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HC liberatorio com pedido de medida liminar

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EXCELENTISSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
 FREDERICK DA SILVA, brasileiro, casado, inscrito junto à OAB/MG sob o n° 1234, com escritório profissional situado na Rua Raimundo Ferreira Pinto, n° 125, bairro Barreiro, Belo Horizonte - MG, vem, respeitosamente, perante uma das Colendas Câmaras do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, com fundamento no art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal 1988, e artigos 647 e seguintes, do Código de Processo Penal, impetrar a presente ordem de:
“HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO COM PEDIDO LIMINAR”
em favor de MÁRCIO TIBAU, brasileiro, casado, empresário, residente na Rua Costa Verde, n° 23, bairro Jacutinga, contra constrangimentos ilegais que vem sofrendo por ato praticado pelo Excelentíssimo senhor juiz de Direito da 3ª Vara Criminal da Capital, ora apontada como autoridade coatora, pelas razões de fato e de direito abaixo aduzidas: 
Exmo. Desembargador Relator!
Colenda Câmara Julgadora!
Ínclita Procuradoria de Justiça!
I - Dos Fato 
O paciente foi denunciado pelo Ministério Público em 15/03/2011 perante a 3ª Vara Criminal da Capital, pela suposta prática do crime de furto, previsto no artigo 155 Caput do Código Penal, eis que, no dia 03 de janeiro de 2011, teria subtraído do Supermercado BOA PRAÇA Ltda. a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Após receber a denúncia, foi determinada a citação do réu para apresentar defesa preliminar no prazo de 10 dias. Porém, restaram frustradas as tentativas de citação, certificando o oficial que o réu estava em local incerto e não sabido, o MM Juiz determinou a citação por edital, que também restou frustrada. Não sendo encontrado o réu, o MM Juiz, com base no artigo 366, do Código processo Penal, suspendeu o processo e ato contínuo, acolhendo parecer do Ministério Público, decretando a prisão preventiva do acusado.
Segundo o julgador a prisão preventiva seria cabível, levando em conta que o denunciado desapareceu, não sendo encontrado nos seus endereços habituais e que tal fato, certamente influirá na instrução criminal, nos termos do artigo 312, do Código de Processo Penal, decretando a prisão preventiva para assegurar à aplicação da lei penal, para conveniência da instrução criminal e garantia da ordem pública, pois solto poderá perturbar o regular andamento da instrução.
Na presente data o paciente encontra-se recolhido no Centro de Detenção Provisória da Gameleira.
Todavia, não merece prosperar a custódia cautelar, como se passa a demonstrar.
II – DAS RAZÕES DO HABEAS CORPUS
1 - Da ausência dos requisitos legais da prisão preventiva/ decisão desprovida de fundamentação idônea art. 93, IX, CR/88
Diz o artigo 312, do Código de Processo Penal:
Art. 312.  A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Parágrafo único.  A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares. 
De acordo com o artigo acima transcrito, para que fosse possível a decretação da prisão preventiva ao paciente, era de se exigir do dirigente procedimental uma fundamentação idônea, conforme o artigo 315 do Código de Processo Penal c/c artigo 93, inciso IX da CR/88, com fulcro nos argumentos legais previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, e não mero fato de o paciente supostamente ter praticado crime de roubo.
Sabe-se que a prisão preventiva, por trazer como consequência a privação da liberdade antes do trânsito em julgado, apenas se justifica enquanto e na medida em que for efetivamente apta à proteção da persecução penal, em todo seu iter procedimental, e, mais, apenas quando se mostrar a única maneira de se satisfazer tal necessidade.
Frisa-se que, de acordo com pacífica doutrina e jurisprudência, por conveniência da instrução criminal há de se entender a prisão decretada em razão de perturbação ao regular andamento do processo, por exemplo, quando o acusado, ou qualquer outra pessoa em seu nome, estiver intimidando testemunhas, peritos ou o próprio ofendido, ou, ainda, estiver provocando qualquer incidente de qual resulte prejuízo manifesto para a instrução criminal.
No que diz respeito à decretação da prisão preventiva para garantir a aplicação da lei penal, o fato do acusado não ser encontrado, não quer dizer que ele está esquivando, deve haver um risco real de fuga do acusado, e, assim, risco de não-aplicação da lei penal em caso de futura decisão condenatória. 
Vale ressaltar que a decisão deve ser sempre baseado em dados concretos, não podendo o magistrado se valer de presunção ou mera especulação ao utilizar o verbo “poderá perturbar o regular andamento da instrução”, como ocorre na decretação da prisão preventiva, sendo mera suposição.
Os mestres Ada Pellegrini Grinover, Antonio Scarance Fernandes e Antonio Magalhães Gomes Filho, no livro As Nulidades no Processo Penal, esclarecem:
"Constituindo a liberdade física do indivíduo um dos dogmas do Estado de Direito, é natural que a Constituição fixe certas regras fundamentais a respeito da prisão de qualquer natureza, pois a restrição ao direito de liberdade, em qualquer caso, é medida extraordinária, cuja adoção deve estar sempre subordinada a parâmetros de legalidade estrita.
No que diz respeito à ordem pública, recente jurisprudência, a fim de se atender ao princípio da presunção de inocência e, assim, afastar uma eventual antecipação de culpabilidade, tem entendido que apenas a “barbárie na execução do crime, a repercussão social do fato criminoso, são elementos que, se conjugados, autorizam a prisão para garantia da ordem pública, como cautela do meio social.” (ob cit., p. 437, HC 41.857 – RS, STJ).
Vejamos algumas decisões:
HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. ORDEM PÚBLICA. I. É ilegal a prisão preventiva para a garantia da ordem pública, baseada tão-somente na gravidade do fato, na hediondez do delito ou no clamor público. II. Há lesão à ordem pública quando os fatos noticiados nos autos são de extrema gravidade e causam insegurança jurídica a manutenção da liberdade do Paciente. III. A prisão preventiva não constitui antecipação da pena, não bastando, portanto, para legitimála o apelo à gravidade do tipo ou, em concreto, do fato criminoso. IV. A prisão cautelar somente tem legitimidade, se fi car comprovada a real necessidade da sua adoção, pois se trata de extraordinária medida de constrição do status libertatis A Turma, por unanimidade, concedeu ordem de habeas corpus impetrada em favor de Valdeni Lopes de Oliveira, mantendo, assim, a liminar. (TRF1. HABEAS CORPUS 2009.01.00.010830-2/MT Relator: Desembargador Federal Tourinho Neto).
HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. FURTO QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS QUE ENSEJEM A SEGREGAÇÃO CAUTELAR. RISCO DE DANO IRREPARÁVEL. RELAXAMENTO DA PRISÃO DOS PACIENTES. LIMINAR CONFIRMADA. Ordem concedida. (Habeas Corpus Nº 70023559057, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Julgado em 10/04/2008).
Por fim, a decretação da prisão preventiva como garantia da ordem econômica, hipótese trazida pela Lei 8.884/94, que possui como origem histórica o combate aos chamados “crimes do colarinho branco”, visa a impedir que o indiciado ou o réu continue sua atividade prejudicial à ordem econômica e financeira.
A prisão preventiva é medida excepcional que se deve guardar especialmente a casos de criminalidade violenta. A custódia é desnecessária, uma vez que ausentes , os requisitos exigidos pelo art. 312 do CPP, e que o acusado é portador de predicados pessoais favoráveis, como a primariedade, este, ainda que condenado, por certo, poderá vir a ser beneficiado com um regime prisional maisbrando, não se justificando, portanto, o seu encarceramento nesta oportunidade .
Posicionamento este que comunga nosso Tribunal de Justiça:
PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL
SESSÃO DO DIA 31 DE OUTUBRO DE 2006
HABEAS CORPUS Nº 19154-2006 – SÃO LUÍS-MA
PACIENTE: MARILENE SOARES COSTA FERREIRA
IMPETRANTE: DILBERTO LIMA ROSA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTONIO FERNANDO BAYMA
ARAUJO
ACÓRDÃO Nº 63.285/2006.
DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores, à unanimidade e
de acordo com o parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça, em
conceder a ordem, nos termos do voto do relator.
EMENTA: Habeas Corpus. Preventiva. Requisitos. Ausência. Liberdade.
Imposição.
I – Inevidenciado motivo capaz de justificar o manutenção do
ergástulo, por não caracterizado requisito autorizativo à sua decretação
(art. 312, CPP), e, a isso, aliado o fato de que primário, possuidor de bons
antecedentes, residência fixa e profissão definida, o paciente,
recomendativo o conceder da liberdade.
II – Ordem concedida. Unanimidade.
(...) Isto posto e de acordo com o parecer da douta Procuradoria
Geral de Justiça, hei por bem, a ordem, se lhe conceder, para, em definitivo,
à paciente, sua liberdade, confirmar. (...)
Des. ANTONIO FERNANDO BAYMA ARAUJO - RELATOR e
PRESIDENTE
COORDENADORIA DE JURISPRUDÊNCIA E PUBLICAÇÕES,
EM SÃO LUÍS, 06 DE DEZEMBRO DE 2006.
CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA NOGUEIRA DA CRUZ
COORDENADORA DE JURISPRUDÊNCIA E PUBLICAÇÕES. TJ/MA.
PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL SESSÃO DO DIA 21 DE NOVEMBRO DE 2006 HABEAS CORPUS Nº 19359-2006 – DOM PEDRO-MA PACIENTE: MARCOS ROBÉRIO DOS SANTOS SOUSA IMPETRANTE: MARILENE ARANHA CARNEIRO SILVEIRA RELATOR: DESEMBARGADOR ANTONIO FERNANDO BAYMA ARAUJO ACÓRDÃO Nº 63.512/2006. DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores, à unanimidade e de acordo com o parecer ministerial, em ratificando o anterior deferimento do pedido liminar, conceder a ordem, nos termos do voto do relator. EMENTA: Habeas Corpus. Preventiva. Requisitos do art. 312, CPP. Ausência. Writ anterior concedido a co-réu. Razões de caráter não exclusivamente pessoal. Efeitos. Extensão. I – Se concedida liberdade a co-réu, fundada em motivos que não de caráter exclusivamente pessoal, imperativo o seu estender, notadamente quando patente o denotar de que ausentes os requisitos autorizativos do art. 312, do Código de Processo Penal. Inteligência do art. 580, do Código de Processo Penal. II – Ordem concedida. Unanimidade. (...) Isto posto, em ratificando o deferido pleito liminar e de acordo com o parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça, a ordem, como que nos termos acima declinados, hei por bem, conceder. (...) Des. ANTONIO FERNANDO BAYMA ARAUJO - PRESIDENTE e RELATOR COORDENADORIA DE JURISPRUDÊNCIA E PUBLICAÇÕES, EM SÃO LUÍS, 06 DE DEZEMBRO DE 2006. CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA NOGUEIRA DA CRUZ COORDENADORA DE JURISPRUDÊNCIA E PUBLICAÇÕES. TJ/MA.
Nesse sentido vale ressaltar o inciso XLVI do artigo 5º da CR/88: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. 
2 - Da inadmissibilidade da prisão preventiva/violação do artigo 313,I, do Código de processo Penal
Diz o artigo 313, do Código de Processo Penal:
Art. 313.  Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
De acordo com o artigo acima transcrito, para que seja possível a decretação da prisão preventiva ao paciente, faz se necessário que o crime supostamente atribuído a ele seja doloso e com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro ) anos, não sendo o caso do paciente, já que o crime supostamente atribuído a ele e de furto simples, artigo 155 do Código Penal, não ultrapassando a pena máxima de 4 (quatro) anos, caso seja condenado, conforme descrito abaixo:
 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Desse modo, faz jus o paciente à concessão do habeas corpus.
II - DA MEDIDA LIMINAR
Requer o paciente a concessão da medida liminar, porque estão presentes os requisitos legais para o seu deferimento.
Apontada a ofensa à liberdade de locomoção do paciente, encontra-se presente, o fumus boni Iuris, tendo em vista a possibilidade da ilegalidade da prisão desprovida de fundamentação idônea.
No mesmo sentido, verifica-se a ocorrência do periculum in mora, pois a liberdade do paciente, absolutamente primário, somente ao final, importará em inaceitável e temerária manutenção de violação ao seu status libertatis, tendo em vista que o mesmo e empresário e poderá correr risco moral, psicológico e material, já que ele lida com pessoas.
Assim, deve ser deferida a medida liminar em favor do paciente.
III – DA CONCLUSÃO
 	Ante o exposto, requer:
A concessão da medida liminar em favor do paciente, determinando a expedição competente de alvará de soltura em favor do paciente. 
Requer, no mérito que seja concedida a ordem em definitivo;
Juntada dos documentos que instruem o pedido (conta de luz e telefone, comprovando o seu atual domicílio, folha de antecedentes criminais e certidão de antecedentes criminais atestando bons antecedentes e primariedade;
Indicar a autoria coatora;
Nesses termos, 
Requer deferimento.
Belo Horizonte, 10 de maio 2016.
Frederick da Silva
OAB/MG n° 1234

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