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Usinagem 16 Função e Influência da geometria das ferramentas de corte Em uma ferramenta monocortante, como as usadas em um torneamento, a forma de sua extremidade tem uma forma semelhante coma mostrada na figura a seguir. Vamos passar a observar alguns itens da geometria desta ferramenta. Ângulo de Incidência principal (n) A função do ângulo de incidência principal é evitar o atrito entre a superfície transitória da peça e o flanco (superfície principal de folga)e permitir que a aresta de corte penetre no material e corte livremente. Aresta principal de corte Aresta secundária Usinagem 17 Em uma ferramenta de sangrar, os ângulos podem ser vistos como mostra a figura abaixo. Ângulo de Incidência secundário (’n) A função do ângulo de incidência secundário é evitar o atrito entre a peça e a superfície lateral de folga. A tabela a seguir mostra os valores de n para diferentes materiais e diferentes ferramentas. Usinagem 18 Ângulo de saída do cavaco (n) É um dos ângulos mais importantes da ferramenta, pois influi decisivamente na força e na potência necessária ao corte, no acabamento da superfície usinada e no calor gerado durante a usinagem. A figura a seguir ilustra a atuação de quatro ferramentas com ângulos de saída de cavaco que variam de +30o a –10o. Usinagem 19 Em principio, o ângulo de saída deve ser o maior possível, pois isto determina uma retirada mais fácil do cavaco. Os fatores que influenciam o valor do ângulo de saída são: 1. Resistência do material da ferramenta de corte. 2. Resistência e dureza do material a usinar. 3. Quantidade de calor gerado pelo corte. 4. Velocidade de avanço Resistência e dureza do material a usinar. Em geral, para os aços, o ângulo de saída é menor para a usinagem de matérias mais duros. Para outros materiais, isto necessariamente não ocorre: Para o latão usualmente o ângulo de saída é igual a zero. Isto ocorre para evitar a penetração excessiva da ferramenta na peça O ferro fundido, embora menos resistente à tração que o aço, exige ângulos de saída menores. Isto ocorre pois a zona de maior pressão do cavaco se dá mais próxima a resta cortante. Na figura a seguir, a mesma ferramenta está usinando dois materiais com aproximadamente a mesma resistência mecânica, mas em que a zona de maior pressão do cavaco se acha posicionada em distâncias diferentes da aresta cortante. Usinagem 20 os materiais que possuem um limite elástico mais elevado são mais fáceis de usinar; permitem maior ângulo de saída, pois a zona de maior pressão sobre a ferramenta se encontra mais afastada da aresta cortante. Relação entre o ângulo de saída do cavaco e a temperatura da ferramenta. Para que uma ferramenta mantenha suas características de corte, é necessário que o calor gerado na usinagem não promova um aquecimento, em nenhuma de suas partes, superior àquele que proporciona uma redução muito grande de sua dureza. Assim, existem valores críticos de temperatura que a ferramenta não pode ultrapassar. Alguns destes valores podem ser observados na tabela. MATERIAL TEMPERATURA CRÍTICA (ºC) Metal Duro 1000 Ligas Fundidas 700 Aço Rápido com 12% Co 600 Aço Rápido com 8% Co 540 Aço Rápido comum 520 Aço Ferramenta 200-250 No projeto de uma ferramenta devem ser considerados os seguintes fatores: Quantidade de calor gerado no processo Ponto da ferramenta em que este calor é gerado. Condições de dissipação de calor pela ferramenta e pelo fluido refrigerante Temperatura crítica do material da ferramenta. Usinagem 21 A tabela a seguir fornece o ângulo de saída (n) para vários matérias a usinar com diferentes matérias de ferramenta. OBS. – Usar o limite superior para avanços de 0,2 mm/rot. ou menos. Usar o limite superior para avanços de 0,4 mm/rot. ou mais. Na figura a seguir estão representadas as temperaturas em uma ferramenta de metal duro, durante a usinagem de uma aço de baixo carbono. Usinagem 22 Ângulo de direção da aresta cortante da ferramenta (r) Este ângulo, que também é chamado de ângulo de posição ou de rendimento, tem as seguintes funções: Distribuir as tensões no corte. Diminuir a espessura do cavaco. Aumentar o comprimento da aresta cortante. Aumentar o ângulo de quina (r), aumentando a resistência mecânica da ferramenta e melhorando a dissipação de calor. Ajuda a eliminar vibrações Influi na direção da saída do cavaco. r r ' r r Na figura se observa que o corte se inicia afastado da quina da ferramenta, onde esta é mais resistente. Nesta figura, além do ângulo de direção da aresta cortante, se pode observar os seguintes ângulos: r - ângulo da quina da ferramenta r - ângulo complementar da aresta de corte ’r - ângulo de direção da aresta secundária de corte. Usinagem 23 60° 8,08 Área = 93,33 mm2 avanço = 9,33 mm avanço = 9,33 mm Área = 93,33 mm2 20° 3,19 Como se observa na figura anterior, a espessura de cavaco (h) para um avanço (a) em mm/rot e um ângulo de direção da aresta de corte (r) é dado pela relação: rsenah Com esta expressão, se observa que quanto menor o ângulo de direção da aresta de corte, menor será a espessura do cavaco e maior será sua largura. Ângulo de direção da aresta secundária (’r) A função deste ângulo é permitir que apenas uma pequena parte da aresta secundária de corte entre em contato com a peça, evitando assim vibrações. Raio de quina da ferramenta (r) É o raio de concordância que une a aresta principal e a aresta secundária de corte. Como mostra a figura seguir, a utilização de uma curva de concordância reduz a espessura de cavaco na quina. Um raio pequeno proporciona uma pequena redução na espessura do cavaco; um raio grande diminui a pressão especifica na quina da ferramenta e a quantidade de calor gerada na mesma. Espessura do cavaco (h) Usinagem 24 avanço avanço Observa-se, entretanto, que um raio grande induz vibrações e pode aumentar de 5 a 20% a potência de corte necessária. Para as ferramentas de aço rápido, o raio de quina recomendado é o maior dentre os valores: quatro vezes o avanço a4r um quarto da profundidade de corte 4 p r Para as ferramentas de metal duro, podemos seguir os dados da tabela: Profundidade de Corte (mm) Raio de quina (mm) Até 5 0,8 6 – 9 1,2 10 – 20 1,5 21 - 30 2,5 O raio de quina, também, tem influência na rugosidade da superfície usinada. A rugosidade superficial (Rt) pode ser calculada, aproximadamente, pela expressão: r8 a R 2 t (mm) Quebra cavaco Os cavacos contínuos formados na usinagem de metais de alta ductilidade apresentam algumas características importantes: Usinagem 25 Bastante afiados e muito quentes Em pouco tempo de usinagem, ocupam um volume muito grande Dificultam a refrigeração e o avanço da ferramenta. A quebra do cavaco em pequenos pedaços, além de prevenir acidentes na usinagem, faz com que o espaço ocupado pelo cavaco seja pequeno, além, de permitir sua coleta de maneira mais simples. Alguns materiais, como por exemplo, o ferro fundido, o latão e os aços de usinagem fácil (alto teor de fósforo e/ou enxofre), possuem a característica de proporcionar cavacos em pequenos pedaços. Para os materiais que não possuem esta característica, é interessante que seja usado um método auxiliar paraa quebra de cavaco. Para a quebra de cavaco, o método utilizado consiste em forçar um dobramento além do limite de resistência do material, provocando a ruptura do cavaco. Uma das maneiras de obter isto é empregar um ângulo de saída negativo. Outra maneira é utilizar um quebra cavaco.\, que serão descritos a seguir: 1. Quebra cavaco do tipo de obstrução integrada na própria ferramenta. Este tipo consiste de um rebaixo retificado na face da ferramenta. Usinagem 26 A tabela a seguir fornece as dimensões recomendadas par quebra- cavacos paralelos e angulares Profundidade de Corte Avanço 0,15-0,30 0,31-0,44 0,45-0,64 0,65-1,00 >1,00 rB 0,25-065 0,80-1,60 0,80-1,60 0,60-1,60 0,80-1,60 hB 0,25 0,40 0,50 0,75 0,75 0,40 -1,40 Distância Bn 1,6 2,0 2,8 3,2 - 1,50 – 6,50 2,4 3,2 4,0 4,8 4,8 6,60 – 13,0 3,2 4,0 4,8 4,8 4,8 13,1 – 20,0 4,0 4,8 4,8 5,6 5,6 > 20,0 4,8 4,8 5,6 6,0 6,3 Pode-se usar, também, um chanfro no lugar de uma curva de concordância. 2. Quebra cavaco de obstrução paralela Este tipo de quebra cavaco é usado para ferramentas que irão trabalhar em usinagem com grandes profundidades de corte. Usinagem 27 3. Quebra cavaco de obstrução angular Este tipo de quebra cavaco é o mais usado pela facilidade de execução. 4. Quebra cavaco de obstrução postiça No caso em que pastilhas de metal duro ou cerâmica são fixadas mecanicamente no cabo, o elemento de sujeição já é adaptado à função de quebra cavaco. Quebra cavaco Usinagem 28 5. Quebra cavaco tipo ranhura Ranhuras já incorporadas na pastilha São as soluções mais freqüentes. As formas são semelhantes às encontradas nas ferramentas de aço rápido (mostradas na figura), só que as ranhuras não se prolongam até a aresta secundária de corte. O raio da ranhura, (rBn), depende o avanço, como mostra a tabela em seguida. Para raios maiores do que 6mm, a ranhura vai até o gume principal. No caso de raios menores, convém deixar um friso estreito com distância (dBn) entre 0,25 e 0,5mm de largura, entre a ranhura e o gume principal. Raio da Ranhura (rBn) mm Avanço (a) mm/rot. 3 a 6 0,4 a 0,9 10 0,9 a 1,5 12 > 1,5 Ranhuras de seção triangular, são usadas para avanços inferiores a 0,4 mm/rot pois produzem um enrolamento bem apertado do cavaco, de modo a quebrar mesmo um cavaco bem fino. Este tipo de ranhura, em geral possui uma largura entre 3 e 5 mm e uma profundidade entre 0,10 e 0,25mm.
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