Buscar

Espécies de Obrigações: Dar Coisa Certa e Incerta

Prévia do material em texto

Clique para editar o estilo do título mestre
Clique para editar o estilo do subtítulo mestre
*
*
*
Aula 3 – Espécies
das obrigações
Obrigações de dar coisa certa e coisa incerta
Prof. Alexandre Guerra
*
*
*
*
	CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
Quanto à exigibilidade: civis e naturais
Quanto ao fim: meio, resultado ou garantia
Quanto ao momento de cumprimento: instantânea, diferida ou periódica (de trato sucessivo)
Quanto aos elementos acidentais: puras, condicionais, a termo ou com encargo (modais)
Quanto à liquidez do objeto: líquidas e ilíquidas
Quanto à recíproca consideração: principais e acessórias
*
*
*
*
OBRIGAÇÕES DE DAR
Tricotomia: dar/fazer/não fazer
“Obligationes dandi”: ENTREGAR (compra e venda) vs. RESTITUIR (comodato)
Tradição: transmissão da propriedade
Dar coisa certa (CC, 233 a 242)
Dar coisa incerta (CC, 243 a 246)
*
*
*
*
OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA
Coisa individualizada (própria)
Coisa incerta (gênero e quantidade)
“Jus ad rem” (Direito pessoal) vs. “jus in re” (Direito real)
D. O. somente “jus ad rem”
Transmissão de propriedade pela obrigação?? (Tradição e registro)
Sistema romano e alemão vs. sistema francês (“Caráter real ao contrato”).
CC, Art. 481 - Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes SE OBRIGA A TRANSFERIR o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
*
*
*
*
IMPOSSIBILIDADE DE ENTREGA DE COISA DIVERSA PARA O CREDOR DE COISA CERTA AINDA QUE MAIS VALIOSA
CC, Art. 313 - O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
ENTREGAR (compra e venda) ou RESTITUIR (comodato): Tradição
CC, Art. 481 - Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
CC, Art. 579 - O comodato é o EMPRÉSTIMO GRATUITO DE COISAS NÃO FUNGÍVEIS. Perfaz-se com a tradição do objeto.
Art. 586 - O mútuo é o EMPRÉSTIMO DE COISAS FUNGÍVEIS. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
*
*
*
*
DIREITO AOS MELHORAMENTOS
1. 	NA OBRIGAÇÃO DE DAR:
CC, Art. 237 - ATÉ A TRADIÇÃO PERTENCE AO DEVEDOR A COISA, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. OS FRUTOS PERCEBIDOS SÃO DO DEVEDOR, cabendo ao credor os pendentes.
Potro/bezerro
Frutos percebidos até a tradição: pertencem ao proprietário
Frutos pendentes: pertencem ao comprador
2. 	NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR. PERDA SEM CULPA DO DEVEDOR.
	CC, Art. 240 - Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no artigo 239.
Art. 241 - Se, (...), sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
*
*
*
*
CONCEITO DE BENFEITORIAS
ESPÉCIES 
1. 	Art. 96 - As benfeitorias podem ser VOLUPTUÁRIAS, ÚTEIS ou NECESSÁRIAS.
 	Parágrafo primeiro - São VOLUPTUÁRIAS as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. (fonte)
 	Parágrafo segundo - São ÚTEIS as que aumentam ou facilitam o uso do bem (acréscimo de banheiro, aumento da garagem)
 	Parágrafo terceiro - São NECESSÁRIAS as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore
*
*
*
*
 1. 	DIREITO DE INDENIZAÇÃO DOS MELHORAMENTOS AO POSSUIDOR DE BOA-FÉ(BENFEITORIAS)
 	Caso negativo, DIREITO DE RETENÇÃO DA COISA
 	CC, Art. 1.219 - O POSSUIDOR DE BOA-FÉ tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
 	
2. 	POSSUIDOR DE MÁ-FÉ: 
 	Somente o direito de indenização de benfeitorias necessárias sem o direito de retenção da coisa.
 3.	Posse de má-fé: Tem direito às despesas de produção e custeio da coisa (vedação ao enriquecimento sem causa)
*
*
*
*
ACESSÓRIOS DA COISA - CONCEITO
CC, Art. 233 - A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. (autonomia privada)
Princípio: “O acessório segue o principal”
Partes integrantes (regra) vs. pertenças
CC, Art. 92 - Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
CC, Art. 93 - São PERTENÇAS os bens que, NÃO CONSTITUINDO PARTES INTEGRANTES, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94 - Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal NÃO ABRANGEM AS PERTENÇAS, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Art. 95 - Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
*
*
*
*
BENS ACESSÓRIOS
PRODUTOS: utilidades que se retiram da coisa. Diminuiu a quantidade e não se reproduz (pedras)
FRUTOS: não diminui o valor e se renova (juros, aluguel)
QUANTO À ORIGEM: Naturais (bezerro, maças), industriais (produção) e civis (juros e aluguel)
QUANTO AO ESTADO: 1. pendentes, 2. percebidos ou colhidos, 3. estantes (acondicionados à venda), 4. percipiendos (não-colhidos), 5. consumidos
*
*
*
*
O PROBLEMA DA PERDA DA COISA
Regra: “Res perit domino”
Perda da coisa SEM CULPA antes da tradição
Perda da coisa COM CULPA antes da tradição
CC, Art. 234 - Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, SEM CULPA DO DEVEDOR, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de CULPA DO DEVEDOR, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
CC, Art. 402 - Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (Danos Emergentes) o que razoavelmente deixou de lucrar (Lucros Cessantes)
*
*
*
*
Art. 235 - Deteriorada a coisa, NÃO SENDO O DEVEDOR CULPADO, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236 - SENDO CULPADO O DEVEDOR, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
*
*
*
*
 	OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
Devolução da coisa ao dono
Comodatário, locatário, depositário
Diferença entre dar (gênero) restituir (espécie)
Na obrigação de restituir, se coisa se perda sem culpa do devedor, resolve a obrigação sem indenização (“res perit domino”)
*
*
*
*
CC, Art. 238: Se a obrigação for de RESTITUIR coisa certa, e esta, SEM CULPA DO DEVEDOR, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
CC, Art. 239 - Se a coisa se perder POR CULPA DO DEVEDOR, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
CC, Art. 240 - Se a coisa restituível se deteriorar SEM CULPA DO DEVEDOR, RECEBÊ-LA-Á O CREDOR, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no artigo 239.
*
*
*
*
OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS
“Obrigação de dar dinheiro”
Princípio do nominalismo (CC, 315)
Correção monetária: Cláusula de escala móvel
É a recomposição do poder aquisitivo da moeda
CC, Art. 318 - São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.
Princípio da boa-fé. CC, art. 113. Conversãopara moeda nacional no câmbio do dia do adimplemento
Dívida de dinheiro (mútuo) e dívida de valor (indenização)
*
*
*
*
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
Conceito
CC, Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Prestação indeterminada, mas determinável
“Concentração”: ato unilateral de escolha
Momento de concentração: adimplemento 
Necessária a cientificação da parte contrária a respeito da concentração
*
*
*
*
Competência para concentração? A quem compete?
CC, Art. 244 - Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Coisa média: meio-termo quanto à qualidade (“Critério de qualidade intermediária”)
Roma, até Direito Justinianeu: qualquer espécie, ainda que a pior
Escolha por terceiro eleito pelas partes?
*
*
*
*
Concentração pelo credor??
CC, Art. 342 - Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
CPC, Art. 630 - Qualquer das partes poderá, em quarenta e oito (48) horas, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.
*
*
*
*
“GENUS NUNQUAM PERIT”
Dois momentos de vida da obrigação de dar coisa incerta: a) pré-escolha (coisa incerta) - b) pós-escolha (coisa certa)
Antes da escolha, responde o devedor mesmo se a coisa se perder por caso fortuito ou força maior
Obrigações pecuniárias: aplica-ser o mesmo
É preciso escolher a coisa e por à disposição do credor, somente assim se exonerando
CC, Art. 246 - Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Continue navegando