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Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 1 → Vascularização renal: Toda urina que está sendo formada está migrando pelo ureter e vai ficar depositada na bexiga, e temos depois todo aquele processo que vai estar levando ao processo de micção. O que está acontecendo a nível medular? Como a gente vai ter a formação da urina? Todo esse processo vai estar dependendo do fluxo sanguíneo que chega a nível renal. Então, na formação da urina a gente tem que lembrar que toda a formação da urina vai começar com a filtração de eletrólitos e substancias orgânicas e inorgânicas que estão no sangue. Se eu tiver uma alteração no fluxo sanguíneo, automaticamente eu vou poder observar isso pela alteração urinaria. Todo o fluxo sanguíneo renal ~e um fluxo sanguíneo alto. Nós temos em média 1250ml/min de sangue passando pelos rins. Esse valor está correspondendo a 25% do debito cardíaco. Qualquer alteração no debito cardíaco também vai estar comprometendo o processo de formação de urina. Os rins são órgãos ricamente vascularizados. → Formação do glomérulo: A nível renal ele vai passar primeiro pelo processo de filtração, e essa filtração vai estar acontecendo a nível dos capilares glomerulares. Como o sangue chegou ali? A porta de entrada do sangue a nível renal está acontecendo pela arteríola aferente. Essa arteríola aferente leva o sangue para a região renal. Nós estamos numa região diferente, tem duas arteríolas. Tem uma arteríola aferente para a entrada do sangue, e uma arteríola eferente. O que não foi filtrado a nível dos capilares glomerulares vai estar saindo dessa região de tufo de capilares pela arteríola eferente. Nos consideramos a região eferente ao córtex renal e a região aferente a medula renal. O número de capilares a nível cortical é muito maior do que a nível medular. Qual é a importância do nefron na região medular? Ele é próximo ao ducto coletor de modo que nós vamos estar com a saída do fluido que provavelmente já é a urina. Nós temos uma diferença anatômica. O sangue está entrando pela arteríola aferente, vai ser filtrado nos capilares glomerulares e vai cair na capsula de Bowman. O que não foi filtrado sai pela arteríola eferente e está arteríola eferente vai dar formação aos capilares periglomerulares. Isso acontece no nefron medular. Quando nós estamos nos aproximando da região medular, esses capilares periglomerulares formam alças, que nós chamamos de vasa recta. Eles se enovelam, se aproximam dos túbulos renais, são os capilares periglomerulares. Mas quando eles estão mais próximos da região medular, formam alças de capilares. Continuam sendo capilares periglomerulares, mas passam a ser chamados de vasa recta. Essa vasa recta é importante porque ela faz o controle da tonicidade, da osmolaridade da região medular, mais profunda. Esse nefron quando vai até a região medular, ele é normalmente chamado de nefron justamedular. Aquele que fica só na região cortical é o nefron cortical. Temos mais nefrons corticais do que nefrons medulares. O nefron que fica na região cortical, ele vai ter um túbulo renal. Os capilares peritubulares se enovelam naquela região. Quando é uma região medular, o nefron envolve parte circulatória e a parte tubular. Ai eu tenho um túbulo que está passando bem próximo ao túbulo coletor. Esse é o nefron justamedular. Os capilares formam alças. Essas alças são chamadas de vasa recta. Eu tenho os capilares glomerulares que vão estar formando toda a rede para a filtração do sangue. Sangue que vem, vem do sistema de artérias, forma a arteríola aferente, filtrou, ai esse tufo de capilares é que nós chamamos de glomérulo, porque eu tenho ali os capilares glomerulares. O que filtra aqui já cai na primeira porção de túbulo renal, que já é a capsula de Bowman. O que não foi filtrado vai sair pela arteríola eferente. Essa arteríola eferente vai envolvendo todos os túbulos renais, e se esta enovelando, está Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 2 representando o nefron cortical. A gente não observa a formação de alças que estariam caracterizando o nefron justamedular. Em relação aos túbulos renais, eu tenho capsula de Bowman. As partes dos túbulos renais seriam capsula de Bowman. Depois, nós temos o túbulo contornado proximal. Ai nós temos o túbulo com um trajeto descendente, formando a alça de Henle. Essa alça de Henle eu tenho o segmento fino da alça de henle, descendente, o segmento fino da alça de henle ascendente, o segmento espesso da alça de henle. Então, esse seria o trajeto onde nós teríamos o liquido. Ai nós vamos ter vários mecanismos como filtração, reabsorção. Já estamos chegando no túbulo contornado distal, e a partir daí eu começo a ter a passagem do liquido para o túbulo coletor. Mas até chegar ai, ele teve que percorrer todo esse trajeto. Em cada pedaço desse, nós temos substancias sendo secretadas e substancias sendo absorvidas. Então, nós vamos modificando o liquido que está passando por ali, estou valorizando muito a filtração que ocorre nos capilares glomerulares. Mas se eu tiver uma substancia de alto peso molecular ela não consegue passar pelas fenestras dos capilares, então, ela não vai conseguir chegar a nível do túbulo renal. Então, eu filtro o que for possível na região dos capilares glomerulares, e o que não for vai ter que ser secretado. Quando eu penso em nefron, eu penso em parte circulatória, capilares, arteríolas, capilar peritubular mais os túbulos renais. Entao, eu tenho artéria renal, que vai dar origem a arteríola aferente, a arteríola aferente traz o sangue para os capilares glomerulares e automaticamente eu tenho o primeiro mecanismo que é o de filtração. As substancias que vão ser filtradas são aquelas que não está ligada a proteínas plasmáticas, aquelas de baixo peso molecular, eu tenho a filtração de sódio, de potássio, de cloro e de íons que também vão estar presentes no meio da parte medular. Parte do que é filtrado volta para o sangue. Quem está próximo aos túbulos renais são os capilares peritubulares. Esse mecanismo eu chamo de reabsorção, quando volta para o sangue. Aquelas substancias que não foram filtradas continuam, saem pela arteríola eferente, vai para os capilares peritubulares e ai eu tenho que ter um mecanismo que vai favorecer a passagem dessas substancias para dentro do túbulo. Então, esse eu considero o processo de secreção tubular. Então, filtra, parte do que é filtrado pode voltar para o sangue, reabsorveu, o que não conseguiu ser filtrado, vai ser secretado. Para reabsorver ou secretar eu tenho que ter transportadores específicos. Essas substancias entram e saem facilmente pelos capilares glomerulares em algumas áreas, mas elas não tem facilidade de passar pelos capilares peritubulares. Então, eu preciso de algum mecanismo para transportar essas substancias. Imagine que eu tenha uma substancia na arteríola aferente. Ai eu tenho de baixo peso molecular, alto peso molecular, ai ela entra e vai passar pelos capilares glomerulares. As substancias de baixo peso molecular foram filtradas. Aqui, pela arteríola aferente ficou as de alto peso molecular, que posteriormente vão ser secretadas, pois elas não conseguiram passar pelas fenestras dos capilares glomerulares. Então, na secreção, a substancia sai do sangue e vai para o interior do túbulo renal. Isso vai acontecer com o túbulo proximal, na alça de henle, no distal, em todos aqueles segmentos tubulares. O que vai ser excretado na urina é o que foi filtrado menos o que foi reabsorvido mais o que foi secretado. Eu tiro pela reabsorção algumas substancias e posso acrescentar algumas pela secreção, e o meu liquido final é a urina propriamente dita. → Funções renais: A principal funçãoé formar urina, reabsorção, excretar substancias que não interessam mais. Mas, através da formação de urina, ele vai estar controlando o volume de agua. Se você Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 3 ingere muita agua, você está aumentando o volume de agua que o rim está recebendo. Qual a única maneira de manter a volemia? Aumentando a eliminação de agua. Ele regula, com isso, o volume. Regulando o volume, eu estou regulando o retorno venoso, eu estou regulando também a pressão arterial. Ele tem um controle eletrolítico. É ele que vai controlar o sódio, o potássio, o cloro, o magnésio... É a única região que nós temos para manter as nossas concentrações eletrolíticas. O rim, mais na parte distal, tem todo um mecanismo de eliminação de substancias acidas, tem um equilíbrio acido-basico. Ele controla a osmolaridade sanguínea. Qual o valor da osmolaridade sanguínea? 300mosm/kg. Eu tenho que manter essa osmolaridade constante. Por exemplo: quando ingerimos algum alimento com muito sal, nossa osmolaridade aumenta. Quem percebe esse aumento da osmolaridade? O hipotálamo. Ele estimula um mecanismo de sede, que faz com que a gente ingira muita agua, com o objetivo de diluir aquele sódio, voltando a osmolaridade ao normal. Aquele excesso de agua e sódio que ingerimos tem que sair e quem elimina é o rim. Quando fazemos um EAS não é normal aparecer glicose, proteína, etc, pois eu estou conservando nutrientes. Eu preciso conservar glicose, aminoácidos... Algumas substancias não podem ser filtradas, mas se eu quero conservar, esses nutrientes que devem permanecer no nosso organismo, tem que ser reabsorvidos. Ele pode também fazer excreção de resíduos metabólicos. Como resultante do metabolismo, aquelas substancias que seriam toxicas ao organismo vão estar sendo eliminadas a nível renal, e substancias exógenas. Isso envolve a eliminação de metabolitos de medicamentos que estejamos utilizando. Por exemplo: um comprimido de AAS. Esse composto a nível hepático é metabolizado para se tornar mais hidrossolúvel, chegar a nível renal e ser eliminado junto a urina, porque se ele não for metabolizado, ele fica numa forma lipossolúvel, que ele vai cruzando membrana, consegue ser reabsorvido... Então, toda vez que a gente tem a introdução de uma substancia exógena, uma substancia que não é natural do nosso processo nutritivo, ela tem que ser eliminada. Praticamente 90% dessas substancias exógenas, a tendência é elas serem eliminadas a nível renal. Mas tem algumas situações. Um indivíduo em jejum prolongado, quem vai, além do hepatócito, fazer a gliconeogenese? As células renais. É um mecanismo pouco conhecido pois muitas vezes o indivíduo tem comprometimento renal, deixando o rim “maluco”. Ele tem função hormonal. Em algum momento a gente considera o rim como sendo também um órgão endócrino. Ele libera substancias que vão estar eliminando normalmente para a corrente sanguínea. A secreção de eritropoietina pelas células renais. Porque o paciente passando por um processo de hemodiálise, tem que fazer a reposição de eritropoietina? Porque ele tem uma insuficiência renal. E ai ele precisa repor essa eritropoietina que as células renais não estão mais fabricando, ou estão fabricando menos. Eu tenho um sistema renina-angiotensina-aldosterona a nível renal, só pra controlar a função renal. Mas a renina que vai atuar a nível sistêmico vai ser liberada da mesma maneira. Nós temos a formação da vitamina D3 ativada, que é importante para o metabolismo de cálcio. → Insuficiência renal: Se o indivíduo tiver uma insuficiência renal, o que estará alterado nesse paciente? Hipertensão pois eu vou estar diminuindo a excreção de agua. A creatinina vai estar alterada pois eu to diminuindo a excreção de produtos metabólicos. A osmolaridade vai estar aumentada. Eu vou ter uma tendência a uma acidose. Quando eu altero essa parte funcional, surge o quadro de insuficiência renal. Ele tem hipertensão arterial pois eu estou aumentando a volemia. A gente observa edema pois eu aumento o volume no vaso sanguíneo, no capilar, aumento a pressão efetiva para filtrar a urina. Isso nos membros inferiores fica muito nítido. Tem uma situação, que o paciente acorda com edema palpebral, observa edema de membros inferiores, é o edema matutino, é renal. Como eu vou fazer a diferença de um paciente que tem um quadro de edema por uma insuficiência cardíaca? Ele acorda seco, mas ao longo do dia, quando ele vai fazendo as suas atividades, ele vai forçando o coração, ai ele vai ter o edema característico da insuficiência cardíaca, que é o edema mais vespertino. Ele começa a ter o edema de membros inferiores quando vai chegando mais para a tarde. Uremia pois vai estar prejudicando todo o quadro nervoso, podendo levar a uma cefalopatia. Porque eu geralmente excreto a ureia, se ele está deficiente, eu vou elevar a ureia, vou elevar a creatinina, que é resultante do metabolismo. Vai ter uma hipercalemia porque uma das funções do rim é a eliminação de Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 4 potássio, se falhou, eu vou aumentar potássio no meio extracelular. Essa hipercalemia pode favorecer um aumento da excitabilidade, porque ele altera o limiar de excitabilidade. Vai ter anemia porque falta a eritropoietina. Vai ter acidose, pois a nível da parte distal vai ter todo o controle da eliminação de ácidos. O nosso metabolismo forma amis substancias acidas do que básicas. Vou ter uma hipocalcemia porque eu não vou ter vitamina D3, não leva aquele cálcio para o deposito a nível ósseo, e a nível renal eu vou perder esse cálcio. A hipercalcemia também vai aumentar a excitabilidade da célula. Vai levar a raquitismo, osteoporose, pela falta da D3. → Capilares glomerulares: Nós temos que ter a chegada do sangue nos capilares glomerulares e tudo vai começar com um processo de filtração glomerular. Ele inicia com a chegada do sangue pela arteríola aferente, sangue passando pelos capilares glomerulares, sendo filtrado, o que não foi filtrado sai pela arteríola eferente. Quando eu considero a chegada de sangue na região dos capilares glomerulares, esses capilares tem alta permeabilidade. Ele é formado pelas células endoteliais. Mas, eu tenho uma separação muito grande entre essas células endoteliais, tenho a formação de fenestras, e isso já permite a passagem de algumas substancias. Algumas outras substancias que são lipossolúveis, podem passar diretamente pela própria célula endotelial, mas quando eu falo em filtração eu estou pensando em espaço. O diâmetro que eu posso ter de uma substancia em que ela consiga passar por essas fenestras. A agua tem que passar mas aquelas substancias necessárias tem que ficar. Tem que chegar o sangue, 1250ml/min. Eu tenho tudo que favoreça o processo de filtração. Mas, eu tenho que deixar o sangue um pouco nos túbulos renais, eu não posso deixar que ele saia logo. Se a arteríola eferente estiver muito dilatada, o sangue passa muito rápido pelos capilares e já vai passar pela arteríola eferente. Então, eu tenho que ter uma alta resistência pra arteríola eferente. Aumento da resistência da arteríola eferente, significa que ela tem que ter um controle. A arteríola aferente é a porta de entrada. O que não filtrar nos capilares glomerulares vai sair pela arteríola eferente. Eu tenho um tônus da musculatura lisa da arteríola aferente que é menor do que a arteríola eferente. Então, se eu tiver a arteríola eferente dilatada, eu não vou ter tempo suficiente para filtrar o sangue. O tônus da arteríola eferente tem que ser maior pra conseguir reter o sangue dentro da área dos capilares glomerulares pra favorecer o processo de filtração. E eu também tenho que ter uma alta pressão nesses capilares. Essa pressão do sangue doscapilares é normalmente de 60mmHg, e ai quando eu pensar nos capilares glomerulares, ele só vai ter a função de filtrar. Quando a gente considera o processo de filtração, a gente vai ver que o liquido que vai passar para o túbulo, tem as mesmas concentrações e os mesmos elementos que tem no plasma. Então, essa é uma característica de filtrar o sangue, a parte liquida, o plasma. A única diferença vai ser as proteínas plasmáticas, que não passam com facilidade pelos espaços endoteliais. No que foi filtrado, eu não encontro proteína. Quando eu vou encontrar proteína nesse filtrado? Quando tiver alguma lesão, algum processo inflamatório, ou pode ser por perda de cargas elétricas negativas que são um obstáculo para a passagem dessa albumina. Isso é importante para entender a diferença de uma síndrome nefrotica para uma síndrome nefrítica. Para isso, eu preciso entender que normalmente as proteínas não estão presentes no filtrado glomerular. Tudo que tem no plasma menos as proteínas plasmáticas eu vou encontrar no filtrado. → Estrutura da membrana de filtração: A única maneira dessas proteínas passarem é modificando a barreira que as impede. Quais seriam as características histológicas desses capilares? Eu to chamando de membrana de filtração, que é a membrana do capilar glomerular. Eu tenho camada de células endoteliais, eu tenho as fenestras que vão estar sendo formadas pela separação das células endoteliais, e eu tenho uma membrana basal, e como é uma célula endotelial, ela é formada por Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 5 musculo liso. E tem outras estruturas que são os podocitos e os pedicelios, que vai estar me dando toda aquela parte estrutural. Essas são as estruturas básicas. Mas, nessa área que seriam as fendas de filtração, essa fenda tem proteínas, mais especificamente glicoproteínas mais o ácido sialico. Desse ácido sialico, ele tem a característica de ser mais eletronegativo, ele tem grupamentos negativos. A albumina tem grupamentos negativos. Eu consigo que a carga negativa dela seja repelida por uma sialoproteina. É uma maneira de impedir que a albumina seja filtrada. Mas, se eu lesar e deixar de ter a sialoproteina, a albumina vai ser filtrada. Foi identificado que uma das situações levam a essa síndrome é exatamente uma deficiência, uma alteração do conteúdo das sialoproteinas, que vai favorecer o aparecimento da síndrome. → Coeficiente de filtração (Kf): Quando eu não tenho nenhuma lesão, eu tenho integridade, eu vou ter uma filtração. Para essa filtração acontecer, eu tenho que ter um coeficiente de filtração. Esse coeficiente é calculado de acordo com as características que nós temos no nosso organismo. O Kf é 12,5ml/min/mmHg. Mas existem algumas situações que podem modificar esse Kf. Se eu aumentar esse coeficiente de filtração, eu vou aumentar a filtração. Se eu diminuir o Kf, a pressão de filtração diminuiu, e eu vou filtrar menos. Existem situações que eu posso modificar isso, uma delas é a área de filtração. Outra é a membrana de filtração. Outra é a carga elétrica, como por exemplo a carga elétrica negativa das sialoproteinas. E outra é o tamanho da partícula. Partícula com um diâmetro superior ao das fenestras não consegue ser filtrada. Eu não posso mudar o tamanho da partícula, o peso molecular. Mas algumas situações como carga elétrica, área de membrana, eu posso espessar a membrana automaticamente, eu to mexendo na área, são algumas situações que eu vou estar modificando esse Kf. Fisiologicamente, ele pode ser modificado? Se eu lesar a membrana eu tenho um quadro patológico, e fisiologicamente, se eu aumentar o Kf, como que fica a taxa de filtração glomerular? O que tem que acontecer fisiologicamente com esse Kf, em um paciente que está tendo uma queda progressiva da pressão arterial, e está evoluindo para um quadro de choque? Tem que diminuir Kf. → Células mesangiais: Nós temos as extraglomerulares e as glomerulares. É fundamental para que eu tenha todo o mecanismo da formação de urina. Eu tenho sangue entrando pela arteríola aferente. Capilares glomerulares que vão filtrar. O que não foi filtrado, vai estar saindo pela arteríola eferente. O que me dá a sustentação dessas células? Fora da região glomerular eu tenho a chamada células mesangiais extraglomerulares, e entre os capilares eu tenho as células mesangiais, que seriam as mesangiais glomerulares. As extraglomerulares estão dando a sustentação entre a arteríola aferente e a arteríola eferente. E as glomerulares estão dando sustentação dos capilares glomerulares. Essas células podem contrair ou podem relaxar. Elas tem características, filamentos proteicos que favorecem a contração e o relaxamento. A gente vai modificar completamente, se elas contraírem a gente vai aumentar o diâmetro do capilar, vai passar mais sangue, passando mais sangue eu vou filtrar mais. Se elas relaxarem, eu vou comprimir os capilares. No túbulo renal, já tem células modificadas, elas perdem a característica cuboide e passa a ter característica colunal. Nesse momento, é o momento em que o túbulo contornado distal vai passar entre as duas arteríolas. Isso que vai formar o aparelho justaglomerular. As glomerulares pode se contrair. Se ela contrai, eu estou aproximando os podocitos. Se eu aproximo os podocitos, o que deveria criar espaço para o capilar, vai deixar de ter. porque o podocito vai fechar o capilar. Se a célula mesangial contrair, ela faz com que o podocito perca o capilar. Então, você deveria contrair a célula pra criar espaço. Mas envolvendo o capilar você tem o podocito. Então, quando você contrai, automaticamente você comprime o podocito, e ai ao invés de você aumentar o diâmetro do capilar, ele reduz. Com essa contração, eu tenho a aproximação Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 6 desses podocitos. Eu comprimo o capilar, reduzo a taxa de filtração glomerular. Mas em que situações, fisiologicamente, eu vou estar diminuindo essa taxa de filtração glomerular? Quando eu ativo o sistema simpático, quando eu tenho ação da angiotensina 2... Exemplo: paciente sofre um acidente automobilístico, perde aproximadamente 1,5L de sangue e foi observado um quadro de oliguria. Justifique a oliguria apresentada por esse paciente. Eu preciso aumentar a pressão, automaticamente eu vou diminuir a filtração glomerular. Paciente com queda de pressão arterial, de imediato o sistema ativado pra tentar manter o debito cardíaco normal é o sistema simpático. Isso também vai me levar ao sistema renina angiotensina aldosterona, que a aldosterona vai fazer reabsorção de sódio, reter agua, etc. No que as células glomerulares relaxam, automaticamente, eu afasto o podocito. Se eu afasto o podocito eu dou mais espaço, mais liberdade para o afastamento daquelas fenestras, vou aumentar o Kf. Aumentando o Kf eu aumento a pressão que favorece a filtração glomerular. Quando que acontece esse relaxamento? Quando eu tenho a liberação de atriopeptina. Eu tenho a liberação de atriopeptina quando eu aumento a pressão intra-atrial, quando eu retenho um volume de sangue na região atrial, porque eu estou retendo volume de sangue na região ventricular, porque eu estou aumentando o volume diastólico final, e eu tenho um coração com a forca de contração diminuída. Esse é um paciente com insuficiência cardíaca sistólica. Essa atriopeptina é liberada em uma situação em que eu quero aumentar a forca de contração, mas ela atua também a nível vascular e renal. A nível vascular ela faz vasodilatação. A nível renal, ela vai aumentar a taxa de filtração glomerular. Por que um paciente quando da entrada em uma emergência com insuficiência cardíaca, queixa-se de vontade deir ao banheiro? Porque eu tenho a atriopeptina que é liberada pela distensão das células glomerulares, aumentando a taxa de filtração glomerular, então eu vou aumentar aquele volume de urina. Então, num paciente com insuficiência cardíaca eu quero jogar fora esse volume de urina, porque se eu guardar ele vai voltar para o coração. Tanto é que o principal medicamento é um diurético, porque eu quero aumentar o volume de urina que está sendo eliminado para evitar, prolongar a sobrecarga cardíaca. → Síndrome nefrítica: Eu posso ter muitas vezes pela presença de microrganismo, processos inflamatórios naquela barreira de filtração. Quando eu falo barreira de filtração, eu estou envolvendo todo aquele conjunto que pode favorecer a passagem de uma substancia de dentro do capilar para o interstício. Quando a gente tem um processo inflamatório, é como se a gente criasse dentro da área inflamada uma espessura. Eu começo a ter a deposição de fibroblastos. Então, a barreia de filtração fica espessada, dificultando a saída de substancias para o interstício. Sendo assim, eu vou dificultar o processo de filtração. Com isso, eu vou começar a reter agua, vai gerar um processo de oliguria, que é característica desse paciente com a síndrome nefrítica. Retém um volume, aumenta a volemia, aumenta o retorno venoso, que contribui para aumentar a pressão arterial. Então, eu já sei que um paciente com a síndrome nefrítica é hipertenso. Por conta desse aumento da volemia eu vou começar a ter edema. Mas, se eu tiver uma síndrome nefrotica eu também vou ter edema. A diferença entre a síndrome nefrítica e a nefrotica é que o edema na síndrome nefrítica é moderado. Eu vou observar a hematúria. O indivíduo quando acaba de urinar, a urina a gente vê uma coloração avermelhada, acastanhada, etc. Pelo aumento de pressão, eu começo a ter uma pressão sobre os capilares glomerulares e você vai tendo cada vez mais a separação daquelas células endoteliais. Se você aperta uma bola, por exemplo, e você tem um liquido ali dentro, automaticamente, você corre o risco de ter o rompimento daquelas paredes. As áreas correspondentes as paredes seriam os capilares glomerulares. Logo, você tem uma lesão desses capilares. Uma parte do que não era filtrado começa a ser filtrado. Se eu leso aquela membrana, eu vou começar a ter a perda de proteínas e ai vai começar a aparecer proteínas, principalmente albumina na urina. Se eu tiver integridade eu não perco-a, pois ela vai ser absorvida. Mas o nível de albumina que está sendo liberado, na síndrome Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 7 nefrítica vai ser inferior a 3,5g/dia. Se for a nefrotica, a perda de proteínas vai ser sempre maior que 3,5. É muito comum a gente observar a chamada face nefrítica, que seria esse edema ainda moderado da região palpebral e a coloração da urina. A medida que o quadro vai agravando, ela vai apresentando essa coloração vermelha mais acastanhada. Eu não vou observar perda de hemácias na urina do paciente. → Síndrome nefrotica: Eu lesei aquela barreira de filtração e tive perda das sialoproteinas que estavam com carga negativa retendo, segurando algumas moléculas proteicas, principalmente a albumina, dentro do vaso. Então, quando eu perco as cargas negativas eu deixo de ter aquela barreira, e isso favorece a passagem de albumina para a capsula de Bowman. O valor das proteínas é maior que 3,5g/dia. Eu estou perdendo muita proteína na urina, isso vai diminuir proteínas plasmáticas, então eu tenho uma hipoproteinemia. Eu vou dosar agora proteínas no sangue, que vai estar baixa, caracterizando a síndrome nefrotica. Eu já não encontro isso em pacientes com síndrome nefrítica, porque a perda pela urina é menor. Ai eu tenho edema também, mas esse é lento, vai se instalando gradativamente, é o que a gente considera como sendo insidioso, em face, região escrotal, do pênis, e pode se instalar por todo o organismo, gerando o edema generalizado, que a gente chama de anasarca. É muito mais generalizado na síndrome nefrotica do que na síndrome nefrítica. Como eu tenho redução de proteínas plasmáticas, isso me leva a um desvio do metabolismo lipídico, que faz com que a gente tenha alterações no nível de colesterol, de HDL, de LDL, e é exatamente a presença de lipídeos na urina que me dá aquela característica espumosa. A perda sanguínea até pode ter, mas não é tão significativa. A albumina no sangue vai estar baixa. Essa hipopotreinemia diminui a pressão oncótica que retém liquido dentro do vaso, então isso vai estar favorecendo o edema. Se eu tenho agora a redução da pressão coloido-osmotica, ou seja, eu perco liquido para fora do vaso, isso diminui o volume plasmático, diminui a taxa de filtração glomerular. Automaticamente eu vou estar favorecendo aquele sistema renina-angiotensina-aldosterona pra fazer a retenção de liquido. Se eu diminui proteínas na corrente sanguínea, eu tento fazer com que o hepatócito sintetize mais proteínas. Só que o hepatócito fica perdido e sai sintetizando além de proteínas, as lipoproteínas. Essas lipoproteínas, pelo metabolismo lipídico, que vai provocar a espuma na urina. Ai eu posso ter um paciente com alteração no nível de colesterol, pode ter elevação do LDL, pelo comprometimento do metabolismo lipídico. Então, se eu perguntasse 3 principais diferenças entre a nefrítica e a nefrotica, seriam: urina espumosa na nefrotica, na nefrítica hematúria, com coloração avermelhada; o nível de proteínas, na nefrítica vai estar inferior a 3,5 e na nefrotica vai estar superior a 3,5. A questão de distúrbio de dislipidemia, não tem na síndrome nefrítica, mas tem na síndrome nefrotica. NO TESTE PODE SER QUESTAO DE V OU F!!! → Taxa de filtração glomerular: O Kf pode estar sendo modificado fisiologicamente, eu posso estar relacionando ele com a taxa de filtração glomerular. Como eu chego nesse valor? Nós já vimos que esse valor do Kf que me indica aquela constante de permeabilidade através da barreira de proteção é de 12,5ml/min x mmHg. E eu tenho uma pressão efetiva de filtração. Essa pressão efetiva de filtração, quando multiplicada pelo Kf é que vai me dar o valor da taxa de filtração glomerular. A taxa de filtração efetiva é de 10mg. Isso me dá uma taxa de filtração glomerular de 125ml/min. De onde eu estou tirando essa pressão efetiva de filtração? Eu tenho a entrada de sangue pela arteríola aferente, a saída de sangue pela arteríola eferente, o excesso de filtração que vai ser lançado na capsula de bowman. Só que em cada região dessas eu tenho situações que podem estar favorecendo ou dificultando o processo de filtração. Então, não tem nada a ver com Kf. Quando o sangue entra pela arteríola aferente, é aquele sangue que chega com alta pressão que é proveniente da artéria renal. Então, esta alta pressão me dá uma pressão glomerular, hidrostática que vai estar favorecendo a filtração de 60mmHg. Mas eu tenho proteínas que estão presentes ali naquele sangue. Essas proteínas, por forca osmótica, tentam segurar liquido dentro do capilar. Seria uma pressão oncótica ou coloido-osmotica. É uma pressão que está se opondo a pressão de filtração. O que vai sendo filtrado cai na capsula de bowman. Quanto maior o volume filtrado na capsula de bowman, eu estou criando uma forca em sentido oposto a da filtração. O que vai da compressão efetiva de filtração vai ser essa pressão do capilar, menos o somatório das duas forças que estão se opondo. Então, eu estou com uma pressão hidrostática de 60, a que se opõe é de 18mm, que é da capsula de bowman, e Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 8 vou tirar aquela das proteínas, que é de 32mmHg. Qual é a pressão efetiva de filtração? É aquela que forca menos as que se opõe, que vai ser de 110mmHg. Seeu tiver uma vasodilatação da arteríola aferente, o que acontece com a pressão efetiva de filtração? Vai aumentar a entrada de sangue, logo, a pressão hidrostática aumenta. Se ela era de 60, vamos supor que ela vá pra 80, automaticamente a minha pressão efetiva de filtração aumenta, logo, a taxa de filtração glomerular vai ficar aumentada, porque é o produto com o Kf. Se eu tiver uma constrição da arteríola eferente, o que acontece com a pressão efetiva de filtração? Se eu contrair a eferente, eu estou dificultando a saída. Se eu estou dificultando a saída eu estou retendo um maior volume de sangue a nível glomerular, portanto eu vou estar aumentando a pressão do capilar. Quando eu aumentar a entrada ou reduzir a saída, são situações que favorecem um aumento da pressão efetiva de filtração. Quando eu aumento a pressão efetiva de filtração, eu multiplico por Kf e automaticamente eu aumento a taxa de filtração glomerular. PODE CAIR NO TESTE TEORICO!!! A taxa de filtração glomerular normal é de 125ml/min. Se eu tiver uma taxa abaixo de 90, eu estou reduzindo a taxa de filtração, isso caracteriza uma insuficiência renal. Se tiver abaixo de 30, a única maneira de preservar a função renal, principalmente a hidratação das células que formam a alça de henle, ou seja, preservar a parte de células que estão a nível medular é fazer hemodiálise. Então, pelo valor da taxa de filtração glomerular nós podemos ver qual é o grau de lesão renal que esse paciente vai estar apresentando. Mexendo com a taxa de filtração glomerular eu vou estar alterando também o debito urinário. O normal é de 1.000 a 2.000ml num intervalo de 24h. Por hora, eu teria 60ml. Se eu tiver um paciente com acidente automobilístico, que teve perda de volume sanguíneo, com queda progressiva de pressão arterial, caminhando para um quadro de choque, inicialmente ele tem um quadro de oliguria, avançando para um quadro de anuria. Eu vou saber que ele está com oliguria quando a diurese está com um valor inferior a 400ml/dia. E a anuria vai estar inferior a 100ml/dia. As células renais não recebem fluxo, elas desidratam, e faz com que essas células sejam lesadas. Eu quero que esse paciente com a diurese baixa, ele pode fazer hemodiálise. Eu quero preservar a função renal dele, e essa preservação depende exatamente da agilidade de controle daquele quadro. OBS.: TFG = Kf x PEF; sendo TFG = 125ml/min. Situação clínica: imagine um paciente que da entrada em uma emergência, sem saber o volume de sangue que ele perdeu, ele se apresenta taquicardico, está com um quadro de oliguria, a frequência cardíaca dele está elevada, ai chega o momento que a frequência cardíaca vai reduzindo. Então, reduz a frequência, vai reduzir o debito cardíaco, e vai começar a reduzir mais drasticamente a pressão arterial desse paciente. Ele vai evoluir de um quadro de oliguria para um quadro de anuria. O que está acontecendo com a taxa de filtração glomerular desse paciente? Quem é que vai estar tentando elevar aquela pressão, fazer redistribuição do fluxo sanguíneo? O SNSimpatico. Ai tem aquela descarga máxima por área isquêmica, etc. O simpático vai diminuir o Kf. Diminuindo o Kf, automaticamente eu já estou contribuindo para diminuir a taxa de filtração glomerular. Essa ativação do SNSimpatico vai estar diminuindo a pressão efetiva de filtração, porque ele vai estar fazendo vasoconstrição da arteríola aferente. Com isso, tem menor entrada de sangue, e menor pressão do capilar. Se eu diminuir a pressão do capilar, a pressão efetiva de filtração diminui. Diminui o Kf, diminui a pressão efetiva de filtração, eu estou diminuindo a taxa de filtração glomerular. Eu consigo elevar a pressão arterial desse paciente. 2 a 3 dias depois ele vai a óbito por falência múltipla de órgãos. O primeiro órgão a parar é o rim. Se eu tiver uma redução de urina, esse é um paciente que eu já tenho que começar a hemodialisar, eu tenho eu retirar as substancias toxicas que podem lesar mais ainda as células renais. → Fatores que interferem com a taxa de filtração glomerular, interferindo com a pressão efetiva de filtração: Contrair a aferente é o simpático que faz. Eu posso ter, por lesão do capilar, a liberação de endotelina que tem um efeito constritor. Eu posso ter que disparar o sistema renina-angiotensia sistêmica e o local que mexe com essa renina. E a angiotensina 2 que faz contração da musculatura lisa. Adenosina Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 9 dependendo da região, a nível vascular ela tem efeito vasoconstritor. Vasopressina também faz vasoconstrição. Eu estou com um paciente com baixa volemia, o que estimula a liberação do ADH, porque eu não quero jogar volume fora, eu quero reter, e a vasopressina vai ajudar a fazer essa vasoconstrição. E eu tenho, para favorecer isso, que prestar a atenção em fármacos que favorecem a vasoconstrição. Qualquer situações dessas que eu tenho contração da arteríola aferente, eu tenho redução da pressão do capilar, aquela que joga liquido para a capsula de bowman. Reduz, portanto, a taxa de filtração glomerular rapidamente. Se eu diminuir a pressão do capilar, isso vai estar reduzindo a pressão efetiva de filtração. Se eu diminuir a pressão efetiva de filtração, como é um produto do Kf, automaticamente eu vou estar diminuindo a taxa de filtração glomerular. Quando eu tenho a dilatação da arteríola aferente, o objetivo é jogar mais sangue, filtrar mais, fazer a eliminação de mais agua, logo, eu quero jogar volume fora. A dilatação da arteríola aferente pode ser importante quando eu tenho um paciente que eu vou precisar utilizar dopamina, que atua em receptores b1 cardíaco, mas em baixas doses ela tem receptores dopaminérgicos na arteríola aferente. E nesses receptores dopaminérgicos, quando ela atua, ela relaxa a arteríola aferente. Então, se eu tiver um paciente com choque, com um quadro de oliguria, eu posso fazer uma dopamina em baixas doses? Sim, para aumentar o fluxo sanguíneo renal, evitar a lesão renal. A atriopeptina, a prostaglandina, o oxido nítrico, também vão ter efeitos vasodilatadores. Estou aumentando a pressão capilar, portanto, aumentei a pressão efetiva de filtração, automaticamente eu estou aumentando a taxa de filtração glomerular. Se eu tiver uma contração da arteríola eferente, eu vou contrair a minha porta de saída, vou deixar o sangue mais tempo a nível dos capilares, portanto, eu aumento a pressão capilar. O objetivo é eu aumentar a taxa de filtração glomerular. Quem é capaz de contrair a eferente quando ocorre a necessidade? A angiotensina 2 librada localmente. Situação clínica: eu tenho um paciente que está com uma estenose bilateral da artéria renal. Se eu tenho essa estenose, eu estou diminuindo o volume de sangue da artéria renal, e automaticamente eu estou reduzindo pela arteríola aferente. Quando eu tenho essa redução do fluxo sanguíneo renal, automaticamente isso me leva a liberação de renina porque o meu objetivo é formar a angiotensina. Mas só que para formar essa renina, primeiro eu tenho a angiotensina 1 que tem que ser transformada na angiotensina 2. E nessa conversão da angio 1 para a angio 2, eu tenho uma enzima especifica, que é a ECA (enzima de conversão do angiotensinogenio). O que esse angio 2 vai fazer? Ele vai favorecer a contração da arteríola eferente. Por que eu quero contrair a eferente? Porque está entrando pouco sangue mas eu vou deixar o sangue mais tempo ali naquela área de filtração. Isso é importante para manter a taxa de filtração glomerular. O paciente que tem essa constrição da arterial renal, pode ser a formação de placa de ateroma, ele é um paciente hipertenso. Qual a primeira medicação para a hipertensão que protege a parte vascular? Inibidores da ECA. É o único mecanismode preservação renal. Então, se eu entender que a hipertensão dele pode estar relacionada a uma constrição bilateral da artéria renal, eu posso fazer um inibidor da ECA. PODE SER QUESTAO DE INTEGRADA!!! O que acontece no paciente que tem um câncer de próstata ou tem uma hipertrofia prostática benigna? Esse é um fator pós-renal. São situações que vão estar aumentando a pressão da área de saída da urina para os ureteres, a urina não sai, aumentando o volume a nível renal. Logo, eu tenho retenção de volume, automaticamente, isso está favorecendo um aumento da pressão da capsula de bowman. A mesma coisa acontece em pacientes com cálculos renais. Em pacientes com cálculos renais, aumenta a pressão, e vai aumentar a passagem daquele liquido para a capsula de bowman. → Autorregulacao da filtração glomerular: Constantemente a filtração glomerular pode estar mudando. Vai depender a ingestão de sódio, um indivíduo que bebe muita agua, ou um que bebe pouca agua, por exemplo, são situações que podem estar modificando a regulação do fluxo sanguíneo. Nós temos todo um mecanismo de auto-regulacao. Quando que está auto-regulacao vai estar acontecendo? É importante manter o fluxo sanguíneo renal para evitar uma lesão das células sanguíneas. Eu preciso fazer isso pra não ter modificação de fluxo sanguíneo renal que levariam a uma alteração estrutural de toda aquela parte Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 10 renal da membrana de filtração, que isso acontece porque a todo momento uma variação da pressão arterial. A nossa pressão arterial não é sempre igual. Quando ela aumenta, quando ela diminui, eu preciso dessa auto-regulacao. Eu tenho um mecanismo de feed-back, se é feedback é homeostático. É um feedback túbulo-glomerular. Esse feedback túbulo-glomerular é um feedback que acontece quando a pressão arterial aumenta e quando ela diminui porque eu tenho que preservar o fluxo sanguíneo renal. O mecanismo de feedback tem uma faixa de regulação. Essa faixa eu estou trabalhando com a pressão arterial media, que é calculada através da pressão diastólica mais a terça parte da pressão de pulso. A pressão de pulso é calculada pela pressão sistólica menos a pressão diastólica. Então, quando eu trabalho com a pressão arterial media, essa é a pressão que o pulso do sangue vai ficar mantido. Com a pressão arterial media, essa é a zona de autorregulacao. A gente observa que a pressão arterial é em torno de 60, 70, que eu começo a entrar na minha faixa de manutenção. A pressão arterial media está aumentando, eu já vou precisar fazer a autorregulacao desse fluxo sanguíneo. Existe um momento em que o túbulo distal, quando ele faz as convolucoes, ele tem uma parte que ele passa entre as duas arteríolas. Ai o túbulo distal fica próximo as duas arteríolas, formando então, o aparelho justaglomerular. Esse túbulo distal está passando entre a arteríola aferente e a arteríola eferente. Na proximidade das duas arteríolas, as células epiteliais se diferenciam, elas passam de cuboide para a forma colunar. Essas células passam a ter uma outra função, elas passam a ser sensíveis principalmente a concentrações de sódio, potássio e cloro, que está chegando a nível do túbulo distal. Elas correspondem as células sensoriais. Esse é o sensor que foi chamado de macula densa. Na arteríola aferente eu tenho as células justaglomerulares, que ficam próximas e vão tentar se comunicar com as células da macula densa. Ai está o segredo para a liberação de renina. Nesse aparelho, eu tenho as células do túbulo distal, que são sensoras de sódio, potássio, e cloro que estão chegando lá. As células mesangiais extraglomerulares produzem hormônios locais que podem controlar se eu vou aumentar ou diminuir a liberação de renina. E tem as células granulares da arteríola aferente, quando elas ficam bem próximas as células da macula densa, eu tenho muitos grânulos contendo a renina, ai que eu tenho a renina estocada. → Modulação da liberação da renina: Como as células da macula densa vão informar as células produtoras de renina que tem ou não tem que liberar a renina? As células estão próximas. Qualquer situação que diminua a chegada de sódio, cloro ou potássio nesse túbulo distal vai fazer com que eu tenha ativação de um simporte triplo, um transportador, que ao mesmo tempo coloca para dentro da célula sódio, cloro e potássio. Por isso que é um simporte ou cotransporte triplo. Esse transportador é chamado de NKCC2. Essa mesma proteína em outra localização é o local de atuação de diuréticos como a furosemida. O que faz a NKCC2? É como um gradiente de concentração. Se ele está vendo pouco sódio lá fora, ele transporta sódio, cloro e não interfere com o potássio. Se tem pouco lá fora, o gradiente de concentração vai fazer com que entre sódio e cloro. Automaticamente eu tenho uma careia em que essa concentração de sódio estimula a ciclo-oxigenase do tipo 2 (COX2) que é uma enzima que atua na produção de prostaglandina. A COX 2 normalmente é liberada pelas células inflamatórias, mas a nível renal ela é constitutiva. Então, quando eu tenho pouco sódio, eu estimulo toda aquela cascata do ácido aracdonico, e isso vai fazer com que eu tenha a formação de prostaglandina. Essa prostaglandina sai da célula da macula densa e vai interagir com receptores que estão presentes nas células justaglomerulares. Esse receptor de prostaglandina é metabotropico e está associado a proteína Gs. Tudo que está associado a proteína Gs leva a um efeito excitatório, que vai aumentar a concentração de AMPc. No que eu aumento o AMPc, isso favorece a entrada de cálcio, que vai levar a liberação de renina. Então, eu preciso de renina quando eu tenho pouco sódio chegando no túbulo distal? Se a pressão arterial diminui, diminui a entrada de sangue a nível renal. Ai secreta, reabsorve. Quando chega no túbulo distal, se entrou pouco, eu vou ter Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 11 pouco sódio. Qual dos mecanismos que tem que ser acionado quando a nossa pressão cai? O sistema renina-angiotensina-aldosterona. Se a pressão arterial caiu, eu diminui a pressão arterial de sódio. Se a pressão arterial aumentar, eu vou precisar liberar a renina? Com a pressão arterial elevada eu quero liberar volume, então, eu não posso ter essa renina para que não tenha angio e para que não tenha aldosterona. Logo, a concentração de sódio e cloro que chega no túbulo distal aumenta. O que acontece com o transporte desses íons pelo NKCC2? Transporta mais. Se eu agora aumentar o sódio e aumentar o cloro, eu não vou seguir essa via. Se eu aumentar eu vou ter a formação de adenosina (não sabemos qual o mecanismo que leva a formação dela). A adenosina que tem um efeito inibitório, seus receptores estão associados a Gi. Quando eu tenho a ativação de Gi eu bloqueio a formação do AMPc. Então, ela está inibindo a adenilil-ciclase. Então, a célula justaglomerular responde a prostaglandina, a adenosina, e também a adrenérgicos. Se eu quiser evitar o efeito beta 1, eu tenho que administrar um bloqueador beta 1, porque eu não quero liberar renina. → Controle da secreção de renina: O que pode aumentar a secreção de renina? Prostaglandina. Aumento do tônus simpático, se eu aumentar a atividade simpática eu vou ter a liberação de adrenalina que vai atuar em beta 1. E o barorreceptor porque em situações que eu tenho menor estiramento desse barorreceptor, automaticamente eu preciso secretar renina. Quando que eu tenho menor estiramento do sistema barorreceptor renal? Ele está sendo responsivo a pressão do sangue que está entrando pela artéria renal. Quando a pressão arterial cai eu preciso de renina- angiotensina-aldosterona, então quando a pressão cai também estimulaesse processo. Ocorreu uma queda da pressão arterial. A baixa concentração de sódio e cloro aumenta a expressão de COX 2. A COX 2 vai ter todo o mecanismo do ácido aracdonico que vai levar a formação de prostaglandina. Quando você tem prostaglandina? Quando você diminui sódio, que você vai está aumentando a expressão Daniele Longo FISIOLOGIA RENAL 12 de COX 2. Quando você tem estímulos, você aumenta o número de enzimas que vai estar metabolizando o ácido aracdonico que vai formar as prostaglandinas. Então, se a pressão arterial cai, eu reduzo o fluxo sanguíneo renal. Por reduzir esse fluxo, a pressão efetiva de filtração vai ficar baixa, com isso, vou estar diminuindo a pressão capilar de filtração. Quando eu diminuo a taxa de filtração glomerular, eu vou diminuir a chegada de sódio e cloro no túbulo distal. Com isso, diminui sódio e cloro, eu vou estar colocando menos sódio e menos cloro para dentro da célula da macula densa. Isso aumenta a atividade da COX 2, ai eu formo prostaglandina. Ai a prostaglandina vai pra célula do aparelho justaglomerular, e ela atua em receptores que estão associados a proteína Gs. Se ela vai ativar Gs, o nível de renina aumenta. Então, automaticamente, isso vai estar aumentando a angio 2. Essa angio 2 vai fazer a contração da arteríola aferente. Vou contrair o meu sistema de saída. O sangue vem pouco, fica mais tempo ali e com um volume maior nos capilares glomerulares. Aquela taxa de filtração que estava baixa, ela começa a normalizar. Isso é um feedback. Essa prostaglandina contraiu a eferente, mas ela dilatou a aferente. Ela é benéfica para a formação da angio 2. A porta de entrada abriu e eu fechei a porta de saída. Isso favorece o aumento da taxa de filtração glomerular. Se eu tiver aumento da pressão arterial, o fluxo sanguíneo renal fica aumentado. Se eu aumentar o fluxo sanguíneo renal, eu aumento a pressão efetiva de filtração. Quando eu aumento a pressão efetiva de filtração, eu aumento a taxa de filtração glomerular. A concentração de sódio e de cloro aumenta. O NKCC2 transporta muito sódio para dentro da célula. Quando entra muito sódio dentro da célula, automaticamente a adenosina que vai ser liberada. Quando aumenta a pressão arterial, essa adenosina vai na célula da macula densa, e libera menos renina. Menos renina, menos angio 2, automaticamente a arteríola eferente relaxa. A taxa de filtração que estava alta vai reduzir. E ao mesmo tempo essa adenosina vai fazer contração da aferente. TEM QUE SABER PARA O TESTE!!! Isso está relacionado com o uso de medicamentos. → Clearance: Quando eu quero avaliar se a taxa de filtração glomerular esta aumentada ou diminuída, eu só tenho um jeito de fazer isso, que é pelo clearance, que é a taxa de depuração. Esse clearance, sempre fica uma concentração urinaria, ou de uma substancia que geralmente é eliminada pela urina, pelo volume de urina, normalmente usamos o volume de 24 horas, e pela concentração plasmática dessas substancias a nível urinário. Assim, através do clearance eu posso saber como está a taxa de filtração glomerular. Ai tem o clearance da creatinina, em que a gente vai pegar a creatinina em 24h, a gente vai precisar do volume urinário, e a concentração de creatinina no plasma. 24h eu vou estar trabalhando com 1.440 minutos. O clearance da creatinina não é o melhor, mas acaba sendo utilizado. A gente tem que ter uma faixa que seria o normal para ambos e fazer todo um reajuste de acordo com a idade. Nós temos também que lembrar que esse clearance da creatinina dá um pouquinho a mais do que o esperado, porque parte da creatinina consegue ser secretada, foi muito necessário ter uma medida adequada, eu tenho que inibir os transportadores que fazem a secreção de creatinina. Nós temos também o clearance da inulina. Ele é difícil de ser feito, tem que ter um profissional muito experiente, ele é muito mais caro, mas é vantajoso porque a inulina só é filtrada. Ela não é secretada e nem reabsorvida.
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