando as partes no referido ato. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto 
acima, na condição de advogado(a) de Felipe, redija a peça cabível à impugnação da mencionada deci-
são, respeitando as formalidades legais e desenvolvendo, de maneira fundamentada, as teses defensivas 
pertinentes. 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DO 
MUNICÍPIO (ou COMARCA) DELTA DO ESTADO ALFA 
Processo número: 
 
 
 Felipe, já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, às fls. ____, por 
seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, inconformado com a respeitável sentença de pronúncia, conforme fls. ___, interpor tempes-
tivamente o presente 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fundamento no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. 
 Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de Processo Penal 
e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado à superior instância para 
o devido processamento e julgamento. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Município Delta, Estado Alfa, data. 
Advogado, OAB 
 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
1. Dos Fatos 
 O recorrente foi pronunciado por ter supostamente cometido o crime de homicídio qualificado pelo 
recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, 
perante o Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município (ou Comarca) Delta do Estado Alfa, pois teria 
cortado dolosamente a corda que sustentava o recorrente e a vítima, quando os dois estavam escalando 
uma montanha, o que teria tornado impossível qualquer tipo de defesa por parte de Gabriel. 
 Consta nos autos que o recorrente e a vítima estavam realizando uma escalada de uma montanha, 
quando Felipe percebeu que a corda que o sustentava junto à montanha estava prestes a se romper, 
ocasião em que cortou o sustentáculo, impondo com isso a queda da vítima, também sustentada pela 
mesma corda. Tal conduta provocou a morte imediata de seu amigo de muitos anos, propiciando o sal-
vamento do recorrente. 
 Na audiência de instrução, o recorrente foi ouvido e informou que realmente tinha escalado uma 
montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em umasituação de extremo perigo, já 
que notou que a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão 
cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. 
 A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir adu-
zidos. 
2. Das Preliminares 
 Preliminarmente cumpre esclarecer a ocorrência manifesta do estado de necessidade, causa de 
exclusão da ilicitude do fato, nos termos do art. 23, I em combinação com o art. 24, ambos do Código 
Penal. 
 
 
 
 
 
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11 
 Por último, cumpre esclarecer ainda em sede de preliminar, que não existe interesse de agir, fal-
tando uma condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo 
Penal. 
3. Do Mérito 
 Cumpre esclarecer que, no caso concreto, resta configurada a excludente de ilicitude de estado de 
necessidade, pela simples leitura das provas produzidas no decorrer do processo, razão pela qual o 
recorrente deveria ter sido absolvido sumariamente e não pronunciado. 
 Consta dos autos que o recorrente tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, 
percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, já que verificou que a corda que segurava os 
dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que ocasi-
onou a morte de seu amigo. 
 Conforme ensina a melhor doutrina, percebe-se que todos os requisitos do estado de necessidade 
estão presentes no caso concreto, nos exatos termos dos arts. 23, I e 24 do Código Penal. 
 O recorrente estava diante de um perigo atual (é o perigo que está ocorrendo, é o perigo presente, 
concreto), pois a corda que segurava o recorrente e a vítima ia se romper, o que causaria a morte do 
recorrente e da vítima. Houve ameaça a direito próprio já que a própria vida do recorrente estava em 
jogo. A situação de perigo não foi causada voluntariamente pelo recorrente, tendo em vista que o recor-
rente não criou a 
situação de perigo que passou. 
 Não havia outra forma de proteger a própria vida do recorrente, ou seja, Felipe não tinha alternativa 
para evitar a morte de seu amigo e proteger o seu direito ameaçado, pois ou ele cortava a corda e se 
salvava, ou então tanto o recorrente quanto a vítima iriam morrer. E, por fim, o sacrifício do direito ame-
açado do recorrente, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, ou seja, a situação de perigo atual 
pela qual passou o agente não exigia que ele sacrificasse o seu direito (sua própria vida) que 
foi ameaçado. 
 Desta forma, estão presentes todos os requisitos do estado de necessidade, razão pela qual a 
absolvição sumária se impõe a Felipe. 
 Apenas por cautela, cumpre esclarecer a falta de uma condição para o exercício da ação penal, 
qual seja, o interesse de agir. Ora, como o recorrente está amparado pela excludente da ilicitude do fato 
de estado de necessidade, art. 23, I e art. 24, ambos do Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão 
pela qual o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade 
ao final do processo, restando configurada a falta de interesse de agir. 
4. Dos Pedidos 
 Diante do exposto, requer o provimento do recurso e a reforma da sentença para que seja Felipe 
absolvido sumariamente em virtude de causa de exclusão do crime, qual seja, o estado de necessidade, 
nos termos do art. 415, IV do Código de Processo Penal. 
 Caso não seja acolhido o pedido acima, o que não se espera, requer-se a anulação da decisão de 
pronúncia, em virtude da nulidade de falta de condição para o exercício da ação penal, qual seja, o 
interesse de agir, ocasião em que o processo sequer deveria ter sido iniciado. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Município Delta, Estado Alfa, data. 
Advogado, OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO PRÁTICO PROPOSTO 
 
Beatriz, ansiosa para a chegada do seu primeiro filho, Ricardo, arruma todas as coisas antes de ir ao 
hospital para dar à luz. Juntamente com Henrique, seu marido, dão entrada no Hospital Regional da 
Cidade de Alfa, Estado Gama. Após um parto complicado, visto que seu filho estava entrelaçado pelo 
cordão umbilical, Beatriz teve Ricardo, nascido com 50 cm e 3,046 Kg de parto cesariana. Após o parto, 
Beatriz volta ao quarto, ficando Ricardo no berçário. À noite, seu filho é levado ao aposento para ser 
amamentado, sendo observado sempre de perto por Henrique. Em uma das visitas do bebê ao quarto 
para amamentação, Henrique entrega seu filho à Beatriz, enquanto vai comprar sanduíche na lanchonete 
do hospital. Nesse ínterim, Beatriz, ao amamentar Ricardo, acaba por sufocá-lo, matando a criança. De-
sesperada, começa a gritar pelo hospital, ocasião em que os enfermeiros ali de plantão chamam a polícia. 
Ao chegar ao local do crime, os policiais prendem Beatriz em flagrante pela prática do crime de infanticí-
dio, nos termos do art. 123 do Código Penal. Em sede de inquérito, Beatriz e Henrique foram ouvidos, 
informando que sempre desejaram ter a criança e que era uma lástima a sua perda, em virtude de um 
equívoco ao amamentar o bebê. Apesar de não realizada perícia na acusada, para comprovação do 
estado puerperal, o representante do Ministério Público denunciou-a como incursa nas penas do crime 
de infanticídio, nos termos do artigo supracitado, baseando a denúncia nos depoimentos colhidos em 
sede inquisitorial. Recebida a denúncia e apresentada defesa pelo advogado constituído por Beatriz, foi 
realizada a instrução criminal, sendo ouvidas as enfermeiras que cuidaram tanto da acusada quanto de 
Ricardo. Todas foram taxativas ao informar que Beatriz, ao alimentar seu filho, sempre foi muito atenciosa 
e cuidadosa, justamente por ser mãe de primeira viagem. Em seu interrogatório, Beatriz informou que 
não tinha a intenção de matar seu filho e estava em estado de choque por todo ocorrido. Ao final da 
instrução probatória, foram realizadas as alegações finais oralmente, tendo o representante do Ministério 
Público requerido a pronúncia nos termos da denúncia e a defesa a absolvição sumária nos moldes do 
art. 415 do Código de Processo Penal. No mesmo dia, o juiz da 10ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca 
Alfa, Estado Gama, proferiu decisão pronunciando a acusada, nos termos do art. 413 do Código de Pro-
cesso Penal, revogando a sua prisão preventiva para que ela pudesse continuar respondendo ao pro-
cesso em liberdade. Ressalte-se que nos autos não há perícia tanatoscópica que comprove a morte do 
feto, nem a realização de perícia comprovando o estado puerperal da acusada na ocasião do crime. 
Sabendo que a decisão de pronúncia foi proferida no dia 10 de agosto de 2015, (segunda-feira), na qua-
lidade de advogado da acusada, com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem 
ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível no intuito de impugnar mencionada decisão, 
acompanhada das razões pertinentes, datando-a no último dia do prazo para a sua interposição. 
 
RESPOSTA 
 
• Peça: 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV do Código de Processo Penal. 
 
• Competência: 
Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA DO TRIBUNAL 
DO JÚRI DA CIDADE ALFA DO ESTADO GAMA 
Razões: 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO GAMA 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
OBS.: Requerer o juízo de retratação, nos moldes do art. 589 do Código de Processo Penal. 
 
• Teses: 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito PenalGeovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
 
13 
 Indicação da preliminar de ausência do exame de corpo de delito, fundamento no art. 564, III, “b” 
em combinação com o artigo 158, todos do Código de Processo Penal. 
 Indicação da preliminar de ausência de justa causa, nos termos do art. 395, III do Código de Pro-
cesso Penal. 
 Desenvolvimento fundamentado acerca atipicidade da conduta, uma vez que inexiste a figura do 
infanticídio pela falta de comprovação do estado puerperal e pela ausência do elemento subjetivo 
do tipo. 
 Desenvolvimento fundamentado da nulidade do processo pela falta do exame de corpo de delito 
nos crimes que deixam vestígios, conforme previsão nos artigos 564, III, “b” e 158, ambos do 
Código de Processo Penal. 
 Desenvolvimento fundamentado acerca da ausência de justa causa para o exercício da ação já 
que não há prova da materialidade do crime, com fundamento no artigo 395, III do Código de 
Processo Penal. 
 Desenvolvimento acerca do pedido de desclassificação do delito para homicídio culposo. 
 
• Pedidos: 
 Absolvição Sumária com indicação do artigo 415, III do Código de Processo Penal. 
 Anulação da instrução probatória face as preliminares levantadas. 
 Pedido de impronúncia pela inexistência de justa causa para o exercício da ação, já que não há 
prova da materialidade do crime. 
 Pedido de desclassificação, nos termos do art. 419 do Código de Processo Penal, para o homicí-
dio culposo e a remessa dos autos ao juízo competente.

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