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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC ÁREA DAS CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO: ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: CONCRETO ARMADO I PROFESSOR: JACKSON ANTONIO CARELLI CONCRETO ARMADO I Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 1 SUMÁRIO 1 CONCRETO ARMADO ................................................................................................. 4 1.1 Introdução ....................................................................................................................... 4 1.2 Composição do concreto armado ................................................................................... 4 1.3 Princípio do concreto armado ........................................................................................ 4 1.4 Características mecânicas do concreto ........................................................................... 4 1.5 Vantagens do concreto armado ...................................................................................... 5 1.6 Desvantagens do concreto armado ................................................................................. 5 1.7 Normalização ................................................................................................................. 5 2 CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO ...................................................................... 6 2.1 Resistência característica à compressão (fck) ................................................................. 6 2.2 Resistência de dosagem (fcj) - (NBR 12655).............................................................. 6 2.3 Resistência à tração ........................................................................................................ 6 2.4 Resistência de cálculo .................................................................................................... 7 2.5 Módulo de Elasticidade .................................................................................................. 8 2.6 Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal ........................................ 9 2.7 Diagrama tensão-deformação ......................................................................................... 9 2.8 Deformações no concreto ............................................................................................. 10 2.8.1 Deformações devidas à variação das condições ambientais .............................. 10 2.8.2 Deformações devidas às cargas externas ........................................................... 11 3 CARACTERÍSTICAS DO AÇO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................ 13 3.1 Bitola...................... ...................................................................................................... 13 3.2 Classificação ................................................................................................................. 13 3.2.1 Aços com patamar de escoamento ..................................................................... 13 3.2.2 Aços sem patamar de escoamento ...................................................................... 14 3.3 Módulo de elasticidade ................................................................................................. 14 3.4 Massa específica ........................................................................................................... 14 3.5 Coeficiente de dilatação térmica .................................................................................. 14 3.6 Resistência característica .............................................................................................. 15 3.7 Características geométricas das barras ......................................................................... 15 3.8 Marcação ...................................................................................................................... 16 3.9 Ensaio de dobramento .................................................................................................. 16 3.10 Características mecânicas e ensaios ........................................................................... 16 3.11 Diagrama tensão-deformação simplificado ................................................................ 16 3.12 Resistência de cálculo ................................................................................................ 17 Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 2 4 AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS ......................................................... 18 4.1 Conceito de segurança .................................................................................................. 18 4.2 Ações nas estruturas de concreto armado .................................................................... 18 4.2.1 Valores das ações ............................................................................................... 19 4.2.2 Combinações de ações ....................................................................................... 20 4.2.3 Comparação com a antiga NBR 6118-1980 ....................................................... 22 5 DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO ................... 23 5.1 Agressividade do ambiente .......................................................................................... 23 5.2 Qualidade do concreto de cobrimento .......................................................................... 23 5.3 Cobrimento mínimo ..................................................................................................... 24 6 FLEXÃO NORMAL SIMPLES ................................................................................... 25 6.1 Hipóteses de cálculo para dimensionamento de estruturas de concreto armado .......... 25 6.2 Flexão simples (coeficientes “k”) ................................................................................ 26 6.3 Seção retangular ........................................................................................................... 28 6.3.1 Armadura Simples (unidades: tf; cm) ..................................................... 28 6.3.2 Dimensionamento da seção no Domínio 2 ......................................................... 29 6.3.3 Armadura dupla .................................................................................................. 30 7 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS .............................................................................. 32 7.1 Dimensões mínimas das vigas (item 13.2.2 – NBR 6118) ........................................... 32 7.2 Armaduras longitudinais mínima e máxima das vigas (item 17.3.5.2 – NBR 6118) ... 32 7.3 Armadura de pele (item 17.3.5.2.3 – NBR 6118) ........................................................ 32 7.4 Centro de gravidade das armaduras (item 17.2.4.1 – NBR 6118) ............................... 33 7.5 Espaçamento mínimo entre barras da armadura (item 18.3.2.2 – NBR 6118) ............ 33 7.6 Número de barras por camada ...................................................................................... 34 7.7 Determinação de da altura útil “d” ............................................................................... 34 7.8 Vão teórico das vigas ................................................................................................... 34 7.9 Aproximações de cálculo para vigas (item 14.6.7.1 – NBR 6118) ..............................35 7.10 Pré-dimensionamento de vigas (sugestão) ................................................................. 35 7.11 Componentes do carregamento das vigas................................................................... 35 8 DETALHAMENTO DE VIGAS À FLEXÃO ............................................................. 36 8.1 Aderência ..................................................................................................................... 36 8.1.1 Regiões de boa e má aderência .......................................................................... 36 8.1.2 Valores últimos para resistências de aderência .................................................. 37 8.1.3 O “Não-Escorregamento” da armadura .............................................................. 37 8.2 Ancoragem das armaduras ........................................................................................... 37 8.2.1 Comprimento básico de ancoragem (item 9.4.2.4 – NBR 6118) ....................... 38 8.2.2 Comprimento de ancoragem necessário (item 9.4.2.5 – NBR 6118) ................. 38 Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 3 8.2.3 Armadura transversal na ancoragem (item 9.4.2.6 – NBR 6118) ...................... 39 8.2.4 Ancoragem de feixes de barras por aderência (item 9.4.3 – NBR 6118) ........... 39 8.2.5 Ganchos nas armaduras de tração ...................................................................... 40 8.2.6 Barras curvadas (item 18.2.2 – NBR 6118) ....................................................... 41 8.3 Emendas das barras ...................................................................................................... 41 8.3.1 Emendas por transpasse ..................................................................................... 41 8.3.2 Proporção das barras emendadas (item 9.5.2.1 – NBR 6118) ............................ 41 8.3.3 Comprimento de traspasse de barras tracionadas (item 9.5.2.2 – NBR 6118) ... 42 8.3.4 Comprimento de traspasse de barras comprimidas (item 9.5.2.3 – NBR 6118) 42 8.3.5 Armadura transversal nas emendas por traspasse (item 9.5.2.4 – NBR 6118) .. 42 8.3.6 Emendas por traspasse em feixes de barras (item 9.5.2.5 – NBR 6118) ........... 43 8.3.7 Deslocamento do diagrama de momentos fletores (Decalagem) ....................... 43 8.3.8 Ancoragem das barras que terminam no vão ..................................................... 44 8.3.9 Ancoragem em Apoios de Extremidade ............................................................. 44 8.3.10 Ancoragem em apoios intermediários ............................................................... 54 9 FORÇA CORTANTE EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO ............................. 56 9.1 Introdução ..................................................................................................................... 56 9.2 Comportamento Resistente de Vigas sem Armadura de Cisalhamento ....................... 57 9.2.1 Efeito de Arco .................................................................................................... 58 9.3 Comportamento Resistente de Vigas com Armadura de Cisalhamento ...................... 60 9.3.1 Analogia Clássica de Treliça .............................................................................. 63 9.3.2 Analogia de Treliça Generalizada ...................................................................... 66 9.3.3 Deslocamento do Diagrama de Momentos Fletores .......................................... 68 9.3.4 Segurança Contra o Esmagamento da Diagonal Comprimida ........................... 69 9.4 Dimensionamento segundo a NBR 6118/2003 ............................................................ 70 9.4.1 Modelo de cálculo I ............................................................................................ 71 9.4.2 Modelo de cálculo II .......................................................................................... 72 9.5 Distribuição da armadura transversal ........................................................................... 72 9.6 Prescrições normativas ................................................................................................. 73 9.6.1 Redução do esforço cortante em seções próximas aos apoios ........................... 75 10 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO (ELS)..................................................................... 76 10.1 Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF) ............................................... 76 10.1.1 Valores limites para deslocamentos em elementos estruturais .......................... 78 10.1.2 Combinação de ações de serviço ....................................................................... 79 10.2 Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W) .......................................................... 79 10.2.1 Valores limites para abertura de fissuras ........................................................... 80 11 ANEXO – Tabelas Diversas .......................................................................................... 81 Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 4 1 CONCRETO ARMADO 1.1 Introdução O concreto armado é atualmente o material mais usado na construção de estruturas de edificações e grandes obras viárias como pontes, viadutos, passarelas etc. 1.2 Composição do concreto armado 1.3 Princípio do concreto armado O concreto armado é possível devido a duas propriedades: aderência recíproca; coeficiente de dilatação térmica aproximadamente igual: concreto = 1,0 x 10 -5 / ºC aço = 1,2 x 10 -5 / ºC O concreto protege a armadura contra oxidação devido à agentes externos. 1.4 Características mecânicas do concreto Boa resistência à compressão (10 a 100 MPa); Má resistência à tração (aproximadamente 10% da resistência à compressão) Figura 1.1– Viga de concreto simples rompendo-se na parte inferior devido à pequena resistência à tração do concreto Concreto simples Argamassa Agregados graúdos Concreto Armado Concreto simples Material de boa resistência à tração (aço, bambu, etc.) + = + = Argamassa Pasta Agregados miúdos + = Aditivos (eventualmente) + Pasta Aglomerante Água + = Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 5 Figura 1.2 – Viga de concreto armado. As armaduras colocadas na parte inferior absorvem os esforços de tração, cabendo ao concreto resistir à compressão. As armaduras controlam a abertura das fissuras. 1.5 Vantagens do concreto armado Rapidez na construção; Economia: matéria-prima barata, mão-de-obra pouco qualificada; Fácil modelagem; Resistência: ao fogo, a influências atmosféricas, ao desgaste mecânico, ao choque; Durabilidade (sob manutenção e conservação); Aumento da resistência à compressão com o tempo. 1.6 Desvantagens do concreto armado Peso próprio elevado (concreto armado 2500 kg/m 3 ); Reformas e demolições trabalhosas e caras; Possibilidade de imprecisão no posicionamento das armaduras; Fissuras inevitáveis na região tracionada; Fundações caras; 1.7 Normalização Normas ABNT (Principais): NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento; NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações - Procedimento; NBR 6123 – Forçasdevidas ao vento em edificações – Procedimento; NBR 7191 – Execução de desenhos para obras de concreto armado; NBR 7480 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado – Especificação; NBR 14931 - Execução de estruturas de concreto – Procedimento; Outras Normas correlatas: vide NBR 6118/2003 Capítulo 2 – Referências normativas. concreto armadura Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 6 2 CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO 2.1 Resistência característica à compressão (fck) A resistência característica de um concreto à compressão (fck) é o valor mínimo estatístico acima do qual ficam situados 95% dos resultados experimentais, sendo estes resultados experimentais obtidos em ensaios de cilindros moldados segundo a NBR 5738 e realizados de acordo com a NBR 5739. Na Tabela 2.1 estão indicados os grupos e classes de resistência padronizados pela NBR 8953. Tabela 2.1 – Classes de resistência do concreto Grupo I C10 C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 Grupo II C55 C60 C70 C80 De acordo com a NBR 6118, para concreto armado deve-se empregar a classe C20 (fck = 20 MPa) ou superior até C50 (fck = 50 MPa). Somente em fundações e obras provisórias poderá ser empregada a classe C15 (fck = 15 MPa). 2.2 Resistência de dosagem (fcj) - (NBR 12655) É a resistência média do concreto à compressão na idade de “j” dias. (2.1) onde: Sd – desvio padrão da dosagem – em MPa; fcj – em MPa; fck – em MPa. 2.3 Resistência à tração A resistência do concreto à tração será determinada através de ensaios. Seu valor característico será estimado da mesma maneira que o concreto à compressão: (2.2) Figura 2.1 – Distribuição normal mostrando a resistência média (fcj ou fctj) e a resistência característica (fck ou fctk) do concreto à compressão ou à tração dctjctk S1,65ff dckcj S1,65ff fc (RESISTÊNCIA) N ( F R E Q U Ê N C IA ) 1,65 Sd fcj ou fctj fck ou fctk 5% 95 % Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 7 Os processos experimentais mais utilizados para determinação da resistência à tração do concreto são: A resistência à tração direta (tração axial) fct pode ser considerada igual a 0,9 fct,sp (resistência à tração indireta ou compressão diametral) ou 0,7 fct,f (resistência à tração na flexão). Na falta de ensaios, o valor médio ou característico da resistência do concreto à tração fct pode ser avaliado a partir da resistência característica à compressão, com o uso das seguintes expressões: (2.3) (2.4) (2.5) com, fct,m, fck, fctk,inf e fctk,inf expressos em MPa. 2.4 Resistência de cálculo A resistência do concreto para fins de cálculo é minorada através de coeficientes de segurança (c), os quais tem por finalidade cobrir as incertezas que ainda não possam ser tratadas pela estatística, tais como: incertezas quanto aos valores considerados para resistência dos materiais; erros cometidos quanto a geometria da estrutura e de suas seções; avaliação inexata das ações; divergências entre as hipóteses de cálculo e as solicitações reais; avaliação da simultaneidade das ações. A resistência de cálculo do concreto à compressão é dada por: T T Tração axial (Tração direta) Tração na flexão (NBR 12142) Compressão diametral (NBR 7222) mct,supctk, mct,infctk, 3 2 ckmct, f3,1f f7,0f f3,0f Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 8 (2.6) e a resistência de cálculo à tração é dada por: (2.7) sendo c dado pela Tabela 2.2. Tabela 2.2 – Valores dos coeficientes c Combinações c Normais 1,4 Especiais ou de construção 1,2 Excepcionais 1,2 As combinações abordadas na Tabela 2.2 serão objeto de estudo futuro. Para execução de elementos estruturais nos quais estejam previstas condições desfavoráveis (por exemplo, más condições de transporte, ou adensamento manual, ou concretagem deficiente por concentração de armadura), o coeficiente c deve ser multiplicado por 1,1. Para elementos pré-moldados deve-se consultar a NBR 9062. Para verificações de estados limites de serviço (ELS) adota-se c = 1,0. 2.5 Módulo de Elasticidade O módulo de elasticidade deve ser obtido segundo ensaio descrito na NBR 8522. Quando não forem feitos ensaios e não existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na idade de 28 dias, pode-se estimar o valor do módulo de elasticidade usando a expressão: (2.8) com, Eci e fck expressos em MPa. O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto, especialmente para determinação de esforços solicitantes e verificação de estados limites de serviço, deve ser calculado pela expressão: (2.9) Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal pode ser adotado um módulo de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo de elasticidade secante (Ecs). cics E0,85E ckci f5600E c ck cd γ f f c ctk ctd γ f f Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 9 2.6 Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal Para tensões de compressão menores que 0,5 fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de Poisson pode ser tomado como igual a 0,2 e o módulo de elasticidade transversal Gc igual a 0,4 Ecs. 2.7 Diagrama tensão-deformação O diagrama tensão-deformação do concreto não é linear, como pode ser visto na Figura 2.2, porém a NBR 6118 permite a utilização do diagrama simplificado da Figura 2.3. Figura 2.2 – Diagrama x de dois concretos: “A” de baixa resistência e “B” de alta resistência. O concreto “A” sofre uma deformação superior ao concreto “B” até a ruptura. O módulo de elasticidade de “B” é maior que o módulo elasticidade de “A” Figura 2.3 – Diagrama tensão-deformação idealizado Tensões no concreto (diagrama de cálculo – 0,85 fcd): (2.10) (2.11) (2.12) A B Tensão - (MPa) Deformação - (o/oo) fck c c ( o /oo) 0,85.fcd 2,0 3,5 _concretoruptura_do3,5‰ε f0,85σ3,5‰ε2‰ 2‰ ε 11f0,85σ2‰ε0 c cdcc 2 c cdcc Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 10 O fator 0,85 é utilizado porque a resistência do concreto para cargas de longa duração é da ordem de 85% da sua resistência em ensaios rápidos (Efeito Rüsch). Para tensões de compressão menoresque 0,5 fc, pode-se admitir uma relação linear entre tensões e deformações, adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante dado pela equação (2.9). 2.8 Deformações no concreto O concreto, assim como qualquer outro corpo pode apresentar deformações quando submetido a ações externas ou devidas a variações das condições ambientais. 2.8.1 Deformações devidas à variação das condições ambientais Retração É a redução do volume do concreto, provocada pela perda da água existente no interior do concreto através da evaporação. Para reduzir o efeito da retração algumas alternativas são possíveis: Aumentar o tempo de cura; Fazer juntas de dilatação ou concretagem (diminuir o comprimento das peças). Em casos onde não é necessária grande precisão, os valores finais da deformação específica de retração cs(t,t0) do concreto, submetido a tensões menores que 0,5fc quando do primeiro carregamento, pode ser obtido, por interpolação linear, a partir da Tabela 2.3. A Tabela 2.3 fornece o valor da deformação específica de retração cs(t,t0) em função da umidade ambiente e da espessura fictícia 2Ac/u, onde Ac é a área da seção transversal e u é o perímetro da seção em contato com a atmosfera. Os valores dessa tabela são relativos a temperaturas do concreto entre 10C e 20°C, podendo-se, entretanto, admitir temperaturas entre 0C e 40°C. Esses valores são válidos para concretos plásticos e de cimento Portland comum. Deformações específicas devidas à retração mais precisas podem ser calculadas segundo indicação do Anexo A da NBR 6118/2003. Tabela 2.3 – Deformação específica de retração Umidade ambiente % 40 55 75 90 Espessura fictícia 2Ac/u (cm) 20 60 20 60 20 60 20 60 cs (t,t0) o /oo t0 dias 5 -0,44 -0,39 -0,37 -0,33 -0,23 -0,21 -0,10 -0,09 30 -0,37 -0,38 -0,31 -0,31 -0,20 -0,20 -0,09 -0,09 60 -0,32 -0,36 -0,27 -0,30 -0,17 -0,19 -0,08 -0,09 Assim, a variação no comprimento de um elemento devido à retração é: (2.13) Umidade O aumento da umidade produz no concreto um inchamento e a redução de umidade produz um encolhimento. Tais deformações são geralmente desprezíveis. Temperatura Para variações de temperatura podem ocorrer dilatações ou contrações no concreto. As deformações devidas à variação de temperatura são importantes em estruturas hiperestáticas, por causa do surgimento de esforços solicitantes adicionais. LL cscs Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 11 (NBR 6118 – item 11.4.2.1) A variação da temperatura da estrutura, causada globalmente pela variação da temperatura da atmosfera e pela insolação direta, é considerada uniforme. Ela depende do local de implantação da construção e das dimensões dos elementos estruturais que a compõem. De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valores: a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm, deve ser considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a 15ºC; b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios inteiramente fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70 cm, admite-se que essa oscilação seja reduzida respectivamente para 5ºC a 10ºC; c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm admite-se que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima indicados. A deformação na estrutura dependerá da variação da temperatura (T) e da distância ao centro de dilatação (L): (2.14) (2.15) onde ct é o coeficiente de dilatação térmica do concreto, que de acordo com a NBR 6118 vale 1x10 -5 /ºC. (NBR 6118 – item 11.4.2.2) Nos elementos estruturais em que a temperatura possa ter distribuição significativamente diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessa distribuição. Na falta de dados mais precisos, pode ser admitida uma variação linear entre os valores de temperatura adotados, desde que a variação de temperatura considerada entre uma face e outra da estrutura não seja inferior a 5ºC. Como forma de minimizar o efeito da temperatura pode-se: usar juntas de dilatação; minimizar a inércia dos pilares na direção da deformação imposta. De acordo com a NBR 6118, os efeitos da temperatura devem ser considerados em qualquer estrutura de concreto armado. Porém sabe-se que em estruturas com dimensões da ordem de 20 m, até 30 m, segundo alguns autores e até mesmo a antiga NBR 6118 de 1978, os efeitos da temperatura em geral não causam maiores danos. 2.8.2 Deformações devidas às cargas externas Deformação imediata É observada no ato de aplicação das cargas externas, onde o esforço interno é absorvido parte pelo esqueleto sólido do concreto e parte pela água dos poros. A deformação imediata será: (2.16) Deformação lenta (Fluência) A deformação chamada lenta ou simplesmente fluência, ocorre ao longo do tempo, enquanto a água dos poros se desloca e transfere o esforço que absorvia para o esqueleto sólido, aumentando a deformação do concreto. A deformação lenta é dada por: (2.17) LεΔL cccc LεΔL cici LεΔL ctct LΔTαΔL ctct Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 12 sendo que, (2.18) Em casos onde não é necessária grande precisão, os valores finais do coeficiente de fluência (t,t0) do concreto, submetido a tensões menores que 0,5fc quando do primeiro carregamento, pode ser obtido, por interpolação linear, a partir da Tabela 2.4. A Tabela 2.4 fornece o valor do coeficiente de fluência (t,t0) em função da umidade ambiente e da espessura fictícia 2Ac/u, onde Ac é a área da seção transversal e u é o perímetro da seção em contato com a atmosfera. Os valores dessa tabela são relativos a temperaturas do concreto entre 10C e 20°C, podendo-se, entretanto, admitir temperaturas entre 0C e 40°C. Esses valores são válidos para concretos plásticos e de cimento Portland comum. Deformações específicas devidas à fluência mais precisas podem ser calculadas segundo indicação do Anexo A da NBR 6118/2003. Tabela 2.4 – Coeficientes de fluência Umidade ambiente % 40 55 75 90 Espessura fictícia 2Ac/u (cm) 20 60 20 60 20 60 20 60 (t,t0) t0 dias 5 4,4 3,9 3,8 3,3 3,0 2,6 2,3 2,1 30 3,0 2,9 2,6 2,5 2,0 2,0 1,6 1,6 60 3,0 2,6 2,2 2,2 1,7 1,8 1,4 1,4 A deformação específica final ou total na estrutura será: (2.19) Figura 2.4 – Gráfico deformação x tempo mostrando a deformação imediata do concreto (após carregamento) e a deformação lenta que progride com o tempo, tendendo para uma deformação total final. 1εε LεΔL L1εΔL LεLεΔL LεLεΔL ΔLΔLΔL citotc, totc,totc, citotc, cicitotc, cccitotc, cccitotc, cicc εε ci deformação tempo cc cc (t) cc () Deformação imediata Deformação lenta c,tot () Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 13 3 CARACTERÍSTICAS DO AÇO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL O aço é utilizado em estruturas principalmente para suprir a baixa resistência à tração do concreto, mas também poderá absorver esforços de compressão.3.1 Bitola De acordo com a NBR 7480, bitola é o número correspondente ao valor arredondado, em milímetros, do diâmetro da seção transversal nominal do fio ou barra. 3.2 Classificação Os aços para concreto armado são classificados, de acordo com a NBR 7480, em barras e fios. Classificam-se como barras os produtos de bitola 5,0 ou superior, obtidos por laminação a quente ou por esse método associado a encruamento a frio, e classificam-se como fios aqueles de bitola 10,0 ou inferior, obtidos por trefilação ou processo equivalente. Usualmente tanto fios quanto barras são chamados simplesmente de barras da armadura. As características dos fios e barras são apresentadas na Tabela 3.1. De acordo com o valor característico da resistência de escoamento, as barras e fios de aço são classificados nas categorias CA-25, CA-50 e CA 60. A categoria CA-60 aplica-se somente para fios. O prefixo CA refere-se às iniciais de “Concreto Armado”. De acordo com o processo de fabricação, as barras e fios de aço para concreto armado podem ou não apresentar patamar de escoamento no diagrama tensão deformação. Tabela 3.1 – Características das barras e fios de acordo com a NBR 7480 3.2.1 Aços com patamar de escoamento São obtidos por laminação a quente sem posterior deformação a frio. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 14 Figura 3.1 – Diagrama tensão x deformação de um aço com patamar de escoamento. Em (A) limite de escoamento/proporcionalidade, em (B) limite de resistência e em (C) limite de ruptura. 3.2.2 Aços sem patamar de escoamento São obtidos por deformação a frio, aumentando a sua resistência. O limite de escoamento deste tipo de aço é convencionalmente definido como sendo a tensão que produz uma deformação permanente de 2,0 o /oo. Os processos mais comuns para obtenção deste tipo de aço são a trefilação, a torção e o estiramento. Figura 3.2 - Diagrama tensão x deformação de um aço sem patamar de escoamento. Em (A) limite de proporcionalidade, em (B) limite de escoamento, em (C) limite de resistência e em (D) limite de ruptura. 3.3 Módulo de elasticidade De acordo com a NBR 6118, na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do aço pode ser admitido igual a 210 GPa ou 2100000kgf/cm 2 . 3.4 Massa específica De acordo com a NBR 6118, pode-se adotar para massa específica do aço de armadura de concreto armado o valor de 7850 kg/m 3 . 3.5 Coeficiente de dilatação térmica De acordo com a NBR 6118, o valor 1x10 -5 /ºC pode ser considerado para o coeficiente de dilatação térmica do aço, para intervalos de temperatura entre –20ºC e 150 ºC. fm s s ( o /oo) A B C fyk fm s s ( o /oo) A B C fyp 2,0 fyk C Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 15 3.6 Resistência característica O valor da resistência característica do aço (fyk) é o valor mínimo estatístico acima do qual ficam sutuados 95 % dos resultados experimentais. A resistência característica do aço é a mesma para tração e compressão, desde que seja afastado o perigo da flambagem das barras. Figura 3.3 – Distribuição normal para a resistência do aço, mostrando a resistência média (fyj) e a resistência característica (fyk) (3.1) A resistência característica de uma determinada categoria de aço é dada em kN/cm 2 pelo número que acompanha o prefixo “CA”. Assim, os aços da categoria CA-25 apresentam fyk = 25 kN/cm 2 = 2500 kgf/cm 2 , os da categoria CA-50 apresentam fyk = 50 kN/cm 2 = 5000 kgf/cm 2 e os da categoria CA-60 apresentam fyk = 60 kN/cm 2 = 6000 kgf/cm 2 . 3.7 Características geométricas das barras Os fios e barras podem ser lisos ou providos de saliências ou mossas. Para cada categoria de aço, o coeficiente de conformação superficial mínimo, b, determinado através de ensaios de acordo com a NBR 7477, deve atender ao indicado na NBR 7480. As barras lisas possuem baixa aderência ao concreto e são restritas à categoria CA-25. As barras da categoria CA-50 devem ser providas obrigatoriamente nervuradas. Os fios da categoria CA-60 podem ser lisos ou podem possuir entalhes, para melhorar a aderência. A configuração das saliências ou mossas deve ser tal que não permita a movimentação da barra dentro do concreto. Estas devem ter uma configuração geométrica que não propicie concentração de tensões prejudiciais do ponto de vista da resistência à fadiga. Em caso de dúvida, devem ser realizados ensaios de fadiga. A NBR 6118 mede a conformação superficial das barras e fios pelo coeficiente 1, cujo valor está relacionado ao coeficiente de conformação superficial b de acordo com a Tabela 3.2. Tabela 3.2 – Relação entre 1 e b Tipo de barra Coeficiente de conformação superficial b 1 Lisa (CA-25) 1,0 1,0 Entalhada (CA-60) 1,2 1,4 Alta aderência (CA-50) ≥1,5 2,25 dyjyk S1,65ff fy (RESISTÊNCIA) N ( F R E Q U Ê N C IA ) 1,65 Sd fyj fyk 5% 95% Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 16 3.8 Marcação As barras com saliências devem apresentar marcas de laminação em relevo que identifique o fabricante e categoria do material. As barras lisas e fios são identificados por pintura de topo, etiquetas ou marcas em relevo. 3.9 Ensaio de dobramento Além do ensaio de tração, para determinação da resistência característica, as barras de aço devem ser submetidas ao ensaio de dobramento a 180º sem que ocorra ruptura nem fissuração na zona tracionada. 3.10 Características mecânicas e ensaios Os aços para concreto armado devem apresentar algumas características de modo que tenham um bom desempenho quando trabalharem com o concreto. Para tanto são realizados uma série de ensaios nos aços: ensaio de tração (NBR 6152) ensaio de dobramento (NBR 6153) ensaio de tração em barras emendadas (NBR 8548) ensaio de fissuração do concreto (NBR 7477) ensaio de fadiga (NBR 7478) 3.11 Diagrama tensão-deformação simplificado A NBR 6118 admite a utilização do diagrama tensão-deformação simplificado da Figura 3.4, válido para aços com ou sem patamar de escoamento. Nesta figura estão representados os diagramas característico e de cálculo. Figura 3.4 – Diagrama tensão-deformação para aços de concreto armado Este diagrama é válido para intervalos de temperatura entre –20ºC e 150ºC, e tem, como indica aFigura 3.4, mesmo comportamento tanto à tração quanto à compressão. A limitação de 3,5 o /oo à compressão mostrada no diagrama deve-se ao concreto que rompe com esta deformação, sendo este um assunto de abordagem futura. fyk s s ( o /oo) fyd 10,0 yk yd -3,5 fyck fycd tr aç ão co m p re ss ão Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli17 Tensões no aço (diagrama de cálculo – fyd): (3.2) (3.3) 3.12 Resistência de cálculo A resistência do aço para fins de cálculo é minorada através de coeficientes de segurança (s), pelas mesmas razões já apresentadas para o concreto. No entanto, o valor do coeficiente de segurança é menor, já que o processo de fabricação do aço apresenta controle de qualidade superior. A resistência de cálculo do aço à tração é dada por: (3.4) e a resistência de cálculo à compressão é dada por: (3.5) sendo s dado pela Tabela 3.3. Tabela 3.3 – Valores dos coeficientes s Combinações s Normais 1,15 Especiais ou de construção 1,15 Excepcionais 1,0 As combinações abordadas na Tabela 3.3 serão objeto de estudo futuro. Para verificações de estados limites de serviço (ELU) adota-se s = 1,0. s yk yd γ f f s yck ycd γ f f ydsyds sssyds fσεε εEσεε Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 18 4 AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS 4.1 Conceito de segurança Uma estrutura oferece segurança quando ela possui condições de suportar, em condições não precárias de funcionamento, todas as ações, com as intensidades e combinações mais desfavoráveis, de atuação possível ao longo da vida útil para qual foi projetada. Uma estrutura deve apresentar: Estabilidade: segurança contra a ruptura devido às solicitações; Conforto: evitar deformações excessivas e vibrações que comprometam o uso da estrutura ou causem dano não aceitável em elementos não estruturais; Durabilidade: evitar fissuração excessiva para impedir a corrosão das armaduras. Quando a estrutura não preenche um dos requisitos mencionados, diz-se que a mesma atingiu um “estado limite”, que pode ser: Estado Limite Último (ELU) (ou de ruína): perda de estabilidade da estrutura, ruptura das seções críticas, instabilidade elástica (efeitos de segunda ordem), deterioração por fadiga: Estado Limite de Serviço (ELS) (ou de utilização): deformações excessiva, fissuração excessiva, vibrações excessivas. No estado limite último (ELU), as ações são combinadas e majoradas por coeficientes de segurança de modo que seja pequena a probabilidade destes valores serem ultrapassados e os valores das resistências são reduzidos, de modo que seja pequena a probabilidade dos valores descerem até este ponto. Os coeficientes que reduzem os valores das resistências dos materiais já foram mencionados nos capítulos 2 e 3, e os coeficientes que majoram as ações serão informados no presente capítulo. 4.2 Ações nas estruturas de concreto armado De acordo com a NBR 6118, as ações nas estruturas de concreto armado são classificadas em permanentes, variáveis ou excepcionais. Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes durante toda a vida da construção. Também são consideradas como permanentes as ações que crescem no tempo tendendo a um valor limite constante. São divididas em diretas e indiretas. As ações variáveis dividem-se em diretas e indiretas. As diretas são constituídas pelas cargas acidentais previstas para o uso da construção (Exemplo: NBR 6120), pela ação do vento e da chuva, devendo-se respeitar as prescrições feitas por normas brasileiras específicas. Já as indiretas são constituídas pela variações de temperatura e pelas ações dinâmicas. No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento, cujos efeitos não possam ser controlados por outros meios, devem ser consideradas ações excepcionais com os valores definidos, em cada caso particular, por normas brasileiras específicas. Na Tabela 4.1 estão discriminadas as ações que devem ser consideradas em uma estrutura de concreto armado. Outras informações a respeito de cada ação específica podem ser obtidas no capitulo 11 da NBR 6118 – Ações, ou em bibliografias especificas. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 19 Tabela 4.1 – Ações a considerar no cálculo de estruturas de concreto armado Permanentes Diretas Peso próprio Elementos construtivos permanentes Empuxos permanentes Indiretas Retração do concreto Fluência do concreto Deslocamentos de apoio Imperfeições geométricas locais e globais Variáveis Diretas Cargas acidentais Ação do vento Ação da água Ações variáveis durante a construção Indiretas Variações de temperatura Ações dinâmicas Excepcionais Exemplos Sismos, Explosões, Incêndios 4.2.1 Valores das ações Valores característicos e representativos As ações podem apresentar-se com valores característicos ou representativos. Os valores característicos Fk das ações são estabelecido em função da variabilidade de suas intensidades. Os valores representativos são os que realmente quantificam as ações a serem consideradas. Os valores representativos podem ser: a) os valores característicos de ações permanentes ou variáveis; b) valores convencionais excepcionais, que são os valores arbitrados para as ações excepcionais; c) valores reduzidos, em função da combinação de ações variáveis, tais como: - nas verificações de Estados Limites Últimos (ELU), quando a ação variável considerada se combina com a ação variável principal. Os valores reduzidos são determinados a partir dos valores característicos pela expressão 0Fk, que considera muito baixa a probabilidade de ocorrência simultânea dos valores característicos de duas ou mais ações variáveis de naturezas diferentes; - nas verificações de Estados Limites de Serviço (ELS). Estes valores reduzidos são determinados a partir dos valores característicos pelas expressões 1Fk e 2Fk, que estimam valores freqüentes e quase permanentes, respectivamente, de uma ação que acompanha a ação principal. Os valores de 0, 1 e 2 são apresentados na Tabela 4.2. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 20 Tabela 4.2 - Valores dos coeficientes 0, 1 e 2 Ações 0 1 1) 2 Cargas acidentais de edifícios Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas 2) 0,5 0,4 0,3 Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, ou de elevada concentração de pessoas 3) 0,7 0,6 0,4 Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6 Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0 Temperatura Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,5 0,3 1) Para os valores de 1 relativos às pontes e principalmente aos problemas de fadiga, ver seção 23 NBR 6118. 2) Edifícios residenciais. 3) Edifícios comerciais e de escritórios. Valores de cálculo Os valores de cálculo das ações Fd são obtidos pela multiplicação dos valores representativos por um coeficiente de ponderação f (g, para ações permanentes, q, para ações variáveis diretas e , para deformações impostas, ou ações indiretas). Estes coeficientes de ponderaçãosão dados pela Tabela 4.3. Tabela 4.3 - Valores dos coeficientes f (g, q e ) Combinações de Ações Ações Permanentes (g) Variáveis (q) Recalques de apoio e retração D F G T D F Normais 1,4 1) 1,0 1,4 1,2 1,2 0 Especiais ou de construção 1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0 Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 0 0 Onde: D é desfavorável, F é favorável, G é geral e T é temporária. 1) Para cargas permanentes de pequena variabilidade, como o peso próprio das estruturas, especialmente as pré-modadas, esse coeficiente pode ser reduzido para 1,3. 4.2.2 Combinações de ações Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades não desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período pré estabelecido. A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura; a verificação da segurança em relação aos estados limites últimos e aos estados limites de serviço deve ser realizada em função de combinações últimas e combinações de serviço, respectivamente. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 21 As combinações últimas são classificadas em: Combinações últimas normais: Em cada combinação devem figurar: as ações permanentes e a ação variável principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas como secundárias, com seus valores reduzidos de combinação, conforme NBR 8681. Combinações últimas especiais ou de construção: Em cada combinação devem figurar: as ações permanentes e a ação variável especial, quando existir, com seus valores característicos e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação, conforme NBR 8681. Combinações últimas excepcionais: Em cada combinação devem figurar: as ações permanentes e a ação variável excepcional, quando existir, com seus valores representativos e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação, conforme NBR 8681. Tabela 4.4 - Combinações últimas usuais (Tabela 11.3 NBR 6118) 1) No caso geral, devem ser consideradas inclusive combinações onde o efeito favorável das cargas permanentes seja reduzido pela consideração de gg = 1,0. No caso de estruturas usuais de edifícios essas combinações que consideram gg reduzido (1,0) não precisam ser consideradas. 2) Quando Fg1k ou Fg1exc atuarem em tempo muito pequeno ou tiverem probabilidade de ocorrência muito baixa, 0j pode ser substituído por 2j. ver tabela de coef. ver tabela de coef. Excepcionais 2) 2 ) Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 22 As combinações de serviço são classificadas em: Quase-permanentes: podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de deformações excessivas. Freqüentes: repetem-se muitas vezes durante o período de vida da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação dos estados limites de formação de fissuras, de abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Podem também ser consideradas para verificações de estados limites de deformações excessivas decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as vedações. Raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação do Estado Limite de Formação de Fissuras. Tabela 4.5 - Combinações de serviço (Tabela 11.4 NBR 6118) 4.2.3 Comparação com a antiga NBR 6118-1980 De acordo com o exposto acima nota-se que para o cálculo de estruturas de concreto armado é necessária uma análise da combinação de ações mais desfavorável à estrutura, sendo esta combinação majorada por coeficientes de ponderação (). A partir desta combinação são determinados os esforços solicitantes que são comparados aos esforços resistentes da estrutura. Portanto na nova versão da NBR 6118 as ações são majoradas. No caso da versão antiga (1980) os esforços solicitantes eram majorados após serem obtidos a partir de ações características. Ao trabalhar-se no regime elástico é possível majorar-se os esforços solicitantes ao invés das ações, assim como se fazia na antiga NBR 6118 de 1980. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 23 5 DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto conservem suas segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil. Na seqüência são apresentados alguns aspectos relativos à durabilidade das estruturas de concreto armado. 5.1 Agressividade do ambiente A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no dimensionamento das estruturas de concreto. Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental pode ser classificada de acordo com o apresentado na Tabela 5.1. Tabela 5.1 – Classes de agressividade ambiental (tabela 6.1 NBR 6118) 5.2 Qualidade do concreto de cobrimento A durabilidade das estruturas é altamente dependente das características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura, devendo-se, na falta de ensaios mais detalhados adotar os requisitos mínimos expressos na Tabela 5.2. Tabela 5.2 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto Concreto Classe de agressividade (Tabela 5.1) I II III IV Relação Água/Cimento 0,65 0,60 0,55 0,45 Classe do concreto C20 C25 C30 C40 Nota: O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir os requisitos estabelecidos na NBR 12655 Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 24 5.3 Cobrimento mínimo Além das exigências de qualidade do concreto, deve-se respeitar também uma espessura mínima de cobrimento da armadura mais externa do elemento estrutural (em geral o estribo), dada pela Tabela 5.3. Tabela 5.3 – Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento mínimo Elemento estrutural Classe de agressividade ambiental (Tabela 5.1) I II III IV 2) Cobrimento mínimo (mm) Laje 1) 20 25 35 45 Viga Pilar 25 30 40 50 1) Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos, e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser substituídas pelo pelo valor 15 mm. De qualquerforma, o cobrimento não poderá ser inferior ao diâmetro da barra ou do feixe. 2) Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos a armadura deve ter cobrimento nominal mínimo de 45mm. Em caso de adequado controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade das medidas durante a execução podem ser adotados cobrimentos mínimos com redução de 5,0 mm. Neste caso a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de projeto. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 25 6 FLEXÃO NORMAL SIMPLES 6.1 Hipóteses de cálculo para dimensionamento de estruturas de concreto armado Na análise dos esforços resistentes de uma seção de viga ou pilar, devem ser consideradas as seguintes hipóteses básicas: a) as seções transversais permanecem planas após deformação; b) a deformação das barras deve ser a mesma do concreto em seu entorno (perfeita aderência); c) a resistência à tração do concreto será desprezada; d) a distribuição de tensões no concreto se faz de acordo com o diagrama parábola retângulo definido na Figura 2.3 com tensão de pico igual a 0,85 fcd. Esse diagrama pode ser substituído pelo retângulo de altura 0,8 x (onde x é a profundidade da linha neutra), com a seguinte tensão: 0,85 fcd no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir desta para a borda comprimida; 0,80 fcd no caso contrário; As diferenças de resultados obtidos com esses dois diagramas são pequenas e aceitáveis, sem necessidade de coeficiente de correção adicional. e) a tensão nas armaduras deve ser obtida a partir dos diagramas tensão-deformação, com valores de cálculo, definidos no item 2.7. f) o estado limite último de uma seção transversal é caracterizado quando a distribuição das deformações na seção transversal pertencer a um dos domínios definidos na Figura 6.1, ou seja, deformação plástica excessiva das armaduras (10 o /oo) ou ruptura do concreto (2,0 o /oo ou 3,5 o /oo). Figura 6.1 – Domínios de deformação Ruptura por deformação plástica excessiva: - reta a: tração uniforme; - domínio 1: tração uniforme, sem compressão; - domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto (c < 3,5 o /oo e com máximo alongamento permitido para o aço); 3h/7 h 10 o /oo 2 o /oo 3,5 o /oo d 1 2 3 4 5 4a a b B A C yd Alongamento Encurtamento d' Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 26 Ruptura convencional por encurtamento limite do concreto: - domínio 3: flexão simples (seção subarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e com escoamento do aço (s yd); - domínio 4: flexão simples (seção superarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e aço tracionado sem escoamento (s < yd); - domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas; - domínio 5: compressão não uniforme, sem tração; - reta b: compressão uniforme. 6.2 Flexão simples (coeficientes “k”) Figura 6.2 – Diagrama Parábola-Retângulo e Diagrama Retangular (6.1) As 0,85.fcd d cd s y x 0,85.fcd Rst Rst h bw scd cd εε ε d x scd cd εε ε 0,8d y 0,8 y x 0,8xy scd cd x εε ε d x k xd ε x ε scd xεxdε scd xεxεdε cdscd Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 27 0,47 2,48‰3,5‰ 3,5‰ 0,8kyl 2,48‰2100000 1,15 6000 ε 60 CA 0,50 2,07‰3,5‰ 3,5‰ 0,8kyl 2,07‰2100000 1,15 5000 ε 50 CA 0,62 1,04‰3,5‰ 3,5‰ 0,8kyl 1,04‰2100000 1,15 2500 ε 25 CA yd yd yd s yd yd cd E f ε 3,5‰ε (6.2) No limite dos domínios 3 e 4, quando s = yd, tem-se: (6.3) se ky kyl tem-se seção subarmada (s yd) – domínio 3 se ky > kyl tem-se seção superarmada (s < yd) – domínio 4 Seções superarmadas (domínio 4) têm por característica a ruptura por esmagamento do concreto, pois este alcança a sua deformação de ruptura (3,5 o /oo) antes que o aço alcance o escoamento. Este tipo de ruptura ocorre de forma brusca, sem aviso prévio (fissuração excessiva), devendo o dimensionamento das peças estruturais neste domínio de deformação ser muito bem avaliado pelo engenheiro. Valores limites de ky, para os aços especificados pela NBR 6118, considerando fyd = fyk/s, com s = 1,15 e Es = 2100000 kgf/cm 2 : scd cd εε ε0,8 d y ky ky ky0,8 ε ky ky ky 0,8 ε ky kyε ky ε0,8 ε ky ε0,8 ε cdcd cdcd cd cd s cds ε ky ky0,8 ε ky ε0,8 εε cdscd ydcd cd yl εε 0,8ε k Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 28 6.3 Seção retangular 6.3.1 Armadura Simples (unidades: tf; cm) Figura 6.3 – Seção transversal de viga sujeita à flexão simples com armadura simples (6.4) Equilíbrio da seção: (6.5) As d y 0,85.fcd Rst h bw d" y/2 z Rcc Md 2 wcdd wcdd dbkzkyf0,85M dkzybf0,85M km db M 2 w d kzkyf0,85 1 km cd concreto) pelo resistido (momento zRM ccd 2 ky 1 d z kz 2 ky 1d 2 dky d 2 y dz x0,8y fAσAR sssst ybf0,85R wcdcc kfd MγM Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 29 (6.6) Ainda por equilíbrio da seção: (6.7) (6.8) 6.3.2 Dimensionamento da seção no Domínio 2 Quando a deformação do aço alcança seu valor máximo, ou seja, 10,0 o /oo, o dimensionamento passa a ser feito considerando-se deformações do concreto menores que 3,5 o /oo, portanto, dimensionamento no Domínio 2. O processo de dimensionamento é idêntico ao já apresentado anteriormente, porém, o valor “0,85 fcd” deve ser corrigido porum fator “” (psi) que leva em consideração c < 3,5 o /oo. O valor de “” considerado deverá ser: como s = 10,0 o /oo: d M fkz 1 A dkzAfM zRM d yd s sydd std ydfkz 1 ka d Mka A ds d 2 w M db km sc c εε ε0,8 ky 2,0‰ quando , 002,03 1 1 002,0 1,25 3,5‰ 2,0‰ quando , 3 002,0 11,25 3,5‰ quando , 1 máx c máx c máx c máx cmáx c máx c ky-0,8 ky10 εmáxc 01ε ε0,8 ky c c Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 30 6.3.3 Armadura dupla Figura 6.4 – Seção transversal de viga retangular sujeita a flexão simples com armadura dupla – parte do momento total (Md) absorvido pelo binário Rcc / Rst1 (Md1) e parte absorvido pelo binário Rsc / Rst2 (Md2) Rsc = resultante das tensões de compressão na armadura longitudinal Md1 = Momento máximo que a seção resistiria com armadura simples Md1 = Momento adicional resistido pelo binário formado pelas armaduras As2 e A's As1 d yl 0,85.fcd Rst h bw d" yl/2 d- yl/2 Rcc Md1 As d 0,85.fcd Rst h bw d" yl/2 d- yl/ Rcc Md1 cd yd cd yd d2d1d MMM d1dd2 M-MM s2s1s yds2yds1yds st2st1st AAA fAfAfA RRR Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 31 (6.9) (6.10) (6.11) (6.12) Os valores de 's (tensão de compressão na armadura) são obtidos a partir da deformação do aço ('s), conforme segue: Tendo-se o valor de 's, à partir do diagrama tensão deformação do aço, obtém-se a tensão 's. se: 's < ycd 's = 's . Es se: 's ycd 's = fycd kml db M 2 w d1 d Mkal A d1s1 ddfAddRM ddRM yds2st2d2 scd2 ddssAddRM scd2 ddf M A yd d2 s2 d'-d ' M A' s d2 s dkylyly y1,25x 3,5‰ε ε x d'-x ε ε ε dx x cd cds s cd s s ( o /oo) fyd 10,0 ycd yd -3,5 fycd tr aç ão co m p re ss ão Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 32 7 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS 7.1 Dimensões mínimas das vigas (item 13.2.2 – NBR 6118) A seção transversal das vigas não deve apresentar largura menor que 12 cm. Este limite poderá ser reduzido a um mínimo de 10 cm, desde que sejam respeitadas as seguintes condições: alojamento das armaduras e suas interferências com as armaduras de outros elementos estruturais, respeitando os espaçamentos e coberturas estabelecidos na NBR 6118; lançamento e vibração do concreto de acordo com a NBR 14931. 7.2 Armaduras longitudinais mínima e máxima das vigas (item 17.3.5.2 – NBR 6118) A armadura longitudinal mínima de tração deve ser suficiente para absorver o momento de fissuração da viga, evitando assim a ruptura brusca na passagem do Estádio I (concreto não fissurado) para o Estádio II (concreto fissurado). Esta condição pode ser considerada atendida se respeitadas as taxas expressas na Tabela 7.1. Tabela 7.1 – Taxas mínimas de armaduras de flexão para vigas Forma da seção Valores de min (As,min/Ac) (%) fck min 20 25 30 35 40 45 50 Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288 T (mesa comprimida) 0,024 0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197 T (mesa tracionada) 0,031 0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255 Circular 0,070 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575 NOTA – nas seções tipo T, a área da seção a ser considerada deve ser caracterizada pela alma acrescida da mesa colaborante. Os valores estabelecidos na Tabela 7.1 pressupõem o uso de aço CA-50, c = 1,4 e s = 1,15. Caso esses fatores sejam diferentes, mín deve ser recalculado com base no valor de mín, dado, a partir da seguinte expressão: (7.1) com fcd e fyd dados em MPa. A soma das armaduras de tração e de compressão de uma viga (As + A's) não deve ter valor maior que 4,0 % da área de concreto (Ac), calculado na região fora da zona de emendas. 7.3 Armadura de pele (item 17.3.5.2.3 – NBR 6118) Trata-se de uma armadura disposta ao longo das faces laterais das vigas com altura superior a 60 cm. Esta armadura tem por objetivo costurar longitudinalmente a peça fletida, criando uma transição das regiões tracionada e comprimida e reduzindo o aparecimento de fissuras de retração e de variações de temperatura. yd míncd mín f ωf ρ Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 33 É conveniente que esta armadura seja disposta ao longo da região tracionada da viga, porém, devido a dificuldade de se determinar a posição da linha neutra, em geral a armadura de pele é disposta ao longo de toda a altura da viga. Deve-se dar preferência às barras de armadura de bitolas mais finas para composição da armadura de pele. Estas barras devem ser de alta aderência (1 2,25). A armadura de pele mínima que deverá ser disposta em cada face lateral da viga deve ser equivalente a 0,10 % da área de concreto da alma, e o espaçamento entre as barras constituintes não deve exceder 20 cm: em cada face (7.2) 7.4 Centro de gravidade das armaduras (item 17.2.4.1 – NBR 6118) Os esforços nas armaduras podem ser considerados concentrados no centro de gravidade correspondente, se a distância deste centro ao ponto da seção de armadura mais afastada da linha neutra, medida normalmente a esta, for menor que 10 % da altura da viga. Figura 7.1 – Posição do centro de gravidade das armaduras 7.5 Espaçamento mínimo entre barras da armadura (item 18.3.2.2 – NBR 6118) Figura 7.2 – Espaçamento entre barras da armadura dmáx = diâmetro máximo do agregado. almac,peles, A0,10%A d" CG d h + x x < 10 % . h ev eh máx máx d0,5 2,0cm ev d1,2 2,0cm eh Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 34 Esses valores aplicam-se também às regiões de emendas portraspasse das barras. Para feixes de barras deve-se considerar o diâmetro do feixe: (7.3) em que, “n” é o número de barras que constituem o feixe. 7.6 Número de barras por camada Figura 7.3 – Número de barras por camada 7.7 Determinação de da altura útil “d” d = 90%.h (7.4) 7.8 Vão teórico das vigas O vão efetivo das vigas deve ser calculado pela seguinte expressão (7.5) Com a1 igual ao menor valor entre (t1/2 e 0,3h) e a2 igual ao menor valor entre (t2/2 e 0,3h), de acordo com a Figura 7.4 – Vão teórico das vigas – apoio extremo (e); apoio intermediário (d) nf eh t (estribo) c a eh eha n c2ba tw 210ef a a l l Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 35 Para vigas em balanço o vão teórico é igual ao comprimento entre a extremidade livre e o centro do apoio. Usualmente adota-se como vão teórico de vigas a distância entre os centros dos apoios, desde que estes não apresentem dimensões muito maiores que a altura da viga 7.9 Aproximações de cálculo para vigas (item 14.6.7.1 – NBR 6118) Pode ser utilizado o modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, para o estudo das cargas verticais, observando-se a necessidade das seguintes correções adicionais: a) não devem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos; 7.10 Pré-dimensionamento de vigas (sugestão) A altura das vigas poderá ser inicialmente considerada como um décimo do vão ( h= 10%L). Já a largura das vigas normalmente é definida em função da espessura da alvenaria, sendo em geral adotada uma largura igual a da alvenaria sem revestimentos. 7.11 Componentes do carregamento das vigas Cargas de paredes; Cargas devido ao peso próprio (concr. 2500 kg/m 3 ); Reações das lajes; Reações de outras vigas (cargas concentradas); Outros. Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 36 8 DETALHAMENTO DE VIGAS À FLEXÃO 8.1 Aderência Para que seja possível a existência do concreto armado é necessário que exista entre aço e concreto uma aderência que impeça o escorregamento de um em relação ao outro. Figura 8.1 – Tensão de aderência entre aço e concreto 8.1.1 Regiões de boa e má aderência Consideram-se em boa situação quanto à aderência os trechos das barras que estejam em uma das posições seguintes: com inclinação maior que 45º sobre a horizontal horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, desde que: - para elementos estruturais com h < 60cm, localizados no máximo 30cm acima da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima; - para elementos estruturais com h 60cm, localizados no mínimo 30cm abaixo da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima; Trechos em outras situações são considerados em má situação quanto à aderência. > 45º h < 60 cm Face inferior ou junta de concretagem 30 < 45º 30 < 45º h 60 cm Face superior ou junta de concretagem Tensão de aderência: = perímetro da barra πμ lμ F b i b F Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 37 8.1.2 Valores últimos para resistências de aderência De acordo com a NBR 6118, em seu item 9.3.2, a resistência de aderência de cálculo entre armadura e concreto na ancoragem (transmissão do esforço aplicado à uma barra de aço ao concreto) das armaduras deverá ser obtida pela seguinte expressão: (8.1) onde: fctd = fctk,inf / c (equação (2.7); 1 = 1,0 para barras lisas (ver Tabela 2.1); 1 = 1,4 para barras entalhadas (ver Tabela 2.1); 1 = 2,25 para barras nervuradas (ver Tabela 2.1); 2 = 1,0 para situações de boa aderência (ver item 8.1.1); 2 = 0,7 para situações de má aderência (ver item 8.1.1); 3 = 1,0 para < 32mm; 3 = (132-)/100, para > 32mm; sendo: fbd é a resistência de aderência entre aço e concreto; fctd é a resistência inferior à tração de cálculo do concreto; 8.1.3 O “Não-Escorregamento” da armadura Em elementos estruturais fletidos faz-se necessária a verificação do não-escorregamento das armaduras longitudinais. Considera-se como verificada a peça que satisfizer a seguinte expressão: (8.2) onde: Vd é o esforço cortante de cálculo na seção considerada; d é a altura útil da seção considerada; us é a soma dos perímetros de todas as barras da armadura principal tracionada (no caso de feixes de barras, o perímetro a considerar é o da seção circular de área igual); fbd é o valor dado pela equação (8.1). A verificação do não-escorregamento é, geralmente, dispensável para bitolas inferiores a 25 mm e para armação sem uso de feixe de barras. Em outros casos ela é indispensável. Caso a expressão (8.2) não seja satisfeita, a solução será a de se aumentar o número de barras da armação principal (mantendo o valor de As total), usando bitolas mais finas. Isto força o aumento do valor de us. 8.2 Ancoragem das armaduras A ancoragem de uma barra da armadura é a transferência do esforço ao qual ela está submetida para o concreto. De acordo com o item 9.4.1 da NBR 6118, todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de forma que os esforços a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidos ao concreto. Estas ancoragens poder ser realizadas por aderência ou através de dispositivos mecânicos. As ancoragens por aderência são mais baratas e as mais utilizadas, por este motivo nesta disciplina será dada maior ênfase as mesmas. ctd321bd fηηηf bdsd f1,75ud0,9V Concreto Armado I Professor: Jackson Antonio Carelli 38 À exceção das regiões situadas sobre apoios diretos (pilares), as ancoragens por aderência devem ser confinadas por armaduras transversais ou pelo próprio concreto, considerando-se este caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3e a distância entre barras ancoradas for maior ou igual a 3. Isto se deve a possibilidade de fendilhamento do concreto (fissura do concreto ao longo da barra) em função das tensões de aderência aço/concreto. As barras tracionadas podem ser ancoradas ao longo de um comprimento retilíneo ou com grande raio de curvatura em sua extremidade, de acordo com as condições a seguir: a) obrigatoriamente com gancho (estudo futuro) para barras lisas; b) sem gancho nas que tenham alternância de solicitação, de tração e compressão; c) com ou sem gancho nos demais casos, não sendo recomendado o gancho para barras de 32 mm ou para feixes de barras. As barras comprimidas devem ser ancoradas sem ganchos.
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