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FORMANDOS, RECÉM-FORMADOS E A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL.
Muitos jovens no ano da sua formatura vivenciam um misto de alegria e angustia. É uma etapa da vida que se conclui, mas também uma nova que se inicia e nem sempre é fácil lidar com esse processo. A proposta do presente é exatamente elucidar estratégias que podem ser adotadas para trabalhar as angústias e estruturar a entrada no mercado de trabalho. Para tanto, relatarei um pouco da minha experiência pessoal e da experiência de sete anos trabalhando com formandos.
 Há dez anos atrás encontrava-me exatamente neste momento de último ano do curso de Psicologia e foi exatamente o momento em que decidi me inscrever em um cursinho pré vestibular focado em Medicina. Era muito confortável pensar que ao final do curso eu não estaria desempregada, mas me preparando para iniciar um novo curso universitário. Mas a medida que os mesmo passavam aquilo perdia o sentido para mim e eu me questionava o porque de apesar de estar muito feliz com psicologia eu estava me preparando para um novo curso e qual era a minha relação com este curso? Foram alguns meses de conversa com os meus professores e reflexões até eu me dar conta que a minha grande motivação em fazer medicina era não ser uma psicóloga desempregada.
Atualmente, muitos formandos, seja na universidade seja no consultório, me trazem relatos parecidos, que desejam prestar concurso (não necessariamente para a profissão que estão se graduando), que não estão conseguindo concluir o trabalho de final de curso e até mesmo que não estão alcançando os resultados que esperavam nas práticas de estágio. E ao longo do processo identificamos que todos estes supostos desejos e insatisfações giram em torno do medo da formatura; afinal, segundo Texeira & Gomes (2004) a conclusão do curso universitário também representa a reavaliação das escolhas feitas, das experiências vividas, assim como a antecipação daquilo que está por acontecer, e esse aspecto vai além dos processos profissionais, engloba todo um projeto de vida. Desta forma, este medo pode ser compreendido a partir destes processos aliado à atual realidade do mercado de trabalho, caracterizado por uma evidente redução do número de empregos ofertados.
 E o que o formando pode fazer mediante a realidade de angústias por uma nova desconhecida etapa da vida e a configuração de um mercado restrito de trabalho? De acordo com Super, Savickas & Super (1996) apud Texeira & Gomes (2004) a mudança da universidade para o mercado de trabalho pode ser compreendida como uma fase exploratória, onde o recém formado tem a possibilidade de investigar os diferentes caminhos viabilizados pela profissão, sendo importante se permitir vivenciar diferentes papéis. E é neste momento que entra uma nova leitura sobre a Orientação Profissional.
Diante de uma realidade de trabalho inserida em uma economia globalizada e assinalada pela percepção da instabilidade e da imprevisibilidade, os percursos de carreira individuais deixaram de ser lineares passando a caracterizar-se por diversas transições ao longo da vida. Desta forma, os aspectos vinculados a vocação têm, cada vez mais, que ser integrados dentro de uma perspectiva holística do homem em que se inter-relacionam variáveis individuais, relacionais e contextuais (Barros, 2010).
Hoje, a Orientação Profissional além de ser entendido como um processo que pode ser realizado em diferentes momentos da vida do sujeito; primeira escolha profissional, construção e desenvolvimento de carreira e preparação para a aposentadoria, é realizado a partir de uma perspectiva que integra o sujeito com toda sua história de vida e anseios e o contexto onde esse está inserido. Desta forma, é desenvolvido um trabalho que concilia os sonhos do orientando e os dados de realidade, para que estes sonhos não sejam vistos como algo distante e inatingível, mas, como algo que requisita a construção de uma estrada para ser alcançado.
Em tratando-se especificamente de formandos ou recém formandos a OP entra como estratégia de preparação desse sujeito para sua inserção no mercado de trabalho, assim, o trabalho é desenvolvido de forma que o orientando possa se permitir, para além dos medos, reconhecer os conhecimentos adquiridos e as habilidades desenvolvidas ao longo do período de formação e a partir disso, em conciliação comas informações sobre o mercado de trabalho em sua área, amadurecer suas escolhas em relação a que estrada seguir em sua carreira. 
É importante se fazer uma distinção entre OP e Coaching, uma distinção que não invalida um dos processos e não estabelece uma hierarquia de importância, mas que elucida espaços e concede aos interessados subsídios para uma escolha coerente com as necessidades de cada pessoa. O Coaching se refere a um processo que leva o sujeito do lugar onde está para onde ele deseja chegar, ou seja, existe uma meta ou no mínimo existem metas e irá se estabelecer prioridades, por exemplo, o coachee (nomenclatura do cliente em coaching) é um enfermeiro recém formado e tem a meta de conquistar um emprego em uma UTI. O processo de coaching irá esclarecer o que é necessário realizar e organizar para que essa meta seja alcançada.
No que se refere à OP o orientando encontra-se com dificuldade para exercer uma escolha, independente do que está influenciando esse processo, e a Orientação irá trabalhar com o orientando para identificar e ressignificar o que está ocasionando essa dificuldade de escolha. Isso se dá a partir de um processo de construção da relação entre a pessoa e o contexto, onde o orientando constrói sua trajetória no mundo do trabalho integrando suas várias dimensões de vida e assim, instrumentalizando o sujeito para realizar uma escolha. Na medida em que a OP trabalha o amadurecimento da escolha de construção de carreira do sujeito e viabiliza neste processo a construção de um projeto de carreira a partir da integração das diferentes dimensões da vida sujeito, ela desenvolve a construção de uma carreira. Voltando ao exemplo anterior o orientando é um enfermeiro recém formado que não consegue identificar que área realmente deseja na Enfermagem e isso pode ser em virtude da ansiedade de se inserir no mercado, como ele deve buscar um emprego e elaborar o seu currículo.
O ideal é que a OP esteja integrada às atividades universitárias que ao longo do curso o sujeito possa trabalhar o desenvolvimento de sua carreira com ações que otimizem o acesso e o aproveitamento de recursos que contribuem para a qualificação profissional, além do fornecimento de atendimentos individualizados. Desta forma, pode-se compreender que a OP se refere a um processo, uma construção que quando já iniciada no próprio contexto universitário facilita os atendimentos individualizados.
Por fim, a conclusão de um curso é o momento de celebração de uma conquista, mas, também o momento de preparação para o início de um novo ciclo. O ciclo de inserção em mercado de trabalho com poucas propostas de emprego que exige do seu integrante flexibilidade, disponibilidade e criatividade, gerando nos formandos e recém formados um nível de angústia que pode chegar a obscurecer as escolhas desse sujeito e levando-os à ações que não condizem ao seu projeto de vida. Desta forma, a acessibilidade a um processo de OP torna-se cada vez mais importante, desde ações de palestras de preparação para o mercado de trabalho, oficinas de preparação de currículo, disponibilização de formações complementares, estratégias de atualização sobre o mercado em cada área até os atendimentos individuais.     
BARROS, Alexandra Figueiredo de. Desafios da psicologia vocacional: modelos e intervenções na era da incerteza. Rev. bras. orientac. prof,  São Paulo ,  v. 11, n. 2, dez.  2010 .  
TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira; GOMES, William Barbosa. Estou me formando... e agora?: Reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários. Rev. bras. orientac. prof,  São Paulo ,  v. 5, n. 1, jun.  2004 .

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