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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO PASTA E ARGAMASSA DE CIMENTO PORTLAND PARA RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL (2010)

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TEMA 3 – Caracterização de materiais 
 
 
Pasta e argamassa de cimento Portland para recuperação 
estrutural 
Profa. Dra. Sandra Maria de Lima1,a, Graduanda Tecgo Controle de Obras 
Rafaela Tyeme Moreira Tatsuno2,b e Graduando Tecgo Controle de Obras 
Valberto Costa Filho3,c 
1,2,3 Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Cuiabá, 
Rua Zulmira Canavarros, 95, cep 78005-200 , Cuiabá, Mato Grosso, Brasil 
asandra.lima@cba.ifmt.edu.br, brafinhatmt@hotmail.com, ccontrolecivil@gmail.com 
Palavras-chave: pasta, argamassa, polímeros, recuperação estrutural 
 
Resumo. 
Este artigo apresenta os resultados da dosagem de pastas e 
argamassas de cimento Portland destinadas à recuperação de estruturas. As 
pastas foram dosadas com o intuito de serem aplicadas como pintura 
impermeabilizante e ponte de aderência entre substrato e argamassa 
estrutural. A principal aplicação da argamassa desenvolvida é a reconstituição 
de superfícies deterioradas devido ao lascamento do concreto decorrentes de 
corrosão de armaduras. As pastas e argamassas foram dosadas com cimento 
CP II Z 32, e aditivos contendo estireno-butadieno, acrilatos e naftalenos 
sulfonados. As pastas e argamassas foram caracterizadas com os ensaios de 
resistência à compressão axial, resistência à tração por compressão diametral, 
absorção de água por imersão e por capilaridade. Realizaram-se ensaios para 
aferir a resistência à aderência da argamassa a substratos de concreto, com e 
sem a aplicação da pasta. A partir dos ensaios de resistência à compressão e 
à tração por compressão diametral pôde-se construir o circulo de Mohr para as 
pastas e argamassas e assim obter a coesão para estes materiais. As pastas 
com relação a/agl de 0,30 apresentaram resistência mecânica de 60 MPa aos 
28 dias e as argamassas com traço 1:3:0,50 apresentaram resistência 
mecânica de 20 MPa aos 28 dias. A absorção de água por imersão foi de 
0,74% e 4% para pastas e argamassas respectivamente. 
. 
Introdução 
Durante o V CINPAR-2009 (Congresso Internacional sobre Patologia e 
Recuperação de Estruturas), palestraram várias autoridades científicas, 
reconhecidas na área correlata. Dentre elas, o Prof. Dr. José Marques Filho, 
externou sua preocupação com o envelhecimento da infraestrutura civil 
brasileira. Muitos países adotam programas preventivos de recuperação, e têm 
obtido êxito, conseguindo reduzir 10 vezes o número de acidentes, segundo 
Jarbas Milititsky. (PEDROSO, 2009). Dessa forma a busca de materiais 
 
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racionalmente dosados para o auxílio de recuperação de estruturas, como a 
pasta e a argamassa desenvolvidas e apresentadas nesse artigo, se mostram 
de total relevância para a diminuição de custos no tratamento e recuperação de 
estruturas prejudicadas por patologias no geral. Para se conseguir obter 
materiais com a função de pintura impermeabilizante, no caso da pasta de 
cimento, e de reconstituição de superfícies danificadas, no caso da argamassa, 
devem se realizar todos os ensaios exigidos pela ABNT, além de uma 
dosagem adequada que reúna com exatidão a viabilidade econômica com 
eficiência necessária para a sua utilização na parte de recuperação estrutural. 
Compartilhando da opinião de Tomaz Ripper (PEDROSO, 2009), é 
preciso preconizarmos a prática da utilização dos materiais de construção civil 
com conhecimento e com criatividade para produzirmos nossas próprias 
soluções, ou seja, “ projetar e construir com conhecimento, método e 
responsabilidade de modo que as obras durem mais, que fiquem por mais 
tempo prestando seus serviços dentro dos limites de segurança e estabilidade 
requeridos. 
O desenvolvimento e execução da pesquisa ocorreram por volta de um 
ano, de Fevereiro de 2009 até Março de 2010, no laboratório de concreto do 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, 
localizado em Cuiabá, foram rodados diversos traços experimentais e 
moldados diversos corpos de prova para que se pudessem realizar os ensaios 
descritos e apresentados nesse artigo. 
 
Materiais e Métodos 
Materiais 
A pasta de cimento Portland foi dosada com cimento Portland CPII Z 32. 
O aditivo utilizado tem em sua composição polímeros do tipo estireno 
butadieno, acrílatos e naftalenos sulfonados. 
A massa específica do aglomerante, determinada pelo ensaio de Le 
Chatelier foi de 3,33 g/cm³; a massa específica do aditivo e o valor do pH, 
fornecidos pelo fabricante é de 1,10 g/cm³ e 11. 
A argamassa foi dosada com os mesmos materiais da pasta, 
adicionando-se areia com dimensão máxima de 6,3mm e distribuição 
granulométrica de acordo com a figura 2. 
 
 
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Figura 2– Curva Granulométrica da areia. 
 
O traço unitário da argamassa foi 1:3:0,25 e 25% de aditivo polimérico, 
resultando em uma relação a/agl de 0,5. A consistência da argamassa medida 
na mesa de Graff foi de 164 mm. 
 
2.2 Métodos 
Com o objetivo de verificar a eficiência e as características da pasta de 
cimento e da argamassa polimérica, foi elaborado um programa experimental, 
realizado de acordo com o descrito a seguir. 
Foram moldados corpos-de-prova de dimensão de 50 mm de diâmetro e 
100 mm de altura, com pasta de cimento no traço unitário de 1:0,3 de solução 
(água /aditivo). A solução foi dosada com 50% de água e 50% do aditivo 
polimérico. Já para argamassa foram moldados os corpos-de-prova com as 
mesmas dimensões dos corpos-de-prova da pasta, com argamassa polimérica 
no traço de 1:3: 0,25 e 25% de aditivo polimérico. Os corpos-de-prova de 
ambos foram ensaiados às idades de 10 e 28 dias para determinação da 
resistência à compressão axial, da resistência à tração por compressão 
diametral, do índice de vazios, da absorção de água por imersão, da absorção 
de água por capilaridade. 
Para o ensaio de aderência foi aplicada a pasta de cimento no substrato 
de um pilar e após um período pequeno de tempo foi aplicada à argamassa, 
isso para permitir a melhor aderência da argamassa. Foi deixado curar ao ar 
por 10 e 28 dias, colado pastilhas com resina epóxi e realizado o arrancamento 
destas, determinando sua resistência. 
A figura 3 apresenta alguns passos dos ensaios ora descritos. 
 
 
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(a) Corpos-de-prova da pintura 
impermeabilizante 
(b) Ensaio de resistência à 
compressão axial (NBR 
5739:1994) 
 
(c) Ensaio de resistência à tração por 
compressão diametral (NBR 
7222:1994) 
(d) Ensaio de absorção de água por 
imersão (NBR 9778:1995) 
 
(e) Ensaio de absorção por 
capilaridade (NBR 9779:95) 
(f) Ensaio de início e fim de 
pega (NBR 11581:1991) 
Figura 3– Ensaios realizados com a pasta de cimento – pintura 
impermeabilizante. 
 
 
 
 
 
 
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(a) Corpos-de-prova da 
argamassa polimérica. 
(b) Ensaio de resistência à 
compressão axial (NBR 
5739:1994) 
 
(c) Ensaio de resistência à 
tração por compressão 
diametral (NBR 7222:1994) 
(d) Ensaio de absorção de água 
por imersão (NBR 9778:1995) 
 
(g) Ensaio de absorção 
por capilaridade (NBR 
9779:95) 
(h) Ensaio de consistência 
(NBR NM 68:1998) 
 
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(i) Ensaio de aderência (j) Ensaio de arrancamento 
Figura 4 – Ensaios realizados com a Argamassa Polimérica. 
 
Resultados e Discussões 
 
Os resultados dos ensaios de resistência à compressão axial e à tração por 
compressão diametral para os corpos-de-prova moldados com a pinturaimpermeabilizante estão expressos na Tabela 2 e com a argamassa polimérica 
na tabela 3. 
 
Tabela 2 – Resistência à compressão axial e à tração por compressão 
diametral da pintura impermeabilizante. 
Ensaios 10 dias 28 dias 
Compressão axial 50 MPa 60 MPa 
Tração por compressão 
diametral 3,3 MPa 3,2 MPa 
 
Tabela 3 – Resistência à compressão axial e à tração por compressão 
diametral da Argamassa Polimérica. 
Ensaios 10 dias 28 dias 
Compressão axial 17,8 MPa 19,8 MPa 
Tração por compressão 
diametral 2,2 MPa 2,4 MPa 
 
 
Ao serem ensaiados à absorção por imersão e por capilaridade, os corpos-de-
prova da pintura impermeabilizante apresentaram os resultados expressos na 
tabela 4 e os corpos-de-prova da argamassa estão expressos na tabela 5. 
 
 
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Tabela 4 – Absorção de água por imersão, por capilaridade e índice de vazios 
da pintura impermeabilizante. 
Ensaios 10 dias 
Absorção de água por 
imersão 0,74% 
Absorção de água por 
capilaridade 0,50 g/cm² 
Índice de vazios 1,5% 
 
Tabela 5 – Absorção de água por imersão, por capilaridade e índice de vazios 
da Argamassa polimérica. 
Ensaios 10 dias 28 dias 
Absorção de água por 
imersão 4,68% 4,8% 
Absorção de água por 
capilaridade 0,42g/cm² 0,34g/cm² 
Índice de vazios 9,7% 10,1% 
 
No ensaio de aderência, foi encontrado o valor da resistência ao arrancamento 
pelas normas NBR 13 749/1996 (Revestimento de paredes e tetos de 
argamassas inorgânicas - Especificação), encontrando-se os resultados 
expressos na tabela 6. 
 
Tabela 6 – Aderência da argamassa 
 
Tempo de cura Resultado em MPa 
10 dias 0,4 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Os resultados encontrados através de diversos ensaios realizados com a 
pasta e a argamassa pode-se atestar que houve desempenho satisfatório em 
suas propriedades como impermeabilizante e como reparador para 
recuperação estrutural. 
As pastas e argamassas apresentaram um coeficiente de absorção muito 
baixo, sendo de 1% para as pastas e de 4 a 5 % para as argamassas, então foi 
comprovado a eficiência na propriedade de permeabilidade. 
A resistência estimada para a argamassa polimérica de reparo estrutural, foi 
o de 30MPa, porém devido à utilização de um único agregado fino, essa 
resistência não pode ser atendida, porém pretende-se avaliar esse parâmetro 
de ganho de resistência com o empacotamento de finos de diversas 
granulométrias em pesquisas posteriores. 
 
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A aderência da argamassa apresentou uma resistência de 0,4MPa, sendo 
considerado adequado para aplicação inclusive em alvenaria externa, por ser 
este resultado com idade de cura de 10 dias, podendo esperar um aumento 
significativo na sua resistência em maiores idades, inclusive aos 28 dias. 
Relacionando os dois materiais produzidos com suas respectivas 
resistências a tração diametral e a compressão axial sendo na pasta 3,2MPa e 
60Mpa respectivamente, na idade de 28 dias, e na argamassa 2,4MPa e 
19,8MPa também respectivamente, e na idade de 28 dias, pode se traçar o 
círculo de Mohr, conseguindo obter os seguintes parâmetros de coesão, para a 
argamassa 3,5MPa e para a pasta 7,0MPa. Esses valores somente reafirmam 
que a inclusão de agregados na matriz cimentícia interfere de maneira 
representativa na região de interface do material. 
 
Pode-se então, atestar um bom desenvolvimento da pasta e argamassa 
para recuperação de estruturas, por apresentar uma baixa permeabilidade, 
minimizando a entrada de agentes agressivos à estrutura, aumentando assim 
sua durabilidade. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
 
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de 
ensaios de agregados, concreto fresco e concreto endurecido. São Paulo: 
ABCP, 2003. 
 
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de 
ensaios físicos de cimento. São Paulo: ABCP, 2003. 
 
[3] Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas- 
Determinação da resistência de aderência à tração. Junho de 1994. 
 
[4] PREDROSO F.L. Congresso internacional pauta-se pela durabilidade da 
obras. Concreto e Construções, n.55, p.14-23, 2009.

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