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AULA 10 PSICOLOGIA HOSPITALAR

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AULA_10_PSICO_HOSPITALAR
O PSICÓLOGO HOSPITALAR NA UTI NEONATAL
A importância da mãe junto ao bebê recém-nascido
	Ao longo do tempo, a relevância dada à presença da mãe junto ao bebê passou por várias modificações.
 	No século passado, Budin, citado por Baptista, et al, acreditava ser importante a presença das mães junto ao berçário dos prematuros, liberando-as para os cuidados básicos para com seus filhos.
 	Budin atribuía essa importância por acreditar que as mães que se mantinham mais afastadas de seus filhos perdiam o interesse por eles, por não poder cuidar deles.
Por volta de 1900, os pais foram desmotivados a ter contato com seus filhos, em virtude do alto índice de morbidade e mortalidade dos recém-nascidos, por causa de infecções, o que gerou um rigoroso isolamento.
 	No período da II Guerra Mundial, faltavam cuidadores para os bebês, o que trouxe as mães de volta para esse papel de cuidado. Este fato causou um nítido decréscimo da mortalidade infantil da época.
	Porém, foi somente por volta de 15 a 20 anos atrás que os pais de fato passaram a ter a oportunidade de cuidar de seus filhos sem risco de saúde.
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI – NEO)
	Quando uma mulher descobre que está grávida, surge toda uma expectativa com relação ao bebê. Essa expectativa diz respeito ao bebê sendo cuidado pela mãe em casa.
 	Contudo, algumas intercorrências envolvendo o recém-nascido levam a uma separação entre ele e sua mãe, para que ele receba os cuidados especializados necessários em uma UTI Neonatal ficando, portanto, em incubadoras. 
	A UTI Neonatal é descrita pelos autores BAPTISTA, et al (2012, p.122) como um local em que os bebês recebem cuidados intensivos, 24 horas por dia, tanto da equipe médica como da enfermagem.
 	Para controlar o quadro clínico do recém-nascido e seus sinais vitais, é necessária a utilização de aparelhos como os monitores cardiorrespiratórios, ventiladores mecânicos, oxímetros, fototerapia etc.
	São esses os diagnósticos mais comuns observados em uma UTI - Neo:
Prematuridade;
Membrana hialina;
Síndrome de aspiração de mecônio;
Anoxia neonatal;
Hidrocefalia;
Malformação congênita;
Mielomeningoceles;
Hipoglicemia;
Icterícia fisiológica;
Doença hemolítica do recém-nascido por incompatibilidade do sangue.
Equipe da UTI- Neo
	A equipe da UTI - Neo é composta por médicos especializados em recém-nascidos (até as quatro primeiras semanas de vida), que são chamados de médicos neonatologistas, bem como enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, Psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogos etc.
 	Tanto a equipe de saúde quanto os diagnósticos se diferenciam de acordo com a instituição, seu público-alvo etc.
Relação mãe-bebê
	As pesquisas relacionadas à relação mãe-bebê apontam para a importância desta interação e acrescentam que o processo de apego ocorre também com o cuidador, que pode ser a própria mãe, ou o pai ou qualquer outra pessoa que assuma esta função, e não somente com a mãe.
 	Porém, o que se percebe na maioria das vezes é que, inicialmente, o contato mais direto que o bebê tem é com a mãe.
	A partir de seu desenvolvimento, da sua independência, os laços tendem a se estender para além da mãe, aumentando assim seus vínculos sociais naturais com o pai e com outras pessoas significativas.
 	Com isso, a interação com a mãe vai tendo um decréscimo à medida que outras pessoas também se tornam importantes para a vida da criança.
 	As pesquisas na área da relação mãe-bebê sempre ocupou a Psicologia, porém as pesquisas têm crescido desde a década de 50.
Estudos de pais e bebês hospitalizados
	Os primeiros estudos de pais e bebês hospitalizados em UTI-Neo aconteceram por volta de 20 anos, a partir da observação da equipe de saúde. Esta percebeu que muitos bebês retornavam ao serviço pediátrico com diagnóstico de espancamento, e a maioria deles tinham sido prematuros.
 	Provavelmente tais espancamentos estavam relacionados às deficiências nas vinculações e o apego entre o cuidador e o bebê, sendo esta então a principal motivação para os estudos nesta área.
	As teorias psicológicas fundamentadas na Psicanálise, na Psicologia do Desenvolvimento e nas teorias comportamentais apontam a importância da interação mãe-bebê como um dos principais fatores para a explicação do tipo de desenvolvimento e da problemática apresentada pela criança em idades mais avançadas.
 	Autores da Psicologia ressaltam ainda que a prevenção de problemas nesta interação deve acontecer desde o pré-natal, visto que a atenção psicológica e social desde cedo pode facilitar à gestante e as futuras mães melhores condições para acolher seu filho quando do seu nascimento.
Fases de afeiçoamento
Klaus e Kennel (1993, citados por Baptista, et al, 2012, p. 124) apresentam algumas fases chamadas por eles de fases de afeiçoamento. Eles apontam a importância dessas fases para a construção do vínculo entre os pais e seus bebês. 
Essas fases são:
Planejamento da gestação (antes da gestação);
Confirmação da gestação;
Aceitação da gestação;
Percepção dos movimentos fetais;
Início da aceitação do filho como um indivíduo (durante a gestação);
Ver, tocar, cuidar do bebê e aceitá-lo neonato como um indivíduo à parte (após o nascimento).
Esses autores ressaltam que estas fases não são direcionadas a uma população específica, mas sim fazem parte do processo de vinculação de qualquer relação cuidador-bebê. 
Vale lembrar que este vínculo envolve também o pai da criança, apesar de se saber que socialmente recai sobre a mãe esta responsabilidade pelo cuidado e guarda do bebê. 
Outros autores falam sobre a essa vinculação, ressaltando que ela ocorre de forma instintiva como um processo contínuo, sendo este processo orientado pela modelação (Aprendizagem por observação), modelagem (Condicionamento operante) e ensaio e erro. Ou seja, a partir dos princípios da aprendizagem, já conhecidos por nós. 
Cabe ainda pensar na importância de se preparar as mães para a possibilidade de um bebê prematuro, através da apresentação de imagens, por exemplo, com o objetivo de diminuir o impacto com o primeiro contato em função da expectativa anterior de um bebê saudável. 
“Toda mãe deveria ter um contato visual com o filho ao nascer, para que ela possa confirmar ou não suas expectativas e obter dados de realidade” (ZIEGEL; CRANLEY, 1985, citados por BAPTISTA, et al, 2012, p. 125).
O papel do psicólogo e a rotina diária do Serviço de Psicologia na UTI-Neo
	É claro que o recém-nascido precisa das atenções voltadas para os cuidados com seus problemas de saúde.
 	Além disso, é importante avaliar todas as questões psicológicas e sociais, com o intuito da promoção de um trabalho interdisciplinar que está relacionado com a avaliação de todos os aspectos que podem de alguma forma afetar no nascimento e na hospitalização de um bebê com algum comprometimento.
	A Psicologia tem trabalhado com a avaliação e a intervenção psicológica junto aos pais, familiares e equipe de saúde, com o objetivo da vinculação inicial com o bebê, o bom contato entre os profissionais da equipe de saúde e destes com o cuidador.
 	A equipe de saúde também pode realizar trabalhos voltados para a prevenção de problemas relacionados às questões psicossociais e adaptação à rotina hospitalar.
	Por exemplo: incentivo ao acompanhamento pré-natal, prevenção de gravidez indesejada, alimentação adequada da gestante, assim como programas voltados à informação sobre os problemas de saúde do feto detectados ainda na gravidez e após o nascimento (BAPTISTA, et al, 2012, p.123).
Serviço de Psicologia de um hospital-escola
	O relato desta rotina foi extraído na íntegra dos autores (BAPTISTA; AGOSTINHO; BAPTISTA e DIAS, 2012, p. 128-129), em que eles descrevem esta rotina do serviço de Psicologia de um hospital-escola:
Passar pelas salas da UTI-Neo, para verificar quem são os bebês internados e se houve modificação na quantidade de aparelhagem de monitoração deles;
Contatar a equipe de saúde (médicose equipe de enfermagem), com o objetivo de:
Verificar o nascimento de novos bebês;
Verificar as percepções da equipe em relação ao estado psicológico dos pais (ex.: se houve interesse dos pais em saber o diagnóstico, se mostram desejo de contatar o bebê etc.);
Obter informação do diagnóstico atual e do prognóstico dos recém-nascidos;
Iniciar o preenchimento de dados da ficha de avaliação psicológica, através do prontuário do recém-nascido (ex.: dados de identificação dos pais, história gestacional, diagnóstico do bebê, entre outros);
Contato com a mãe do bebê hospitalizado, visando:
Apresentação do psicólogo e do Serviço de Psicologia como parte do atendimento interdisciplinar da UTI-Neo;
Coleta dos dados para completar as informações da ficha de avaliação;
Avaliação sobre a compreensão da mãe em relação ao motivo da internação;
Avaliação das reações psicológicas frente à hospitalização do recém-nascido (ex.: choro, apatia, sono, alimentação, comunicação, contato pessoal, apoio familiar, medo, expectativas positivas e negativas dos pais etc.);
Acompanhamento da mãe à UTI-Neo, com o objetivo de:
 
Verificar e avaliar se existem comportamentos de olhar e tocar o RN, bem como de falar com ele;
Orientar a mãe na manutenção com o bebê, principalmente tocando, falando e visitando-o. Dar informações de como se deve ordenhar o leite e, quando possível, amamentar o bebê;
Informar e orientar sobre a rotina da UTI-Neo;
6 – Discussão de caso com a equipe de saúde, visando ao parecer psicológico, com o objetivo de fornecer informações de como lidar com a mãe e familiares;
7 – Acompanhamento diário da mãe, durante a permanência do RN na UTI-Neo;
8 – Trabalho conjunto com a Assistência Social, quando necessário, referente aos aspectos psicossociais (ex.: falta de recursos financeiros da família para transporte, alimentação e manutenção medicamentosa do RN, entre outros).
EXERCÍCIOS
	
		1.
		Qual das atividades abaixo faz parte do papel do psicólogo em uma UTI-NEO?
		
	
	
	
	
	aferir a pressão arterial do bebê.
	
	
	permanecer ao lado do bebê durante toda a sua internação.
	
	
	dar aos pais o diagnóstico e o prognóstico do bebê.
	
	 
	intervenção psicológica com os pais com o objetivo da vinculação inicial com o bebê.
	
	
	dar aos pais o diagnóstico do bebê.
	
	
	
		2.
		Dentro da Rotina diária do serviço de Psicologia na UTI-Neo, o psicólogo deverá manter contato com a mãe do RN, hospitalizado, visando:
 
1- A sua apresentação e do Serviço de Psicologia como parte do atendimento interdisciplinar da UTI-Neo;
 
2- A coleta dos dados para completar as informações da ficha de avaliação;
 
3- Avaliação sobre a compreensão da mãe em relação ao motivo da internação do RN;
 
4- Avaliação as reações psicológicas frente à hospitalização do RN (ex.: choro, apatia, sono, alimentação, comunicação, contato pessoal, apoio familiar, medo, expectativas positivas e negativas dos pais, etc.).
		
	
	
	
	
	Somente as afirmativas 1, 3 e 4 fazem parte da rotina
	
	
	Somente as afirmativas 1, 2 e 4 fazem parte da rotina
	
	
	Somente as afirmativas 2, 3 e 4 fazem parte da rotina
	
	
	Somente as afirmativas 1, 2 e 3 fazem parte da rotina
	
	 
	Todas as afirmativas fazem parte da rotina
	 Gabarito Comentado
	
	
		3.
		A psicologia tem trabalho com a avaliação e a intervenção psicológica junto aos pais, familiares e equipe de saúde com o objetivo além da vinculação inicial com o bebê, o bom contato entre os profissionais da equipe de saúde e destes com o cuidador. Faz parte da rotina diária do serviço de Psicologia na UTI-Neo:
 
1- Passar pelas salas da UTI-Neo, para verificar quem são os bebês internados e se houve modificação na quantidade de aparelhagem de monitoração do bebê.
 
2- Prestar tratamento clínico as mães e familiares;
 
3- Discussão de caso com a Equipe de Saúde, visando ao parecer psicológico, com o objetivo de fornecer informações de como lidar com a mãe e familiares.
 
4- Acompanhamento diário da mãe, durante a permanência do RN na UTI-Neo.
		
	
	
	
	 
	Somente as afirmativas 1, 3 e 4 estão corretas
	
	
	Somente as afirmativas 1, 2 e 4 estão corretas
	
	
	Todas as afirmativas estão corretas
	
	
	Somente as afirmativas 2, 3 e 4 estão corretas
	
	
	Somente as afirmativas 1, 2 e 3 estão corretas
	 Gabarito Comentado
	
	
		4.
		Dentro da Rotina diária do serviço de Psicologia na UTI-Neo, o psicólogo deverá acompanhar da mãe à UTI-Neo com o objetivo de:
 
1- Verificar e avaliar se existem comportamentos de olhar e tocar o RN, bem como de falar com ele;
 
2- Orientar a mãe na manutenção com o bebê, principalmente tocando, falando e visitando-o. Dar informações de como deve ordenhar o leite e, quando possível, amamentar o bebê;
 
3- Informar e orientar sobre os medicamentos utilizados da UTI-Neo.
		
	
	
	
	
	Todas as afirmativas fazem parte da rotina
	
	
	Somente as afirmativas 2 e 3 fazem parte da rotina
	
	
	Somente a afirmativa 3 faz parte da rotina
	
	
	Somente as afirmativas 1 e 3 fazem parte da rotina
	
	 
	Somente as afirmativas 1 e 2 fazem parte da rotina
	 Gabarito Comentado
	
	
		5.
		É considerado um dos diagnósticos mais comuns nas UTIs -NEO:
		
	
	
	
	
	fraturas
	
	
	violência doméstica
	
	 
	prematuridade
	
	
	diabetes
	
	
	hipertensão
	
	
	
		6.
		Dentro da Rotina diária do serviço de Psicologia na UTI-Neo, o psicólogo deverá manter contato com a mãe do RN, hospitalizado, visando:
 
1- O acompanhamento clínico a ser realizado em seu consultório no futuro;
 
2- A coleta dos dados para completar as informações da ficha de avaliação;
 
3- Avaliação sobre a compreensão da mãe em relação ao motivo da internação do RN;
 
4- Avaliação as reações psicológicas frente à hospitalização do RN (ex.: choro, apatia, sono, alimentação, comunicação, contato pessoal, apoio familiar, medo, expectativas positivas e negativas dos pais, etc.).
		
	
	
	
	
	Apenas as afirmativas 1, 3 e 4 fazem parte da rotina
	
	
	Apenas as afirmativas 1 e 3 fazem parte da rotina
	
	
	Apenas as afirmativas 1, 2 e 3 fazem parte da rotina
	
	
	Apenas as afirmativas 1 e 4 fazem parte da rotina
	
	 
	Apenas as afirmativas 2, 3 e 4 fazem parte da rotina

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