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1 GABRIELA CARVALHO ABREU 1 Resumo de Fisiologia FUNÇÕES PULMONARES Realizar trocas gasosas eliminar gás carbônico e captar gás oxigênio. Endócrina pulmão produz a ECA (enzima conversora de angiotensina), que participa do sistema renina-angiotensina- aldosterona, que regula a pressão arterial à longo prazo e principalmente tem a função de inativar a bradicinina que é um mediador inflamatório que realiza a broncodilatação. O uso de inibidores da ECA podem aumentar a bradicinina, o que levará a um processo irritativo no pulmão desencadeando tosse como efeito adverso. Reserva sanguínea situações de hipovolemia e pressão arterial baixa. Imunológica presença de macrófagos. Filtração venosa/partículas estranhas age nas vias aéreas superiores e remove partículas estranhas devido ao sistema mucociliar (remove ou retém). Pulmão também é um filtro venoso. ESTRUTURA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório inclui os pulmões e a série de vias aéreas que conectam os pulmões ao ambiente externo. As estruturas do sistema respiratório são subdivididas na zona de condução (ou vias aéreas de condução), que traz o ar para dentro e para fora dos pulmões, e na zona respiratória revestida com os alvéolos, onde ocorrem as trocas gasosas. 2 GABRIELA CARVALHO ABREU 2 Resumo de Fisiologia Zona condutora: A zona de condução inclui nariz, nasofaringe, laringe, traqueia, brônquio principal, brônquio lobar, bronquíolos segmentares e bronquíolos terminais. Essas estruturas funcionam levando ar para dentro e para fora da zona respiratória onde ocorre a troca gasosa com aquecimento, umidificação e filtragem do ar. Logo, apenas conduzem o ar até os locais onde efetivamente a troca gasosa ocorre. A traqueia é a principal via condutora aérea. Ela se divide em dois brônquios, um para cada pulmão, que se dividem em brônquios menores. As vias de condução aérea são revestidas por células secretoras de muco e células ciliadas, que atuam na remoção de partículas inaladas. Embora partículas grandes geralmente sejam filtradas no nariz, pequenas partículas podem penetrar nas vias aéreas, onde são captadas por muco sendo então levadas para cima pelo batimento rítmico dos cílios. As paredes das vias condutoras aéreas contêm músculo liso. Esse músculo liso recebe inervação tanto simpática quanto parassimpática, com efeitos opostos sobre o diâmetro das vias aéreas. 1. Neurônios simpáticos adrenérgicos ativam receptores β2 na musculatura brônquica lisa que causa relaxamento e dilatação das vias aéreas. Além disso, o que é mais importante, esses receptores β2 são ativados por epinefrina circulante liberada pela medula suprarrenal e pelos agonistas β2 adrenérgicos como o isoproterenol. 2. Neurônios parassimpáticos colinérgicos ativam receptores muscarínicos, causando contração e constrição das vias aéreas. Mudanças no diâmetro das vias condutoras aéreas resultam em alterações na sua resistência, o que produz mudanças no fluxo de ar. Dessa forma, os efeitos do sistema nervoso autônomo sobre os diâmetros das vias aéreas têm efeitos previsíveis sobre a resistência das vias aéreas e do fluxo de ar. Os efeitos mais notáveis são os dos agonistas β2- adrenérgicos que são usados para dilatar as vias aéreas no tratamento da asma e assim reduzir a resistência por aumentar o diâmetro da via. Zona respiratória: A zona respiratória inclui as estruturas revestidas com os alvéolos e, dessa forma, participam das trocas gasosas: os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares e os sacos alveolares. Os bronquíolos respiratórios são estruturas de transição. À semelhança das vias aéreas, eles possuem cílios e musculatura lisa, mas são 3 GABRIELA CARVALHO ABREU 3 Resumo de Fisiologia considerados parte da região de trocas gasosas porque brotam ocasionalmente alvéolos de suas paredes. Os ductos alveolares são completamente revestidos com alvéolos, mas não contêm cílios e apenas muito pouca musculatura lisa. Os ductos alveolares terminam nos sacos alveolares, que também são revestidos por alvéolos. Os alvéolos são evaginações, na forma de sacos, das paredes dos bronquíolos respiratórios, dos ductos alveolares e dos sacos alveolares. As trocas de oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2) entre o gás alveolar e o sangue do capilar pulmonar podem ocorrer, rápida e eficientemente, através dos alvéolos, porque as paredes alveolares são delgadas (finas), tendo grande área de superfície para a difusão, principalmente porque o pulmão possui milhões de alvéolos que aumentam exponencialmente a superfície para as trocas gasosas. Obs: redução da parede dos alvéolos reduz a superfície de trocas gasosas, isto levará a perda de função enfisema pulmonar As paredes alveolares são circundadas com fibras elásticas e por células epiteliais, chamadas pneumócitos (ou células alveolares) tipo I e tipo II. Os pneumócitos tipo II sintetizam o surfactante pulmonar (necessário para a redução da tensão superficial dos alvéolos) e têm capacidade regenerativa para os pneumócitos tipo I e tipo II evita colabamento de alvéolos menores. Os alvéolos contêm células fagocíticas denominadas macrófagos alveolares. Os macrófagos alveolares mantêm os alvéolos livres de poeira e de refugos celulares, já que os alvéolos não contêm cílios para executar essa função. Os macrófagos se enchem com o refugo e migram para os bronquíolos, onde os batimentos dos cílios transportam esse refugo para as vias aéreas superiores e faringe, quando podem ser deglutidos ou expectorados. O pulmão possui alvéolos de diferentes tamanhos. Entre dois alvéolos de tamanhos diferentes, o que tiver maior raio, terá a menor pressão. Quando o ar entrar nos pulmões ele se desloca do que tem mais pressão para o que possui menos pressão. Assim, se fosse desta forma alvéolos menores não poderiam ser aerados, mas graças ao surfactante ocorrem reduções das tensões o que faz com que o ar se distribua igualmente. 4 GABRIELA CARVALHO ABREU 4 Resumo de Fisiologia Fluxo Sanguíneo (Circulação Pulmonar): O fluxo sanguíneo pulmonar é o débito cardíaco do lado direito do coração. Ele é ejetado do ventrículo direito e levado para os pulmões pela artéria pulmonar. As artérias pulmonares se ramificam em artérias progressivamente menores e cursam com os brônquios na direção das zonas respiratórias. As menores artérias se dividem em arteríolas e, daí, em capilares pulmonares, que formam densas redes ao redor dos alvéolos. Devido a efeitos gravitacionais, o fluxo sanguíneo pulmonar não é distribuído uniformemente nos pulmões. Quando a pessoa está em postura ortostática, o fluxo sanguíneo é menor no ápice (parte superior) e maior na base (parte inferior) dos pulmões. Quando a pessoa está supina (deitada de costas), esses efeitos gravitacionais desaparecem. Como que todo o sangue chega ao pulmão sendo que ele tem baixa pressão? o A sistólica é 20mmHg e a diastólica é 3mmHg, forças que são muitos baixas se comparadas ao VE, contudo é possível que todo o sangue chegue ao pulmão, pois capilares pulmonares tem baixas resistências a situações normais, assim o coração direito consegue perfundir com facilidade o pulmão. A circulação pulmonar é dupla, logo podem também realizar a circulação brônquica que é o suprimento sanguíneo para as vias condutoras aéreas (que não participam nas trocas gasosas, só chega até o bronquíolo terminal) e é fração muito pequena do fluxo sanguíneo pulmonar total (a perfusão é menor se comparada a do VD). Isto se faz através de um ramo direto da aorta. Volumes pulmonares: Os volumes estáticos dos pulmões são medidos por espirometria. Tipicamente, o sujeito fica sentado e respira para dentro e para fora do espirômetro, deslocandosua cúpula. O volume deslocado é registrado sobre papel calibrado. Respiração normal: volume corrente – 500ml, e inclui o volume de ar que preenche os alvéolos somado ao volume de ar que preenche as vias aéreas. É basicamente o volume que entra e sai dos pulmões em uma respiração normal VC O volume adicional que pode ser inspirado além do volume corrente é chamado volume inspiratório de reserva VRI, 5 GABRIELA CARVALHO ABREU 5 Resumo de Fisiologia aproximadamente, 3.000 mL. É basicamente o volume de ar que se acomodou a mais nos pulmões. O volume adicional que pode ser expirado aquém do volume corrente é chamado de volume expiratório de reserva VRE, aproximadamente, 1.200 mL. O volume restante de gás nos pulmões, após expiração forçada máxima é o volume residual (VR), aproximadamente, 1.200 mL e não pode ser medido por espirometria. Capacidades pulmonares: Capacidade inspiratória: volume corrente + volume inspiratório de reserva – 3500ml (VRI + VC) Capacidade funcional residual: (volume de equilíbrio) volume expiratório de reserva + volume residual – 2400ml (VRE + VR) Capacidade vital: capacidade inspiratória máxima + volume expiratório de reserva – 4700ml; volume que pode ser expirado após inspiração máxima (VRI + VC + VRE) Capacidade pulmonar total: inclui todos os volumes pulmonares – 5900ml (VRI + VC + VRE + VR) Espaço morto: Espaço morto é o volume das vias aéreas e pulmões que não participa nas trocas gasosas. O espaço morto é termo geral que se refere tanto ao 6 GABRIELA CARVALHO ABREU 6 Resumo de Fisiologia espaço morto anatômico das vias aéreas condutoras quanto ao espaço morto funcional, ou fisiológico Anatômico O espaço morto anatômico é o volume das vias condutoras aéreas, incluindo o nariz (e/ou boca), traqueia, brônquios e bronquíolos. Ele não inclui os bronquíolos respiratórios e alvéolos. O volume das vias aéreas condutoras é de cerca de 150 mL. Assim, por exemplo, quando o volume corrente de 500 mL é inspirado, o volume total não alcança os alvéolos para as trocas gasosas. Os 150 mL preenchem as vias condutoras aéreas (o espaço morto anatômico, onde nenhuma troca gasosa ocorre), e 350 mL preenchem os alvéolos. O restante do volume corrente (150 mL) não chega até o alvéolo, mas permanece nas vias de condução aérea, esse ar não participará na troca gasosa e será o primeiro ar a ser expirado. Fisiológico ou Funcional Volume total dos pulmões que não participa das trocas gasosas. Inclui espaço morto anatômico mais o espaço funcional, são os alvéolos que não participam da troca gasosa, desencontro/desequilíbrio entre ventilação e perfusão. Existem regiões do pulmão que não eliminam gás carbônico, isto ocorre, pois para cada alvéolo existe uma rede de capilares que os envolve e por meio da membrana alvéolo-capilar é que ocorrem as trocas gasosas, 7 GABRIELA CARVALHO ABREU 7 Resumo de Fisiologia em condições normais, a relação ventilação-perfusão é igual, só que isto não ocorre em todo o pulmão. O espaço morto fisiológico é igual ao espaço anatômico Estimativa do volume do espaço morto fisiológico: 𝑉𝑚 = 𝑉𝑐 𝑥 𝑃𝑎𝐶𝑜2 − 𝑃𝑒𝐶𝑂2 𝑃𝑎𝐶𝑂2 Se o espaço morto fisiológico for zero, então PECO2 (pressão parcial do ar expirado) = PACO2; se houver espaço morto presente, a PECO2, será diluida pelo espaço morto, e será menor que PACO2 (pressão de CO2 alveolar). O ar alveolar está em equilibrio com o sangue dos capilares pulmonares, ou seja, PCO2 do sangue arterial sistêmico é igual a do alveolar. Se o espaço morto é igual o volume corrente, não há troca gasosa. Equação da ventilação: A intensidade de ventilação é o volume de ar movido para dentro e para fora dos pulmões por unidade de tempo. A intensidade da ventilação pode ser expressa tanto como a ventilação minuto, que é a intensidade total de ar movido para dentro e para fora dos pulmões, ou a ventilação alveolar, que a corrige para espaço morto fisiológico. Para calcular a ventilação alveolar, o espaço morto fisiológico deve primeiro ser medido, o que envolve a amostragem do sangue arterial sistêmico. VA = (VC – VM) x FR (respirações por minuto) VT = VC x FR { FR=12-18resp/min; 150ml Vm; 500ml Vc} Exemplo: Homem com volume corrente de 550 mL está respirando na frequência de 14 respirações/min. A Pco2, em seu sangue arterial, é 40 mmHg, e a Pco2, no seu ar expirado, é 30 mmHg. Qual é sua ventilação minuto? Qual sua ventilação alveolar? Que porcentagem de cada volume corrente atinge os alvéolos funcionais? Que porcentagem de cada volume corrente é espaço morto? 8 GABRIELA CARVALHO ABREU 8 Resumo de Fisiologia Resolução: VA= (550 – 138) x 14 = 5768 ml/min VT= 550 x 14 = 7700 ml/min Se o volume corrente é 550 mL e o espaço morto fisiológico é 138 mL, então, o volume de ar fresco que alcança os alvéolos funcionais, a cada respiração, é 412 mL (550 - 138), ou 75% de cada volume corrente. O espaço morto é consequentemente, 25% de cada volume corrente. Se a produção de CO2 for constante, então PAco2 será determinada pela ventilação alveolar. Aumentos na ventilação pulmonar provocam decréscimos da PAco2. Se durante atividade física a produção de CO2 duplicar, duplica-se também a ventilação pulmonar afim de manter PAco2 constante. Volumes expiratórios forçados: Capacidade vital forçada (CVF) é o volume total de ar que pode ser forçadamente expirado após inspiração máxima. O volume de ar que pode ser forçadamente expirado, no primeiro segundo, é chamado VEF1. De modo semelhante, o volume cumulativo, expirado após 2 segundos, é chamado de VEF2, e o volume cumulativo expirado após 3 segundos é chamado VEF3. Normalmente, a capacidade vital pode ser forçadamente expirada em 3 segundos, então, não há necessidade para uma “VEF4”. 9 GABRIELA CARVALHO ABREU 9 Resumo de Fisiologia TESTE DE FUNÇÃO PULMONAR (ESPIROMETRIA) F = VEF1/CVF Pessoa normal: VEF1/CVF é cerca de 0,8, o que significa 80% da capacidade vital (ar mobilizado) que pode ser expirado de modo forçado no primeiro segundo. Asma: CVF e VEF1 estão diminuidos, mas VEF1 diminui mais. (aumento da resistência do fluxo expiratório); dificuldade para expirar; VEF = 1,3 e CVF =3,1 F=42%. A asma assim como a DPOC são doenças pulmonares obstrutivas, onde ocorre aumento da resistência das vias aéreas (obstrução das mesmas, dificultando o fluxo de ar para os pulmões). Fibrose: CVF e VEF1 estão diminuidos, mas VEF1 diminui menos; VEF = 2,8 e CVF = 3,1 F=90%. Isto é um caso de doença pulmonar restritiva, no qual vai haver enrijecimento do pulmão (dificulta a expansão e retração). Pulmão fica restrito e não apresentará complacência normal. Na fibrose pulmonar a CVF é basicamente normal, pois consegue-se manter a capacidade expiratória forçada, o que não ocorre na asma e na DPOC. MECÂNICA DA RESPIRAÇÃO Músculos da respiração: Cavidade torácica: bomba para troca de ar Bulbo: controle dos músculos da parede torácica 10 GABRIELA CARVALHO ABREU 10 Resumo de Fisiologia Quando o tórax expande – inspiração (ativa) – pressão interna diminui em relação à pressão atmosférica permite a entrada de ar. Músculos: diafragma, intercostais externos, escalenos e ECM. o Diafragma usado em situações normais. Quando o diafragma contrai, ele puxa o pulmão para baixo (estica o pulmão verticalmente e assim aumenta a altura interferindo no volume). E também na contração, o pulmão aumenta a área da base e assim ela fica maior aumentando o volume. o Músculos intercostais externos movimento alça de balde, movimente para frente e para cima, aumentando o diâmetroantero-posterior e assim afetando o volume. o Escalenos e ECM participam da inspiração forçada Expiração no repouso é passiva pela presença do componente elástico, em situações normais não tem auxílio de nenhuma musculatura – maior pressão interna ar tende a sair. Forçada: abdominais (reto, oblíquos, tranversos), intercostais internos. Todos os músculos atuam comprimindo o diafragma. PROPRIEDADES ELÁSTICAS DO PULMÃO Complacência: Distensibilidade do sistema Elastância: capacidade de elasticidade do sistema. Quanto maior a elastância, menor a complacência Mudança de volume decorrente de uma alteração na pressão Complacência dos pulmões: Todas as estruturas do pulmão (vasos, bronquíolos, alvéolos, etc.) encontram-se interligadas por uma trama de tecido conjuntivo pulmonar, de sorte que, quando há insuflação todos esses componentes se distendem. É a INTERDEPENDÊNCIA, que contribui para manter todos os alvéolos abertos. Além das propriedades elásticas dos tecidos pulmonares, os pulmões ainda apresentam um importante fator que contribui para suas características elásticas: a TENSÃO SUPERFICIAL do líquido que recobre as zonas de trocas, denominado SURFACTANTE. O pulmão é distendido com pressão negativa externa, e depois esvaziado pela redução dessa pressão negativa, seguida de desinsuflação. A sequência de inflação seguida pela desinflação produz a curva pressão-volume. A inclinação de cada membro da curva pressão-volume é a complacência do pulmão isolado. 11 GABRIELA CARVALHO ABREU 11 Resumo de Fisiologia Variável conforme o momento do ciclo respiratório. É diferente na inspiração e na expiração (histerese) na inspiração tem que romper/superar algumas forcas de tensão superficial do líquido que reveste o pulmão. E na expiração estas forças já estão rompidas e assim a complacência na expiração é maior. Ao final da inspiração é mais difícil modificar o volume pulmonar. Volumes próximos da normalidade, a complacência é maior e é mais fácil modificar o volume do pulmão. Surfactante facilita a distensibilidade pulmonar (aumenta a complacência), diminui o trabalho respiratório durante a expansão pulmonar e isola a parede do alvéolo para que em uma situação normal impeça o extravasamento de líquido capilar para o alvéolo. 12 GABRIELA CARVALHO ABREU 12 Resumo de Fisiologia Pressão Intrapleural (Pip): é a pressão no espaço pleural, ou seja, entre as duas pleuras. É subatmosférica. É sempre negativa, pois existe uma drenagem constante do líquido intersticial pelos ductos linfáticos, sendo no repouso –5cmH2O. Durante a expansão do pulmão a pressão intrapleural fica mais intensa e negativa, cerca de –7cmH2O (inspiração). Durante a expiração a pressão intrapleural, aumenta para -3cmH2O, esta pressão é sempre negativa nunca positiva. Pressão Alveolar (Palv): é a pressão no interior dos alvéolos. Sendo a responsável por manter a expansão pulmonar contra a parede torácica, evitando assim seu colabamento. No momento de repouso, ou seja, não se inspira nem expira a pressão alveolar é de 0cmH2O (sendo na realidade a pressão atmosférica). Durante a inspiração a caixa torácica se expande por causa da musculatura, o que expande também o pulmão, de acordo com as leis da física quando o volume de gás sofre um aumento súbito sua pressão diminui, assim durante a inspiração a pressão alveolar cai para cerca de –1cmH2O. Durante a expiração ocorre o oposto do descrito acima e a pressão aumenta para cerca de 1cmH2O. Pressão Transpulmonar (Ptp): é a pressão resultante (diferença) entre a pressão intrapleural e alveolar, sendo ela quem controla a quantidade de ar que entra ou sai do pulmão. Quanto maior a pressão transpulmonar maior a quantidade de ar que entra no pulmão. Histerese: inclinação da expiração e da inspiração é diferente, devido a tensão superficial da interface líquido-ar. As forças de moléculas de líquido são maiores que as de líquido-ar. Quanto menos tecido elástico, mais complacente, porém não consegue voltar ao normal. O pulmão enche mais facilmente em sua região basal do que apical, pois no movimento da expiração o pulmão nunca se esvazia por completo e o ar para sair do pulmão passa por último na região basal em direção aos bronquíolos, por conseguinte a região basal fica com mais ar que a apical após a expiração, e por isso o pulmão enche mais facilmente na região basal. 13 GABRIELA CARVALHO ABREU 13 Resumo de Fisiologia Tensão superficial dos alvéolos: O pequeno tamanho dos alvéolos apresenta problema especial para mantê-los abertos. Esse “problema” pode ser explicado como se segue: os alvéolos são revestidos internamente por delgada camada de líquido. As forças atrativas entre as moléculas adjacentes do líquido são mais fortes que as forças atrativas entre as moléculas do líquido e as moléculas do gás, nos alvéolos, o que cria a tensão superficial. Enquanto as moléculas do líquido são mantidas juntas por forças atrativas, a área da superfície se torna tão pequena quanto possível, formando uma esfera. A tensão superficial gera pressão que tende a colapsar essa esfera. A pressão gerada por tal esfera é dada pela lei de Laplace. Um grande alvéolo (grande raio), terá baixa pressão de retração e, portanto, necessitará apenas um mínimo de pressão para manter-se aberto. Entretando os alvéolos tem de ser os menores possíveis, para aumentar sua área superficial total. Esse conflito é resolvido pelo surfactante. 𝑃 = 2𝑇/𝑟 Lei de laplace: a pressão que tende a retrair um alvéolo é diretamente proporcional a tensão superficial gerada pelas moléculas de líquido que revestem o alvéolo e inversamente proporcional ao raio do alvéolo. Surfactante Mistura de fosfolipídios que revestem o alvéolo e reduzem sua tensão superficial. Ao reduzir a tensão superficial, o surfactante reduz a pressão colapsante para um determinado raio. Na figura o sem surfactante, a lei de Laplace prevê que os alvéolos menores irão colapsar (atelectasia). 14 GABRIELA CARVALHO ABREU 14 Resumo de Fisiologia Naquele com presença do surfactante, o mesmo raio pequeno irá permanecer aberto (inflado com ar) porque a pressão colapsante foi reduzida. O surfactante é sintetizado a partir de ácidos graxos pelas células alveolares do tipo II. Assim, quando o surfactante está presente, a tensão superficial e a pressão colapsante são reduzidas, e os pequenos alvéolos são mantidos abertos. O surfactante promove outra vantagem na função pulmonar: ele aumenta a complacência pulmonar, que reduz o trabalho de expansão dos pulmões durante a inspiração. Na síndrome do sofrimento respiratório neonatal, o surfactante está ausente. No feto em desenvolvimento, a síntese do surfactante se inicia até na 24ª semana gestacional e está quase sempre presente em torno da 35ª semana. Quanto mais prematuro nasce o bebê, menor a chance de o surfactante estar presente. Bebês nascidos antes da 24ª semana nunca terão surfactante, e aqueles nascidos entre a 24ª e a 35ª terão quantidade incerta de surfactante. As consequências para a falta do surfactante deveriam ser claras a essa altura: sem o surfactante, os pequenos alvéolos possuem tensão superficial e pressão aumentadas, e irão colapsar (atelectasia). Alvéolos colapsados não são ventilados e, assim, não podem participar nas trocas gasosas; consequentemente se desenvolve hipoxemia. Sem surfactante, a complacência pulmonar ficará diminuída, e o trabalho de inflar os pulmões, durante a respiração, estará aumentado. PROPRIEDADES ELÁSTICAS DA PAREDE TORÁCICA Complacência na parede torácica As vias aéreas condutoras são representadas por tubo único, e a região de trocas gasosasé representada por alvéolo único. O espaço intrapleural, entre os pulmões e a parede do tórax, é mostrado muito maior do que o tamanho normal. Assim como os pulmões, a caixa torácica é complacente. Sua complacência pode ser demonstrada pela introdução de ar no espaço intrapleural, que cria um pneumotórax. 15 GABRIELA CARVALHO ABREU 15 Resumo de Fisiologia Para compreender as consequências do pneumotórax deve-se, primeiro, lembrar que, normalmente, o espaço intrapleural tem pressão negativa (menor que a atmosférica). Essa pressão intrapleural negativa é criada por duas forças elásticas opostas atuando no espaço intrapleural: os pulmões, com suas propriedades elásticas, tendem a colapsar, e a caixa torácica, com suas propriedades elásticas, tende a se expandir. Quando essas duas forças opostas atuam no espaço intrapleural, é criada pressão, ou vácuo, negativa. Por sua vez, essa pressão intrapleural negativa se opõe à tendência natural dos pulmões de colapsar e da caixa torácica de se expandir. 16 GABRIELA CARVALHO ABREU 16 Resumo de Fisiologia Parece torácica + Pulmão = complacência diminui mais do que cada um isoladamente Isto ocorre, pois quando se tem apenas o pulmão a espessura que confere resistência é menor, assim a complacência é maior, contudo quando o pulmão está junto com a parede torácica a espessura se torna maior, assim fica mais difícil do pulmão se encher e a complacência diminuí. Parede torácica Pulmão 3) V < 75% CV 1) V= CRF 2) V < CRF SITUAÇÕES 1) Situações de equilíbrio onde tanto a forca de retração (contração) do pulmão se equivale a forca de expansão da parede torácica (V=CRF). Pulmão se retrai independente do volume que o pulmão se encontra. Já a parede torácica contraí ou se distende dependendo do momento do ciclo respiratório. 2) Pulmão sempre se retrai, contudo a parede torácica tem grande capacidade de expansão. O sistema então quer expandir (V<CRF). 3) Vai além da CRF. O pulmão tende a retrair muito e a parede torácica se retrai em V < 75% CV. Todo o sistema se retrai. Pneumotoráx: perfuração do espaço intrapleural, pressão do espaço iguala a da pressão atmosférica. Pressão torna-se zero. Não existe força oposta exercida pela pressão negativa. 17 GABRIELA CARVALHO ABREU 17 Resumo de Fisiologia Alterações da complacência pulmonar: Enfisema pulmonar: aumento da complacência. Perda de fibras elásticas. Isto ocorre, pois as fibras elásticas aumentam a rigidez do pulmão. Assim o pulmão perde a força de retração normal e a força de distensão da parede torácica passa a ser a de retração pulmonar, o que fará com que o pulmão tenha que atigir um volume maior para se igualar a força de expansão da parede torácica. Isto que formará o tórax em barril. Fibrose pulmonar: diminuição da complacência, rigidez dos músculos. Cicatrizes no pulmão e formação de tecido fibrótico e muito rígido, resultando em diminuição da complacência pulmonar. Assim a tendência do pulmão de retrair é muito maior, e a força de retração do pulmão passa a vencer a de expansão da parede torácica e para se atingir um volume de equilíbrio ele deverá ser em V < CRF para que as forças sejam equivalentes. O resultado é que o volume pulmonar em uma situação normal vai estar diminuído. Fluxo de ar, pressão e resistência: A relação entre o fluxo de ar, a pressão e a resistência nos pulmões é análoga à relação no sistema cardiovascular. O fluxo aéreo é análogo ao fluxo sanguíneo, pressões gasosas são análogas a pressões dos líquidos, e 18 GABRIELA CARVALHO ABREU 18 Resumo de Fisiologia a resistência das vias aéreas é análoga à resistência dos vasos sanguíneos. A seguinte relação é agora familiar: 𝑸 = ∆𝑷/𝑹 Tem-se fluxo quando possui diferença de pressão em 2 regiões e isto será dividido pela resistência que separa as duas. Ex: diafragma contrai e aumenta o volume dos pulmões. Com o aumento dos pulmões a pressão dentro deles diminui e a pressão externa aumenta em relação a interna. Isto possibilita a entrada do ar na via aérea. 𝑹 = 𝟖𝜼𝒍 𝝅𝒓𝟒 l= comprimento r=raio (o mais significativo) n=viscodidade do fluido O fluxo de ar é diretamente proporcional a diferença de pressão e inversamente proporcional a resistência das vias áereas. Os brônquios de tamanho médios são os locais de mais alta resistência. Alterações na resistência: o Estímulo parassimpático aumenta resistência o Estímulo simpático diminui a resistência o Altos volumes pulmonares diminuem a resistência Tipos de Fluxos Laminar velocidades baixas de fluxo Transicional velocidades intermediárias de fluxo Turbulento ocorre em elevadas velocidades de fluxo 19 GABRIELA CARVALHO ABREU 19 Resumo de Fisiologia Número de Reynolds prevê o tipo de fluxo em uma via aérea O padrão de fluxo predominante nas vias aéreas de aspecto geral é transicional, mas ao nível de brônquio principal e traquéia já é possível notar o fluxo turbulento e o fluxo laminar é observado nas vias aéreas terminais. Determinantes da Resistência 1) Volume Pulmonar 2) Musculatura Lisa Brônquica 𝑹 = 𝟖𝜼𝒍 𝝅𝒓𝟒 Qual seria o local de maior resistência das vias áereas? o Brônquios de médio calibre. Isso ocorre porque os brônquios terminais embora tenham maior pressão, por seu raio ser menor eles se unem uns aos outros formando uma grande área de secção. Volume Pulmonar Expande o pulmão e a via aérea também aumenta o seu calibre, o que faz com que haja uma diminuição da resistência das mesmas por uma redução na pressão. O contrário também ocorre aumentando a resistência por aumento da pressão na retração do pulmão. Musculatura Lisa Brônquica Ao se contrair ela diminui o calibre da via aérea, o que aumenta a resistência local. O controle desta musculatura é feito por: SNA principalmente o simpático o Receptores β2 receptores adrenérgicos (NE e adrenalina), promovem o relaxamento da musculatura, o que oferece menor resistência por aumentar o calibre, o que permite melhor fluxo aéreo. Obs: também apresentam fibras para o SNP (acetilcolina) efeito contrário ao simpático com aumento da resistência. CICLO RESPIRATÓRIO Ciclo respiratório é dividido em fases: repouso (o período entre respirações), inspiração e expiração. 20 GABRIELA CARVALHO ABREU 20 Resumo de Fisiologia Pressão transmural positiva: pressão de expansão Pressão transmural negativa: pressão de retração 21 GABRIELA CARVALHO ABREU 21 Resumo de Fisiologia Repouso Repouso é o período entre os ciclos respiratórios, quando o diafragma está na sua posição de equilíbrio. No repouso, nenhuma quantidade de ar está se movendo para dentro ou para fora dos pulmões. A pressão alveolar se iguala à pressão atmosférica, e como as pressões pulmonares são sempre referidas com relação à pressão atmosférica, a pressão alveolar é dita ser zero. Não existe fluxo de ar, no repouso, porque não existe diferença de pressão entre a atmosfera (boca ou nariz) e os alvéolos. No repouso, a pressão intrapleural é negativa, ou, aproximadamente, −5cmH2O. A razão para isto já foi explicada acima: as forças opostas dos pulmões tentando colapsar e as da caixa torácica tentando se expandir criam pressão negativa no espaço intrapleural entre elas. A pressão transmural, através dos pulmões, no repouso é +5cmH2O (pressão alveolar menos pressão intrapleural), o que significa que essas estruturas estarão abertas. O volume presente nos pulmões no repousoé o volume do equilíbrio ou CRF que, por definição, é o volume remanescente nos pulmões, após expiração normal. Inspiração Durante a inspiração, o diafragma se contrai, fazendo com que o volume do tórax aumente. Enquanto o volume pulmonar aumenta, a pressão nos pulmões deve diminuir (lei de Boyle diz que P × V é constante a qualquer temperatura). Na metade do processo da inspiração, a pressão alveolar cai abaixo da pressão atmosférica (−1cmH2O). O gradiente de pressão, entre a atmosfera e os alvéolos, estimula o fluxo aéreo para o interior do pulmão. O ar flui para dentro dos pulmões até que, ao final da inspiração, a pressão alveolar fica novamente igual à pressão atmosférica. O volume de ar inspirado em uma respiração é o volume corrente (Vc), que é, aproximadamente, 0,5 L. Assim, o volume, presente nos pulmões, ao final da inspiração normal, é a capacidade residual funcional mais um volume corrente (CRF + VC). Durante a inspiração, a pressão intrapleural fica, até mesmo, mais negativa do que no repouso. Existem duas explicações para esse efeito: 1) Enquanto o volume pulmonar aumenta, a pressão de recolhimento elástico dos pulmões também aumenta e puxa mais fortemente contra o espaço intrapleural. 2) As pressões das vias aéreas e alveolar se tornam negativas. Juntos, estes dois efeitos fazem com que a pressão intrapleural fique mais negativa, ou, de cerca de −7cmH2O, ao final da inspiração. A extensão na 22 GABRIELA CARVALHO ABREU 22 Resumo de Fisiologia qual a pressão intrapleural muda de pressão, durante a inspiração, pode ser usada para estimar a complacência dinâmica dos pulmões. Expiração Normalmente, a expiração é um processo passivo. A pressão alveolar fica positiva (maior que a pressão atmosférica), porque as forças elásticas dos pulmões comprimem o maior volume de ar nos alvéolos. Quando a pressão alveolar aumenta, acima da pressão atmosférica, o ar flui para fora dos pulmões, e o volume nos pulmões retorna para a CRF. O volume expirado é o volume corrente. Ao final da expiração todos os volumes e pressões retornam aos seus valores de repouso, e o sistema está pronto para iniciar o próximo ciclo respiratório. Expiração Forçada Pressão dos pulmões e vias áereas mais positivos; enquanto a pressão transmural for positiva, as vias aereas e os pulmões permaneceram abertos. A expiração será rápida e forçada, pois o gradiente de pressão entre os alvéolos e a atmosfera é muito maior que o normal. DPOC – a expiração forçada pode fazer com que as vias áereas colapsem, a complacência pulmonar está aumentada devido a perda de fibras elásticas, a pressão intrapleural se eleva até o valor encontrado em uma pessoa normal, no entanto P alveolar e das vias áereas é menor, P transmural permance positiva, porém as grandes vias áereas se retraem, pois P transmural se reverte. Expiração lenta. TROCAS GASOSAS 23 GABRIELA CARVALHO ABREU 23 Resumo de Fisiologia As trocas gasosas no sistema respiratório se referem à difusão do O2 e do CO2 nos pulmões e nos tecidos periféricos. O O2 é transferido do gás alveolar para o sangue capilar pulmonar e, em última instância, entregue aos tecidos, onde se difunde do sangue capilar sistêmico para dentro das células. O CO2 é entregue dos tecidos ao sangue venoso, para o sangue capilar pulmonar, sendo transferido para o gás alveolar para ser expirado. Leis dos Gases A pressão dos gases é determinada pelo impacto constante das moléculas em movimento contra uma superfície. É proporcional ao número de moléculas. Os gases dissolvidos na água ou nos tecidos do corpo exercem pressões, visto que apresentam movimento aleatório – energia cinética. Lei de Boyle A lei de Boyle é um caso especial da lei geral dos gases. Ela diz que, em dada temperatura, o produto da pressão X volume para um gás é constante. Relembre os eventos que ocorrem durante a inspiração, quando o diafragma se contrai para aumentar o volume pulmonar: para manter o produto da pressão vezes o volume constante, a pressão do gás nos pulmões deve diminuir. Lei das pressões parciais de Dalton A pressão parcial de um gás em uma mistura gasosa é a que ela exerceria se ocupasse o volume total da mistura. A soma das pressões parciais de todos os gases em uma mistura equivale à pressão total da mistura. Assim, a pressão barométrica (PB) é a soma das pressões parciais de O2, CO2, N2 e H2O. Patm=PO2+PCO2+PN2+PV(gás) 24 GABRIELA CARVALHO ABREU 24 Resumo de Fisiologia Lei das concentrações dos gases dissolvidos de Henry Cálculo da concentração do gás na fase líquida – no equilíbrio, a P parcial de um gás na fase líquida é igual a P na fase gasosa. Exemplo de problema Se a Po2 do sangue arterial for 100mmHg, qual é a concentração do O2 dissolvido no sangue, dado que a solubilidade do O2 é 0,003 mL/O2/100mL sangue/mmHg? Solução Para calcular a concentração do O2 dissolvido no sangue arterial, simplesmente, multiplique a Po2 pela solubilidade como segue: Difusão de Gases – Lei de Fick A difusão de gases entre os alvéolos e o sangue obedece às regras da difusão simples. A taxa de difusão através das membranas é diretamente proporcional ao gradiente de pressão parcial (concentração). A taxa de difusão através das membranas é diretamente proporcional à superfície de área disponível. A taxa de difusão através das membranas é inversamente proporcional à espessura da membrana. A difusão é mais rápida em distâncias curtas. 25 GABRIELA CARVALHO ABREU 25 Resumo de Fisiologia A pressão parcial de um gás é determinada não só por sua concentração como também pelo seu Coeficiente de Solubilidade. 𝑉 = ∆𝑃𝑥𝐴𝑥𝐷/𝐸 V=volume do gás transferido D=coeficinte de difusão A=área E=espessura da membrana P=diferença de pressão O coeficiente de difusão do CO2 é aproximadamente 20 vezes maior que de O2. Capacidade de difusão pulmonar: combina os coeficientes anteriores. o Enfisema: diminui (menor área de superfície) o Fibrose e edema: diminui (aumenta da distância de difusão) o Exercício: aumenta (mais capilares são perfundidos com sangue, o que aumenta a área de superfície para trocas gasosas) Formas dos gases em solução Todos os gases, são em parte transportados, em solução. Quanto maior sua solubilidade, maior sua concentração na solução, só o gás dissolvido contribui para pressão parcial. Obs: N2 é transportado apenas dissolvido. Gás ligado: O2 e CO2 e CO–hemoglobina Gás quimicamente modificado: HCO3- Após os alvéolos serem ventilados com ar fresco, a próxima etapa no processo da respiração é a difusão do O2 dos alvéolos para o sangue e do CO2 no sentido oposto, do sangue para os alvéolos. Esta troca ocorre nas membranas respiratórias por meio de difusão, ou seja, tanto O2 quanto o CO2 passam do meio mais concentrado para um meio menos concentrado. Como se pode perceber tanto O2 quanto CO2 tem um sentido oposto durante a difusão. Ventilação Normal: 4,2 L/min. Hiperventilação é o aumento da quantidade de ar que ventila os pulmões, devido a causas muito variadas, como p.ex. exercício físico, febre, hipóxia etc., podendo traduzir-se em alcalose. Aumenta a excreção de CO2. 26 GABRIELA CARVALHO ABREU 26 Resumo de Fisiologia Hipoventilação ocorre quando a ventilação é inadequada para realizar a troca de gases nos pulmões. Aumenta a captação de CO2 O ar alveolar não apresenta de modo algum as mesmas concentrações gasosas do ar atmosférico, pois: O ar alveolar é substituído parcialmente por ar atmosférico a cada respiração. O O2 está constantemente sendo absorvido dos alvéolos para o sangue. O CO2 esta em difusãoconstante do sangue para os alvéolos. A velocidade de renovação do ar alveolar pelo ar atmosférico ocorre de maneira muito lenta. Esta renovação lenta do ar é importante para evitar: Alterações súbitas da concentração de gases no sangue. Evitar o aumento ou diminuição excessiva na oxigenação dos tecidos. Alterações súbitas da concentração de CO2 tecidual. Alterações excessivas do pH do sangue e tecidos, quando a respiração é interrompida Concentração e pressão de O2 nos alvéolos: É controlado em 1° lugar pela velocidade de absorção de O2 pelos capilares. É controlado em 2° lugar pela velocidade da entrada do novo O2 para os pulmões pelo processo da ventilação. Concentração e pressão de CO2 nos alvéolos: O CO2 é continuamente formado no organismo, sendo também continuamente liberado nos alvéolos e a partir daí para fora do corpo. A concentração de CO2 no sangue é muito mais importante que a de O2. TROCAS GASOSAS LIMITADAS PELA DIFUSÃO As trocas gasosas, através da barreira alvéolo/capilar pulmonar, são descritas tanto como difusão-limitada quanto como perfusão-limitada. As trocas gasosas difusão-limitadas significam que a quantidade total de gás, transportada através da barreira alveolocapilar, é limitada por processos de difusão. Nesses casos, enquanto o gradiente de pressão parcial para o gás for mantido, a difusão continuará ao longo do comprimento do capilar. As trocas gasosas perfusão-limitadas significam que a quantidade 27 GABRIELA CARVALHO ABREU 27 Resumo de Fisiologia total do gás transportado, através da barreira alveolocapilar, é limitada pelo fluxo sanguíneo pelos capilares pulmonares. Nas trocas perfusão- limitadas, o gradiente de pressão parcial não é mantido e, nesse caso, a única maneira de aumentar a quantidade de gás transportado é aumentando o fluxo sanguíneo. Na figura, a linha vermelha contínua mostra a pressão parcial de um gás no capilar sanguíneo pulmonar (Pa) em função do comprimento ao longo do capilar. A linha verde tracejada no topo de cada painel fornece a pressão parcial do gás no ar alveolar (Pa). A área sombreada rosa fornece o gradiente de pressão parcial entre o gás alveolar e capilar sanguíneo ao longo do comprimento do capilar. Como o gradiente de pressão parcial é a força motriz para a difusão do gás, quanto maior for a área sombreada, maior será o gradiente e maior a transferência resultante do gás. Dois exemplos são mostrados: CO é gás difusão-limitado, e o óxido nitroso (N2O) é gás perfusão-limitado. O CO ou o N2O se difundem para fora do gás alveolar, em direção ao interior dos capilares sanguíneos, e, como resultado, a Pa para o gás aumenta ao longo do comprimento do capilar e se aproxima ou alcança o valor de Pa. Se o valor para Parterial alcança o valor de Palveolar, então, ocorreu completo equilíbrio. Uma vez ocorrido o equilíbrio, não existe mais força motriz para a difusão e, a não ser que o fluxo sanguíneo aumente as trocas gasosas cessarão. 28 GABRIELA CARVALHO ABREU 28 Resumo de Fisiologia Troca Gasosa Difusão-Limitada A troca gasosa difusão-limitada é ilustrada pelo transporte de CO, através da barreira alvéolo/capilar pulmonar. Ela é também ilustrada pelo transporte de O2, durante exercício extenuante, e em condições patológicas, como o enfisema e a fibrose. A pressão parcial de CO, no ar alveolar (PaCO), mostrada pela linha tracejada, é constante ao longo do comprimento do capilar. No início do capilar pulmonar, não existe CO no sangue, já que nenhum foi transferido do ar alveolar, e a pressão parcial de CO no sangue capilar (PaCO) é zero. Assim, no início do capilar, existe o maior gradiente de pressão para CO e a maior força motriz para difusão do CO do ar alveolar para o interior do sangue. Movendo-se ao longo do comprimento do capilar, enquanto o CO se difunde para o interior dos capilares sanguíneos pulmonares, a PaCO (pressão arterial de CO) começa a subir. No entanto, a PaCO aumenta apenas levemente ao longo do comprimento capilar, porque, no sangue capilar, o CO é avidamente ligado à hemoglobina dos eritrócitos. Quando o CO é ligado à hemoglobina, ele não fica livre em solução e, dessa forma, não está produzindo pressão parcial. Assim, a ligação do CO à hemoglobina mantém baixa a concentração do CO livre e a pressão parcial, mantendo eficazmente o gradiente para a difusão ao longo de todo o comprimento do capilar. Troca Gasosa Perfusão-Limitada As trocas gasosas perfusão-limitadas são ilustradas pelo N2O, mas também pelo O2 (sob condições normais) e pelo CO2. O N2O é usado como exemplo clássico das trocas gasosas perfusão-limitadas porque ele não está ligado a nada no sangue, mas inteiramente livre em solução. Como no exemplo do CO, supõe-se que a PaN2O seja constante e a PaN2O seja zero no início do capilar pulmonar. Dessa forma, existe gradiente de pressão parcial intenso para o N2O, entre o gás alveolar e o capilar sanguíneo, e o N2O rapidamente se difunde para o interior dos capilares sanguíneos. Como todo o N2O permanece livre no sangue, todo ele cria pressão parcial. Consequentemente, a pressão parcial do N2O no sangue capilar pulmonar aumenta rapidamente e é completamente equilibrada com o gás alveolar. Uma vez tendo ocorrido o equilíbrio, não existe mais gradiente de pressão parcial e, então, nenhuma força motriz para a difusão. Como ocorre o equilíbrio do N2O, o único modo de aumentar a difusão efetiva do N2O é aumentando o fluxo sanguíneo. Se mais sangue “novo” for levado ao capilar pulmonar, então, mais N2O total pode ser adicionado a ele. Assim, o fluxo sanguíneo, ou perfusão, determina, ou limita, a transferência efetiva do N2O descrita como perfusão limitada. 29 GABRIELA CARVALHO ABREU 29 Resumo de Fisiologia O Transporte Perfusão-Limitado e Difusão-Limitado de O2 Sob condições normais, o transporte de O2, para os capilares pulmonares é perfusão-limitado, mas sob certas condições (p. ex., fibrose ou exercício extenuante), ele é difusão-limitado. Transporte perfusão-limitado de O2. Nos pulmões de pessoa normal em repouso, a transferência de O2 do ar alveolar para os capilares sanguíneos é perfusão-limitada (embora não ao extremo como é o transporte perfusão-limitado do N2O). A é constante em 100 mmHg. No início do capilar, é 40 mmHg, refletindo a composição do sangue venoso misto. Existe intenso gradiente de pressão parcial para o O2, entre o ar alveolar e o capilar sanguíneo, que estimula a difusão do O2 para o interior do capilar. O gradiente de difusão é mantido, inicialmente, por causa da ligação do O2 com a hemoglobina, que mantêm a concentração de O2 livre e as pressões parciais baixas. Dessa forma, o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar (p. ex., durante exercício) aumenta a quantidade total de O2 transportada, e reduções no fluxo sanguíneo pulmonar diminuirão a quantidade total transportada. Transporte difusão-limitado de O2. Em certas condições patológicas (p. ex., fibrose) e durante exercício extenuante, a transferência de O2 se torna difusão-limitada. Por exemplo, na fibrose, a parede alveolar ficará mais espessa, aumentando a distância de difusão para os gases. Esse aumento da distância de difusão retarda a taxa da difusão do O2 e evita o 30 GABRIELA CARVALHO ABREU 30 Resumo de Fisiologia equilíbrio do O2 entre o ar alveolar e o sangue capilar pulmonar. Nesses casos, o gradiente de pressão parcial para O2 é mantido ao longo do comprimento total do capilar, convertendo-o em processo difusão- limitado, a transferência total de O2 ainda fica muito diminuída. Ao final do capilar pulmonar, o equilíbrio ainda não aconteceu; entre o ar alveolar e o sangue capilar pulmonar. O transporte de O2 nas altitudes elevadas. Ascenderà altitude elevada altera alguns aspectos do processo de equilíbrio do O2. Em altitudes elevadas, a pressão barométrica está reduzida e, com a mesma fração de O2 inspirado, a pressão parcial do O2, no gás alveolar, ficará também reduzida. Dessa forma, nas altitudes elevadas, o gradiente de pressão parcial para O2 fica muito reduzido, comparado ao nível do mar. Essa redução do gradiente de pressão parcial significa que a difusão do O2 será reduzida, o equilíbrio ocorrerá mais lentamente, ao longo do capilar, e o equilíbrio completo será alcançado em ponto mais tardio ao longo do capilar. O menor equilíbrio do O2, em altitude elevada, é exacerbado em pessoa com fibrose. O sangue do capilar pulmonar não atinge o equilíbrio ao final do capilar, resultando em valores para tão baixos, o que comprometerá seriamente a distribuição de O2 para os tecidos. TRANSPORTE DE O2 E CO2 NO SANGUE Após sua difusão dos alvéolos para o sangue pulmonar, o O2 é transportado principalmente pela hemoglobina dentro dos eritrócitos até capilares teciduais onde é liberado para ser utilizado pelas células. A presença de hemoglobina nos eritrócitos permite que o sangue transporte 30 a 100 vezes mais O2 de que sem sua presença, ou seja, O2 dissolvido no plasma. O CO2 faz o caminho inverso do O2, ele também se combina quimicamente no sangue o que aumenta seu transporte em cerca de 15 a 20 vezes. TRANSPORTE DE OXIGÊNIO PELO SANGUE O pH do sangue arterial é diferente do sangue venoso: Sangue arterial: 7,36 a 7,44 Sangue venoso: 7,44 a 7,46 Esses valores têm importância para o transporte de O2 que é muito pouco solúvel em H2O (plasma), sendo necessário uma proteína, a hemoglobina (Hb) para seu transporte. 31 GABRIELA CARVALHO ABREU 31 Resumo de Fisiologia Hemoglobina 4 polipeptídicas (2 α e 2 β) – HbA, HbF e HbS 4 grupos HEME (Protoporfirina e Ferro Ferroso Fe2+) Combinação com O2 (Oxiemoglobina) Dissociação com O2 (Deoxiemoglobina) Metemoglobina: Férrico (Fe3+) – Nitrito Carboxemoglobina: (HbCO) O2 dissolvido O O2 dissolvido é livre em solução e responde por, aproximadamente, 2% do conteúdo total de O2 no sangue. Relembre que o oxigênio dissolvido é a única forma de O2 que produz pressão parcial que, por outro lado, estimula a difusão de O2 (em contraste, o O2 ligado à hemoglobina não contribui para a pressão parcial no sangue). Nessa concentração, o O2 dissolvido é insuficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos. Oxiemoglobina Os 98% remanescentes do conteúdo total de O2 no sangue são reversivelmente ligados à hemoglobina no eritrócito. Quando a hemoglobina está oxigenada, ela é chamada oxiemoglobina; quando está desoxigenada, é chamada de desoxiemoglobina. Para as unidades se ligarem ao O2, o ferro, nos domínios heme, deve estar no estado ferroso (i.e., Fe2+). Existem muitas variantes da molécula de hemoglobina: Metemoglobina Se o componente ferro do domínio permanece no estado férrico, ou Fe3+ (em vez do estado normal Fe2+), a hemoglobina é chamada metemoglobina. A metemoglobina não se liga ao O2. A metemoglobinemia tem diversas causas, incluindo a oxidação do Fe2+ a Fe3+ por nitritos e sulfonamidas. Existe também variante congênita da doença na qual ocorre redução da metemoglobina redutase, enzima nos eritrócitos que, normalmente, mantém o ferro no seu estado reduzido. Hemoglobina fetal (hemoglobina F, HbF) Na hemoglobina fetal, as duas cadeias β estão substituídas por cadeias γ dando sua denominação de α2γ2. A consequência fisiológica dessa modificação é que a hemoglobina F tem maior afinidade por O2 do que a hemoglobina A, facilitando o movimento do O2 da mãe para o feto. A hemoglobina F é variante normal presente no feto, sendo substituída pela hemoglobina A no primeiro ano de vida. Hemoglobina S A hemoglobina S é variante anormal da hemoglobina que causa a anemia falciforme (siclemia). Na hemoglobina S, as 32 GABRIELA CARVALHO ABREU 32 Resumo de Fisiologia subunidades α são normais, mas as β são anormais, recebendo a denominação. Na forma desoxigenada, a hemoglobina S forma eritrócitos distorcidos, em formato de foice. Essa deformação pode resultar na oclusão de pequenos vasos sanguíneos. A afinidade por O2 da hemoglobina S é menor que a afinidade da hemoglobina A pelo O2. Capacidade de Ligação com O2 e Conteúdo de O2 Considerando que a maioria do O2 transportado no sangue é reversivelmente ligada à hemoglobina, o conteúdo de O2 no sangue é primeiro determinado pela concentração de hemoglobina e por sua capacidade de ligação ao O2. A capacidade de ligação ao O2 é a quantidade máxima de O2 que pode ser ligada à hemoglobina, por volume de sangue. Ou seja, A capacidade de ligação ao O2 é a quantidade máxima de O2 que pode ser ligada a hemoglobina por volume de sangue – 100% saturada. 1g de hemoglobina pode ligar-se a 1,34ml de O2, e a concentração normal no sangue é de 15g/100ml. Capacidade de ligação: 20,1ml O2/100ml. O conteúdo de O2 é a quantidade real de O2 por volume de sangue. Conteúdo de O2= (capacidade de ligação ao O2 x saturação) + O2 dissolvido. Causa de oxidação: nitritos/nitrato Exemplo de problema Homem anêmico tem uma concentração baixa de hemoglobina, de 10 g/100 mL de sangue. Na hipótese de que o paciente tenha pulmões normais e que os valores da PaO2 e da PaO2 sejam normais a 100 mmHg, qual é o conteúdo de O2 de seu sangue, e como esse valor se compara ao valor normal? Suponha que, para a concentração normal de hemoglobina de 15 g/100 mL, a capacidade de ligação de O2 seja 20,1 mL O2/100 mL de sangue, e que essa hemoglobina esteja 98% saturada à PaO2 de 100 mmHg. Solução Primeiro, calcule a capacidade de ligação do O2 (a máxima quantidade de O2 que pode ser ligado à hemoglobina) à concentração da hemoglobina de 10g/100 mL de sangue. É dado que na concentração normal de hemoglobina de 15g/100 mL, a capacidade de ligação é 20,1 mL O2/100 mL sangue. Assim, na concentração de hemoglobina de 10g/100 mL, a capacidade de ligação ao O2 é 10/15 do normal. Assim: 33 GABRIELA CARVALHO ABREU 33 Resumo de Fisiologia A seguir calcule a real quantidade de O2 combinado com hemoglobina, através da multiplicação da capacidade de ligação do O2 pela porcentagem de saturação. Assim: Por fim determine o conteúdo total de O2 pelo cálculo do O2 dissolvido à PaO2 de 100 mmHg e adicione a quantidade de O2 ligado à hemoglobina. A solubilidade do O2 no sangue é 0,003 mL O2/100 mL/mmHg. Desta forma: O conteúdo de O2 de 13,4 mL O2/100 mL sangue está gravemente diminuído. Compare esse valor ao conteúdo de 20,0 mL O2/100 mL sangue, calculado para a concentração normal de hemoglobina de 15 g/100 mL sangue e 98 % de saturação (O2 ligado é 20,1 mL O2/100 mL × 98% = 19,7 mL O2/100 mL, e o O2 dissolvido é 0,3 mL O2/100 mL. Então, o conteúdo normal total de O2 é a soma, ou 20,0 mL O2/100 mL sangue). Distribuição É determinada pelo fluxo de sangue e pelo conteúdo de O2 desse sangue Fluxo sanguíneo = débito cardíaco Conteúdo = 02 dissolvido + O2 ligado Distribuição de O2 = débito cardíaco x conteúdo de O2 no sangue 34 GABRIELA CARVALHO ABREU 34 Resumo de Fisiologia Curva de Dissociação da O2-Hemoglobina Como revisão, lembre que o O2 se combina, reversível e rapidamente, com hemoglobina, ligando-se aos grupos heme em cada uma das quatro subunidades da molécula de hemoglobina. Cada molécula de hemoglobina, então, tem a capacidade de se ligar a quatro moléculas de O2. Nessa configuração, a saturação é 100%. Se menos que quatro moléculas de O2 são ligadas aos grupos heme, então, a saturação é menor que 100%. A porcentagem de saturação da hemoglobinaé função da Po2 do sangue, como descrito pela curva de dissociação da O2-hemoglobina. A característica mais relevante dessa curva é seu formato sigmoide. Em outras palavras, a porcentagem de saturação dos sítios heme não aumenta linearmente quando a Po2 aumenta. Em vez disso, a porcentagem de saturação aumenta, de forma íngreme, quando a Po2 aumenta de zero até, aproximadamente, 40 mmHg, e ela então forma platô entre 50 e 100 mmHg. Alterações na curva Alterações na afinidade com mudança da P50 Podem ocorrer desvios sem variação da capacidade de ligação ao O2 Desvio para direita: diminuição da afinidade – aumento da P50 – saturação de 50% é atingida em um valor de PO2 maior que o normal - facilidade de descarga do O2 (diminui a afinidade) 35 GABRIELA CARVALHO ABREU 35 Resumo de Fisiologia o Aumento da atividade metabólica (aumenta Pco2 e diminui pH). o Aumento da temperatura o Aumento de 2,3 DPG o Grandes altitudes Desvio para esquerda – aumento da afinidade – decréscimo de P50 – descarga de 02 mais difícil o Monóxido de carbono: diminui a capacidade de ligação do O2 e provoca desvio para esquerda na curva; P50 diminui – O2 mais difícil de descarregar (aumento da afinidade) TRANSPORTE DE CO2 O CO2 se dissolve bem no sangue, com uma facilidade muito maior que o O2, consequentemente a pressão do CO2 será também bem menor que a do O2. Já a concentração de CO2 é muito maior que a de O2 (por isso sua concentração é mais importante que a de O2). As hemácias possuem a enzima anidrase carbônica que catalisa a reação H2O + CO2, que formará ácido carbônico que por sua vez se dissociará em íons bicarbonato HCO3-e H+ (todo este processo ocorre dentro da hemácia). 36 GABRIELA CARVALHO ABREU 36 Resumo de Fisiologia Na circulação parte de todo CO2 é transportado na forma de bicarbonato dentro da hemácia (maior parte), também na forma líquida no sangue e por último ligado a hemoglobina Hb-CO2 (carboxiemoglobina). O CO2 é transportado 7% dissolvido, 23% na hemoglobina e 70% como bicarbonato. Carbaminoeoglobina: 3% Relação ventilação/perfusão Fluxo sanguíneo pulmonar = débito cardíaco do coração direito, que é igual ao esquerdo. O fluxo sanguíneo no pulmão é diretamente proporcional ao gradiente de pressão entre a artéria pulmonar e o átrio esquerdo, e é inversamente proporcional a resistência dos vasos pulmonares; (Q=P/R). Regulação do fluxo sanguíneo pulmonar Vasoconstrição hipóxica: a diminuição da PaO2 produz vasocontrição; mecanismo de adaptação, reduzindo o fluxo sanguíneo do pulmão para áreas pouco ventiladas (fluxo dirigido para fora das regiões pouco ventiladas, onde a troca de gás não seria adequada, para regiões ventiladas, onde a troca é melhor) Quando a PAO2 é normal, o O2 se difunde dos alvéolos para células musculares lisas, mantendo as arteríolas relaxadas e dilatadas. Tromboxano A2: vasocontrição 37 GABRIELA CARVALHO ABREU 37 Resumo de Fisiologia Prostaciclinas: vasodilatador Leucotrienos: vasoconstritor Distribuição do fluxo sanguíneo pulmonar: Quando alguém esta deitado, o fluxo de sangue é quase uniforme,pois o pulmão está no mesmo nível gravitacional. Quando a pessoa esta em pé, os efeitos da gravidade não são uniformes, e o fluxo é menor no ápice e maior na base. Zona 1 Como resultado do efeito gravitacional, a pressão arterial (Pa) no ápice do pulmão pode ser menor que a pressão alveolar (Pa), que é, aproximadamente, igual à pressão atmosférica. Se a Parterial for menor que a Palveolar, os capilares pulmonares estarão comprimidos pela maior pressão alveolar por fora deles. Essa compressão fará com que os capilares se fechem, reduzindo o fluxo sanguíneo regional. Normalmente, na zona 1, a pressão arterial é a mínima suficiente para evitar esse fechamento, e a zona 1 é perfundida, embora sob intensidade baixa de fluxo. No entanto, se a pressão arterial for reduzida (p. ex., devido à hemorragia) ou se a pressão alveolar estiver aumentada (p. ex., por pressão inspiratória positiva), então, a Parterial será maior que a Palveolar, e os vasos sanguíneos serão comprimidos e fecharão. Sob essas condições, a zona 1 será ventilada mas não perfundida. Não pode haver trocas gasosas se não existir perfusão, e a zona 1 se tornará parte do espaço morto fisiológico. 38 GABRIELA CARVALHO ABREU 38 Resumo de Fisiologia Zona 2 Devido ao efeito gravitacional sobre a pressão hidrostática, a Parterial é maior na zona 2 que na zona 1 e é maior que a Palveolar. A pressão alveolar é, no entanto, ainda maior do que a pressão venosa pulmonar (Pv). Embora a compressão dos capilares não apresente problema na zona 2, o fluxo sanguíneo é ativado pela diferença entre as pressões arterial e a alveolar, e não apenas pela diferença arterial e venosa (como ocorre nos leitos capilares sistêmicos). Zona 3 Na zona 3, o padrão é mais familiar. O efeito gravitacional aumentou as pressões arterial e venosa, e, ambas, são agora maiores que a pressão alveolar. O fluxo sanguíneo, nessa zona, é ativado pela diferença entre as pressões arterial e venosa, como ocorre em outros leitos vasculares. Na zona 3, o número de capilares abertos é o maior possível, e o fluxo sanguíneo é o maior do pulmão. Desvios Direita para esquerda: 50% do débito cardíaco pode ser levado para o VE, e nunca ser bombeado para os pulmões. Sempre ocorre hipoxemia, pois uma fração alta do DC não é levada aos pulmões. Ela não pode ser corrigida pela respiração de gás com alto nível de O2; sem grandes alterações na PaCO2, pois os quimiorreceptore são muitos sensíveis a alterações na pressão. Esquerda para direira: não causam hipoxemia, são mais comuns; causas; persistência do canal arterial e as lesões traumáticas. 39 GABRIELA CARVALHO ABREU 39 Resumo de Fisiologia Razões ventilação/perfusão VA/Q = 0,8 – 80% do valor do fluxo do sangue no pulmão, é a ventilação pulmonar;PaO2 = 100mmHg e a PaCO2 = 40mmHg Defeitos da ventilação/perfusão Resulta em troca anormal de gases Pode ser causado pela ventilação das regiões do pulmão que não estão perfundidas (espaço morto), pela perfusão de regiões do pulmão que não são ventiladas (derivações) e todas as possibilidades intermediárias. O espaço morto é ilustrado pela embolia pulmonar – oclusão do fluxo. O gás alveolar tem a mesma composição do ar inspirado úmido: PAO2 é 150mmHg e a PaCO2 é 0. Fluxo de sangue diminuido, V/Q alta, ventilação alta em relação a perfusão; PO2 alta e PCO2 baixa. V/Q baixa: pouca ventilação em relação a perfusão. Derivação: obstrução das vias áeres ou por derivações cardíacas direita-esquerda. PAO2 = 40 e PaCO2 = 46 40 GABRIELA CARVALHO ABREU 40 Resumo de Fisiologia CONTROLE DA RESPIRAÇÃO A respiração possui tanto o controle involuntário quanto o voluntário: O controle voluntário existe para que possamos realizar outras funções que sem ele seria impossível, como por exemplo, a fonação. O controle involuntário nos mantém respirando a maior parte do tempo. O controle da respiração é feita por dois elementos: Voluntário: controle das atividades. Metabólico: relacionado com a química do sangue para garantir a respiração CONTROLE NEURAL DA RESPIRAÇÃO A PONTE e o BULBO são responsáveis pelo Controle Neural da Respiração. A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no bulbo. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro através da colunaespinhal para os músculos da respiração. O mais importante músculo da respiração, o diafragma, recebe os sinais respiratórios através do nervo frênico. Impulsos iniciados pela estimulação psíquica ou sensorial do córtex cerebral podem afetar a respiração. Em condições normais, o centro respiratório (CR) produz, a cada 5 segundos, um impulso nervoso que estimula a contração da musculatura torácica e do diafragma, fazendo-nos inspirar. O CR é capaz de aumentar e de diminuir tanto a frequência como a amplitude dos movimentos respiratórios, pois possui quimiorreceptores que são bastante sensíveis ao pH do plasma. Essa capacidade permite que os tecidos recebam a quantidade de oxigênio que necessitam, além de remover adequadamente o gás carbônico. Quando o sangue torna-se mais ácido devido ao aumento do gás carbônico, o centro respiratório induz a aceleração dos movimentos respiratórios. Dessa forma, tanto a frequência quanto a amplitude da respiração tornam-se aumentadas devido à excitação do CR. Em situação contrária, com a depressão do CR, ocorre diminuição da frequência e amplitudes respiratórias. Centros/Grupos respiratórios O Centro Respiratório se compõe por diversos grupos de neurônios localizados bilateralmente no Bulbo e na ponte do Tronco Cerebral. Se divide em 3 agrupamentos principais de neurônios: 41 GABRIELA CARVALHO ABREU 41 Resumo de Fisiologia Grupo Respiratório Dorsal - Responsável principalmente pela INSPIRAÇÃO. Grupo Respiratório Ventral - O grupo ventral de neurônios permanece quase totalmente inativo durante a respiração normal em repouso. Quando há necessidade de altos níveis de ventilação pulmonar, essa área opera mais ou menos como um mecanismo multiplicador. Dessa forma, o grupo ventral é essencialmente importante na RESPIRAÇÃO FORÇADA. Centro Pneumotáxico – encontrado na porção dorsal superior da ponte, incumbido essencialmente do CONTROLE DA FREQUÊNCIA e da AMPLITUDE RESPIRATÓRIA. A função principal do Centro Pneumotáxico é basicamente a de LIMITAR (DESLIGAR) A INSPIRAÇÃO, controlando assim a duração da fase de expansão do ciclo pulmonar. Centro apnêustico - inspirações prolongadas, seguida de breves movimentos de expiração (prolonga contração do diafragma). Reflexo de Breuer-Hering Inspiração → Insuflação Pulmonar → Ativação de Receptores de Estiramento dos brônquios e bronquíolos terminais → Aferências Vagais que vão atuar no GRD inibindo-o e vão atuar estimulando o centro pneumotáxico pontino, que interrompe a inspiração. Esse reflexo também aumenta a frequência respiratória, o que também é verdade para os sinais originários do centro pneumotáxico. 42 GABRIELA CARVALHO ABREU 42 Resumo de Fisiologia CONTROLE QUÍMICO DA RESPIRAÇÃO Quimiorreceptores São receptores envolvidos com a percepção dos teores de O2 e CO2 e H+. São subdivididos quanto à sua localização anatômica em: Centrais (mais sensíveis a pH e CO2) sensíveis a alteração de pH do LCR, se diminuir o pH aumento a FR = seu objetivo é manter PCO2 dentro da faixa normal. No vaso sanguíneo cerebral há íons hidrogênio (H+) e bicarbonato (HCO3 -) e também há dióxido de carbono (CO2). Este gás atravessa livremente a barreira hematoencefálica (o que não ocorre em relação ao HCO3 - e ao H+). Quando há um aumento da concentração de dióxido de carbono no sangue, ele facilmente passa pela barreira e atinge o líquido cefalorraquidiano (líquor). O dióxido de carbono, no líquor, reage com H2O, com auxílio da anidrase carbônica, formando, entre outros, íons hidroxônio (H+). O aumento da concentração de íons H+ promove uma queda do pH e essa age nos quimiorreceptores centrais da área quimioceptora central do bulbo levando à hiperventilação. Então o dióxido de carbono retorna ao sangue e é expelido por meio da ventilação. Em outras palavras, apesar de se dizer que os quimiorreceptores centrais respondem ao dióxido de carbono, eles na verdade respondem à mudança de pH que ocorre no fluido cerebroespinal. O dióxido de carbono que se difunde através da barreira hematoencefálica para dentro do fluido cerebroespinal é convertido em bicarbonato e H+. 43 GABRIELA CARVALHO ABREU 43 Resumo de Fisiologia Periféricos São subdivididos anatomicamente em CAROTÍDEOS E AÓRTICOS, embora fisiologicamente desempenhem a mesma função. São formações altamente vascularizadas. Os Carotídeos situam-se bilateralmente na bifurcação da artéria carótida comum em seus ramos interno e externo. Os Aórticos estão localizados ao redor das porções iniciais da aorta. Os quimiorreceptores Carotídeos enviam informações ao centro respiratório por meio de potenciais de ação que trafegam bilateralmente ao longo dos nervos Glossofaringeos (IX) ao passo que os Aórticos mandam suas mensagens aferentes através dos nervos vagos (X). Os quimiorreceptores periféricos são sensíveis às variações de PO2, PCO2 e pH no sangue arterial. São compostos por dois tipos celulares: o Célula tipo I (Sensores) o Célula tipo II (Sustentação) Próximo às células tipo I há um grande número de capilares, garantindo um fluxo sanguíneo adequado aos quimiorreceptores. As células de sustentação tipo II envolvem tanto as células tipo I como os capilares. “80% da resposta é efetuada pelos quimiorreceptores centrais. 20% da resposta é efetuada pelos quimiorreceptores periféricos” Obs: Na atividade física, o sangue não sofre mudanças porque o centro é ativado antes mesmo de ocorrer qualquer alteração. Obs: Mecanorreceptores nos pulmões e nas articulações (insuflação exagerada do pulmão altera o padrão da respiração) 44 GABRIELA CARVALHO ABREU 44 Resumo de Fisiologia Obs: Os mergulhadores hiperventilam antes do mergulho para gastar o CO2 sanguíneo e assim, a sensibilidade dos receptores centrais é menor e é possível ficar mais tempo mergulhando. O quimiorreceptor central é ativado antes do periférico, sendo assim antes de notar a falta do oxigênio, o CO2 já acumulou. Obs: Em grandes altitudes, o ar é rarefeito e a pressão de oxigênio é menor. Se não saturar as hemácias completamente, começa a ter deficiência de oxigênio, e assim ativar os mecanismos periféricos. Ocorre hiperventilação com perda de CO2 e consequentemente alcalose. O quimiorreceptor central cessa a hiperventilação, faltando oxigênio. Nessa situação, os quimirreceptores centrais competem com os periféricos, até o organismo produzir eritropoietina (em 3 dias) que estimula a síntese de hemácias. 45 GABRIELA CARVALHO ABREU 45 Resumo de Fisiologia Resposta ao exercício Equilíbrio ácido-básico A concentração do íon hidrogênio determina o pH sanguíneo. 7,4 é o pH sanguíneo normal, e pode variar no máximo de 6,85 a 7,95. Os tampões são soluções com aceptores e doadores de prótons. Nosso corpo tende a formar mais ácidos do que bases, como o ácido lático, por exemplo. Uma acidose respiratória pode evoluir para uma acidose metabólica. Sistemas tampões a hemoglobina funciona como um tampão de hidrogênio dentro da hemácia, neutralizando o hidrogênio e evitando o abaixamento do ph. O osso também pode funcionar como um sistema tampão. Em acidose grave, o paratormônio dissolve o osso liberando fosfato para tamponar o hidrogênio. O tampão minimiza a variação de pH, 46 GABRIELA CARVALHO ABREU 46 Resumo de Fisiologia podendo formar um ácido fraco. O hidrogênio pode ser tamponado pelo pulmão, células, hemoglobina, rim, etc. O rim é um controlador metabólico que pode eliminar ou reter hidrogênio ou bicarbonato. Regulação respiratória do pH: a queda do ph provoca taquipinéia para eliminar o CO2, e seu aumento promove bradipnéia e retém mais CO2. A disfunçãorespiratória leva a alteração de pH. A pessoa histérica tem taquipnéia e entra em alcalose. Na alcalose temos um excesso de base, na acidose falta de base. Pressão de CO2: normal é 40mmHg. Abaixo de 35 está em alcalose e acima de 45 está em acidose. 25mM/L bicarbonato no sangue, abaixo de 22 acidose e acima de 28 alcalose. Acidose pode ser causada por perdas excessivas de bases do organismo, dificuldade para eliminar ácidos, em diarreias, ingestão de substâncias básicas, etc. Isso gera a acidose metabólica. Na acidose metabólica, geralmente a pressão de CO2 está diminuída como resposta. Quando é metabólico tem resposta na pCO2, e na respiratória tem resposta no bicarbonato. Metabólica compensa respiratória e vice versa. Acidose metabólica: ocorre por problemas relativos ao metabolismo, por exemplo, excesso de produção de ácido lático. Estes problemas aumentam a concentração de H+ no sangue o que por sua vez diminui o pH, para compensar tem-se uma hiperventilação para retirar o CO2 em excesso, os rins aumentam a excreção de íons H+ e a reabsorção de HCO3- Alcalose metabólica: é o excesso de HCO3- o que aumenta o pH, é compensado através de uma hipoventilação e os rins aumentam a excreção de HCO3 - e a reabsorção de H+. Acidose respiratória: causada por uma ventilação ruim, o que aumenta a concentração de CO2 no sangue que por sua vez diminui o pH do mesmo. Para se compensar 1° tem se os tampões dos líquidos corporais e também os rins necessitam de vários dias para corrigir o problema. Alcalose respiratória: ocorre quando se tem uma ventilação excessiva que eleva o pH do sangue, para se compensar tem se os tampões corporais e também os rins.
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