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Analise de Pressupostos de admissibilidade

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1 - Introdução
Este artigo tem como objetivo apresentar o conceito de recursos e uma análise dos pressupostos de admissibilidade, dos efeitos e dos princípios aplicáveis à teoria geral dos recursos. Neste âmbito, visitam-se os seus principais institutos, sempre com uma visão voltada à legislação, em interpretação conforme a Constituição Federal, amparando-se pela doutrina e pela jurisprudência.
2 - Juízo de admissibilidade e juízo de mérito - conhecimento e provimento dos recursos.
Para que o mérito de uma demanda seja julgado, o juiz precisa anteriormente analisar os pressupostos processuais e as condições da ação, considerados genericamente como pressupostos de admissibilidade do julgamento de mérito. No âmbito recursal, existe o mesmo fenômeno, devendo o órgão julgador fazer uma análise de aspectos formais do recurso para só então, superada positivamente essa fase, analisar o mérito recursal. Em termos de teoria geral dos recursos, a doutrina costuma indicar sete pressupostos de admissibilidade, não existindo dúvida a respeito de quais sejam esses pressupostos, ainda que surja divergência quanto a sua exata classificação.
Ainda que se admita que o vício já exista quando o recurso não é admitido, o entendimento exposto afronta de maneira clara e insuportável o princípio da segurança jurídica, não sendo possível a parte ficar na dependência da admissão de seu recurso para só então saber se a decisão ainda poderá ser reformada ou anulada ou se tornou retroativamente definitiva. Com essa pragmática preocupação, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que, apesar da natureza declaratória, o juízo de admissibilidade tem eficácia ex nunc, de forma que a preclusão ou a coisa julgada decorrente da decisão impugnada só seja computada a partir da não admissão do recurso. No sentido do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o art. 972, caput, do Novo CPC, ao prever que o trânsito em julgado ocorre com a última decisão proferida no processo. Sem identificar a espécie de decisão, a única conclusão possível é que o dispositivo também considera a decisão que inadmite o recurso.
Ainda que dois ou mais órgãos jurisdicionais realizem o juízo de admissibilidade, não existe vinculação entre eles, porque, sendo o juízo de admissibilidade matéria de ordem pública, não haverá preclusão. Na classificação desses requisitos encontra-se na doutrina alguma divergência. Parcela da doutrina prefere dividi-los em pressupostos objetivos (dizem respeito ao próprio recurso em si mesmo considerado) e subjetivos (dizem respeito à pessoa do recorrente). Nessa classificação, serão pressupostos recursais subjetivos a legitimidade e o interesse recursal e pressupostos objetivos a adequação, tempestividade, preparo e motivação.
Outra parcela da doutrina prefere a divisão entre pressupostos intrínsecos e extrínsecos, e mesmo dentro dessa classificação existe divergência de quais sejam os pressupostos recursais extrínsecos e intrínsecos. Essa divergência justifica-se na diferença de conceito do que seja pressuposto intrínseco e extrínseco.
A doutrina majoritária entende como pressupostos intrínsecos os referentes à própria existência do poder de recorrer, e os extrínsecos aqueles referentes ao modo de exercer tal poder. Nessa concepção, são pressupostos intrínsecos: cabimento; legitimidade; interesse em recorrer; e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer. Os pressupostos extrínsecos são: tempestividade; preparo; e regularidade formal. É a classificação preferível e que será adotada.
Por outro lado, com menos adeptos, há corrente doutrinária a defender que os pressupostos intrínsecos dizem respeito à decisão recorrida (conteúdo e forma), enquanto os pressupostos extrínsecos concernem a fatores externos da decisão recorrida, sendo normalmente posteriores a ela.
Com essas premissas, são pressupostos intrínsecos: (a) cabimento, (b) legitimidade e (c) interesse recursal; são requisitos extrínsecos: (a) tempestividade, (b) preparo, (c) regularidade formal e (d) inexistência de fatos impeditivos ou modificativos do poder de recorrer.
2.1. Competência para o exame da admissibilidade dos recursos.
Na sistemática introduzida pelo Novo Código de Processo Civil a regra é que o juízo de admissibilidade é de competência do órgão responsável pelo julgamento do mérito do recurso. Mesmo nos casos em que o recurso é interposto perante o órgão a quo, como é o caso da apelação, do recurso especial e do recurso extraordinário, o juízo de admissibilidade é exercido tão somente pelo órgão ad quem, responsável pela apreciação do mérito recursal, conforme se depreende dos artigos 1.007 caput (art. 514 CPC 73) e § 3º, bem como 1.026 (art. 541 CPC73), 1.027 e parágrafo único do Código de Processo Civil.
A sistemática difere daquela adotada pelo Código de Processo Civil de 1973, uma vez que este possibilitava que o órgão a quo realizasse o juízo de admissibilidade prévio nos recursos de apelação, especial e extraordinário, fazendo, assim, com que houvesse um duplo juízo de admissibilidade nessas hipóteses, uma vez que o órgão ad quem não ficava vinculado à decisão do juízo a quo, podendo inadmitir o recurso previamente admitido na origem ou, mediante recurso, reforma a decisão de inadmissão (Conforme artigos 522 e 544 CPC73).
3 - Pressupostos Intrínsecos de admissibilidade recursal.
3.1. Cabimento e princípio da unirrecorribilidade.
A análise do cabimento do recurso envolve a aferição da relação de adequação entre a decisão e o recurso interposto. A legislação é que indica expressamente qual o recurso cabível das decisões judiciais. Os arts. 102, II e III, e 105, III, CF, e os arts. 1.009, 1.015, 1.021, 1.022, 1.027, 1.029 e 1.042 e 1.043, CPC, cuidam do cabimento dos recursos lá mencionados.
Cada recurso tem uma finalidade própria e guarda relação com determinada espécie de decisão. Assim, para cada espécie de decisão judicial há apenas um único recurso cabível. Vale dizer: no direito brasileiro vige a regra da unirrecorribilidade – também conhecida como unicidade ou singularidade – recursal. São exceções a unirrecorribilidade a possibilidade de simultânea interposição de embargos de declaração e qualquer outro recurso e de simultânea interposição de recurso especial e de recurso extraordinário.
Saber se determinado recurso é ou não cabível significa indagar se a decisão que se pretende impugnar é recorrível, ou seja, se há previsão legal de recurso contra a decisão; bem como se o recurso escolhido é adequado contra a decisão judicial que se quer impugnar. Não basta que haja previsão legal para o recurso ser utilizado; há também necessidade de adequação entre o recurso escolhido e a natureza da decisão que se pretende impugnar e, ainda, em alguns casos, quando se tratar de recurso de fundamentação vinculada, também ao conteúdo da decisão.
Nesse ponto, remete-se ao item referente ao princípio da fungibilidade recursal uma vez que, ainda que a parte interponha o recurso inadequado contra a decisão, havendo razoabilidade e dúvida objetiva fundada com relação ao recurso a ser interposto, sendo este apresentado no maior prazo previsto, poderá o órgão julgador receber o recurso equivocado como se o correto fosse.
O art. 498 do CPC prestigia o princípio da unirrecorribilidade, evitando a interposição simultânea de embargos infringentes, recurso especial e recurso extraordinário contra o mesmo acórdão.
3.2. Legitimidade recursal.
Segundo o art. 499 do CPC, o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. O dispositivo legal é criticável porque confunde indevidamente o requisito da legitimidade recursal com o interesse recursal, desprezando o fato de que a legitimidade é fixada sempre em abstrato, não tendo relevância o conteúdo da decisão no caso concreto. Dessa forma, não é correto afirmar, como faz o dispositivo legal, que somente a parte vencida tem legitimidade para recorrer, porque, para se descobrir se a parte é vencida ou vencedora é indispensávelanalisar o conteúdo da decisão proferida no caso concreto, o que diz respeito ao interesse de recorrer, e não à legitimidade recursal. A mesma crítica pode ser feita relativamente ao terceiro prejudicado, embora essa nomenclatura esteja consolidada na lei e na doutrina pátria.
Ignorando-se esse vício contido no art. 499 do CPC, o dispositivo se presta a indicar as três espécies de sujeitos que tem legitimidade recursal O art. 993, caput, do Novo CPC conserva os três legitimados recursais previstos no art. 499 do CPC/1973, passando a tratar o Ministério Público como fiscal da ordem jurídica, e não mais como fiscal da lei. E mantém o equívoco de confundir legitimidade com interesse recursal ao sustentar a previsão da “parte vencida” como legitimada recursal. No parágrafo único, melhora-se a definição do interesse a ser demonstrado pelo terceiro que pretenda recorrer como terceiro prejudicado. Segundo o dispositivo legal, cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
3.2.1. Legitimidade das partes.
As partes têm legitimidade recursal, independentemente do conteúdo da decisão judicial, ou seja, não importando o fato de terem ou não sucumbido no caso concreto, aspecto que diz respeito ao interesse recursal, que é outro requisito de admissibilidade. Entende-se que a legitimidade recursal diz respeito às partes no processo, o que inclui o autor, réu, terceiros intervenientes – inclusive o assistente simples – e o Ministério Público, quando atua como fiscal da lei, o que inclusive dispensaria a expressa menção à legitimidade do Ministério Público no art. 499, caput, do CPC. A única exigência é que esses sujeitos, salvo o Ministério Público, estejam integrados à relação jurídica processual no momento em que a decisão impugnada é preferida.
A doutrina majoritária e o Superior Tribunal de Justiça entendem que os serventuários eventuais da Justiça (perito, tradutor, intérprete, depositário etc.) não têm legitimidade recursal, já que não são considerados partes na relação jurídica processual. Tampouco são terceiros prejudicados, porque não são titulares de relação jurídica conexa com a relação jurídica que se está discutindo em juízo. Caso desejem se irresignar contra decisão proferida no processo do qual participam, se valerão de sucedâneos recursais, em especial o mandado de segurança.
Apesar de majoritário, não parece ser esse o melhor entendimento, porque esses sujeitos tornam-se parte no incidente processual criado em torno de sua atuação no processo, sendo possível a conclusão de que, com respeito à decisão que fixa seus honorários ou resolve outra questão referente a tal incidente, há legitimidade recursal como parte, não do processo, mas do incidente processual.
Da mesma forma, sendo condenado um terceiro por ato atentatório à dignidade da jurisdição, nos termos do art. 14, parágrafo único, do CPC, estará vinculado aos efeitos da coisa julgada, sendo inegável a sua legitimidade recursal. Segundo o art. 23 da Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), o advogado é o credor dos honorários fixados em sentença ou acórdão, sendo parte legitimada para executar esse capítulo acessório da decisão, o que fará com legitimação ordinária (nome próprio na defesa de interesse próprio). Sendo legitimado a executar o capítulo da decisão referente aos honorários, considerando-se ser o titular do direito de crédito fixado em tal capítulo, é inegável a legitimidade do advogado para recorrer de tal decisão, objetivando a majoração da condenação em honorários advocatícios. 
Entendimento contrário retiraria o direito do advogado de discutir uma decisão que a própria lei reconhece ter legitimidade para executar. Não podendo recorrer da decisão e ocorrendo seu trânsito em julgado, estaria negada a prestação jurisdicional ao advogado, que seria obrigado a executar valor que não entende ser o justo. Para a doutrina majoritária, a sua legitimidade é de terceiro prejudicado, porque no momento da prolação da decisão não figurava no processo como parte, mas é titular de relação de direito material (direito de crédito) que pode ser afetada pelo resultado do processo. O Superior Tribunal de Justiça entende que também a parte poderá recorrer em nome próprio do capítulo referente aos honorários advocatícios, e nesse caso sua legitimação será extraordinária (nome próprio em defesa de direito de outrem). 
Trata-se, portanto, de legitimação concorrente entre a parte e o advogado (terceiro prejudicado).
3.2.2. Legitimidade dos terceiros.
Segundo o art. 499, § 1.º, do CPC, o terceiro que demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial, terá legitimidade recursal. A melhor interpretação do dispositivo legal determina que o terceiro – sujeito que não faz parte do processo no momento da prolação da decisão – deve ter um interesse jurídico que justifique sua intervenção no processo por meio do recurso, consubstanciado na possibilidade de relação jurídica da qual é titular ser afetada pela decisão recorrida, gerando-lhe um prejuízo. Entende-se que o sujeito que poderia ter participado do processo como assistente, nomeado à autoria, denunciado à lide ou chamado ao processo, tem legitimidade como terceiro prejudicado. 
O mesmo não ocorre com o sujeito que poderia ter sido opoente, porque nesse caso o seu ingresso por meio de recurso pretendendo obter a coisa ou o direito discutido entre as partes configuraria supressão de grau jurisdicional, levando ao tribunal matéria que deve ser enfrentada em primeiro grau de jurisdição e alheia à decisão impugnada. Também tem legitimidade o terceiro que deveria ter sido litisconsorte necessário, mas que indevidamente não foi integrado ao processo.
Sempre que o terceiro tiver uma relação jurídica que pode ser afetada pela decisão judicial terá legitimidade como terceiro prejudicado, mas para ter interesse recursal, é indispensável no caso concreto que tenha sofrido um efetivo prejuízo na relação jurídica da qual figura como titular. Assim, é possível que um terceiro tenha legitimidade como terceiro prejudicado, mas, por não ter sido concretamente prejudicado, não terá interesse recursal. Essa constatação demonstra de forma clara a inadequação da consagrada nomenclatura “terceiro prejudicado”.
3.2.2.1 Interesse e Legitimação recursal do amicus curiae
Para Luiz Guilherme Marinoni, a figura do amicus curiae tem como função "contribuir para a elucidação da questão constitucional por meio de informes e argumentos, favorecendo a pluralização do debate e a adequada e racional discussão entre os membros da Corte, com a consequente legitimação social das decisões" (Curso de Direito Constitucional, 3ª Ed. RT 2014, p. 1096). Conforme art. 131, § 3º do Regimento Interno do STF, o amicus curae tem direito à sustentação oral mas, segundo precedente da Suprema Corte, não tem legitimidade para postular tutela cautelar (ADI n. 2904, Rel. Min. Menezes Direito, decisão monocrática, DJe 06/06/2008). Ressalte-se que a possibilidade de admissão de amicus curiae não se reduz ao controle concentrado de constitucionalidade. Há várias leis admitindo expressamente (ex: Lei 12.529/11, Art. 482, § 3º do CPC, Art. 543-A, § 6º do CPC, Art. 543-C, § 4º do CPC, Lei11.417/06).
Mesmo nos casos onde não há previsão legal, tem-se admitido a intervenção de amicus curiae, desde que, cumulativamente, 1) a causa seja relevante, 2) a pessoa seja dotada de conhecimentos técnicos úteis a construção da decisão; 3) A causa tenha repercussão geral (efeito multiplicador em causas idênticas). Apesar de não existir previsão legal, o STF já admitiu amicus curiae, por exemplo, em habeas corpus (HC n. 8242, Tribunal Pleno, relator do acórdão Min. Moreira Alves, Min. redator do acórdão, Min. Maurício Correa, julgado em 17/09/2003). 
No informativo n. 772, publicado em 04/02/2015, vemos estabelecida uma relevantedistinção feita quanto a legitimidade para interpor recurso: 1) A pessoa jurídica ou natural (é possível a admissão como amicus curiae de pessoa natural, como ocorreu na MS n. 32033) que almeja ser admitida como amicus curiae em processo no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade tem legitimidade para interpor recurso contra a decisão que o inadmitiu (agravo regimental); 2) A decisão que o admite como amicus curiae é irrecorrível (art. 7º, § 2º da Lei n.º 9.868/1999) e; 3) uma vez admitido como amicus curiae, não tem legitimidade para interpor recurso contra a decisão de mérito.
3.2.3 Legitimação recursal do Ministério Público
O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei (art. 996, CPC). Súmula 99, STJ:” o Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte”. Súmula 226, STJ:” o Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente de trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por advogado”.
3.3 Interesse recursal
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1º, § 2º incisos I, II e III. A admissão de recurso inadmissível constitui ofensa ao art. 997, CPC.
3.3.1 Recurso Adesivo
Havendo sucumbência recíproca – sendo ao mesmo tempo “vencidos autor e réu” -, cada uma das partes pode interpor independentemente o seu próprio recurso, devendo observar o prazo e as demais exigências legais. Não recorrendo de modo principal, no entanto, pode a parte aderir ao recurso interposto pela parte contraria (art. 997, §1º, CPC). Rigorosamente, a parte não adere ao recurso da parte contrária – contrapõe outro recurso aquele já manifestado. Observe-se que apenas a parte que não recorreu de modo principal pode manifestar recurso adesivo: ao recorrer de maneira principal dá-se a consumação da faculdade de recorrer de maneira adesiva (STJ, 1ª Turma, REsp 739.632/RS, rel.Min.Luiz Fux, j. 15.05.2007, DJ 11.06.2007, p. 268).
3.4 Fatos extintivos, ou impeditivos à admissibilidade recursal
Fato impeditivo (desistência do recurso ou da ação, reconhecimento jurídico do pedido, transação, renúncia ao direito sobre que se funda a ação ou depósito prévio da multa/deserção), fato extintivo (renúncia ao recurso e aquiescência à decisão) do direito de recorrer. São os pressupostos negativos de admissibilidade, isto é, circunstâncias que não podem estar presentes para que o recurso seja admitido. Os fatos extintivos são a renúncia e a aquiescência; o fato impeditivo é a desistência do recurso.
Exemplos de fatos extintivos: renúncia ao direito de recorrer; aceitação da decisão desfavorável. Exemplos de fatos impeditivos: desistência do recurso; desistência da ação; reconhecimento da procedência do pedido; renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação; ausência do depósito de multa processual de pagamento imediato.
3.4.1.1 Desistência/renúncia do recurso
É causa impeditiva, tratada no art. 998 do CPC: "O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso". O que distingue a desistência da renúncia é que ela é sempre posterior à interposição: só se desiste de recurso já apresentado, e só se renuncia ao direito de recorrer antes da interposição. 
O recorrente tem sempre o direito de desistir do recurso, independentemente de qualquer anuência, ainda que o adversário tenha oferecido já as contrarrazões, diferentemente da desistência da ação que, após o oferecimento de resposta, exige o consentimento do réu. 
A desistência pode ser manifestada até o início do julgamento do recurso e ser expressa ou tácita. Será expressa quando o recorrente manifestar o seu desejo de que ele não tenha seguimento; e será tácita quando, após a interposição, o recorrente praticar ato incompatível com o desejo de recorrer. Não pode haver retratação da desistência, porque, desde que manifestada - e ainda que não tenha havido homologação judicial -, haverá preclusão ou coisa julgada.
3.4.2 Multas processuais como fato impeditivo ao direito de recorrer
Ausência do depósito de multa processual – embargos de declaração protelatórios e agravo interno manifestamente infundado ou inadmissível (art. 1.026, §2º, CPC).
Quando o embargo de declaração ou o agravo é ajuizado somente para retardar o andamento do processo, o juiz pode aplicar uma multa à parte retardadora, a ser pago à parte lesada pelo atraso.
Dessa forma, para que a parte possa recorrer da decisão que impôs a multa, será exigido que ela comprove o depósito da multa aplicada.
4 Pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal
Constituem requisitos extrínsecos ou pressupostos extrínsecos de um recurso (pressupostos recursais), ligados ao modo de exercer o recurso, de acordo com a melhor doutrina, a tempestividade, a regularidade formal e o preparo. Se o recurso for interposto além do prazo, ele é inadmissível, porque intempestivo, cujo controle é feito também pelo juízo ad quem. O preparo representa ônus do recorrente de comprovar, no ato da interposição, a realização do preparo (art. 1.007 do CPC), sob pena de deserção.
Por fim, a regularidade formal decorre da imposição legal da forma rígida ao ato de recorrer, enumerando Araken de Assis quatro requisitos genéricos de regularidade de forma: a) petição escrita; b) identificação das partes; c) motivação; d) pedido de reforma ou de invalidação do pronunciamento recorrido; há ainda outros requisitos específicos, tais como assinatura do advogado, formação do instrumento com peças obrigatórias e legíveis etc. A regularidade procedimental, na lição de Rodolfo de Camargo Mancuso, incluiria o preparo, a motivação, o pedido de nova decisão e o contraditório.
Pode-se incluir, ainda, no rol dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal, o requisito constitucional do prequestionamento (pressuposto específico de recursos extremos), por estar ligado ao modo de exercer o direito de recorrer, muito embora a doutrina seja um pouco omissa a respeito. Contudo, não é por outra razão que Nelson Nery Junior, ao comentar o art. 1.029 do CPC, entende que para preencher o requisito da regularidade formal, “o recorrente deve interpor o RE ou o REsp obedecendo os requisitos mencionados na CF e na norma ora analisada. Faltando um dos requisitos estabelecidos na CF e na norma sob comentário, o recurso não poderá ser conhecido”.
4.1 Tempestividade
Esse requisito exige que o recurso seja interposto dentro do prazo peremptório estabelecido em lei, como sendo o adequado para o seu exercício, sob pena de operar-se a preclusão temporal. Os prazos recursais são prazos próprios. Cuidam dos prazos recursais os arts. 1.003, §3º, e 1.023, CPC. O art. 1.003, CPC, rege a sua contagem. Se recorrente o Ministério Público, a Advocacia Pública ou a Defensoria Pública, há prazo em dobro para recorrer (arts. 180, 183 e 186, CPC). Se há litisconsórcio no processo com procuradores diferentes, incide o art. 229, CPC (salvo se apenas um dos consortes sucumbe, porque aí não há prazo em dobro, art. 229, §1º, CPC. Se o processo é eletrônico, não há prazo em dobro para os litisconsortes (art. 229, §2º, CPC).
4.1.1 Circunstâncias objetivas e subjetivas que interferem nos prazos recursais
O prazo recursal submete-se a regras especiais, decorrentes de certas circunstâncias subjetivas e objetivas específicas. Assim, em sendo parte a Fazenda Pública ou o MP, os prazos recursais serão computados em dobro (CPC, art. 180); também havendo no processo litisconsortes com advogados distintos, os prazos para recurso são contados em dobro (CPC, art. 229). Os prazos recursais – embora não admitam dilação por acordo entre as partes – podem ser prorrogados em caso de calamidade pública ou de outra justa causa, que impeça a prática do ato no tempo oportuno (art. 222, §2º, e art. 223 in fine, todos do CPC).
Lembre-se ainda que a Lei 9.800/99 possibilita a interposiçãode recursos por FAX até o último dia do prazo, impondo ao recorrente o dever de juntar os originais na secretaria do tribunal até cinco dias depois do término do prazo.
4.1.2 Calamidade, morte da parte ou do advogado, justa causa, interrupção e suspensão dos prazos
O artigo 221 do CPC: Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, CPC, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação. Esse artigo define outros casos de suspensão: obstáculo criado pela parte contrária; morte ou perda de capacidade processual da parte, de seu representante legal ou de seu procurador; convenção das partes, se o prazo for dilatório; oposição de exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz.
Morrendo a parte ou o advogado, ou ocorrendo força maior, ficaria sacrificado o interesse da parte em exercer a sua pretensão a recorrer. O art. 1.004, prevê o restabelecimento do prazo; portanto, dá-se, aí, a interrupção do prazo, de pleno direito, e somente corre de novo, depois da intimação ao herdeiro ou do substituto do advogado, ou cessada a força maior, findo o prazo marcado pelo juiz, ou, se só lhe foi comunicada depois, desde a apresentação da parte ou do advogado.
4.1.3 Prazos para Fazenda Pública, MP, Defensoria e réus com diferentes procuradores
A Fazenda Pública possui diversas prerrogativas, entre as quais há a concessão de prazo diferenciado. Não há mais prazo em quádruplo. Todos os prazos processuais da Fazenda Pública passarão a ser contados em dobro, independentemente da natureza jurídica deles. Podem ser recursos, resposta do réu, ou qualquer outro ato: todos serão duplicados, à primeira vista. Há, contudo, uma exceção, prevista no art. 186, §2º, CPC. Caso o prazo legal seja especificamente designado para a Fazenda Pública, não haverá o benefício estudado, uma vez que se pressupõe que o legislador já incorporou esse benefício ao prazo específico.
Todos os prazos designados para o Ministério Público serão dobrados, independentemente de sua natureza jurídica. O legislador explicitou que não importa se o MP atua como parte ou “custus legis”, ainda assim terá direito ao prazo em dobro. Percebe-se que o benefício estudado é próprio do órgão ministerial, e não está ligado à forma como ele atuará no processo. Caso o prazo legal seja especificamente designado para o Ministério Público, não haverá o benefício estudado, pois se pressupõe que o legislador já incorporou esse benefício ao prazo específico.
Talvez uma das mudanças mais curiosas tenha se dado em relação aos prazos que “correm” para litisconsortes com procuradores diferentes. Quanto ao litisconsórcio se trata de uma pluralidade de partes, ou no polo ativo ou no polo passivo da demanda. Já a representação por advogados diferentes requer uma análise um pouco mais complexa. O CPC não estabeleceu que cada parte deve ter um procurador diferente, de modo que é possível haver uma pluralidade de partes, no mesmo polo, com um mesmo advogado representando mais de uma parte. Nesta hipótese, um procurador representa dois litigantes, e um terceiro advogado representa um terceiro litigante. Há um polo (ativo ou passivo) da relação jurídico-processual, com três partes, mas apenas dois procuradores diferentes. Apesar de não haver um advogado para cada parte, há um litisconsórcio com procuradores diferentes. Neste caso, haverá a concessão do prazo diferenciado.
A Defensoria Pública (DP) também possui a prerrogativa de prazos diferenciados, contudo, esta não se encontra disposta no CPC. Esta situação gera, especialmente nos alunos que iniciam seus estudos em processo civil, certa dificuldade. De fato, é mais simples visualizar a existência da prerrogativa, caso ela esteja presente no CPC. A norma que concede prazo em dobro para todos os atos processuais praticados pela defensoria pública foi criada através da Lei Complementar n. 80/94, que teve sua redação alterada pela Lei complementar n. 132/2009.
4.1.4 Contagem dos prazos
A regulamentação dos prazos processuais sofreu significativa alteração no CPC que está em vigor, trazendo algumas novidades. As principais são:
A contagem de prazos em dias levará em conta apenas os dias úteis (art. 219, CPC); 
Admite-se expressamente a tempestividade de ato processual praticado antes do inicio do prazo (art. 218, Parágrafo 4o, CPC), pondo fim a discussão sobre intempestividade/extemporaneidade dos embargos declaratórios prematuros;
Suspensão do curso dos prazos processuais, bem como a realização de audiências, no período compreendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro (art. 220, CPC);
Abra-se a possibilidade, desde que exista anuência das partes, para o Juiz reduzir prazos peremptórios (art. 222, parágrafo 1o, CPC);
Possuem prazo em dobro, apenas em dobro vale frisar, para manifestarem-se nos autos: o Ministério Público (art. 180, CPC); A União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público (art. 183, CPC); a Defensória Pública, escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito e entidades que prestem assistência jurídica gratuita em razão de convênio firmado com a Defensoria Pública (art. 186, CPC);
O Litisconsortes, com procuradores distintos, possuem prazo em dobro, desde que não sejam os advogados integrantes do mesmo escritório e que não se trate de processo em autos eletrônicos (art. 229, CPC).
4.2 Preparo
4.2.1 Momento do preparo recursal
Preparar o recurso significa custear as despesas inerentes ao seu processamento, aí incluído o porte de remessa e de retorno. Cuida-se de requisito extrínseco de admissibilidade recursal. O preparo, quando exigido, deve ser comprovado no momento de interposição do recurso. Se o recurso foi interposto por fax, o preparo deve ser comprovado no dia da apresentação do recurso por fax e não no dia em que apresentado o original. Se o recurso foi interposto depois do encerramento do expediente bancário, tem-se que admitir a comprovação do preparo no primeiro dia útil subsequente, sob pena de indevido encurtamento do prazo recursal.
4.2.2 Insuficiência, não recolhimento, pagamento em dobro e deserção
À irregularidade no cumprimento da exigência formal do preparo (por insuficiência) a lei comina a pena de deserção. A sanção não será aplicada sem que antes seja oportunizado à parte que lhe complemente o valor no prazo de cinco dias.
Antes da aplicação da pena de deserção, pela não comprovação do recolhimento, deve ser o recorrente intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro do preparo, inclusive porte de remessa e retorno. Na hipótese de equívoco no preenchimento da guia de custas, que atemorizava a advocacia, não mais implicará a imediata aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de cinco dias.
Em uma estrutura de processo civil regido pela ideia de colaboração (art. 6º, CPC), jamais a ausência de preparo pode levar a deserção do recurso e conseguinte inadmissibilidade sem que o órgão jurisdicional, previamente intime a parte a efetivação do depósito correspondente. Trata-se de dever de prevenção do órgão jurisdicional. Apenas quando não preparado o recurso depois de expressamente indicada a sua necessidade é que se legitima o seu não conhecimento.
4.2.3 Dispensas objetiva e subjetiva do preparo recursal
A lei dispensa expressamente de preparo os embargos de declaração (art. 1.023, CPC). Ainda, estão dispensadas de preparo, inclusive parte de remessa e de retorno, as pessoas mencionadas no art. 1.007, §1º, CPC. É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno do processo em autos eletrônicos (art. 1.007, §3º, CPC)
4.3 Regularidade formal
O recurso deve ser apresentado na forma exigida pela legislação. Em regra, o recurso deve ser redigido por escrito. Exige-se por vezes ainda determinada ordem de exposiçãoda matéria ou certa maneira de demonstração da irresignação (art. 1.029, §1º, CPC). Entra no requisito de regularidade formal, ademais, a necessidade de apresentar-se o recurso com todas as peças processuais exigidas pela legislação para o conhecimento, bem como o fato de o recurso patrocinar efetivo enfrentamento das razões invocadas pela decisão recorrida.
5 Conclusão
A análise dos requisitos de admissibilidade recursal demonstra a complexidade e formalidade atinente ao ato de recorrer, especialmente em sede de via estreita ou excepcional. Impera, portanto, a técnica recursal (tecnicismo).
O fundamento para as inúmeras exigências processuais decorrem da forma excepcional do recurso, onde o órgão jurisdicional já prestou a tutela pleiteada, ainda que contrária aos interesses das partes. O acúmulo de recursos nos tribunais ampliam o rigor formal, às vezes até em prejuízo do princípio da instrumentalidade do processo.
Assim, embora seja o recurso um meio de restauração do justo e recomposição da justiça, as inúmeras exigências procedimentais fazem com que haja a prevalência da forma em detrimento da questão meritória (de fundo).

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