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PURIFICAÇÃO AGUA

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Gestão
Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 200834
Circular para
Kátia Anunciata dos Santos e Eli Alves da Cruz
Introdução
Na ótica da engenharia ambiental, o 
conceito de qualidade da água é muito 
amplo. Isto por que devido às suas pro-
priedades de solvente e à sua capacidade 
de transportar partículas, a água incorpora 
diversas impurezas, as quais definem sua 
qualidade (Sperling, 1996).
A terra poderia ser chamada de 
planeta-água. As águas superficiais 
ocupam 71% do planeta, o potencial 
hídrico subterrâneo é 100 vezes maior 
que o potencial das águas superficiais. 
As águas subterrâneas têm maior pureza 
e representam uma reserva permanente. 
Entre as reservas subterrâneas mais vastas 
encontra-se o Aqüífero Guarani, que está 
localizado em rochas da Bacia Sedimen-
tar do Paraná e ocupa uma área de mais de 1,2 milhões de 
km2. Este aqüífero pode conter mais de 40 mil quilômetros 
cúbicos de água, o que é superior a toda a água contida nos 
rios e lagos de todo o planeta. O Brasil tem, provavelmen-
te, as maiores reservas de água do mundo. Estas reservas 
estão distribuídas em todo o território nacional.
Água potável
O conceito de qualidade da água encontra-se relaciona-
do à utilização e às características apresentadas pela água, 
por sua vez determinadas pelas substâncias nela presentes. 
O padrão de potabilidade da água é composto por um 
conjunto de características (parâmetros) que lhe confere 
qualidade para o consumo humano.
No Brasil, o Ministério da Saúde, em consonância às 
ações de vigilância sanitária, estabeleceu um padrão para a 
potabilidade da água, regulamentado pela Portaria 
MS nº 518/2004. 
Sistemas de Geração e 
Distribuição de Água Purificada 
na Indústria Farmacêutica
35Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 2008
Água purificada nas indústrias 
farmacêutica, cosmética e afins
Na indústria farmacêutica a 
água purificada pode ser considera-
da uma das mais importantes ma-
térias-primas, pois está envolvida 
diretamente na produção da grande 
maioria dos produtos e também de 
outros processos industriais como, 
por exemplo, limpeza e esterili-
zações em forma de vapor. Além 
disso pode ser utilizada também 
em testes laboratoriais com finali-
dades diversas.
A qualidade da água purificada 
depende de uma série de fatores co-
mo o tipo de sistema de tratamento 
utilizado, a freqüência de manuten-
ção e limpeza do mesmo, bem como 
os procedimentos de armazenamen-
to e distribuição da água purificada 
produzida. Esses procedimentos 
podem afetar suas características e 
comprometer a qualidade do produ-
to final. Sendo assim, para garantir 
a qualidade da água purificada, é 
necessária uma apropriada seleção, 
instalação, operação e, por fim, vali-
dação dos processos de purificação 
da água, bem como dos sistemas de 
armazenagem e distribuição.
A água purificada deve ser 
obtida a partir da água potável e 
tratada em um sistema que assegure 
a obtenção de uma água de acordo 
com as especificações farmacopei-
cas. Referências e padrões de água 
purificada (PW) e água para injetá-
veis (WFI) podem ser encontrados 
em várias publicações. Entre elas as 
mais utilizadas são: 
Farmacopéia Americana - USP;• 
Farmacopéia Européia - EP; • 
Farmacopéia Japonesa - JP; • 
Farmacopéia Brasileira.• 
Geração de água purificada 
A geração de água purificada com-
preende uma série de etapas. Algumas 
estão descritas a seguir.
Pré-Tratamento 
Um pré-tratamento bem projetado 
aumenta a confiabilidade e a vida útil 
do sistema de tratamento final. Re-
sultados de analises físico-químicas e 
microbiológicas da água de alimen-
tação do sistema devem ser levadas 
em consideração como base para o 
projeto do pré-tratamento.
É fundamental que se tenha uma 
quantidade de resultados representa-
tivos da água de alimentação do sis-
tema frente à sazonalidade (variação 
de qualidade de água nas diferentes 
estações do ano), evitando-se, desta 
maneira, problemas de subdimensio-
namento ou superdimensionamento 
do pré-tratamento, o que poderia 
acarretar vários problemas nos equi-
pamentos finais para geração de água 
purificada. 
Basicamente, existem alguns equi-
pamentos que fazem parte da maioria 
dos sistemas de pré-tratamento, sendo 
o dimensionamento o fator de dife-
renciação e de impacto fundamental 
na qualidade da água purificada 
gerada. A seguir uma descrição desses 
equipamentos. A performance de cada 
um deles deverá ser avaliada durante 
a validação do sistema para garantir 
que o mesmo produza água consis-
tentemente de acordo com os padrões 
definidos.
Filtro multimedia
Este processo consiste em passar a 
água através de um tanque cilíndrico 
(vertical) que pode ser de fibra de 
vidro, aço carbono ou aço inoxidável 
com diferentes meios filtrantes, tais 
como seixos rolados, antracita, quart-
zo, entre outros.
Este processo é o primeiro passo 
para obtenção da água purificada e 
caracteriza-se pela remoção mecânica 
das partículas de até 15µm em sus-
pensão. Esse equipamento tem como 
característica principal um baixo 
custo operacional e de manutenção.
 
 
 
 
 
Vários contaminantes podem estar 
presentes na água de alimentação co-
mo, por exemplo, íons cálcio, magné-
sio e ferro. Esse último, muitas vezes, 
pode ser de difícil remoção e pode 
causar danos importantes no sistema 
de geração (oxidação de resinas de 
troca iônica e membranas de osmose, 
se não for adequadamente removido 
no pré-tratamento).
Presença de ferro na água
O ferro é amplamente encontrado 
na natureza, surgindo habitualmente 
em águas subterrâneas sob a forma de 
bicarbonato ou de sulfito. Levando-se 
em consideração a posição geográ-
fica e a geologia do solo podemos 
encontrar o ferro na água sob as mais 
variadas formas: 
Forma ferrosa, Fe• 2+, também 
chamada de ferro dissolvido/fer-
ro solúvel;
Forma férrica, Fe• 3+, ferro oxi-
dado (sob forma de óxido ou 
hidróxido) ou ferro precipitado/
ferro insolúvel;
Ferro na forma orgânica, que • 
Gestão
Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 200836
pode estar associado a compos-
tos orgânicos como os ácidos 
húmicos - estão ligados à con-
taminação por Iron bacteria 
(ferrobactérias);
Ferro coloidal.• 
Métodos para remoção de ferro
Existem várias opções que podem 
ser utilizadas separadamente ou em 
conjunto, para reduzir ou remover 
o ferro. Dependendo das condições 
de aplicação, os métodos existentes 
podem ser distribuídos pelos seguin-
tes grupos: 
Troca iônica;• 
Arejamento seguido de filtração;• 
Oxidação química seguida de • 
filtração;
Oxidação catalítica/filtração.• 
Troca Iônica
A resina catiônica forte (em ciclo 
sódio) habitualmente utilizada nos 
abrandadores pode também remover 
ferro e manganês quando presen-
tes sob a forma iônica (dissolvida). 
No entanto, só se deve utilizar este 
método se as concentrações presen-
tes forem reduzidas, tendo sempre o 
cuidado de eliminar qualquer contato 
com o ar (para evitar formação de 
precipitados). O sistema deve ser 
regenerado antes que atinja a exaustão 
da capacidade de troca iônica do leito 
de resinas. Existem dados de fabri-
cantes que colocam o limite em 5ppm 
de ferro dissolvido (ou de ferro mais 
manganês). 
Arejamento seguido de filtração 
O arejamento é um processo físico 
que permite o contato da água com 
o ar, provocando a precipitação do 
ferro e do manganês dissolvidos (ou, 
no caso do sulfito de hidrogênio, a 
libertação de gases). É o método mais 
econômico para tratar grandes volu-
mes de água, sendo, normalmente, 
seguido de filtração. 
Oxidação química seguida de filtração
A oxidação do ferro e/ou manga-
nês dissolvidos pode ser realizada por 
meio da injeção de agentes oxidantes 
como, por exemplo, o hipoclorito de 
sódio.Normalmente, os produtos são 
injetados na linha por meio de uma 
bomba dosadora, sendo a solução 
posteriormente conduzida para um 
depósito de retenção ou de contato. 
O tempo de permanência requerido 
neste ponto é cerca de 20 minutos 
(para o ferro ou manganês), após o 
que a água deverá ser filtrada em filtro 
multimedia.
Oxidação catalítica/filtração 
Zeólitos
Normalmente designadas de 
manganese greensands, algumas das 
formas de zeólitos de sílica gel e resi-
na catiônica poliestirenica podem ser 
utilizadas como meios para filtros de 
oxidação catalítica. Este tipo de meio 
é regenerado com sulfato de manga-
nês ou permanganato de potássio. 
Dióxido de manganês 
São meios que funcionam por 
oxidação catalítica, mas não são 
37Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 2008
regeneráveis como os zeólitos. A concentração mínima 
de oxigênio dissolvido para estas aplicações é de cerca de 
15% do valor do ferro total dissolvido. De um modo geral 
este tipo de meio é sensível ao valor de pH que deverá 
situar-se próximo da neutralidade ou na zona levemente 
alcalina. Para remoção de ferro, o pH ideal é aproxima-
damente 7,5, sendo preferível, no caso do manganês, que 
seja 8,5. No dimensionamento deste tipo de equipamento 
deverão sempre ser respeitadas as recomendações dos 
fabricantes como, por exemplo, altura do leito suporte e 
do leito filtrante e expansão deixada no filtro para uma 
performance adequada.
Filtro de carvão ativado
Utilizado para eliminação de cloro por meio da formação 
de óxidos, o carvão ativado também tem a característica de 
remover matéria orgânica em seus sítios, através da adsor-
ção, o que gera uma potencialidade para o aparecimento de 
contaminação microbiológica nesse equipamento. 
Dessa forma, cuidados devem ser tomados na utiliza-
ção desse equipamento, sendo que devem ser definidos 
procedimentos de sanitização (vapor limpo, de prefe-
rência), que possam garantir controle da contaminação 
microbiológica em seu leito. 
Dosagem de metabissulfito
Alternativamente à utilização de filtro de carvão, a 
filtração com metabissulfito tem sido utilizada em projetos 
de sistemas de água purificada. Podem também ser utili-
zados bissulfito e sulfito de sódio. A remoção ocorre por 
meio de uma reação rápida de redução do cloro presente 
em solução:
Na• 2HSO3 + Cl2 + H2O Na2HSO4 + 2HCL 
Na• 2SO3 + Cl2 + H2O Na2HSO4 + 2HCL 
O sistema de dosagem normalmente consiste em 
utilização de tanque de estocagem da solução, bomba de 
dosagem e ponto de injeção.
Abrandador
São equipamentos utilizados para redução dos teores 
de cálcio e/ou magnésio. Esse tipo de água é chamado de 
dura. Um processo parcial de troca iônica, denominado 
de abrandamento, é obtido, quando a água bruta (potá-
vel) passa em um leito de resina catiônica forte, no ciclo 
sódio. Os íons cálcio e magnésio, Ca2+ e Mg2+, solúveis 
na água, são retidos no grupamento do ácido sulfônico e 
os íons sódio, Na+, da resina, liberados para a água. Este 
processo retira somente os sais formadores de dureza 
da água bruta (potável) e tem largo emprego industrial. 
Quando todos os íons sódio presos ao grupamento do 
ácido sulfônico foram trocados por cálcio e magnésio, a 
resina se encontra no estado saturado e necessita, então, 
ser regenerada. O ciclo completo de regeneração das 
resinas do abrandamento compreende quatro estágios:
Exaustão: saturação da resina com íons cálcio e • 
magnésio; 
Expansão: contra-lavagem do leito saturado da • 
resina, expandindo-a até a parte superior do vaso. A 
finalidade da expansão ou contra-lavagem é soltar as 
impurezas sólidas presas aos cristais, que funcionam 
como um filtro, oriundas da água na fase de exaus-
tão, expelindo-as junto ao efluente. Além disso, ela 
reclassifica o leito da resina, removendo finos por 
ventura existentes, descompactando-o para evitar a 
formação de canais preferenciais e perda de carga; 
Regeneração: é a rejeição dos íons Ca• 2+ e Mg2+ 
captados da água, por meio da passagem de uma so-
lução de salmoura a 10% no leito da resina quando, 
então, os íons sódio voltam a se prender ao grupa-
mento do ácido sulfônico; 
Enxágüe: o enxágüe lento, executado inicialmente, com-• 
pleta a regeneração da resina e o enxágüe rápido final 
remove todo o excesso da salmoura regenerante do leito.
Gestão
Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 200838
Geração
Troca Iônica (desmineralização/ 
deionização)
A troca iônica consiste na remoção 
de cátions e ânions dissolvidos na 
água. A resina catiônica forte, no ciclo 
hidrogênio, é utilizada para remover 
todos os cátions da água tais como 
cálcio, magnésio e sódio, liberando 
hidrogênio ácido, que se combina 
com os ânions ligados aos cátions 
removidos. Em seguida a água é pas-
sada em resina aniônica, fracamente 
básica, ou em resina aniônica, forte-
mente básica.
Durante muitos anos a troca iônica 
foi utilizada como técnica de escolha 
para a obtenção de água purificada 
(que, anteriormente, também era cha-
mada de desmineralizada) pelo fato 
de ser efetiva na remoção de íons, 
de instalação relativamente simples, 
regenerável e de baixo investimento. 
Com o desenvolvimento das técnicas 
de osmose reversa e o lançamento de 
equipamentos mais modernos, que 
proporcionam maior controle da qua-
lidade da água purificada produzida, 
tanto do ponto de vista físico-químico 
quanto microbiológico, essa técnica 
perdeu um pouco de mercado, apesar 
de ainda ser utilizada, sem demérito 
algum, em muitas plantas.
 
 
Osmose reversa
A osmose é um fenômeno encon-
trado na natureza, que consiste na 
difusão, através de uma membrana 
semipermeável, entre duas soluções 
de concentrações salinas diferentes. 
Membranas deste tipo são tecidos 
que permitem a difusão preferencial 
da água e retêm sais minerais nela 
dissolvidos, assim como colóides e 
bactérias. Esta difusão mostra que os 
sistemas não estão em equilíbrio, por-
quanto, há uma diferença de pressão 
entre os líquidos nos dois comparti-
mentos. 
A passagem da água pura através 
da membrana semipermeável provo-
cará um aumento no volume da água 
salinizada, com a formação de uma 
coluna de água.
Este efeito físico decorre da pres-
são exercida sobre a membrana, no 
lado da água salinizada. Esta pressão 
hidrostática de equilíbrio é denomina-
da pressão osmótica da solução salina 
em questão.
Pode ocorrer outro processo 
chamado osmose reversa, obtido por 
meio da aplicação mecânica de uma 
pressão superior à pressão osmótica 
do lado da solução mais concentrada. 
Assim, a água pura pode ser retira-
da de uma solução salina por meio 
de uma membrana semipermeável, 
contanto que a solução em questão 
se encontre a uma pressão superior 
à pressão osmótica relativa a sua 
concentração salina. Na prática, isso 
é obtido pressionando-se a solução 
por meio de uma bomba e passando 
esta solução sob alta pressão por um 
vaso de pressão, em que está contida 
a membrana de osmose reversa. A 
tecnologia de osmose reversa, utili-
zada desde a década de 60, teve seu 
mecanismo integrado para a produção 
de água ultrapura, a partir da década 
de 70. 
As membranas de osmose reversa 
atuam como uma barreira a todos 
os tipos de sais e microorganismos 
com peso molecular acima de 100. 
Elas são compostas, basicamente, de 
poliamida e polisulfona microporo-
sa, enroladas em forma de espiral e 
revestidas, geralmente, de resina ou 
fibra de vidro. A água é pressurizada 
através desta membrana, conseguindo 
dois fluxos distintos de água ao final 
dela: um fluxo de água tratada cha-
mado permeado e um fluxo de água 
salobra denominado rejeito.
 
 
 
 
 
 
 
 
Para que um sistema de osmose re-
versa produza consistentemente água 
purificada, de acordo com as especi-ficações, a água de alimentação deve 
ter algumas características, entre elas: 
Silt Density Index (SDI) < 5; • 
Turbidez < 1NTU;• 
Ferro < 0,05ppm; • 
Dureza < 0,1ppm. • 
Eletrodeionização 
Técnica utilizada atualmente em 
conjunto com osmose reversa para 
obtenção de água purificada. É uma 
combinação de membranas seletivas, 
resinas de troca iônica e potencial 
elétrico. A eletrodeionização tem a 
capacidade de remover substâncias 
fracamente ionizáveis e outros conta-
minantes não removidos pela osmose 
reversa de forma contínua, pois não 
necessita de paradas para regenera-
ção (auto-regenerada eletricamente), 
reduzindo também o uso de produtos 
químicos e resíduos.
Para que o sistema de eletrodeioni-
zação tenha um bom funcionamento, 
alguns padrões na água de alimenta-
ção devem ser estritamente seguidos:
TDS (sólidos totais dissolvidos) < • 
5mg/L;
Condutividade a 25ºC < 10mS/• 
cm; 
pH entre 4 e 10; • 
Sílica < 1mg/L (considerada extre-• 
mamente crítica para a operação 
de equipamentos de eletrodeioni-
zação, podendo ocasionar perda 
dos módulos).
 
Distribuição e armazenamento 
A água purificada gerada de-
ve ser armazenada e mantida sob 
recirculação até sua utilização. Para 
que as características de qualidade, 
principalmente do ponto de vista 
microbiológico, sejam mantidas até 
a utilização, vários cuidados devem 
ser tomados no projeto e dimensio-
namento do sistema de distribuição 
e armazenamento:
Utilização de tanques dedicados e • 
lacrados, construídos em material 
inerte (aço inoxidável 316L ele-
tropolido no mínimo até 0,5Ra) 
certificado, dotado de filtro respiro 
0,22mm, spray balls, válvula de 
segurança etc.; 
Tubulação e bomba de recircula-• 
ção construídas em material inerte 
(aço inoxidável 316L eletropolido 
no mínimo até 0,5Ra certifica-
do, instalação da tubulação em 
looping (dead ends são inaceitá-
veis para padrões USP), dimen-
sionadas para proporcionar fluxo 
turbulento, velocidade > 2,5ft/sec, 
drenabilidade total, manutenção 
de fluxo mesmo durante abertura 
de válvulas (simultaneidade) etc.;
Válvulas de utilização sanitária, • 
do tipo diagrama zero dead legs; 
Documentação adequada de • 
todos os processos de soldagem 
realizados, incluindo inspeções/
videoscopia; 
Isométricos de tubulação, certifi-• 
cados rastreados de materiais de 
construção etc. Toda documen-
tação deve ser adequadamente 
arquivada e checada durante a 
qualificação do sistema.
Qualificação/validação
Os seguintes requisitos para a 
validação de um sistema de água 
devem considerados durante a fase 
de projetos:
Estabelecimento de padrões para • 
atributos de qualidade relativos ao 
tipo de água a ser utilizado (USP 
PW, por exemplo). No caso de in-
dústrias que exportam para vários 
países, deve haver uma harmo-
nização dos padrões necessários 
a cada região, utilizando-se os 
parâmetros mais críticos de cada 
referência, sendo que, no mínimo, 
deve ser atendida a regulamenta-
ção local;
Características de qualidade da • 
água de abastecimento (poço arte-
siano, abastecimento público etc.); 
Gestão
Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 200840
Definição dos sistemas e subsis-• 
temas adequados a produzir os 
desejados atributos de qualidade a 
partir da fonte de água disponível;
Critérios de qualidade e perfor-• 
mance para cada componente do 
sistema de tratamento; 
Seleção de equipamentos, con-• 
troles e tecnologias de monito-
ramento; 
Custos de manutenção e opera-• 
cionais.
Análise de risco 
Para que a validação de um siste-
ma de água purificada seja realizada, 
devem ser executadas previamente as 
qualificações de instalação, operação 
e performance do sistema, as quais 
devem estar embasadas em uma aná-
lise de risco de todo o sistema. Essa 
análise de risco deve avaliar todos os 
riscos relacionados a instrumentos, 
equipamentos, utilidades, hardware, 
software, documentação e procedi-
mentos ligados ao sistema.
Qualificação de Instalação (IQ)
Verificação documentada de que 
o sistema está adequadamente insta-
lado. A execução do protocolo deve 
demonstrar que os componentes do 
sistema e instalação geral foram execu-
tados de acordo com as especificações 
de projeto e desenhos e diagramas do 
fabricante. O protocolo de IQ pode ser 
constituído de um check-list que verifi-
ca, por exemplo, os itens a seguir.
Equipamentos: 
Número de TAG; • 
Número de serie/fabricação;• 
Modelo; • 
Tamanho e capacidade; • 
Material de construção; • 
Lista de peças sobressalentes. • 
 
Instrumentos:
Número de TAG; • 
Número de série/fabricação;• 
Modelo; • 
Material de construção; • 
Faixa de trabalho; • 
Registros de calibração. • 
 
Filtros:
Descrição (elemento filtrante e • 
carcaça);
Número de série; • 
Modelo; • 
Tamanho; • 
Material de construção;• 
Resultados de testes de integridade.• 
Tubulações e válvulas:
Tipo; • 
Soldas; • 
Conexões (• tri clamps etc.); 
Acabamento interno e externo; • 
Vedações (materiais e tipo); • 
Registros e procedimentos de • 
passivação e limpeza;
Conexões com utilidades (tipo, • 
fonte, fluxo e pressão).
 
Deve ser executada também verifi-
cação documental:
Manuais dos equipamentos, SOP; • 
Especificações técnicas; • 
Diagramas P&I de todos os siste-• 
mas e subsistemas;
Diagramas elétricos; • 
Certificados de testes de pressão/• 
hidrostático; 
Diagramas isométricos de tubula-• 
ções com indicações de pontos de 
solda, inclinações; 
Documentação referente às soldas • 
(EPS, qualificação do soldador, 
videoscopia de soldas etc.); 
Caderno de encargos (automação). • 
Qualificação de Operação (OQ)
A execução do protocolo de OQ 
deverá demonstrar que os compo-
nentes do sistema operam de acordo 
com as especificações de projeto. Os 
protocolos devem conter testes que 
incluem os seguintes quesitos:
Deverá desafiar a operação de • 
cada componente instalado; 
Verificação elétrica: entradas e • 
saídas digitais e analógicas;
Avaliação de parâmetros de con-• 
trole críticos, seqüências progra-
máveis/ciclos como, por exemplo, 
regeneração, enxágüe e sanitiza-
ção de looping de recirculação;
Características de qualidade • 
(parâmetros como condutividade 
e TOC); 
Devem ser realizadas amostragens • 
antes e depois de cada componen-
te do sistema; 
Teste de instrumentos (operação, • 
faixa e registros de calibração);
Verificação de funcionamento de • 
motores e bombas;
Testes funcionais: parâmetros • 
41Fármacos & Medicamentos 50 - Janeiro/Fevereiro de 2008
como temperatura, pressão, 
fluxos e diferenciais de pressão 
entre filtros; 
Dispositivos de segurança: verifi-• 
cação de operação; 
Verificação de intertravamentos; • 
Procedimentos de operação, ma-• 
nutenção corretiva e preventiva, 
calibração, back up (no caso de 
sistemas ligados a softwares) etc. 
Qualificação de Performance (PQ)/ 
validação
Após finalização das fases de IQ e 
OQ, o protocolo de PQ deve ser exe-
cutado para verificação da qualidade 
da água produzida pelo sistema. Os 
seguintes pontos devem ser amostra-
dos durante um período entre duas a 
seis semanas (amostragem inicial para 
liberação do sistema para produção): 
Água de alimentação (recomenda-• 
do diariamente durante o período 
de validação);
Diariamente após cada ponto • 
do pré-tratamento para verificar 
performance de funcionamento do 
componente; 
Saída da geração (osmose reversa/• 
troca iônica/eletrodeionização): 
após cada fase; 
Tanque de estocagem (diariamente); • 
Retorno do • looping (diariamente); 
Em todos os pontos de uso • 
diariamente, incluindo finais de 
semana.
Após finalização da etapa de PQ 
sem nenhuma intercorrência não 
justificável, ou seja, com todos os 
resultados dentro das especificações, a 
água purificada pode ser liberada para 
uso e inicia-se a Validação do Sistemade água purificada.
A validação do sistema de água 
purificada deve ser realizada durante 
um ano, em que serão avaliados os 
resultados microbiológicos e físico-
químicos da água purificada gerada 
nas diferentes estações do ano (avalia-
ção do impacto da sazonalidade).
Deve ser elaborado um plano de 
amostragem que contempla todos 
os pontos de uso, pré-tratamento e 
geração e deve definir a freqüência de 
amostragem de cada ponto de acordo 
com sua criticidade (impacto na quali-
dade do produto final e freqüência de 
utilização). Esse plano de amostra-
gem deverá ser base para a elaboração 
do protocolo de validação do sistema 
de água purificada.
Durante a validação do sistema 
devem ser realizadas todas as ativi-
dades de rotina do sistema, incluindo 
as manutenções preventivas, passiva-
ções e sanitizações, de acordo com os 
procedimentos descritos.
Para que a validação seja con-
siderada concluída devem estar 
disponíveis um ano de amostragem 
com resultados aceitáveis e todos os 
desvios encontrados, se devidamente 
investigados e resolvidos. 
Após a finalização da validação, 
vários cuidados devem ser tomados 
para manutenção do status “validado” 
do sistema, entre eles: 
Cumprimento do plano de manu-• 
tenção preventiva e de calibração; 
Change control•	 das modificações 
realizadas e avaliação do impacto 
nas diversas funcionalidades do 
sistema, por meio da orientação 
do pessoal técnico; 
Auto-inspeções do sistema de • 
água purificada;
Monitoramento dos resultados • 
físico-químicos e microbioló-
gicos e análise de tendências 
com estabelecimento de limites 
de alerta, as quais podem mos-
trar alguma descontinuidade no 
sistema, que pode ser tratado 
proativamente.
Obviamente, todo esse controle 
deve estar embasado em um sistema 
de qualidade robusto, que garante que 
as atividades anteriormente descritas 
são realizadas de maneira adequada e 
na freqüência adequada.
Kátia Anunciata dos Santos é 
farmacêutica-bioquímica graduada pela 
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da 
Universidade de São Paulo (FCF-USP). 
Possui experiência de mais de dez anos 
em laboratórios como Stiefel e Boehringer 
Ingelheim, atuando nos departamentos de 
validação, garantia de qualidade, auditoria e 
produção. Atualmente é sócia da Duowasser 
Consultoria, Projetos e Qualificação, 
supervisora de validação da Allergan Produtos 
Farmacêuticos e docente nos cursos de 
pós-graduação em Gestão e Tecnologia 
Farmacêutica - Engenharia Farmacêutica, 
Gestão e Tecnologia Cosmética - Engenharia 
Cosmética e Formação de Auditores 
para a Cadeia Farmacêutica - Auditoria 
Farmacêutica do Instituto Racine.
Eli Alves da Cruz é 
graduado em engenharia elétrica e pós-
graduado em engenharia de segurança e 
medicina do trabalho pela Faculdade de 
Engenharia Industrial (FEI). Possui experiência 
em empresas do segmento de papel e 
celulose e indústria farmacêutica, com 
carreira desenvolvida na área de manutenção 
(elétrica/instrumentação) e utilidades, tendo 
participado da modernização do setor 
de utilidades bem como em projetos de 
máquinas de papel. Foi chefe de energias e 
manutenção geral na Boehringer Ingelheim 
do Brasil, onde coordenou todas as atividades 
de manutenção elétrica, instrumentação, 
mecânica, civil e utilidades, além de participar 
de projetos de automação visando aplicação 
de novas tecnologias e melhoria constante. 
Hoje é gerente de engenharia e projetos da 
Zodiac Produtos Farmacêuticos S/A. Docente 
dos cursos de pós-graduação em Gestão 
e Tecnologia Farmacêutica - Engenharia 
Farmacêutica, Gestão e Tecnologia 
Cosmética - Engenharia Cosmética e de 
outros cursos de extensão do Instituto Racine.
Referências Bibliográficas
(1) Collentro, VW. Pharmaceutical Water 
(System Design, Operation and Validation). 
Interpharm Press Inc., 1999;
(2) FDA Guide to Inspection of High Pure 
Water Systems. (www.fda.gov/ora/inspect);
(3) ISPE BASELINE. Pharmaceutical Engi-
neering Guides. (www.ispe.org);
(4) Artiss, DH. Materiais, superfícies e com-
ponentes para sistema WFI e outros sistema 
de tubulações sanitárias. Pharmaceuical 
tecnology, 1982;
(5) Morellato, F. A influência do eletropoli-
mento na limpeza e desinfecção de equipa-
mentos nas indústrias de processo. 
(www.humma.com.br);
(6) PDA. Technical Report n. 4. Design 
Concept for Water for Injection System. 1983;
(7) Validation for Water Systems, FDA News 
and Information. Volume 2, número 35, 
Agosto, 2001.

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