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Microbiologia ambiental Engenharia do Ambiente Escola Superior Agrária Instituto Politécnico de Coimbra abelho@esac.pt www.esac.pt/abelho 1.2 NOÇÕES BÁSICAS DE MICROBIOLOGIA GERAL Módulo 1.Ecologia microbiana Parte 2. Introdução Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 2 Tamanho Desde alguns nanómetros (nm) a centenas de micrómetros (m) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 3 http://www.microbewo rld.org/index.php?optio n=com_content&view= article&id=369&Itemid= 215 Morfologia e agrupamento celular nas bactérias Cocos: Diplococos; Estreptococos Tétradas; Sarcinas; Estafilococos Bacilos Diplobacilos; Estreptobacilos Palissadas Vibriões Espirilos Filamentosa… Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 4 Forma e agrupamento Exemplos -1- Escherichia coli https://www.uni-hohenheim.de/staatsschule/7/09ba/ecoli/e-coli.jpg Treponema palidum http://cache-media.britannica.com/eb-media/99/9299-004- 2023DB04.jpg Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 5 Bacilo com pili e flagelos apicais Espirilo Forma e agrupamento Exemplos -2- Streptococcus sobrinus http://student.ccbcmd.edu/courses/bio141/lecguide/unit2/bacpath/pla que_SEM.html Vibrio cholerae http://www.zdravstvena.info/vsznj/virusne-okuzbe-prebavil-bakterijske- okuzbe-prebavil-paraziti-v-prebavilih-okuzbe-secil-in-spolnih-organov/ Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 6 Estreptococos Forma de vírgula com um flagelo apical Origem do agrupamento celular bacteriano Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 7 Agrupamento celular bacteriano Exemplo Diplococos; Neisseria sp. Estreptococos; Streptococcus sp. Sarcinas e tétradas; Sarcina sp. Deinococcus radiodurans Estafilococos; Staphylococcus sp. Divisão num plano Parede celular bacteriana • Existe na maior parte das bactérias como uma camada externa que cobre a membrana citoplasmática • Excepções: – Mycoplasma sp. e alguns Archaea não possuem parede celular • As bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos de acordo com a sua reacção à coloração de Gram (Christian Gram, Dinamarquês, 1884) – bactérias Gram-positivas – bactérias Gram-negativas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 8 Mycoplasma é a mais pequena célula conhecida: 0.1 μm de diâmetro Gram-positivas e Gram-negativas http://www.cehs.siu.edu/fix/ medmicro/pix/walls.gif Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 9 Funções da parede celular • Dá forma às bactérias (as bactérias sem parede não têm forma definida) • Confere protecção contra a lise osmótica • Factor de patogenicidade em bactérias Gram-negativas • Local de acção de anticorpos em bactérias Gram-positivas • Confere protecção contra substâncias tóxicas • Local de fixação de bacteriófagos em bactérias Gram-positivas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 10 A coloração de Gram • Baseia-se na diferença de composição química e na espessura e localização da camada de peptidoglicano das paredes celulares bacterianas • A diferente constituição dos dois tipos de parede influencia a permeabilidade da parede ao álcool e, em consequência, a dissolução mais ou menos rápida de complexos corados formados no citoplasma Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 11 Parede celular das bactérias Gram- positivas • Camada espessa de peptidoglicano localizada no exterior da parede • Quando tratadas por um corante como o violeta de metilo, o cristal de violeta, ou o violeta de genciana (mistura dos dois primeiros) e seguidamente pelo iodo (por ex., o lugol, que é um mordente - substância que permite melhor penetração do corante), fixam o corante de tal modo que este não é removido pela solução de descoloração, o álcool • Coram de violeta com a coloração de Gram • Exemplos: Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Bacillus sp., … Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 12 Parede celular das bactérias Gram- negativas • Camada fina de peptidoglicano localizada no interior da parede; por fora existe uma membrana externa lipídica • O álcool dissolve a membrana externa e penetra facilmente no interior da célula, removendo o complexo : são descoradas pela solução de álcool • Para que depois se possam observar melhor, são novamente coradas por um corante de contraste, geralmente vermelho-rosa (fucsina diluída), corando de vermelho • Famílias Enterobacteriaceae (e.g. Escherichia coli) e Pseudomonadaceae, … Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 13 Coloração de Gram Bactérias Gram-positivas Bactérias Gram-negativas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 14 ALGUNS FACTORES QUE AFECTAM O CRESCIMENTO MICROBIANO Meios de cultura Água, actividade da água e concentração de solutos pH Temperatura Concentração de oxigénio Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 15 Classificação do meios de cultura • Estado físico – líquidos, semi-sólidos, sólidos • Composição química – complexos, definidos • Objectivos – basais, enriquecidos, selectivos, transporte, identificação, conservação, … Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 16 Actividade da água ou Actividade aquosa (aw) • Varia entre 1 (100%) e zero • Decresce à medida que a pressão osmótica sobe por dissolução de solutos • A maioria dos microrganismos requer aw próximos de 1 para se multiplicar • Alguns microrganismos adaptaram-se a habitats com baixa aw0.7 – bactérias halófilas e osmófilas – fungos xerófilos Medida da quantidade de água disponível para utilização por um microrganismo Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 17 http://www.fao.org/docrep/003/x655 6e/X655639.gif Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 18 http://www.fst.ohio- state.edu/olympiad/Laboratories/Oly mp/image001.png Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 19 A vida com aw elevada | A vida com aw baixa Ambientes hipotónicos • Têm menos sais que o protoplasma • Tendência para a entrada de água na célula: lise osmótica se não existir uma parede celular rígida • Para que não ocorra choque osmótico por excesso de diluição do citoplasma, a bactéria pode excretar activamente a água através das aquaporinas Ambientes hipertónicos • Têm mais sais que o protoplasma • Tendência para a saída da água da célula : plasmólise • Manutenção da concentração osmótica do protoplasma acima da concentração osmótica do meio • Acumulação de solutos compatíveis: permitem o crescimento e metabolismo celular mesmo em concentrações intracelulares elevadas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 20 Ambientes extremos Microrganismos osmotolerantes • Podem acumular solutos compatíveis • Podem crescer em habitats com aw ou concentração osmótica variável • Exemplo de bactéria osmotolerante patogénica: Staphylococcus aureus - pode viver na presença de cloreto de sódio a 30% Microrganismos halófilos • Requerem 2.8-6.2M de NaCl para crescer • Vivem em ambientes ricos em sais modificando a estrutura das suas proteínas e membranas • Acumulam potássio, adquirido na forma de cloreto, para que o seu protoplasma fique hipertónico (4-7M) com o meio ambiente • Exemplo: Halobacteriumsalinarum (Archaea) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 21 Microrganismos halófilos Halobacterium salinarum Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 22 pH Membrana citoplasmática impermeável a protões: pH interno dos microrganismos próximo da neutralidade Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 23 Influência dos microrganismos no pH • Os microrganismos podem alterar o pH do seu habitat pela produção de produtos de degradação ácidos ou básicos ◦ Microrganismos fermentativos que formam ácidos orgânicos por fermentação de carbohidratos diminuem o pH do meio ◦ Thiobacillus sp. (quimiolitotrófico) - oxida enxofre reduzido a ácido sulfúrico ◦ Outros microrganismos originam amónia através da degradação de aminoácidos aumentando o pH do meio • Para impedir a inibição do crescimento bacteriano in vitro devido a grandes alterações de pH, adiciona-se tampões - normalmente tampões fosfato - aos meios de cultura Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 24 Relações dos microrganismos com o pH • Acidófilos: – pH óptimo 1.0 - 5.5 • Neutrófilos: – pH óptimo 5.5- 8.0 • Alcalófilos: – pH óptimo 8.5 - 11.5 Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 25 Temperatura • A sensibilidade de reacções enzimáticas é um dos principais factores influenciados pela temperatura de crescimento dos microrganismos • Quando a temperatura é baixa, um aumento da temperatura aumenta a taxa de crescimento uma vez que as reacções enzimáticas duplicam de velocidade por cada 10ºC de aumento de temperatura (regra Q10) • Assim o metabolismo microbiano aumenta e o microrganismo cresce mais depressa • A partir de certa altura o aumento de temperatura diminui o crescimento e torna-se letal, devido à desnaturação de enzimas e proteínas em geral e à desintegração das membranas por fusão lipídica Os microrganismos são ectotérmicos: a sua temperatura reflecte a do seu meio ambiente Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 26 Tolerância dos organismos às variações de temperatura Estenotérmicos: exemplo Neisseria gonorrhoeae Euritérmicos : exemplo Enterococcus faecallis Procariotas podem crescer em temperaturas superiores aos eucariotas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 27 Esteno- térmicos Euri- térmicos Relação dos microrganismos com a temperatura Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 28 Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 29 Microrganismos psicrófilos • Vivem em baixas temperaturas – Máxima <20ºC – Mínima <0ºC – Óptima 5-10ºC • As suas enzimas e proteínas funcionam bem a baixas temperaturas • As membranas têm altos níveis de ácidos gordos insaturados mantendo-se fluidas a baixas temperaturas • Pseudomonas, Listeria, flavobactérias,… Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 30 Microrganismos mesófilos • Vivem em temperaturas amenas – Máxima <50ºC – Mínima >15ºC – Óptima 35ºC • Quase todas as bactérias associadas ao ser humano estão nesta categoria • Escherichia coli, … Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 31 Microrganismos termófilos • Vivem em temperaturas elevadas – Máxima 80ºC – Mínima 45ºC – Óptima 55-65ºC • As suas enzimas e proteínas são estáveis a elevadas temperaturas • As membranas têm lípidos saturados com pontos de fusão muito altos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 32 Concentração de oxigénio • Quase todos os organismos eucariotas são aeróbios • O oxigénio é usado como aceitador final de electrões na cadeia transportadora de electrões durante a respiração aeróbia • O oxigénio é também usado na síntese de esteróides e ácidos gordos insaturados Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 33 Microrganismos aeróbios • Aeróbios estritos ou obrigatórios – Só executam metabolismo oxidativo na presença de oxigénio (concentração atmosférica: 20%) que funciona como aceitador final de electrões na cadeia de transporte de electrões – Exemplos: Aeromonas, Neisseria e Pseudomonas • Microaerófilos – São lesados pelo nível normal de oxigénio atmosférico requerendo apenas concentrações de cerca de 2-10% para crescer – Exemplos: Helicobacter pylori e Campilobacter jejuni Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 34 Microrganismos anaeróbios • Anaeróbios facultativos – Não requerem oxigénio para crescer mas crescem melhor na sua presença. Ex. enterobactérias • Aerotolerantes – Crescem igualmente na presença ou ausência de oxigénio. Não usam o oxigénio, ignoram-no. Ex. Enterococcus faecalis • Anaeróbios estritos (obrigatórios) – Morrem na presença de oxigénio. Exs: Bacteroides, Fusobacterium, Methanococcus, Clostridium, Pirococcus • Os microrganismos aerotolerantes e anaeróbios estritos obtêm energia somente pela fermentação ou respiração anaeróbia Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 35 CRESCIMENTO MICROBIANO Curva de crescimento Modelo matemático do crescimento Métodos para avaliação do crescimento de populações Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 36 Divisão celular bacteriana • Durante a replicação do ADN cromossómico, cada cadeia do ADN em replicação liga-se a proteínas no que será o plano de divisão celular • Quando as novas bactérias atingem o seu tamanho normal os cromossomas replicados separam-se • No centro da bactéria um grupo de proteínas designadas Fts interagem e formam o aparelho de divisão celular designado por divisoma • As proteínas do divisoma poderão sintetizar o peptidoglicano e novo material membranar que em conjunto dividem a bactéria em duas células filha e permitem que cada uma cresça até atingir o tamanho normal Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 37 Fissão binária As bactérias dividem-se em duas por fissão binária e aumentam o seu número de forma geométrica; isto é, a sua população duplica a cada tempo de geração Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 38 Tempo de geração (g) Tempo desde que uma célula nasce até que se divide Se população inicial=1 célula e g=20 minutos: Após 20 min.= 2 células Após 40 min.=4 células,… A população duplica em cada geração, logo o aumento populacional é dado por 2n, onde n é o número de gerações Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 39 Cálculos Equação do crescimento • Nt = N0×2 n – N0 = número de células na população inicial – Nt = número de células no tempo t – n = número de gerações no tempo t Número de gerações (n) • Cálculo do número de gerações no tempo t (n): – logNt = logN0 + n×log2 – n=(logNt-logN0)/log2 – n=(logNt-logN0)/0.301 • ou: – n = t/g • t = tempo de incubação • g = tempo de geração Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 40 Taxa de crescimento (k) • É o número de gerações por unidade de tempo (e.g. número de gerações/hora) – k = n/t – k = (logNt-logN0)/0.301×t • Se a população duplica então t = g e n = 1, logo a equação é convertida na sua forma mais simples: – Nt=2×N0 • Para calcular g: – k = (log 2N0-logN0)/0.301×g – k = (log 2+logN0-logN0)/0.301×g – k = 1/g – g = 1/k – g = 0.301×t /(logN0-logN0) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 41 Cálculo gráfico do tempo de geração (g) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 42 Crescimento de uma população microbianaem sistema fechado 1) Fase lag ou de arranque (k=0) 2) Fase exponencial (k máxima) 3) Fase estacionária (k=0) 4) Fase de morte (k negativa) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 43 1. Fase lag ou de arranque • Síntese de novos componentes celulares sem ocorrência de crescimento. Necessária porque: – I) Pode ser necessária a síntese de compostos (cofactores essenciais, enzimas,…) devido ao envelhecimento celular – 2) O novo meio pode ser diferente do meio em que o organismo estava e portanto novas enzimas terão que ser sintetizadas para utilizar novos nutrientes – 3) Dá-se a replicação do ADN, a massa celular começa a aumentar e finalmente dá-se a divisão celular – 4) Esta fase pode ser longa se o organismo provém de uma cultura velha ou refrigerada, ou se o novo meio for muito diferente do meio de onde as bactérias provêm. Pode ser curta ou praticamente inexistente quando se transfere uma cultura jovem em fase de crescimento exponencial para um meio fresco de igual composição Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 44 2. Fase do crescimento exponencial • Os microrganismos crescem e dividem- se à taxa máxima • A taxa de crescimento (k) é constante • Os microrganismos dividem-se em intervalos regulares de tempo (g) • A biomassa duplica em cada um desses intervalos de tempo • A uniformidade populacional e bioquímica permite o uso das culturas em fase exponencial em estudos fisiológicos e bioquímicos dos microrganismos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 45 3. Fase estacionária • O crescimento populacional cessa e a curva de crescimento torna-se horizontal • Taxa de crescimento k = 0 • Atingida quando a população bacteriana se aproxima de 109 células por ml. Os protozoários atingem concentrações máximas de 106 células por ml • A densidade populacional depende da disponibilidade de nutrientes e do tipo de microrganismo que está em cultura • O número total de microrganismos viáveis mantêm-se constante: equilíbrio entre divisão celular e morte celular ou pelo facto de a população parar de se dividir embora mantendo-se metabolicamente activa Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 46 4. Fase de morte • Alterações ambientais como a falta de nutrientes e o aumento de produtos tóxicos provenientes do metabolismo celular conduzem a um declínio no número de células viáveis que é característico da fase de morte • A fase de morte ocorre de forma exponencial negativa Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 47 Avaliação do crescimento microbiano • Contagens – Contagem directa • câmaras de contagem: avaliação do nº total de microrganismos – Contagem indirecta • avaliação do nº de microrganismos viáveis (UFC) após cultura • Biomassa – Espectrometria – Quantificação de metabolitos celulares (e.g. ATP, ergosterol,…) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 48 Contagem directa do número de células • Vantagens – Processo mais directo, económico e rápido de contagem – Observação do tamanho e da morfologia • Desvantagens – A população deve ser bastante grande para que a contagem seja o mais real possível devido aos pequenos volumes que se utilizam para contar – É impossível distinguir as células vivas das células mortas: contagem do nº total de células Câmaras de contagem (ex. Neubauer) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 49 Câmaras de contagem Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 50 Contagem indirecta do número de células • Vantagem: – Contagem de apenas células viáveis • Desvantagens: – Não imediato; 18h para bactérias de crescimento rápido a vários dias ou semanas para bactérias ou fungos de crescimento lento Após cultura em meio sólido Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 51 Diluições e sementeira: contagem de unidades formadoras de colónias Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 52 Incorporação Espalhamento Cálculos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 53 Filtração e sementeira: contagem de UFC Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 54 CONTROLO DE MICRORGANISMOS Controlar = destruir, inibir ou remover Agentes físicos: temperatura; dissecação; radiação; filtração Agentes químicos: compostos que matam ou inibem Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 55 Controlo de microrganismos • O objectivo é manter os microrganismos num nível aceitável • A escolha do método depende do tipo de microrganismo e do tipo de material: – meio de cultura; produtos farmacêuticos; superfície de instrumentos cirúrgicos; sala de cirurgia de um hospital; alimento de consumo humano;… Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 56 1. Padrão de morte de uma população microbiana • critério de morte de um microrganismo baseado na capacidade de reprodução • morte de um microrganismo definida como a perda da capacidade de reprodução • a avaliação da eficiência de um agente microbicida pode ser testada cultivando uma amostra do material tratado para determinar o número de sobreviventes Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 57 2. Condições que influenciam a actividade anti-microbiana • tamanho da população microbiana: quanto maior mais tempo para morrer • concentração do agente microbicida: quanto menor mais tempo para destruir • tempo de exposição ao agente microbicida: quanto maior o tempo de exposição maior será o número de células mortas • temperatura de exposição ao agente microbicida: quanto mais alta mais rapidamente a população é morta • natureza do material que contém os microrganismos: em meio fluido e pH 5.0 o tempo de exposição é menor • características dos microrganismos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 58 3. Mecanismo de destruição das células microbianas • O conhecimento do mecanismo de acção de um dado composto permite predeterminar as condições sob as quais actuará mais eficientemente, além de também revelar que espécies de microrganismos serão mais susceptíveis àquele agente • Os possíveis mecanismos estão associados com os principais aspectos estruturais : alteração do estado físico do citoplasma, inactivação de enzimas, ou rompimento da membrana ou parede celular - podem levar à morte da célula Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 59 Controlo com temperaturas elevadas 1. Calor húmido • Vapor de água sob pressão (autoclave) • Água fervente • Pasteurização 2. Calor seco • Estufas • Incineração Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 60 Calor húmido • mais eficiente que o calor seco (menos tempo e temperaturas mais baixas) • desnaturação e coagulação das enzimas, enquanto o calor seco causa oxidação dos constituintes orgânicos da célula (queima lentamente) • endósporos bacterianos são as formas mais resistentes de vida • células vegetativas de bactérias: 5-10 min a 60-70 oC • células vegetativas de fungos: 5-10 min a 50-60 oC • esporos de fungos: 5-10 min a 70-80 oC Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 61 Formas de aplicação do calor húmido Vapor de água sob pressão • autoclave • >1 atm, temperatura do vapor=121 oC • Tempo depende do tipo de material (quanto mais fluido menos tempo) e do volume (quanto menor menos tempo) Água fervente • 100 oC : mata microrganismos vegetativos • alguns endósporosbacterianos podem resistir a 100 oC por mais de 1hora Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 62 Pasteurização aquecimento lento a <100ºC mata as células vegetativas de microrganismos patogénicos Formas de aplicação do calor seco Estufas • ar quente em temperaturas suficientemente elevadas • mais tempo que o calor húmido • há materiais que não podem ser esterilizados por calor húmido, neste caso o calor seco é o preferido Incineração • é uma prática de rotina: ansas ou agulhas (bico de Bunsen) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 63 Controlo com temperaturas baixas • temperaturas abaixo de 0ºC inibirão o metabolismo dos microrganismos em geral • não matam • Exemplos: – Congelador doméstico: - 20 oC; – Congelador de laboratório: - 70 oC; – Azoto líquido: -196 oC Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 64 Controlo com radiações • energia na forma de ondas electromagnéticas transmitidas através do espaço ou através de um material • as radiações magnéticas são classificadas de acordo com os seus comprimentos de onda: quanto maior, menos energia • radiações de alta energia (comprimento de onda baixo) podem matar as células, inclusive microrganismos: raios X, raios gama e radiação UV Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 65 Radiação ionizante • a radiação de alta energia causa ionização das moléculas: rompe as moléculas em átomos ou grupos de átomos (H2O --- H + + OH-) • os radicais hidroxilo são altamente reactivos e destroem compostos celulares como o DNA e proteínas – exemplos: raios X e raios gama – além de microbicidas os raios de alta energia são capazes de penetrar em pacotes de produtos e esterilizar o seu interior – são mais utilizados para esterilizar alimentos e equipamentos médicos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 66 Radiação não ionizante: UV • comprimento de onda entre 136- 400 nm, que excita os electrões • o DNA é o mais afectado • a maior actividade bactericida ocorre no comprimento de onda próximo de 260 nm (mais fortemente absorvido pelo DNA) • lâmpadas especiais que emitem luz UV com comprimento de onda microbicida são utilizadas para matar microrganismos - apenas os microrganismos da superfície de um objecto são mortos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 67 Controlo com filtração • as membranas filtrantes são úteis para esterilização, e separação de diferentes tipos de microrganismos e para recolher amostras microbianas • tamanho dos poros – Bactérias: 0.2 - 1.0 µm (geral) – Leveduras: 1.0-5.0 µm × 5- 30 µm Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 68 Controlo com dissecação • células microbianas vegetativas quando dissecadas interrompem a sua actividade metabólica, levando a um declínio na população total viável • no processo chamado liofilização os microrganismos são submetidos à desidratação extrema em temperaturas de congelamento (ampolas fechadas a vácuo) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 69 Controlo com agentes químicos • Aplicação: – redução do número de microrganismos na superfície de material inanimado (chão, mesas, utensílios domésticos) – em lesões de pele para prevenir a infecção – eliminação de microrganismos patogénicos da água potável e de piscinas • Não existe um único composto químico que seja ideal para todos os propósitos • É importante conhecer as suas propriedades para que se possa escolher o mais adequado Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 70 Anti-microbianos • Microbiocidas – matam os microrganismos (bactericida, fungicida, viricida) • Microbiostáticos – apenas inibem o crescimento dos microrganismos (fungistático, bacteriostático) • Esterilização – destruição de todos os microrganismos presentes num material, incluindo esporos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 71 Definição de termos • Esterilizante - composto químico que realiza uma esterilização. Estéril é um termo absoluto, ou seja, um material está estéril ou não. Não pode ser "parcialmente estéril" ou "quase estéril" • Desinfectante – composto químico que mata as formas vegetativas de microrganismos patogénicos, mas não necessariamente suas formas esporuladas. • Germicida - sinónimo do desinfectante; mas os microrganismos mortos por um germicida não são necessariamente patogénicos. São usados termos mais específicos como fungicida, bactericida, etc. • Anti-séptico - composto químico usualmente aplicado na superfície do corpo humano para prevenir a multiplicação dos microrganismos. Mata os microrganismos, ou inibe seu crescimento e sua actividade metabólica • Saneador - agente que mata 99,9% dos microrganismos contaminantes de uma área. São normalmente aplicados em objectos inanimados Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 72 Principais grupos de desinfectantes e anti- sépticos • 1. Fenol e compostos fenólicos • 2. Álcool • 3.Halogénios – Iodo e compostos iodados – Cloro e compostos clorados • 4.Metais pesados – Mercúrio, prata, cobre… • 5.Detergentes ou surfactantes • 6.Esterilizantes químicos Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 73 1. Fenol e compostos fenólicos • solução de fenol 5% mata rapidamente as formas vegetativas dos microrganismos, porém os esporos são muito mais resistentes • o fenol por ser tóxico e apresentar odor desagradável não é muito utilizado como desinfectante ou anti-séptico. Substituição por derivados químicos menos tóxicos para os tecidos e mais activos • mecanismo de acção : fenol e derivados, alteram a permeabilidade selectiva da membrana, desnaturam e inactivam proteínas como enzimas, causando perda de substâncias intracelulares (lisam as células) • dependendo da concentração utilizada podem ser bacteriostáticos ou bactericidas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 74 2. Álcoois • soluções de etanol a 70 - 90 %: eficientes contra as formas vegetativas dos microrganismos • não matam os endósporos bacterianos: Bacillus anthracis pode sobreviver no álcool durante 20 anos • metanol não é utilizado como agente bactericida - é altamente tóxico. Quanto maior for a cadeia de carbono do álcool maior a sua propriedade bactericida, mas os álcoois maiores como o propílico e isopropílico já não são solúveis em água • álcoois propílicos e isopropílicos a 40 - 80% são bactericidas para células vegetativas. • álcool etílico a 70% e álcool isopropílico a 90% (mais eficiente contra vírus): utilizados como anti-sépticos de pele e como desinfectantes de termómetros clínicos de uso oral e de certos instrumentos cirúrgicos • mecanismo de acção : capazes de desnaturar proteínas; como são solventes de lípidos, lesam as estruturas lipídicas da membrana das células microbianas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 75 3. Halogénios • Iodo, cloro e bromo • Fortes agentes oxidantes e altamente reactivos - destruindo os componentes vitais da célula microbiana Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 76 3.1 Iodo e compostos iodados • iodo tradicionalmente usado como agente anti-séptico • agente microbicida de alta eficiência contra todos as espécies bacterianas; também esporicida, fungicida, viricida e amebicida • usado principalmente para assepsia da pele • mecanismo de acção: destruição de compostos metabólitos essenciais dos microrganismos por meio de oxidação., exemploinactivação do aminoácido tirosina Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 77 3.2 Cloro e compostos clorados • na forma gasosa (Cl2) ou em combinações químicas representa um dos desinfectantes mais largamente utilizados • o gás comprimido em forma líquida é a escolha universal para a purificação de águas de abastecimento, pública, piscinas e estações de tratamento de água e esgoto. • como o cloro gasoso é de difícil manipulação, utilizam-se compostos inorgânicos clorados, como os hipocloritos e cloraminas, esta última é mais estável, mais o cloro é libertado num período maior que nos hipocloritos • a concentração do cloro deve atingir 0.5 a 1.0 ppm • mecanismo de acção : – Cl2 + H2O --- HCl + HClO – HClO --- HCl + O (poderoso agente oxidante que pode destruir subst.âncias celulares) • o cloro pode também combinar-se directamente com as proteínas celulares e destruir as suas actividades biológicas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 78 4.Metais pesados: Hg, Pb, Zn, Ag, Cu • acção oligodinâmica - quantidades extremamente pequenas exercem efeito letal sobre as bactérias • compostos com Hg orgânico possuem maior actividade anti- microbiana e menos toxicidade que os inorgânicos - mercurocromo • o sulfato de cobre é efectivo como um algicida em resíduos abertos de água e piscinas, tem também acção fungicida • mecanismo de acção: inactivam as proteínas celulares combinando-se com alguns componentes da proteína Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 79 5.Detergentes ou surfactantes • diminuem a tensão superficial, utilizados para a limpeza de superfícies • são compostos anfipáticos (possuem uma parte polar e outra apolar), como por exemplo os sabões • quimicamente os detergentes são classificados em: – Detergentes aniónicos - a propriedade detergente do composto reside na porção aniónica. Ex. sabão - [C9H19COO] -Na+ – Detergentes catiónicos - a propriedade detergente do composto reside na porção catiónica. Ex. cloreto de cetilpiridínico - [Ar-N C16H33] +Cl- • muitos detergentes antimicrobianos pertencem ao grupo catiónico, dos quais os compostos quaternários de amónio são mais largamente usados Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 80 5.1Compostos quaternários de amónia • bactericidas (Gram-positivas e Gram- negativas) mesmo em concentrações muito baixas • apresentam uma combinação de propriedades que fazem deles excelentes anti-sépticos, desinfectantes e saneadores: – baixa toxicidade – alta solubilidade em água – alta estabilidade em solução – não são corrosivos • largamente aplicados em chão, paredes e outras superfícies e em equipamentos • mecanismo de acção : desnaturação de proteínas das células, interferências com os processos metabólicos, e lesão da membrana citoplasmática Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 81 6.1 Óxido de etileno • líquido a temperaturas abaixo de 10.8ºC, acima torna-se gás; • vapores altamente irritantes para os olhos e a mucosa. • inflamáveis mesmo a baixa concentração • um grande poder de penetração; atravessa e esteriliza o interior de grandes pacotes • desvantagem: baixa velocidade de acção, necessitando de várias horas de exposição para ser eficiente • utilizado rotineiramente para a esterilização de materiais médicos e laboratoriais. No programa espacial pelos cientistas americanos e russos para a descontaminação dos compostos das naves espaciais • mecanismo de acção: inactiva as enzimas e outras proteínas que tem átomos de hidrogénio lábeis Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 82 6.2 B-Propiolactona • líquido incolor à temperatura ambiente • ponto ebulição = 155 ºC; • não é inflamável • causa irritação na pele e nos olhos • bactericida, esporicida, fungicida e virocida • mais activo contra os microrganismos que o óxido de etileno (2 a 5 mg/l de ß- propiolactona para fins de esterilização de material, contra 400 a 800 mg/l do óxido de etileno) • desvantagem: não apresenta poder de penetração, apresenta propriedades cancerígenas Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 83 6.3 Glutaraldeído • líquido oleoso, incolor • a 2% já tem um largo espectro de actividade anti-microbiana • vírus, células vegetativas e esporuladas de bactérias e fungos • utilizado na medicina para esterilizar instrumentos urológicos, equipamentos respiratórios Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 84 6.4 Formaldeído • gás que se mostra estável somente em alta concentração e temperatura • extremamente tóxico; vapores intensamente irritantes para as mucosas • em temperatura ambiente polimeriza-se formando uma substância sólida incolor (paraformaldeído) que libera o formaldeído por aquecimento • o formaldeído em solução é utilizado para desinfecção de instrumentos. • na forma gasosa pode ser utilizado para desinfecção e esterilização de áreas fechadas • mecanismo de acção: inactivação de constituintes celulares (proteínas e ácidos nucleicos) Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 85 Mecanismos de acção de vários compostos químicos anti- microbianos http://www.livronline.com/servicos/gr atuitos/mb1504/capitulos/cap6.html Manuela Abelho 2012 Microbiologia ambiental 86
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