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direito civil - Consuçao

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA COMARCA DE CRICIÚMA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA
Ação Penal nº: 
Ré: Lidiane 
LIDIANE, já qualificada nos autos em epigrafe (Ação Penal), vem, por sua procuradora, com fundamento no artigo 396 - A do CPP, em RESPOSTA À ACUSAÇÃO, dizer e requerer o que segue:
I – SINTESE DA EXORDIAL
Aduz o Representante do Ministério Público que a denunciada nos anos de 2008 e 2009, obteve para si vantagem em prejuízo do Ministério do Trabalho e Emprego, ao induzi-lo e mantê-lo em erro, mediante fraudes consistentes na anotação de contrato de trabalho inexistente nas suas Carteiras de Trabalho e Previdência Social e no preenchimento de requerimentos de seguro desemprego com informações falsas.
 Requereu a condenação da acusada nas sanções prevista nos artigos 299 e 171, parágrafo 3º, ambos do Código Penal.
A acusada foi citada no dia 07/10/2015 (quarta-feira), para apresentação de resposta à acusação no prazo de 10 (dez) dias, razão pela qual, tempestiva é a peça de defesa apresentada na presente data.
II – PRELIMINAR – INÉPCIA DA DENÚNCIA
Conforme artigo 41 do Código de Processo Penal, a denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, in verbis:
 Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Ao descrever os fatos na denúncia, o Ilustre Representando do Ministério Público fez constar que os denunciados “confessaram a participação no esquema criminoso, afirmando em uníssono que suas CTPS foram assinadas por FLAVIO com vínculo empregatício inexistente com a empresa COMÉRCIO DE PEÇAS E ACESSÓRIOS TORRES LTDA com o intuito de receberem o seguro-desemprego sem trabalhar”. 
No entanto Excelência, a afirmativa não condiz com a realidade dos fatos, tampouco o Ministério Público observou o depoimento prestado pela acusada na fase Policial, em que a mesma em momento algum afirmou ou confessou ter praticado o fato delituoso, conforme descrição:
QUE a interrogada sempre trabalhou como faxineira, mas atualmente é pescadora artesanal, vinculada à colônia de Pescadores Z-33, em Balneário Rincão/SC; QUE questionada sobre p vínculo empregatício com a empresa COMÉRCIO DE PEÇAS E ACESSÓRIOS TORRES LTDA ME, informa que não trabalha e nunca trabalhou na referida empresa, QUE confirma, contudo, que o vínculo fora registrado em sua CTPS anterior, a qual foi, posteriormente , extraviada na mudança para o Rio Grande do Sul; QUE não sabe o nome da mulher que assinou sua CTPS pela empresa COMÉRCIO DE PEÇAS E ACESSÓRIOS TORRES LTDA ME; QUE trabalhava três vezes por semana fazendo faxina na casa desta pessoa, e recebia R$835,00 (oitocentos e trinta e cinco reais) mensais; QUE o salário era depositado em sua conta corrente; QUE ficou trabalhando cerca de 07 (sete) ou 08 (oito) meses; QUE a casa ficava na Zona Sul do Rincão, mas não se recorda em qual rua; QUE viu apenas um casal na referida residência; QUE quando o casal foi embora, a mulher devolveu sua CTPS e entregou os papéis para o seguro-desemprego; QUE sacou, então, quatro parcelas de seguro-desemprego (...) 
Nota-se, que em momento algum afirma a acusada o cometimento do crime como informado na denúncia, que apesar da mesma informar que não trabalhou na empresa, deixou claro que trabalhava de faxineira, não podendo esta ser responsabilizada pela forma em que se deu seu contrato empregatício, o que ocorre na denúncia são suposições e conclusões precipitadas, capazes de levar este respeitável juízo a erro.
Por estas razões, deverá ser a denúncia rejeita, uma vez que inepta, com fulcro no artigo 395, inciso I, do Código de Processo Penal.
III – ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – PRINCÍPIO DA CONSUÇÃO - AUSÊNCIA DE DOLO – FATO ATÍPICO
Quanto ao crime previsto no artigo 299, do Código Penal, ainda que o Ministério Público tenha se manifestado pelo descabimento da Súmula 17 do STJ, afirmando que a falsidade não se exauriu no estelionato praticado, esta deverá sim ser aplicado ao caso, com fundamento na teoria da absorção.
A súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”.
Este entendimento decorre da aplicação do princípio de direito penal no qual crime-meio é absorvido pelo crime-fim, o chamado princípio da consunção. 
A afirmativa de que possa haver fraude contra o INSS, é mera suposição, e desde o recebimento do seguro-desemprego a acusada não tivera qualquer outra vantagem com o registro anterior, ou seja, se passaram mais de 6 (seis) anos, e não houve qualquer outro fato semelhante, ficando evidenciado o exaurimento do crime de falso no estelionato, objeto da presente, uma vez que nenhuma outra conduta delituosa decorreu do falso, conforme se depreende da própria descrição dos fatos na denúncia.
Desta feita, não há que se falar em potencialidade lesiva, sendo que poderá até mesmo ser determinado por este juízo a exclusão da referida anotação da CTPS da acusada, evitando-se qualquer outro fato decorrente da mencionada anotação, razão pela qual deverá ser aplicada a súmula 17 do STJ. 
No que tange ao crime de Estelionato, conforme declarações prestadas pela acusada na fase Policial, esta afirmou não possuir vínculo com a empresa, no entanto trabalhava de faxineira, três vezes por semana na casa daquela que efetivou o Registro em sua CTPS.
É fato, que por ser pessoa humilde não possuía, nem mesmo tinha o dever de saber que o Registro efetivado em sua CTPS estava incorreto, tampouco tinha obrigação de ciência de que se tratava de empresa fraudulenta, no momento de sua contratação para fazer limpeza na residência, entregou a carteira de trabalho, a fim de ser Registrada como doméstica, o que não ocorreu, vindo a mesma a tomar conhecimento dos crimes praticados por seu antigo empregado apenas após sua intimação para comparecimento na Delegacia de Polícia Federal.
Ademais, foi enfática ao afirmar que o casal que a contratou foi embora, sendo-lhe devolvida sua CTPS com a rescisão, e o requerimento de seguro-desemprego, sendo solicitado pela mesma, já que após a rescisão de trabalho qualquer empregado possuí direito ao benefício, jamais tivera a intenção de cometer qualquer fraude contra o Ministério do Trabalho e do Emprego, se o crime ocorreu foi na forma culposa, pois não houve qualquer intenção de obter vantagem ilícita. 
Assim, conforme explanado não agiu a acusada de forma dolosa, e sendo o estelionato delito que apenas permite essa modalidade (dolosa), deve ser a mesma absolvida sumariamente, por constituir a conduta fato atípico.
IV – REQUERIMENTOS 
ANTE O EXPOSTO, requer a acusada a este honrado juízo federal: 
a) Seja rejeitada a denúncia, uma vez que inepta, com fundamento no artigo 395, inciso I, do Código de Processo Penal;
b) seja decretada a absolvição sumária, uma vez que não praticou os delitos descritos na denúncia, aplicando-se o principio da consunção e no caso do crime de estelionato a absolvição por constituir a conduta fato atípico, uma vez que praticado na forma culposa;
c) reserva-se o direito de discutir outras teses processuais e meritórias na ocasião oportuna, quando da apresentação das alegações finais;
Nestes Termos,
Pede Deferimento.

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