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07/06/2016 1 Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: Aula 6 – Gestão Clínica do medicamento: seguimento farmacoterapêutico A HISTÓRIA DE UM PACIENTE DO SUS/APS João, 81 anos Residente de Colombo, área 126. Pertence ao território da US Jd. Graças Aposentado, foi Carpinteiro. Evangélico (Igreja - Deus é amor) Casado, com 16 filhos, 9 filhos do primeiro casamento da esposa + 7 filhos do seu primeiro casamento. Analfabeto Fonte: Farmacêuticos - Residência Multiprofissional em Saúde da Família – UFPR – Curitiba, PR Junho 2010 2 História Clínica 3 1994 1998 1996 2000 2002 2004 10/10/1995 - Início do atendimento na US PA: 170/100mmHg – Dx HAS Medicação: HCTZ 25mg + Dilacoron 80mg 06/11/1995 PA: 150/90 28/02/1996 PA: 160/100 Encaminhado para Oftalmo 16/07/1998 PA: 180/100 29/04/2000 Apresenta cefaléia PA: 180/100mmHg Metildopa 500mg + HCTZ 50mg + Furosemida 2 amp (no momento) *foi liberado com Metildopa + HCTZ 12/03/2001 Pedido de Urografia (PSA alterado) 06/12/2001 PA: 200/140 mmHg Metildopa + HCTZ 20/03/2003 PA: 170/100 mmHg Captopril 25mg (8/8horas) + HCTZ 50mg (1x/d) 27/10/2004 PA: 160/100 mmHg Metildopa 500mg + HCTZ 50mg 2005 2008 2007 2009 17/02/2008 Dor de estômago – Omeprazol 20mg 12/05/2005 PA: 200/120 mmHg Relata que esteve em observação no Pronto Atendimento 28/08/2007 RX toráx - ↑ cardíaco PA: 190/100 mmHg Encaminhamento para o Cardiologista Medicação: Captopril 25mg (12/12h) + HCTZ (12/12h) + Digoxina 0,25mg (1x/d) 06/06/2007 Falta de ar Solicita ECG 4 História Clínica 07/06/2016 2 5 2009 2011 06/01/2009 Resultado do ECG (01/12/2008) Ritmo sinusal, FC=68, Hipertrofria Ventr. Esq.- Dx ICC 30/04/2009 PA: 140/100 mmHg Trouxe exames, GJ=90, Nega queixas Medicação: Captopril 25mg (3x/d), HCTZ 25mg(2x/d), Digoxina 0,25mg (1x/d), AAS 100mg (1x/d) 18/05/2009 RX tórax – pulmões levemente insulflados, área cardíaca aumentada (VE), Ectasia e alongamento aórtico. Não fez uso da medicação nesse dia(PA: 200/100mmHg) Encaminhado para a Atenção Farmacêutica 2010 História Clínica 6 Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. Brasilia: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012. p. 512. O que é a Gestão da Clínica? 7 A expressão “gestão da clínica” não é muito encontrada na literatura internacional, mas, no Brasil, foi adotada por Mendes (2001b) para expressar um sistema de tecnologias de microgestão dos sistemas de atenção à saúde, aplicável ao SUS. ...Tem suas origens em dois movimentos principais: um, mais antigo, desenvolvido no sistema de atenção à saúde dos Estados Unidos, a atenção gerenciada (managed care); outro, mais recente, a governança clínica (clinical governance) que se estabeleceu no Serviço Nacional de Saúde (NHS), o sistema público de atenção à saúde do Reino Unido. Mendes EV. As redes de atenção à saúde. 2a. ed. Brasilia: OPAS; 2011. 554 p. 8 A gestão da clínica é um conjunto de tecnologias de microgestão da clínica, destinado a prover uma atenção à saúde de qualidade: 1. centrada nas pessoas; 2. efetiva, estruturada com base em evidências científicas; 3. segura, que não cause danos às pessoas usuárias e aos profissionais de saúde; 4. eficiente, provida com os custos ótimos; 5. oportuna, prestada no tempo certo; 6. equitativa, de forma a reduzir as desigualdades injustas; 7. ofertada de forma humanizada. Mendes EV. As redes de atenção à saúde. 2a. ed. Brasilia: OPAS; 2011. 554 p. 07/06/2016 3 Assistência Farmacêutica Uso Racional Acesso Qualidade 9 Problemas com Medicamentos Erros de medicação Não seguimento de diretrizes clínicas Discrepâncias terapêuticas na transição do paciente entre níveis assistenciais Baixa efetividade dos tratamentos Ocorrência de eventos adversos evitáveis Automedicação irresponsável Baixa adesão aos tratamentos. 10 QUE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NÓS TEMOS HOJE? 11 Acesso a medicamentos para pacientes ambulatoriais no Brasil SETOR PÚBLICO Unidades de Saúde (APS) SETOR PRIVADO Rede Farmácia Popular Farmácias Comunitárias Públicas Programa “Aqui tem Farmácia Popular” Farmácias Privadas ~70.000 Farmácias Magistrais ~9.000 Farmácias Especiais / Ambulatoriais 12 07/06/2016 4 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: FRAGMENTAÇÃO 13 LOGÍSTICA FARMACÊUTICA CUIDADOS FARMACÊUTICOS VS. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: FRAGMENTAÇÃO 14 LOGÍSTICA • Desarticulada do processo de cuidado • Dificuldade para qualificar o processo de seleção • Não consegue ter um olhar para a resolubilidade em saúde • Profissão vista como “meio”, não como “fim” • AF vista apenas como sistema de apoio das RAS ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: FRAGMENTAÇÃO 15 CUIDADO • Cuidado do paciente, mas na prática ainda centrado no medicamento • Às vezes pouca compreensão das questões do acesso aos medicamentos no país • Faltando visão mais integrada dos serviços farmacêuticos • Falta de farmacêuticos clínicos “See the trees, but not the forest” Perigos do caminho: 07/06/2016 5 Compreensão do paciente e adesão terapêutica Efetividade e segurança da terapêutica Problemas Gestão Clínica do Medicamento Problema de saúde não tratado Falha no acesso ao medicamento Medicação não necessária Desvio de qualidade do medicamento Baixa adesão ao tratamento Interação medicamentosa Duplicidade terapêutica Discrepâncias na medicação Falta de efetividade terapêutica Reação adversa ou toxicidade Erro de medicação Contra-indicações Outros.. Resolução Referência Indicação clínica e objetivo terapêutico Continuidade do cuidado Avaliações periódicas Paciente Estado de Saúde Avaliação Diagnóstico Nível assistencial Antes do uso de medicamentos Durante o uso de medicamentos Seleção Programação Aquisição Gestão Logística do Medicamento Cadeia de abastecimento farmacêutico Armazenamento Distribuição Prescrição Plano Terapêutico Dispensação Orientação SERVIÇOS FARMACÊUTICOS INTEGRADOS AO CUIDADO EM SAÚDE Correr CJ, Otuki MF, Soler O. Revista Pan-Amazonica de Saude. 2011;2(3). A gestão clínica do medicamento consiste em um conjunto de ações assistenciais, vinculadas à assistência farmacêutica, que visam garantir o uso adequado dos medicamentos e a obtenção de resultados terapêuticos positivos. São tecnologias de microgestão que devem ser incorporadas à gestão da clínica, como a gestão das condições de saúde e gestão de caso. Caracteriza-se pela provisão de serviços clínicos centrados no paciente, de alta complexidade e baixa densidade tecnológica. Estes serviços podem ser providos de forma individual e coletiva juntamente com a entrega de medicamentos, ainda que sejam independentes desta. As tecnologias que compõe a gestão clínica do medicamento integram-se ao processo de atenção à saúde, tendo como objetivos principais: i) a avaliação do acesso dos pacientes a tratamentos adequados para seus problemas de saúde, ii) o empoderamento dos pacientes e o autocuidado apoiado no que tange à terapêutica, iii) a concordância e adesão ao tratamento, iv) a redução do desperdício e o alcance de tratamentos mais custo-efetivos, v) a identificação, prevenção e manejo de erros de medicação, interações medicamentosas, reações adversas e riscos associadosaos medicamentos, vi) o aumento da efetividade terapêutica, vii) a destinação adequada dos medicamentos e demais resíduos de saúde ligados à terapêutica. DEFINIÇÃO DE GESTÃO CLÍNICA DO MEDICAMENTO 18 Correr CJ, Otuki MF, Soler O. Assistência farmacêutica integrada ao processo de cuidado em saúde: gestão clínica do medicamento. Revista Pan-Amazônica de Saúde. 2011 Sep;2(3):41–9. Assistência Farmacêutica = Conjunto total de serviços farmacêuticos integrados ao sistema de saúde que visam garantir o acesso, qualidade e uso racional dos medicamentos G estão d e to d o sistem a d e serv iço s Gestão técnica do medicamento + Ações logísticas dirigidas ao medicamento que visam garantir uma distribuição e disponibilidade oportunas Gestão clínica do medicamento Ações clínicas dirigidas ao paciente, à família e à comunidade que visam garantir o uso adequado dos medicamentos e a obtenção de resultados terapêuticos positivos. 19 Correr CJ, Otuki MF, Soler O. Assistência farmacêutica integrada ao processo de cuidado em saúde: gestão clínica do medicamento. Revista Pan-Amazônica de Saúde. 2011 Sep;2(3):41–9. 20 07/06/2016 6 Trazer a evidência O Desenho do estudo determina sua relevância para a prática clínica 21 Serviços Farmacêuticos Clínicos 1 Aconselha- mento ao paciente 2 Programas de rastreamento 3 Adesão ao tratamento 4 Revisão da farmacote- rapia 5 Acompanha- mento da farmacoterapia 6 Reconciliação terapêutica 7 Informação e suporte à equipe 8 Prescrição independente 22 Aconselhamento sobre os medicamentos, doenças e medidas não farmacológicas Promover o uso correto de medicamentos e o autocuidado Juntamente ou não com a entrega de medicamentos Pode utilizar materiais educativos impressos ou multimídia Serviços Clínicos Aconselha- mento ao paciente 23 Serviços Clínicos Programas de rastreamento Programas para detecção, prevenção ou controle de fatores de risco específicos (p.ex. tabagismo, point-of-care tests) Intervenções centradas em técnicas comportamentais e educação individual ou em grupo 24 07/06/2016 7 Serviços Clínicos Adesão ao tratamento Serviços focados na adesão do paciente ao tratamento Técnicas diversas, como educação e aconselhamento, dispositivos, recursos facilitadores, consultas domiciliares, na farmácia comunitária ou remotas (telefone, web, email). 25 Serviços Clínicos Revisão da farmacote- rapia Revisão e ajustes na farmacoterapia, em contato direto com o paciente ou não. Corrigir falhas na utilização pelo doente, seleção inapropriada e regime terapêutico, custos do tratamento ou minimizar efeitos secundários Recomendações ao doente ou ao médico Farmacêutico com maior ou menor autonomia para realizar modificações no tratamento. 26 Serviços Clínicos Reconciliação terapêutica Elaboração e aprimoramento da história farmacoterapêutica completa e confiável No internamento hospitalar, na transferência entre centros ou após a alta hospitalar Informações ao médico para corrigir discrepâncias na medicação. 27 Serviços Clínicos Informação e suporte à equipe Informações ao médico e equipe de saúde, sem haver necessariamente cuidado direto do paciente Discussões de caso, rondas, protocolos clínicos, prontuários terapêuticos e relações mais próximas com a equipe Visitas ao médico, a fim de divulgar informações científicas 28 07/06/2016 8 Serviços Clínicos Autonomia para prescrever ou iniciar um tratamento farmacológico Segundo protocolos definidos ou convênios colaborativos entre centros de saúde Inclui experiências com medicamentos isentos de prescrição médica Prescrição independente 29 Serviços Clínicos Acompanha- mento da farmacoterapia Acompanhamento da evolução do doente, com foco nos resultados em saúde (outcomes) obtidos e no cuidado contínuo da condição de saúde Diversas formas de contato com o doente e com o médico (consulta presencial, telefone, fax, web, email) Tempo de seguimento ou número de consultas variados. 30 ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO 07/06/2016 9 Ressalta-se que não existe um método padrão ou priorizado no mundo; a escolha deve ser focada na análise do cenário de prática a ser desenvolvida a Atenção Farmacêutica. O mais importante é a coerência com a filosofia e o alinhamento com os macrocomponentes da ATENFAR. Estes métodos de registro são importantes, pois já apresentam mecanismos e estratégias documentais já validadas, o que agiliza e sistematiza o processo de assistência ao paciente e permite uma padronização dos achados para avaliações e compreensões futuras, se pertinentes. ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO: MÉTODOS 07/06/2016 10 PWDT (Pharmacist´s Work up of Drug Therapy); TOM (Therapeutical Outcomes Monitoring); DOT (Direct Observed Treatment); FARM (Finds, Assessment, Resolution, Monitoring); SOAP (Subject, Objective, Assessment, Planning); Dáder, entre outros. ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO: MÉTODOS resultados dos terapêuticos obtidos PWDT IDENTIFICAR OS RNM COLETAR, INTERPRETAR INFORMAÇÕES RELEVANTES PARA DETERMINAR OS RNM 07/06/2016 11 07/06/2016 12 atendimento do paciente) 07/06/2016 13 RESULTADOS NEGATIVOS AOS MEDICAMENTOS (RNM) o paciente envolvidos RNM 07/06/2016 14 07/06/2016 15
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