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Curso Desenvolvimento Sustentável

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1 
 
Seja Bem Vindo! 
 
Curso 
Desenvolvimento 
Sustentável 
Carga horária: 60hs 
 
 
 
 
 
2 
 
Dicas importantes 
 
• Nunca se esqueça de que o objetivo central é aprender o 
conteúdo, e não apenas terminar o curso. Qualquer um termina, só 
os determinados aprendem! 
 
• Leia cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se 
deixando dominar pela pressa. 
 
• Explore profundamente as ilustrações explicativas disponíveis, 
pois saiba que elas têm uma função bem mais importante que 
embelezar o texto, são fundamentais para exemplificar e melhorar 
o entendimento sobre o conteúdo. 
 
• Saiba que quanto mais aprofundaste seus conhecimentos mais 
se diferenciará dos demais alunos dos cursos. 
 
 Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o aproveitamento 
que cada aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os 
“alunos certificados” dos “alunos capacitados”. 
 
• Busque complementar sua formação fora do ambiente virtual 
onde faz o curso, buscando novas informações e leituras extras, 
e quando necessário procurando executar atividades práticas que 
não são possíveis de serem feitas durante o curso. 
 
• Entenda que a aprendizagem não se faz apenas no momento 
em que está realizando o curso, mas sim durante todo o dia-a-
dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar 
elementos para reforçar aquilo que foi aprendido. 
 
• Critique o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação 
do conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem sentido 
quando pode efetivamente ser colocado em prática. 
 
 
 
 
3 
 
Conteúdo 
 
Conceitos Básicos 
Ambiente 
Ambiente e Abordagem Sistêmica 
Ambiente e Desenvolvimento 
Ambiente e Educação Ambiental 
Ambiente e Participação 
Meio Ambiente Físico ou Natural 
Atmosfera 
Solo 
Água 
Flora e Fauna 
Minerais 
Energia 
O Desenvolvimento Sustentável 
Declaração do Rio 
A Agenda 21 
A declaração de princípios relativos às florestas 
O convênio marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática 
Convênio sobre diversidade biológica - CDB 
A conferência Habitat II (1996) 
A 2ª Cupula da Terra + 5 (1997) 
4 
 
Outros Protocolos, Conferências e Cúpulas 
Atuações das ONGs 
Os desafios do Desenvolvimento Sustentável 
Problemática ambiental global 
Mudança Climática e Efeito Estufa 
Consequências do aquecimento global no planeta 
O esgotamento da camada de ozônio 
Perda da Biodiversidade 
Degradação do solo e desflorestamento 
Chuva Ácida 
A névoa fotoquímica 
Produção e consumo 
Ambiente no Brasil 
Principais problemas ambientais no Brasil 
Políticas ambientais, programas e legislação 
Atribuições e competências 
Relação de entidades ambientalistas 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Conceitos Básicos 
Como ponto de partida para esta jornada de estudos em 
formação ambiental, é necessário estabelecer o cenário onde 
estarão estruturados os conhecimentos oferecidos ao longo do 
curso. Assim, nesta disciplina de introdução serão abordados 
conceitos e marcos de referência internacionais e nacionais - 
históricos e ambientais - como apoio ao desenvolvimento de 
nossas atividades nos próximos meses de estudo. 
 
O primeiro conceito que trazemos à reflexão é Ambiente ou Meio 
Ambiente. 
 
Um pouco de história... 
Uma discussão recorrente a respeito do termo meio ambiente é a 
suposta redundância que existe entre ambos os termos: a 
palavra meio significa o mesmo que ambiente. 
O motivo desta reiteração obedece razões históricas, já que, 
durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), a imprecisão semântica 
das traduções do inglês acabou por gerar o termo meio ambiente 
como de uso comum, em vez de se utilizar somente um deles (ou 
meio ou ambiente). 
 
Mas, o que é ambiente? 
Todos nós, certamente, possuímos uma definição de ambiente 
(ou meio ambiente) que vem sendo construída a partir de leituras, 
conversas, vivências ou mesmo no exercício de nossas 
atividades profissionais. 
Será que existe um conceito certo ou um conceito errado de 
ambiente? Com essa questão iniciaremos nosso processo de 
reflexão conjunta nesta disciplina. 
Iniciamos esse caminho a partir da construção de relações 
conceituais entre cinco elementos com alto grau de 
interdependência: 
6 
 
- Ambiente; 
- Ambiente e Abordagem Sistêmica; 
- Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; 
- Ambiente e Educação Ambiental; 
- Ambiente e Participação. 
Neste momento inicial, mantenha atenção redobrada sobre esses 
primeiros conceitos, pois cada um irá requisitar e complementar o 
entendimento dos outros conceitos estudados. 
O importante será exercitar a capacidade de compreender e 
analisar as questões ambientais de maneira integrada e 
relacional permitindo que, na hora de atuar sobre elas com os 
conhecimentos técnicos trazidos pelo Curso, esteja amadurecida 
uma forma renovada de realizar essa aplicação. 
Ambiente 
O conceito de ambiente, ou meio ambiente, está em constante 
processo de construção. É possível encontrarmos diferentes 
definições para esse termo que, de acordo com o momento de 
sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia. 
Segundo a FEEMA (1990) e o IBAMA (1994), existem diversas 
definições de meio ambiente. Estas estão apresentadas no 
quadro a seguir, organizadas cronologicamente, para que você 
possa perceber como esse conceito vem se desenvolvendo ao 
longo do tempo. 
 
7 
 
 
 
Observando este quadro de construção conceitual, percebe-se 
que a inclusão das relações entre os efeitos das ações humanas 
e a degradação da natureza é relativamente recente. Antes dos 
anos 1960, a definição de ambiente ou estava mais próxima das 
observações das ciências biológicas ou físicas (ecossistemas, 
ambiente natural etc.), ou então das ciências humanas (ambiente 
cultural, social etc.). Não estava estabelecida a relação entre 
ambos! 
Foi somente a partir de meados da década de 60 do século XX 
que se iniciaram, oficialmente, discussões mais amplas que 
buscavam integrar os "ambientes" físicos aos sociais. Esse 
movimento foi potencializado pela tomada de consciência e pela 
conseqüente tentativa de reversão dos graves efeitos que as 
ações da sociedade contemporânea imprimiram sobre o planeta. 
Compreende-se, desta forma, por que refletir sobre o conceito de 
ambiente é importante, uma vez que está por trás dessa definição 
a forma na qual se propõem as ações ou se verificam seus 
impactos ou resultados concretos. 
Da mesma forma que o conceito se constrói teoricamente, 
também influencia as ações formais da sociedade. Um exemplo 
claro disto pode ser observado na inserção paulatina da definição 
de ambiente nos textos de Leis Federais, Estaduais e Municipais, 
conforme apresentados pela FEEMA (1990) e pelo IBAMA 
(1994). 
• Decreto-Lei nº 134, de 16/06/1975 - Estado do Rio de Janeiro: 
"considera-se meio ambiente todas as águas interiores ou 
costeiras, superficiais e subterrâneas, o ar e o solo". 
• Art. 3º, Lei 6938, de 31/08/1981 - Brasil: "Meio ambiente - o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica que permitam proteger e normalizar a 
vida em todas suas formas". 
• Art. 2º, Lei nº 33, de 12/02/1981 - República de Cuba: "É o 
sistema de elementos abióticos e socioeconômicoscom os quais 
8 
 
o homem interage à medida que ele se adapta, transformando-o 
e utilizando-o para satisfazer suas necessidades". 
• Environmental Quality Act, 1981 - Estado da Califórnia (USA): 
"as condições físicas existentes em uma área, incluindo o solo, a 
água, o ar, os minerais, a flora, a fauna, o ruído e os elementos 
de significado histórico e estético". 
• Decreto-Lei nº 28.687 de 11/02/1982 - Estado da Bahia: 
"Considera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o 
homem, constituindo seu mundo e dando suporte material a sua 
vida biopsicossocial [...] São considerados sob esta 
denominação, para efeito deste regulamento, o ar, a atmosfera, o 
clima, o solo e o subsolo, as águas interiores e costeiras, 
superficiais e subterrâneas e o mar territorial, bem como a 
paisagem, a fauna, a flora e outros fatores condicionantes da 
salubridade física e social da população". 
Destaca-se ainda o art. 225, capítulo VI da Constituição Brasileira 
de 1988, que trata do estabelecimento de direitos e deveres do 
Estado e dos cidadãos no que tange ao meio ambiente: "Todos 
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à saudável qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações". 
Começamos a perceber que o amadurecimento do tema tornou 
mais complexa a definição de ambiente. A razão disso é que 
esse é um processo que articula, simultaneamente, estudos 
teóricos e aprendizados práticos que renovam os conhecimentos 
e produzem novas possibilidades de entendimento do tema. 
 
Alguns autores contemporâneos oferecem abordagens 
complexas de ambiente, incluindo variáveis que contemplam não 
só seus elementos, mas também os processos gerados a partir 
de seus relacionamentos. Por exemplo: para Medina (1985), o 
ambiente é gerado e construído ao longo do processo histórico 
de ocupação de um território, por uma determinada sociedade, 
em um espaço de tempo concreto. Surge como a síntese 
histórica das relações entre a sociedade e a natureza. 
9 
 
Para Sauvé (1997), a complexidade das inter-relações se 
expressa através da explicitação de diferentes ambientes: 
- ambiente-natureza - refere-se ao entorno original, puro, do qual 
a espécie humana se afastou ao privilegiar as atividades 
antrópicas que têm provocado sua deterioração; 
- ambiente-recurso - refere-se ao ambiente como base material 
dos processos de desenvolvimento; 
- ambiente-problema - refere-se ao ambiente ameaçado, 
deteriorado pela contaminação, pela erosão ou pelo seu uso 
excessivo; 
- ambiente-meio de vida - refere-se ao ambiente da vida 
cotidiana, na escola, no lar, no trabalho. Incorpora, portanto, 
elementos socioculturais, tecnológicos e históricos; 
- ambiente-biosfera - refere-se ao ambiente como uma nave 
espacial - Planeta Terra, assim como ao conceito de Gaia 
(Lovelock), que partem da tomada de consciência quanto à 
finitude do ecossistema planetário como lugar de origem no qual 
encontram unidade os seres e as coisas; 
- ambiente comunitário - refere-se ao ambiente como entorno de 
uma coletividade humana; meio de vida compartilhado com seus 
componentes naturais e antrópicos. 
Já para Leff (2001), o ambiente é conceituado como uma "visão 
das relações complexas e sinérgicas gerada pela articulação dos 
processos de ordem física, biológica, termodinâmica, econômica, 
política e cultural". 
Embora atualmente haja grande possibilidade de variação, em 
quantidade e qualidade, de definições para meio ambiente, elas 
estão diretamente relacionadas ao processo de transformação do 
pensamento na sociedade contemporânea. Destacamos que, 
mesmo com grande variedade, há em todos os conceitos a 
presença inter-relacionada de três elementos comuns: 
- a natureza (com sua diversidade física e biológica); 
- a sociedade (com sua diversidade social, cultural, econômica e 
política); 
- suas dinâmicas de articulação (tanto as relações entre os 
elementos da natureza entre si e os da sociedade, como também 
as relações entre natureza e sociedade). 
10 
 
 
Esses devem ser os principais elementos a serem observados e 
compreendidos nas considerações que fizermos sobre o 
ambiente. Deverão estar sempre em evidência, durante todos os 
momentos do nosso estudo e de nossa ação profissional, para 
que seja possível elaborar um conceito dinâmico de AMBIENTE, 
em que devemos perguntar: Qual a natureza, qual a sociedade e 
quais são os inter-relacionamentos que validam os processos que 
estamos analisando? 
 
 
Nos próximos tópicos iremos enriquecer esse conceito de 
ambiente a partir de uma perspectiva complexa, em que 
estaremos relacionando o ambiente com diferentes conceitos 
complementares. 
Ambiente e Abordagem Sistêmica 
A inserção de elementos da abordagem sistêmica é responsável 
por grande parte das alterações conceituais apresentadas para 
meio ambiente, nos últimos 50 anos. Assim, os conceitos sobre 
meio ambiente, trabalhados no item anterior, podem ser melhor 
11 
 
entendidos quando compreendemos o meio ambiente como um 
sistema. Para isso, é necessário, primeiro, estabelecer o que é 
sistema. 
O termo sistema é utilizado por todos nós, quase que 
intuitivamente, quando buscamos nos referir às várias categorias 
de organizações ou grupos de elementos inter-relacionados: 
sistema solar, sistema nervoso, sistema organizacional, 
ecossistema, sistema econômico, sistema de comunicação etc., 
ou seja, sempre que pretendemos enfatizar interrelacionamento, 
organização e interdependência, entre vários elementos que 
compõem um grupo ou conjunto avaliado. 
A base conceitual de sistemas foi formulada inicialmente por 
Bertalanffy, ainda na década de 30, precisamente em 1937, para 
oferecer um conjunto de novas explicações e metodologias que 
pudessem dar conta dos problemas ligados à dinâmica dos 
sistemas vivos na natureza. 
 
Um pouco de história... 
"Essa idéia [a Teoria Geral dos Sistemas], remonta há muito tempo. 
Apresentei-a pela primeira vez em 1937 [...] entretanto, nessa ocasião, 
a teoria tinha má reputação em biologia e tive medo [...] Por isso, 
deixei meusrascunhos na gaveta e foi somente depois da guerra que 
apareceram minhas primeiras publicações sobre oassunto 
[surpreendentemente] verificou-se ter havido uma mudança no clima 
intelectual [...] Mais ainda, umgrande número de cientistas tinha 
seguido linhas semelhantes de pensamento [...] Assim, a Teoria Geral 
dosSistemas não estava isolada [...] mas correspondia a uma 
tendência do pensamento moderno". 
(BERTALANFFY, 1973) 
 
Segundo Bertalanffy (1973), os motivos que o levaram a 
desenvolver a Teoria Geral dos Sistemas estabeleceram-se a 
partir da observação da inadequação do postulado do 
reducionismo da física teórica (o princípio segundo o qual a 
biologia e as ciências sociais e do comportamento deviam ser 
tratadas de acordo com o paradigma da física e, finalmente, 
12 
 
reduzidas a conceitos de entidades do nível físico), para tratar os 
novos problemas específicos das outras ciências. 
"A inclusão das ciências biológicas, sociais e do comportamento junto 
à moderna tecnologia exige generalizações de conceitos básicos da 
ciência. Isto implica novas categorias do pensamento científico, em 
comparação com as exigências da física tradicional, e os modelos 
introduzidos com esta finalidade são de natureza 
interdisciplinar."(BERTALANFFY, 1973). 
 
Mas o que é um sistema? 
"Por definição, um sistema compõe-se de partes, ou elementos, inter-
relacionados. Isso acontece com todos os sistemas mecânicos, 
biológicos e sociais. Todos os sistemas têm, pelo menos, dois 
elementos em inter-relação. Num sistema, o todo não é apenas a 
soma das partes; o próprio sistemapode ser explicado apenas como 
totalidade." (KAST & ROSENWEIG, 1976). 
Na concepção de Bertalanffy (1973), um sistema apresenta as 
seguintes características gerais: 
• um todo sinergético, maior que a soma de suas partes - assim, 
para compreender um sistema não basta considerar as partes 
"funcionando" isoladamente. Estas devem ser observadas a partir 
de suas relações (umas com as outras e com o próprio sistema); 
• um modelo de transformação - considera-se, assim, que um 
sistema é uma estrutura dinâmica que está em constante 
processo de transformação; 
• um conjunto de partes em constante interação, com ênfase na 
interdependência - considera-se, assim, que um sistema possui 
interação entre suas partes constituintes e estas têm 
características de interdependência; 
• uma permanente relação de interdependência com o ambiente 
externo, influenciando e sendo influenciado, com capacidade de 
crescimento, mudança e adaptação ao ambiente externo - 
considera-se, assim, que um sistema também não pode ser 
observado de forma isolada, sem compreender suas relações 
com seu ambiente externo. 
13 
 
 
Essa capacidade de interação entre Ambientes Externo e Interno 
representa uma das principais características dos sistemas. 
Segundo Gondolo (1999), eles podem ser fechados, quando não 
há troca com o meio externo ou abertos, quando existem fluxos 
contínuos de energia, matéria e informação com o ambiente 
externo. 
 
O sistema fechado é aquele dentro do qual circula energia, mas 
que por si só não mantém trocas de energia ou matéria com o 
meio. Por exemplo, poderíamos imaginar uma reação química 
que se passa dentro de um contêiner totalmente vedado. 
Também poderíamos citar como outro sistema, não tão fechado 
assim, um motor de um carro que, para funcionar, precisa de 
combustível, mas que não é por si capaz de extraí-lo do meio. 
Uma vez abastecido e bem articuladas as partes, o carro tem 
certo grau de autonomia de funcionamento; porém, não havendo 
input de combustível, acabará o output de energia e o motor 
"morrerá". 
Os sistemas abertos são, portanto, sistemas que dependem do 
ambiente externo. Dele, recebem elementos, os transformam 
mediante seus processos internos e devolvem novos elementos 
ao meio externo. Os sistemas abertos necessitam de entradas 
(ou inputs) para se manterem em funcionamento, uma vez que 
recebe deste ambiente "matéria-prima" (matéria, energia e 
informação), para desenvolver seu processo interno. 
 
 
 
Relacionando esses conceitos iniciais, podemos caracterizar o 
Meio Ambiente como um sistema aberto, que desenvolve seus 
processos internos em constante interação e interdependência 
com o ambiente externo. 
14 
 
Destaca-se, porém, que as bases conceituais sobre sistemas 
estão apoiadas sobre modelos teóricos que vêm se 
desenvolvendo ao longo dos últimos 50 anos. Neste sentido, as 
teorias sobre a complexidade, presentes em diversos campos da 
ciência, têm enriquecido o enfoque sistêmico para muito além do 
que Bertalanffy formulou inicialmente (NOVO, 1996). 
O que chamamos de sistemas complexos ampliam e agregam 
novos conhecimentos sobre a dinâmica dos sistemas, incluindose 
questões ligadas aos processos de irreversibilidade, de 
incertezas, do caos e da ordem e desordem. Nessa perspectiva, 
Garcia (1986) aponta que "o sistema não está definido, mas é 
possível ser definido. Uma definição adequada só pode surgir em 
cada caso particular ou durante o transcurso da própria 
pesquisa/investigação". 
Pergunta-se então: quais são os elementos da teoria dos 
sistemas que permitem estabelecermos uma postura sistêmica 
em nossos estudos, análises e trabalhos práticos? 
Novo (1996) apresenta alguns elementos que irão nos auxiliar a 
estabelecer esta postura: 
• As relações entre o todo e as partes: sabendo-se que um 
sistema compõe-se de partes, podemos pensar em desmembrá-
lo para analisá-las em separado. Porém, devemos lembrar que 
estas partes só adquirem seu verdadeiro sentido quando 
integradas ao TODO do sistema, que se configura, justamente, 
pelo conjunto criado pelas inter-relações de suas partes. 
 
15 
 
Esse princípio estabelece o caráter de interdependência entre as 
PARTES e o TODO. A compreensão deste caráter nos ajuda a 
observar que os problemas que afetam os sistemas naturais 
(poluição da água, do ar e do solo, escassez de recursos etc.) 
não podem ser interpretados sem a devida conexão com o que 
acontece nos sistemas sociais, econômicos, entre outros. Os 
ambientes interno e externo de um sistema aberto possuem forte 
grau de interação e interdependência. 
• Emergência e restrições do sistema: compreender qualquer 
conjunto como um sistema pressupõe considerar que ele pode 
ser maior e menor que as partes que o constituem. Maior que as 
partes, por causa da emergência, ou seja, os resultados das 
interações das partes que permitem o estabelecimento de um 
"produto novo", que não pode ser observado em separado na 
análise das partes. E menor que as partes, quando o sistema 
impõe limites ou restrições às partes, que passam a não poder 
realizar "plenamente" suas potencialidades. Como exemplo, Novo 
(1996) cita o dizer popular "A liberdade de cada um termina onde 
começa a liberdade do outro". Neste caso, o "sistema social", em 
sua totalidade, impõe limites a cada pessoa como parte ou 
componente dele mesmo, de forma que o indivíduo isolado nem 
sempre pode pôr em prática toda sua potencialidade. 
• Relações entre sistema e entorno (sistemas abertos): como já 
abordado anteriormente, os sistemas abertos estão em constante 
processo de intercâmbio (matéria, energia e informação) com o 
entorno, além de necessitarem dele para semanterem em 
funcionamento. Essa característica de interdependência com o 
entorno não possibilita aos sistemas abertos um estado de 
estabilidade e de permanência estático, sendo necessário 
incorporar noções de ordem e desordem para explicar a realidade 
sistêmica como um processo dinâmico. 
• Equilíbrio dos sistemas: um sistema aberto é uma unidade 
dinâmica, que se transforma ao longo do tempo. Para 
compreender esse processo, é necessário que conheçamos 
quais são os mecanismos internos utilizados pelo sistema para 
manter seu equilíbrio dinâmico através dos constantes 
intercâmbios de matéria, energia e informação com seu entorno. 
O conceito de equilíbrio dinâmico incorpora a idéia de mudança: 
uma mudança temporária que, por sua vez, incorpora os 
16 
 
conceitos de evolução e de mudança espacial, que têm a ver com 
a idéia de estrutura. 
Segundo Garcia (1986), para estudarmos os sistemas 
complexos, devemos observar os seguintes componentes: 
Limites: estabelecem a definição das "fronteiras" físicas dos 
sistemas que vamos estudar ou observar (o interno e o externo). 
Destaca-se que esta definição não restringe somente o limite 
físico do sistema, mas também as relações que estarão sendo 
analisadas. 
Elementos: para determinar os subsistemas (elementos) de um 
sistema complexo, é fundamental definir as escalas espaciais e 
temporárias que serão consideradas. 
Estrutura: um grande número de propriedades de um sistema é 
determinado por sua estrutura, e não por seus elementos, em 
que as propriedades dos elementos determinam as suas 
relações, e estas, sua estrutura. 
 
 
Observa-se que os mesmos elementos podem, sob determinadas 
circunstâncias, estabelecer diferentes estruturas. 
• Retroalimentação: os mecanismos de retroalimentação (feed-
back) são aqueles que permitem ao sistema ser 
realimentado pela informação gerada por ele mesmo. Podem ser 
de três tipos: 
- Positiva: são considerados sistemas explosivos, pois os efeitos 
das causas iniciais aumentam a variação do sistema em relação 
ao seu ponto de equilíbrio; 
- Negativa: em que a informação gerada permite ao sistemaalterar-se para restabelecer seu equilíbrio; e 
17 
 
- Regulação antecipatória: são informações que, embora atuem 
de acordo com o comportamento presente do sistema, 
apresentam um sentido de futuro. 
 
"Quando trabalhamos com sistemas submetidos a flutuações, como os 
sistemas vivos, os experimentos queplanejamos e as possíveis 
soluções que traçamos, ante os problemas, não podem estar 
estabelecidos comocertezas absolutas, mas sim em termos de 
probabilidades, de modo que a incerteza, o acaso, sejamreconhecidos 
como elementos da própria vida". 
(NOVO, 1996) 
• Adaptação e inovação: um dos objetivos dos sistemas vivos é 
manter-se em estado de estabilidade. Para atingir talobjetivo, os 
sistemas desenvolvem processos de adaptação, que buscam 
conduzi-lo de novo à estabilidade inicial. Nos sistemas abertos, 
esses processos são muito importantes para a manutenção da 
integridade do sistema, em virtude do alto grau de 
interdependência com as alterações de seu entorno. Em alguns 
casos, quando as alterações são muito intensas, provocam 
mudanças que podem alterar o próprio sistema. Neste caso, há a 
inovação no sistema. 
Ambiente e Desenvolvimento 
A preocupação com a deterioração ambiental, que se manifestou 
aos finais da década de 1970, trouxe implícita uma violenta crítica 
ao conceito de desenvolvimento dominante, no qual prevaleciam 
aspectos econômicos, em particular a idéia de crescimento. 
Nesta perspectiva, o crescimento/desenvolvimento era negativo, 
havia adquirido um caráter cancerígeno, e a sobrevivência da 
espécie humana e do planeta requeria que os crescimentos 
explosivos, tanto o populacional como o da economia, deviam 
terminar. Difundiu-se, assim, a expressão "crescimento zero", de 
claro caráter malthusiano (1). 
18 
 
O malthusianismo sustenta que a população aumenta em 
proporção geométrica, enquanto os recursos disponíveis para a 
subsistência crescem apenas em proporção aritmética. A 
população aumenta, portanto, até mais além do limite de 
subsistência, fenômeno que apenas o próprio ser humano, a 
guerra e as enfermidades podem conter. Então, para o 
malthusianismo, a possibilidade de aumento sustentado da 
população encontra um limite no caráter finito dos recursos 
disponíveis. 
Ante esta teoria, outras propuseram uma visão do conceito de 
desenvolvimento que explicitasse explícitas suas múltiplas 
dimensões, entre elas a ambiental. 
A polêmica do desenvolvimento 
Conforme mencionado, os anos sessenta e setenta foram 
testemunhas de uma crítica cruel ao desenvolvimento 
(crescimento) visto por alguns como primeira causa da 
deterioração ambiental. No entanto, a década de 1980 
presenciou o esgotamento e o retrocesso do bem-estar de uma 
grande parte da Humanidade. A falta de crescimento econômico 
impediu o desenvolvimento e se traduziu em maior pobreza, 
causando, além disso, uma maior pressão sobre o sistema 
natural, última fonte de subsistência, assim como de recursos 
para o desenvolvimento. 
Em meados dos anos 80, promoveu-se o conceito de 
desenvolvimento em escala humana, construído sobre uma 
interessante proposta de Max-Neef, Elizalde e outros (1986). 
Esse desenvolvimento se sustenta "na satisfação das 
necessidades humanas fundamentais, na geração de níveis 
crescentes de autodependência e na articulação orgânica dos 
seres humanos com a natureza e com a tecnologia, dos 
processos globais com os comportamentos locais, do pessoal 
com o social, do planejamento com a autonomia, e da sociedade 
civil com o Estado". Junto a esse conceito, trabalhou-se também 
o de pobreza, passando da noção clássica e estritamente 
econômica (que se refere à situação das pessoas que se 
encontram abaixo de determinado nível de renda) a uma noção 
ampla que abrange a ausência de satisfação de necessidades 
humanas fundamentais: pobreza de subsistência (por 
alimentação e abrigo insuficientes); de proteção (por sistemas de 
19 
 
saúde ineficientes, por violência, carreira armamentista, etc.); de 
afeto (devido ao autoritarismo, à opressão, às relações de 
exploração do ambiente natural, etc.); de entendimento (pela 
baixa qualidade da educação); de participação (pela 
marginalização e pela discriminação das mulheres, das crianças 
e das minorias); de identidade (pela imposição de valores alheios 
a culturas locais e nacionais, pela emigração forçada, pelo exílio 
político, etc.); e assim sucessivamente. 
Posteriormente, o Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento, PNUD, difundiu o conceito de desenvolvimento 
humano, definido como o processo de ampliação da gama de 
opções para as pessoas, oferecendo-lhes maiores oportunidades 
de educação, atenção médica, rendas e emprego, e abrangendo 
o espectro total de opções humanas, do entorno físico em boas 
condições a liberdades econômicas e políticas. O "índice de 
desenvolvimento humano" - IDH - combina indicadores de 
esperança de vida, educação, e rendas. O PNUD sugeriu um 
índice de liberdade humana e política (ILH) para avaliar a 
situação em matéria de direitos humanos, índice que foi 
posteriormente revogado por desacordo de alguns países. 
Em todo caso, estamos de acordo com Bifani (1997), quando 
afirma que hoje, em função das diversas perspectivas sob as 
quais pode ser analisado o conceito de desenvolvimento é difícil 
de definir. No entanto, poder-se-ia afirmar que sempre está 
associado ao aumento do bem-estar individual e coletivo. Embora 
esse aspecto tenda a ser medido exclusivamente pelas 
magnitudes econômicas, é cada vez mais evidente a importância 
que se atribui às outras dimensões, como o acesso à educação e 
ao emprego, à saúde e à segurança social ou a uma série de 
valores tais como a justiça social, a eqüidade econômica, a 
ausência de discriminação racial, religiosa ou de outra natureza, 
a liberdade política e ideológica, a democracia, a segurança e o 
respeito aos direitos humanos, e a qualidade e a preservação do 
meio ambiente. 
No entanto, a problemática do desenvolvimento geralmente é 
considerada como econômica e política e a tarefa de alcançalo 
tem sido responsabilidade de economistas e políticos. Entre estes 
tem sido freqüente considerar que a industrialização é o meio 
através do qual é possível obter níveis superiores de 
20 
 
desenvolvimento ou, em outros termos, aceita-se comumente que 
as sociedades desenvolvidas são aquelas que têm 
experimentado mudanças estruturais que as têm levado de uma 
economia predominantemente agrária a outra na qual as 
atividades dinâmicas e dominantes são as fabris e de serviços. 
Então, a partir dos finais da década de sessenta é enfatizada a 
dimensão social do desenvolvimento e fala-se de 
desenvolvimento econômico e social. 
Contudo, é um fato evidente que a maioria das interpretações 
tende a privilegiar um conceito de desenvolvimento no qual se 
destaca a idéia de crescimento econômico, medido pela 
expansão do produto nacional bruto. Esse enfoque, que tem 
dominado a ação política e a gestão econômica, parecia não 
haver permitido alcançar plenamente seus objetivos. A frustração, 
a impaciência e o desespero manifestam-se abertamente, 
aumentando a inquietação social, embora por motivos diferentes, 
em países desenvolvidos e em desenvolvimento. 
Os primeiros parecem não alcançar nunca o horizonte 
denominado "qualidade de vida", em favor do qual sacrificam 
muitas vezes sua própria liberdade como pessoas, quando não 
sua saúde, agredida constante e sutilmente através dos 
numerosos e excessivamente processados alimentos que 
consomem. Quanto aos países em desenvolvimento, tampouco 
alcançam seu horizonte, neste caso o de uma existência digna, 
pois vêem como as cifras macroeconômicas deixam-lhes sempre 
em uma posição marginal. 
Neste contexto de desenvolvimento, situa-se o conceito de 
sustentabilidade, que reconhece as condições ecológicas,sociais 
e culturais para manter um crescimento econômico, que não se 
dá sozinho. 
Não se pode, portanto, dissociar a sustentabilidade físico-natural 
da socioeconômica, já que os dois tipos de ambiente estariam no 
mesmo sistema global. 
O conceito de sustentabilidade tem duas vertentes principais: a 
referente ao ambiente físico-natural e a referente ao ambiente 
socioeconômico. 
 
21 
 
Sustentabilidade e recursos 
 
Os recursos a serem realmente considerados quando se aplica o 
conceito de sustentabilidade são aqueles que, sendo renováveis, 
podem-se esgotar caso sejam explorados num ritmo superior ao 
de sua renovação. Seu uso sustentado é regido pelas leis da 
ecologia, e quando esses recursos são explorados num ritmo 
excessivo, sofrem perturbações que impedem sua renovação 
(por exemplo, a impossibilidade de recarga de um aqüífero) e os 
convertem em recursos não renováveis. 
Os recursos não renováveis, tanto para prover materiais quanto 
como fonte de energia, por existirem em quantidades finitas, 
estabelecem problemas relacionados com o esgotamento dos 
próprios recursos, a eliminação direta de comunidades e 
ecossistemas, a perda de recursos culturais (por exemplo, as 
jazidas arqueológicas) no processo de extração, e os efeitos 
indiretos da exploração, como a contaminação produzida nos 
trabalhos de transporte e na transformação do produto base em 
produto útil. Em todo caso, a sustentabilidade não é aplicável a 
esses recursos. 
Se combinamos os aspectos teóricos da sustentabilidade 
ecológica com as conclusões da Conferência do Rio de Janeiro 
em 1992, é possível fazer uma síntese dos principais problemas 
que apresenta a gestão sustentável em nível mundial. Porém, em 
todo caso, a raiz do problema não é outra senão a capacidade de 
carga da biosfera, em relação ao aumento da população, tanto 
em número como em taxa de consumo per capita. 
O cálculo dos limites de pressão que pode suportar o planeta é 
um problema de ecologia, difícil de resolver, tal como evidencia o 
Relatório sobre os Limites do Crescimento do Clube de Roma, 
que destaca o caráter sociológico, econômico, político, cultural, 
ético, e até religioso da questão. Com efeito, enquanto o controle 
do crescimento das populações animais e vegetais se faz por 
mecanismos puramente biológicos, na população humana atual 
esses mecanismos atuam apenas em casos extremos, tendo sido 
substituídos por mecanismos socioculturais. 
Em resposta ao documento do Clube de Roma, a Fundação 
Bariloche, com um grupo de especialistas, elaborou o estudo 
"Catástrofe ou Nova Sociedade? Um Modelo Mundial Latino-
22 
 
americano", no qual se estabelece um conjunto de políticas que, 
se aplicadas, poderiam permitir à Humanidade alcançar níveis 
adequados de bem-estar em um prazo de um pouco mais de uma 
geração. E sublinha que os obstáculos que se opõem ao 
desenvolvimento harmônico da humanidade não são físicos ou 
econômicos, em sentido estrito, mas essencialmente 
sociopolíticos. 
Os problemas mais estritamente ecológicos da sustentabilidade 
estariam para alguns representados pelo desflorestamento e 
suas seqüelas, como a seca, a erosão e a desertificação, o 
perigo de degradação dos ecossistemas mais frágeis (áreas 
úmidas e montanhosas, costeiras, ilhas) e a diminuição da 
diversidade biológica. 
Enfim, hoje todo o mundo, aparentemente, está de acordo em 
que o atual modelo econômico não se pode manter de forma 
indefinida, sendo necessário estabelecer um novo modelo que 
não esteja baseado exclusivamente na expansão e no 
crescimento econômico e que respeite as margens de tolerância 
do sistema planetário. 
Chegamos, assim, ao conceito de desenvolvimento sustentável, 
cujo uso e significado foi consolidado pela Comissão Mundial 
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento como a "capacidade 
de atender necessidades atuais sem comprometer as das 
gerações futuras", explicitando seu conteúdo e pondo-o em 
conexão com políticas socioeconômicas de caráter internacional, 
cristalizadas nos debates e nos acordos da Conferência do Rio, 
em 1992. 
Outras definições, mais atuais, aprofundam o conceito ao 
referirem-se a ele como "um tipo de desenvolvimento orientado a 
garantir a satisfação das necessidades fundamentais da 
população e elevar sua qualidade de vida, através do controle 
racional dos recursos naturais, propiciando sua conservação, 
recuperação, melhoria e usos adequados, por meio de processos 
participativos e de esforços locais e regionais, de modo que tanto 
esta geração como as futuras tenham a possibilidade de desfrutá-
los com equilíbrio físico e psicológico, sobre bases éticas e de 
eqüidade, garantindo a vida em todas suas manifestações e a 
sobrevivência da espécie humana". 
23 
 
Estamos de acordo, contudo, de que o desenvolvimento 
sustentável e a sustentabilidade não são, propriamente, um 
conceito, mas um metaconceito, ou seja, um conceito que, por 
sua, vez gera todo um campo de reflexão e conhecimento (em 
permanente evolução) sobre si mesmo, cuja principal 
característica é o aparente consenso que provoca em todo o 
mundo, embora não isento de uma visão crítica. 
 
O ambiente social 
O ambiente social compreende os seres humanos e suas 
atividades, as quais têm como ponto de partida o aproveitamento 
dos recursos naturais. Considera-se aqui todo tipo de infra-
estruturas (edificações, maquinaria e equipamentos) e, 
geralmente, tudo o que seja resultado da invenção da 
humanidade (ciência, tecnologia). Compreende também o 
comportamento dos seres humanos para com seus semelhantes 
e com a natureza, incluindo aspectos positivos (criatividade, 
preservação do ambiente) e negativos (destruição, poluição 
ambiental). 
"O homem é ao mesmo tempo obra e operário do meio que o 
rodeia, o qual lhe proporciona sustento material e lhe oferece a 
oportunidade de se desenvolver intelectual, moral, social e 
espiritualmente. Na longa e tortuosa evolução da raça humana 
neste planeta, tem-se chegado a uma etapa em que, graças à 
rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem tem 
adquirido o poder de transformar, de inumeráveis formas e em 
uma escala sem precedentes, tudo que o rodeia. Os dois 
aspectos do meio ambiente, o natural e o social, são essenciais 
para o bem-estar do homem e para a satisfação dos direitos 
humanos, inclusive o direito à vida" (Declaração sobre o Meio 
Humano, Item 1, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Humano, Estocolmo, 1972). 
Ante essa afirmação, há que se considerar também outro aspecto 
importante: o aumento da população mundial, que crescerá 40% 
nos próximos vinte e cinco anos, até alcançar os 8.300 milhões 
em 2025, dos quais grande parte viverá nos países em 
desenvolvimento. 
24 
 
Em dezembro de 2005, a população mundial alcançou a cifra de 
6500 milhões de pessoas. 
Toda essa população se encontra numa terça parte da superfície 
do planeta, concentrada nos continentes onde se utiliza cada vez 
menos cuidadosamente os recursos oferecidos pelo meio natural. 
O mau uso dos recursos naturais se traduz em uma crescente 
deterioração que se apresenta sob forma de contaminação da 
atmosfera por emanações gasosas, de destruição progressiva da 
camada de ozônio que protege a Terra da influência prejudicial 
das radiações ultravioletas, de poluição sonora provocada por 
todo tipo de ruídos desagradáveis, de contaminação da água 
doce e marinha por dejetos tanto industriais quanto domésticos, 
de contaminação dos solos por lixos, produtos agroquímicos e 
resíduos industriais e, finalmente, de destruição progressiva da 
natureza em desacordo com a ecologia, por atividades tais como 
o desflorestamento massivo, a exploração dos lençóis freáticos 
(cuja conseqüência é a má drenagem e a salinização dos solos), 
a caça indiscriminada e a superpesca (que provoca a extinção deespécies valiosas e a ruptura de ciclos ecológicos), o mau 
manejo dos solos (cuja conseqüência é a erosão), bem como o 
uso de terras agrícolas para outros fins, tais como a fabricação de 
materiais de construção e a urbanização. 
São problemas também do meio ambiente os de ordem social, 
que se encontram relacionados com a falta de um planejamento 
no uso dos espaços e na construção de moradias inadequadas, a 
falta de educação em todo âmbito (que se traduz em ignorância) 
e os problemas de saúde e salubridade. 
 
_____________________ 
1 Thomas Robert Malthus. (Inglaterra, 1766-1834). Economista. 
Em 1798, publicou de forma anônima sua primeira contribuição 
destacada no campo da economia política com o título "Ensaio 
sobre o princípio da população" que, na edição de 1803, já 
convertido em um verdadeiro tratado sobre os limites do 
crescimento demográfico, titulou-se "Resumos sobre os efeitos 
passados e presente relativos à felicidade da humanidade". 
Outras obras suas são, "Princípios de economia política" (1820) e 
"A medida do valor" (1823). Malthus escrevia principalmente 
25 
 
tendo em vista os problemas do desemprego e aos apuros 
econômicos na Inglaterra da primeira Revolução Industrial. No 
século XIX, o colonialismo e a abertura de novas áreas de terra 
cultivável impediram o agravamento dessa situação. 
Ambiente e Educação Ambiental 
Até este momento, estudamos os conceitos de Meio Ambiente, 
Sistemas e Desenvolvimento Sustentável. Tratamos de reformas 
conceituais que se processaram ao longo da última metade do 
século XX. Tais reformas se produziram a partir de 
transformações ambientais, sociais, tecnológicas, econômicas, 
políticas e culturais, que, por estarem inter-relacionadas, 
demandam novas necessidades instrumentais em cada uma 
dessas dimensões da sociedade humana. 
É dentro deste contexto de intensa transformação que é imputada 
à Educação Ambiental um grande desafio, consolidado a partir da 
Conferência de Estocolmo (1972), quando a educação ambiental 
converte-se numa recomendação imprescindível para execução 
de projetos na área. Nesse mesmo ano de 1972 é criado o Plano 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), entre cujas 
tarefas figuram a informação, a educação e a capacitação 
orientadas com preferência a pessoas com responsabilidades de 
gestão sobre o meio ambiente. 
"É indispensável o trabalho de educação em questões ambientais, 
dirigido tanto às gerações jovens quanto aos adultos, e que preste a 
devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para 
ampliar as bases de uma opinião bem informada e de uma conduta de 
indivíduos, de empresas e de coletividade, inspirada no sentido de sua 
responsabilidade em relação à proteção e à melhoria do meio em 
todas as dimensões humanas." (Estocolmo, 1972) 
Vale ressaltar, ainda, que antes desse movimento, em 1971, a 
UNESCO havia iniciado o Programa Homem e Biosfera (MAB) 
com o fim de prover os conhecimentos científicos e pessoal 
qualificado com vistas a um manejo racional dos recursos. O 
programa representou um novo enfoque de pesquisa e ação, 
dirigido a melhorar as relações do ser humano com seu 
ambiente, sublinhando a conveniência de se "desenvolver um 
programa interdisciplinar de pesquisa que atribua especial 
importância ao método ecológico no estudo das relações entre o 
homem e o meio" (UNESCO, 1971). 
26 
 
Para Medina (1997), esse novo compromisso colocado para a 
educação não desafia somente o desenvolvimento metodológico 
das teorias pedagógicas. Diz respeito também ao 
estabelecimento e à inclusão de novas abordagens éticas e 
conceituais à base estrutural das metodologias. Ou seja, não 
compromete somente as atividades de professores (em escolas 
ou cursos), ou de currículos acadêmicos, mas envolve também 
os cidadãos e os seus cotidianos, estejam eles desenvolvendo 
atividades pedagógicas, técnicas, sociais, comunitárias etc., em 
um projeto coletivo para criar um Ambiente mais equilibrado 
dentro da perspectiva do Desenvolvimento Sustentável. 
Compreender a Educação Ambiental, dentro de um quadro 
conceitual mais amplo, não exclui a necessidade de se envolver 
profissionais e metodologias para ações nas escolas e outras 
atividades de educação formal. Ao contrário, deixa claro a 
importância e a necessidade de se investir nesta área do 
conhecimento, a partir do desenvolvimento de novos processos 
de ensino-aprendizagem que integrem disciplinas e saberes 
dentro de uma nova ótica solidária. 
 
"...para assegurar a efetividade desse direito (meio ambiente 
ecologicamente equilibrado) cabe ao Poder Público: promover a 
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização 
pública para preservação do meio ambiente". 
(Constituição Federal, Artigo 225 1º) 
"Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais 
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, 
habilidades, atitudes e competências, voltados para a conservação do 
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia 
qualidade de vida e sustentabilidade." (Lei Federal Nº9795 de 
27/04/99 - Dispõe sobre educação ambiental e institui a Política 
Nacional de Educação Ambiental. CAPÍTULO I, ART.1º) 
 
Por outro lado, abre-se o campo da educação não formal, em que 
os desafios se estendem aos programas de educação ambiental 
que são realizados em diversas atividades que possuem como 
foco a temática ambiental (trabalhos técnicos e sociais, 
auditorias, programas dentro de empresas etc.). Também nesses 
27 
 
casos, há necessidade de desenvolvimento metodológico 
específico e de formação de pessoas para qualificar os 
resultados, uma vez que em tais programas estão envolvidas 
pessoas que difundem informações e conhecimentos e 
estabelecem novas perspectivas de ação. 
No quadro a seguir, Medina (1997) procura sintetizar um conjunto 
de suporte que poderá nos auxiliar na compreensão desse 
conceito em uma dimensão mais complexa. 
 
 
Nos processos de gestão ambiental (urbana ou rural) há, 
também, uma enorme possibilidade de relacionar ações de 
melhoria da qualidade ambiental com as de condições de vida da 
população, com a aplicação de ações ligadas ao 
desenvolvimento sustentável. Aqui, ações de Educação 
Ambiental podem ser diretamente inseridas no planejamento e na 
gestão ambiental local, não apenas como um elemento de 
melhoria da qualidade do ambiente, mas também como um 
processo de qualificação social que amplia processos ambientais 
envolvidos na região e ainda intensifica a consciência da 
sociedade para gerir com mais prudência seus recursos naturais, 
econômicos e sociais. 
28 
 
A implantação de qualquer forma de gestão ambiental apóia-se 
necessariamente na educação ambiental, que deve ser dirigida a 
todos os setores, a todas as pessoas de todas as idades. Essa 
participação requer o apoio de processos formativos que não 
apenas tornem viável a participação popular nas atividades, mas 
que proporcionem elementos para o aperfeiçoamento das 
possibilidades dessa participação, ao fornecerem novos 
elementos qualitativos a pessoas e grupos. 
Uma boa formação ambiental pode ser a base para entender e 
intervir em âmbito municipal, de modo que se consiga tomar parte 
ativa e que se possa apresentar opiniões quanto aos conflitos 
ambientais e participar nas diversas tarefas necessárias à 
modificação das situações. 
Ambiente e Participação 
A participação na temática ambiental pode ser abordada dentro 
de diferentes dimensões. Sob a ótica do ambiente como sistema, 
a participação pode ser entendida como a contribuição que cada 
segmento da sociedade (social, econômico, político, 
organizacional, científico etc.) pode oferecer, ou ter capacidade 
de oferecer, para o estabelecimento do equilíbrio ambiental do 
planeta - equilíbrioeste entendido a partir da interdependência de 
equilíbrio de cada um de seus próprios componentes. 
Para percebermos a importância potencial dos processos 
participativos associados à temática ambiental, devemos 
observar, com atenção, os resultados destas contribuições e seus 
avanços na reversão do quadro de degradação global. Essa 
observação será melhor referenciada através da análise das 
atividades práticas (locais ou globais), e não apenas pelo 
desenvolvimento das concepções teóricas sobre o tema. 
 
A seguir exemplificamos: 
"O relatório Geo 2000, que acaba de ser divulgado em Genebra pelo 
programa Ambiental da ONU, traça um futuro sombrio para o novo 
milênio. Prevê a destruição das florestas tropicais, a contaminação do 
ar [...], o esgotamento das fontes de água potável [...] O documento 
adverte: até agora nenhum programa de defesa ambiental, em escala 
29 
 
global, foi levado a sério pela comunidade internacional." (Jornal 
Diário Catarinense, 21/09/2000). 
"O livro "Caminhos e aprendizagens: educação ambiental, 
conservação e desenvolvimento" apresenta 14 projetos desenvolvidos 
pela WWF, nas cinco regiões do Brasil, espalhados por oito estados, 
que utilizaram metodologias de educação ambiental, com o apoio de 
parceiros locais. Os projetos capacitaram 25 educadores na 
implantação e/ou aprimoramento da educação ambiental. A 
implantação da metodologia levou dois anos e contou com a 
participação de pequenas comunidades". (http://www.wwf.org.br, 
[Lido: 20/11/2000]). 
"O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca 
Rodrigues, e o presidente da Tetra Pak no Brasil, Paulo Nigro, 
apresentaram nesta quarta-feira (25) um Plano de Ação inédito no 
Paraná - que será realizado nos próximos dois anos, inicialmente em 
22 municípios pólos, e representam 90% da população paranaense - 
com o objetivo de garantir o escoamento sustentável para a 
reciclagem das embalagens longa vida no Estado". (Fonte: 
http://www.bonde.com.br, [Lido: 25/07/2007]). 
 
Para integrar nossa análise sobre a dimensão participativa 
presente no conceito de Meio Ambiente, utilizaremos como 
critérios os elementos conceituais já apresentados no item Meio 
ambiente como Sistema (SIERVI, 2000b). São eles: 
• As relações entre o todo e as partes: a participação possui 
característica de interdependência entre a parte (os participantes) 
e o TODO (o ambiente natureza-sociedade), podendo-se admitir 
os subsistemas - indivíduos ou organizações - como parte, e os 
processos participativos resultantes das interações como TODO; 
• Emergências e limites: por ser uma atividade essencialmente 
prática-reflexiva, a participação possui importantes características 
de emergências, geradas a partir das articulações entre os 
diferentes participantes (as partes); e também de limites, 
impostos pela necessidade de respeitar as características 
particulares dos participantes envolvidos (organizações ou 
indivíduos); 
• Relação com o entorno: compreendendo o meio ambiente como 
um sistema aberto, ou seja, em constante processo de 
intercâmbio com o meio externo, podemos perceber que as 
atividades participativas desenvolvidas entre organizações e 
30 
 
indivíduos geram as transformações que o sistema passa a 
oferecer como novo produto à sociedade (novas formas de 
conceber ou resolver os problemas); 
• Equilíbrio: o conceito de equilíbrio dinâmico empresta aos 
processos participativos um caráter de aprendizado, havendo 
constantes fluxos de matéria, energia e informação que provocam 
mudanças temporárias (evolução) e espaciais (estrutura) nas 
organizações, nos indivíduos e nas concepções e resoluções de 
problemas; 
• Retroalimentação: diz respeito aos mecanismos de recarga do 
sistema. São as informações que permitem ao sistema aprender 
a partir de sua própria prática ou operação; 
 
• Adaptação e inovação: os processos participativos, como 
atividades eminentemente práticas-reflexivas, estão 
constantemente sujeitos aos processos de adaptação e inovação 
para garantirem sua estabilidade (dinâmica). 
Tem-se assistido a um importante movimento em toda sociedade 
para viabilizar os processos participativos em todos os 
subsistemas do Meio Ambiente (social, cultural, político, 
tecnológico, econômico, institucional, entre outros). Esse 
movimento coletivo - formal e informal - tem resultado no 
desenvolvimento de um grande número de novas metodologias, 
instrumentos e mecanismos legais que contribuem para a 
efetivação da dimensão participativa na dinâmica social 
contemporânea. 
31 
 
Na perspectiva do conceito de Desenvolvimento Sustentável, a 
participação é o elemento fundamental para garantir a inclusão 
social, a diversidade de abordagens, o respeito à diversidade 
cultural, a inclusão de perspectivas sobre relações de gênero, a 
reflexão entre a geração atual e a futura, entre outros aspectos. 
As experiências de construção de Agendas 21 locais têm 
explicitado os limites e as oportunidades que o exercício da 
prática participativa oferece para o conceito e para que, enfim, 
sejam atingidos os novos objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável. 
 
Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência Mundial sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, convocada 
pelas Nações Unidas. Nesta reunião adotou-se o Programa de Ação 
21, conhecido como Agenda 21 que, entre outras coisas, promove a 
realização de diversas Agendas 21 nacionais e locais, expressas nos 
programas de ação pública em favor de um desenvolvimento 
sustentável no século XXI. O Capítulo 28 da Agenda 21 assinala: 
"devido ao fato de que muitos dos problemas e soluções tratados na 
Agenda 21 têm suas raízes em atividades locais, a participação e 
cooperação de autoridades locais será um fator determinante na 
realização de seus objetivos". 
A Agenda 21 Local é, então, um projeto político de desenvolvimento 
local para o Século XXI e um programa de ações que correspondem a 
um conjunto de objetivos, princípios e características relacionadas 
com o desenvolvimento sustentável. Esta Agenda está estreitamente 
relacionada ao estabelecimento de um sistema de gestão ambiental 
municipal e aos planos integrais de gestão ambiental no município, 
porém amplia e reforça diversos elementos de caráter econômico, 
social e cultural, visando um município sustentável. 
Este processo corresponde a um mandato acordado pelas Nações 
Unidas e pelos governos do mundo, no qual se reconhece o papel-
chave das autoridades locais e das comunidades no caminho para o 
desenvolvimento sustentável. Além disso, com esta proposta 
pretende-se fortalecer a responsabilidade de todos na redução dos 
impactos ambientais gerados pelas próprias atividades humanas e 
pelos efeitos que podem ser produzidos por outras comunidades, de 
modo que se compartilhem experiências entre os diversos governos 
locais. 
 
32 
 
Quando dirigimos nosso foco de atenção para a base conceitual 
da Educação Ambiental encontramos uma dupla possibilidade de 
abordagem para os processos participativos: 
• em primeiro lugar, podemos perceber que os processos 
participativos podem oferecer uma grande contribuição dentro de 
uma perspectiva ética, metodológica e conceitual, através da 
potencialização dos trabalhos realizados junto à estrutura formal 
de educação (a escola), bem como à informal (associações de 
moradores, empresas, grupos de jovens, entre outros); 
• por outro lado, destaca-se a importância da Educação 
Ambiental como geradora de processos participativos. 
 
 
 
Meio Ambiente Físico ou Natural 
O estudo do Meio Ambiente Físico ou Natural, de suas dinâmicas 
próprias e das inter-relações com os demais subsistemas do 
Meio Ambiente ajuda-nos a compreender a natureza e as 
dimensões dosimpactos sofridos pelo conjunto de seus 
elementos. 
No documento preparatório para a Rio 92, "Nossa própria Agenda 
sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente" (BID/PNUD, 1991), foi 
apresentado um quadro sobre a situação ambiental da América 
33 
 
Latina. Os critérios utilizados para levantamento do quadro 
incluíam os seguintes elementos: 
• amplitude geográfica dos processos ambientais considerados; 
• volume da população afetada; 
• volume das atividades econômicas diretamente afetadas; 
• gravidade dos efeitos sobre a população e atividades 
econômicas; 
• a capacidade, atual e potencial, de enfrentar os processos 
ambientais implicados. 
 
 
Tabela 1.3. Principais temas ambientais para discussão na América 
Latina e Caribe. 
34 
 
Fonte: Adaptado a partir de: Nossa Própria Agenda sobre 
Desenvolvimento e Meio Ambiente BIP/PNUD (1991). 
 
Pode-se observar que os principais temas apresentados na 
Tabela 1.3 possuem íntima relação com as ações antrópicas 
sobre os ecossistemas internacionais (da América Latina) e 
Globais (generalizados para todo planeta). 
ANTRÓPICO 
Relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação humana. Termo 
empregado para qualificar: um dos setores do meio ambiente, o meio 
antrópico, compreendendo os fatores sociais, econômicos e culturais; 
um 
dos subsistemas do sistema ambiental, o subsistema antrópico. 
(FEEMA, 1990) 
 
Para construir um painel de relacionamento entre a Tabela 1.3 e 
o Meio Ambiente Físico, faremos uma abordagem panorâmica 
sobre os seguintes assuntos: Clima; Solos; Água; Flora e Fauna; 
Minerais; Energia e Resíduos. Muitos dos temas ambientais 
apontados poderão ser identificados em diferentes momentos do 
texto, explicitando seu interrelacionamento e sua 
interdependência sistêmica. Fique atento a essas relações 
durante a leitura. 
Atmosfera 
Ao falar do clima, nos referiremos fundamentalmente a um de 
seus componentes: a atmosfera. 
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, com 
altitude estimada superior aos 1.000 km. É composta de grande 
variedade de gases, dos quais os mais importantes são o 
oxigênio e o nitrogênio, que, conjuntamente, constituem 91% de 
seu volume, formando o que conhecemos por "ar". 
35 
 
 
As características físicas e químicas da atmosfera (densidade, 
pressão e temperatura), tal como hoje a conhecemos, variam em 
relação à altitude, de modo que se possa subdividi-la em alguns 
estratos ou camadas bem diferenciadas: troposfera, estratosfera, 
mesosfera e termosfera (figura 1.8). 
36 
 
 
 
A poluição atmosférica é um dos problemas ambientais e de 
saúde humana mais típicos das cidades e das áreas 
industrializadas. A qualidade do ar depende exclusivamente da 
quantidade e da natureza das substâncias geradas pela atividade 
humana, que são os gases tóxicos e as partículas orgânicas e 
inorgânicas em suspensão (pó e alguns metais, como o chumbo). 
Grande parte dos problemas ambientais globais que serão 
tratados posteriormente, tais como o efeito estufa, o esgotamento 
da camada de ozônio ou a chuva ácida, devem-se na maioria às 
emissões antropogênicas na atmosfera, derivadas das atividades 
industriais. 
Em outubro de 1997, cientistas espanhóis do Instituto Nacional 
de Técnica Aeroespacial (INTA), em colaboração com cientistas 
de outros países europeus, publicaram os dados de um recorde 
histórico no buraco da camada de ozônio do Pólo Norte. 
37 
 
Segundo esse estudo, durante o inverno europeu de 1995-96, a 
destruição da camada de ozônio nas regiões árticas alcançou 
64% do total em alguns níveis, o que constitui uma cifra 
realmente alarmante. O nível de destruição da camada de ozônio 
depende do clima existente, sendo acelerado pela grande 
quantidade de compostos de cloro e bromo na estratosfera, 
gerados pela atividade humana. 
O efeito estufa, causa do aquecimento da Terra e da modificação 
do clima, é outro dos grandes problemas atmosféricos, tornando-
se um tema prioritário a respeito do qual já estão sendo tomadas 
providências. Os Estados Unidos emitem 25% dos gases 
causadores de efeito estufa, motivo pelo qual, em 1993, lançou 
um plano para que no ano 2000 a emissão de "gases estufa" 
(CO2 principalmente) fosse similar à do ano de 1990. O 
departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou, no 
entanto, em outubro de 1997, que os "gases estufa" produzidos 
nesse país simplesmente não haviam diminuído, mas 
aumentaram 8% desde 1990. 
A chuva ácida, produzida pela atividade industrial, também inclui-
se como uma das ameaças ao meio aéreo. Trata-se da emissão 
de compostos de enxofre na atmosfera, os quais podem diluir-se 
no vapor da água, formando pequenas gotas de ácido sulfúrico 
(H2SO4), provocando a chuva ácida. Esse fenômeno não é um 
problema localizado, já que essas gotas podem depositar-se 
sobre solos a muitos quilômetros de distância do ponto em que 
são originadas. 
A contaminação dos espaços interiores é um tema específico no 
estudo da poluição atmosférica. A maior parte da atividade 
profissional, familiar, social e recreativa que exercemos ocorre 
dentro de espaços fechados, onde a concentração de 
substâncias poluentes torna-se maior que em espaços abertos. 
Neste caso, aos contaminadores clássicos somam-se outros, 
como os óxidos de nitrogênio e CO2, emitidos pelo gás de 
cozinha, pelos escapamentos dos automóveis nas garagens, 
pelas partículas de fuligens provenientes dos veículos 
automotores, e que se introduzem dentro das casas, pela fumaça 
dos cigarros, e outras substâncias voláteis que aparecem em 
produtos de uso doméstico, como tintas e aerossóis. A 
contaminação por amianto é uma das mais conhecidas, pois esse 
38 
 
material era amplamente utilizado na construção até que se 
comprovou, na década de 60, que as emanações de suas fibras 
podiam provocar câncer. 
Solo 
O solo nos faz pensar imediatamente na cobertura da superfície 
terrestre. De acordo com o critério científico ou pedológico (do 
grego pedós = solo), é uma coleção de corpos naturais, que 
ocupa posições na superfície terrestre, os quais suportam as 
plantas, e cujas características são decorrentes da ação 
integrada do clima e da matéria viva sobre o material originário, 
condicionado pelo relevo, em períodos de tempo. Isto é, o clima e 
a matéria orgânica (raízes, minhocas e outros organismos, vivos 
ou em decomposição) atuam modificando os solos através do 
tempo, decompondo as rochas e transformando a topografia. Não 
esqueçamos que a superfície do solo não é plana, porém, possui 
uma série de acidentes que favorece o escoamento ou a 
retenção da água. 
Seguindo um critério prático ou edafológico (do grego edafós = 
solo ou terra como suporte de plantas), o solo é concebido como 
o meio natural onde se desenvolvem as plantas. 
Os seres humanos podem fazer variados usos do solo. A 
atividade agrícola é em si benéfica para o solo; contudo, o 
prejuízo surge quando práticas inadequadas são realizadas, 
como o manejo inadequado de água para irrigação, que gera 
uma má drenagem e processos de salinização (quando os sais 
se acumulam, chegam a alcançar níveis tóxicos para as plantas). 
Ainda assim, a falta de manejo adequado dos solos (como as 
práticas da pecuária ou a eliminação de árvores e arbustos, que 
se desenvolvem em solos com encostas pronunciadas ou nas 
margens de um rio) tem como conseqüência a ocorrência de 
processos erosivos. O aparecimento de fendas em lugares com 
declividade acentuada, assim como de aluviões, que são 
produzidos com a ocorrência de chuvas intensas e o 
assoreamento das margens dos rios, são formas radicais de 
erosão. 
Finalmente, o uso de terras agrícolas para outros fins, tais como 
a fabricação de materiais de construção (tijolos e acabamentos 
cerâmicos) e a edificação de infra-estrutura (residências,fábricas, 
39 
 
edifícios diversos, pavimentação de vias de transporte), é uma 
das formas mais nocivas de utilização dos solos cultiváveis. 
O uso inadequado dos solos leva ao surgimento do fenômeno 
conhecido pelo nome de desertificação. Segundo dados das 
Nações Unidas, estima-se que a cada ano desertificam-se entre 6 
e 7 milhões de hectares, ou seja, uma superfície equivalente ao 
triplo da ocupada pelo estado de Sergipe /Brasil. Do mesmo 
modo, uma extensão adicional de 20 milhões de hectares (área 
equivalente ao Estado do Paraná, Brasil) se empobrece 
anualmente, até o ponto de se tornar improdutiva para a 
agricultura e para a pecuária. 
Água 
A definição de água é mais difícil do que geralmente se supõe. 
Aparentemente simples, a água é um dos corpos mais complexos 
do ponto de vista físico e químico, pois é muito difícil obtê-la em 
estado puro, além de apresentar um maior número de anomalias 
em suas constantes físicas. 
A água é a fonte de toda a vida. Sem água não há vida. Os seres 
vivos não podem sobreviver sem água. A água é parte integrante 
dos tecidos animais e vegetais. Existe na biosfera em seus 
estados líquido (mares, rios, lagos e lagoas), sólido (gelo, neve) e 
gasoso (vapor de água, nuvens, umidade). É uma bebida 
elementar, uma fonte de energia, uma necessidade para a 
agricultura e para a indústria. Todas as grandes civilizações 
nasceram ao redor da água. Não se conhece nenhuma 
civilização que tenha se desenvolvido em uma região desprovida 
de água. 
Não se conhece nenhuma grande civilização que tenha nascido 
em uma região desprovida de água. E é por isso que, há milhares 
de anos, desde que a humanidade foi capaz de representar seus 
conceitos por símbolos gráficos, tem-se valorizado a água. 
 
A água renova-se no mundo dentro de um ciclo, conhecido como 
ciclo hidrológico. Com o calor produzido pela insolação, a água 
evapora-se dos mares e das águas continentais, chegando à 
atmosfera, onde forma nuvens que logo se precipitam (chuva, 
neve, granizo). Uma vez sobre o continente, parte dessa água 
40 
 
escorre superficialmente (rios), enquanto o restante, em maior 
proporção, infiltra-se (águas subterrâneas) chegando desta forma 
novamente aos lagos, lagoas e oceanos, nos quais volta a 
evaporar-se. (figura 1.9) 
A água exerce uma influência decisiva sobre os seres humanos e 
os recursos naturais renováveis. Sua dinâmica natural influi sobre 
solos, plantas e animais, podendo causar deslizamentos e 
inundações como processos naturais. Porém, a água também 
tem sua dinâmica afetada pelas atividades humanas, que muitas 
vezes aceleram esses processos naturais (desmatamento em 
encostas e nas margens dos rios, processos de urbanização 
intensa, entre outros). 
 
Outro tipo de influência exercida pelas atividades humanas sobre 
a água é a sua contaminação. Assim, antes de chegar ao solo 
como chuva, pode ser contaminada com emissões gasosas, 
procedentes da indústria ou da combustão de veículos 
automotores; ou, já no solo, pelo lançamento de substâncias 
41 
 
tóxicas ou resíduos líquidos ou sólidos, da indústria, da 
agricultura ou domésticos. 
A contaminação das águas afeta tanto os animais como as 
plantas, implicando em grave problema ambiental. Até poucos 
anos, a água era vista como um bem barato (ou praticamente 
gratuito) e inesgotável. 
Atualmente, esta visão teve que ser revista, pois compreendeu-se 
que, para recuperar a água contaminada, o processo é difícil e 
oneroso. Uma porcentagem demasiadamente elevada da 
população mundial não dispõe de água suficiente em quantidade 
e na qualidade desejada, afetando as necessidades hídricas dos 
cultivos, a capacidade de sobrevivência e permitindo a 
proliferação de doenças causadas pelo consumo, por animais e 
pessoas, de águas não tratadas. 
Aproximadamente 71% da superfície de nosso planeta é coberta 
pelos oceanos, os quais estão sofrendo uma constante 
degradação. A cada ano, são despejados neles mais de 8 
milhões de toneladas de petróleo, sendo que, segundo cifras da 
FAO, 44% dos locais de pesca sofrem processos de exploração 
intensiva, 16% são explorados em excesso, 10% dos arrecifes de 
corais se encontram em estado irrecuperável e 30% estão em 
processo de degradação. A ONU estabeleceu que 1998 seria o 
Ano Internacional dos Oceanos, visando fazer com que as ações 
realizadas durante aquele ano sensibilizassem os Governos e os 
cidadãos para essa problemática. 
Para diminuir o impacto sobre o meio aquático, deve-se reduzir o 
despejo de resíduos, tratar as águas contaminadas antes de 
lançá-las nos cursos dos rios e antes de serem consumidas, além 
de potencializar as técnicas de captação e armazenamento de 
água, assim como reduzir o desperdício. 
Flora e Fauna 
A flora e a fauna incluem todos os organismos vivos que se 
desenvolvem na biosfera. A flora é constituída pelo conjunto de 
espécies ou indivíduos vegetais, silvestres ou cultivados, que 
vivem ou povoam uma determinada região ou área. 
Os vegetais ou plantas, como habitualmente são chamados, são 
formas de vida que se podem agrupar, a princípio, em dois 
42 
 
grandes grupos: plantas que têm flores visíveis, ou Fanerógamas 
(árvores, arbustos, ervas), e plantas sem flores visíveis, ou 
Criptógamas (samambaias, musgos, fungos, algas e bactérias). 
Este grupo inclui a totalidade da microflora. 
Quanto ao meio em que habitam, às dimensões e às formas de 
vida, os organismos são classificados como integrantes da: flora 
bacteriana, flora fluvial, flora intestinal, flora nativa ou autóctone, 
flora silvestre, flora marinha, flora invasora, microflora e 
macroflora. 
A flora inclui muitas espécies de valor econômico utilizadas para 
diversos fins: obtenção de madeira (florestas), pastagens (pastos 
naturais), medicina (plantas medicinais) etc. 
A extinção ameaça atualmente aproximadamente 25.000 espécies 
de plantas. 
Quanto às florestas, no mundo há dois tipos principais que 
possuem valor econômico: as florestas homogêneas, compostas 
por um número limitado e uniforme de espécies, que se 
desenvolvem nas zonas temperadas dos hemisférios Norte e Sul 
(por exemplo, os bosques de pinheiros que caracterizam o 
Canadá, a Argentina e o Chile); e as florestas heterogêneas ou 
tropicais úmidas, compostas por uma variedade de espécies de 
todo tipo e tamanho (árvores, arbustos, plantas herbáceas etc.), 
que caracterizam a região equatorial do mundo (por exemplo, a 
Floresta Amazônica).Estas últimas são as florestas mais 
vulneráveis por estarem continuamente submetidas a um 
processo de desmatamento. 
Esse processo é tão intenso que, segundo estimativas, só na 
América Latina ocorre a metade do desmatamento realizado em 
todo o planeta. Sabe-se que, a cada ano, o mundo perde 11,3 
milhões de hectares de florestas tropicais. As florestas 
homogêneas ou temperadas não se livram da degradação, 
principalmente pelo efeito da chuva ácida. 
Por outro lado, o desequilíbrio entre a produção e o consumo dos 
recursos naturais é evidente: um quinto da população mundial 
(América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Austrália, Hong 
Kong, Cingapura e os Emirados petroleiros do Oriente Médio) 
consome 80% dos recursos naturais. Entretanto, é nos 14 dos 17 
países mais endividados do mundo que se encontram as 
43 
 
florestas tropicais. O resultado é um comércio de recursos 
naturais (sobretudo madeira) que são utilizados para pagar essa 
dívida. De fato, calcula-se que a subsistência de 300 milhões de 
pessoas está relacionada com as florestas. 
As pastagens naturais constituem a mais extensa prática do 
mundo no aproveitamento dos solos, pois ocupam 30 milhões de 
km2, ou seja, 23% da superfície de solo da Terra. Mesmo que 
sua produtividade seja geralmente baixa, mantém, no entanto, a 
maioria das 3 bilhões de cabeças de gado domundo e, 
conseqüentemente, a maior parte da produção mundial de carne 
e leite. 
Infelizmente, em numerosos lugares, o manejo dos campos não é 
adequado. Extensas pastagens localizadas no norte da África, no 
Mediterrâneo e no Oriente Próximo foram degradadas. A 
pecuária é também um problema nos ecossistemas de 
montanhas, tais como no Himalaia e nos Andes. A deficiente 
gestão da atividade de criação de gado e os excessos nos níveis 
de capacidade de uso permitem que a cobertura herbácea - 
geralmente pobre, tanto como forragem quanto na qualidade de 
proteção do solo - seja atacada pelos processos erosivos. 
Do mesmo modo, muitas espécies de plantas nativas constituem 
uma fonte de recursos para a saúde. São as denominadas 
plantas medicinais, utilizadas primordialmente nas zonas rurais 
através de sistemas médicos tradicionais e que apresentam uma 
eficácia ou valor terapêutico real ou potencial e, 
conseqüentemente, um valor econômico indeterminado. 
 
A fauna é formada pelo conjunto de animais que povoam ou 
vivem em uma determinada zona ou região. Em nível global, 
podemos falar da fauna do planeta Terra e esse conceito, então, 
abrange todos os animais que existem desde que apareceu a vida 
na Terra. 
Pode-se dividir a fauna, a princípio, em dois grandes grupos: os 
invertebrados, a forma mais primitiva, e os vertebrados, de 
evolução mais tardia. A principal diferença entre ambos é a 
presença de um eixo ósseo ou coluna vertebral, que suporta o 
corpo do animal, nos vertebrados, e que não existe nos 
invertebrados. 
44 
 
Entre os vertebrados, são classificados os peixes, anfíbios, 
répteis, aves e mamíferos. Este último grupo inclui a espécie 
humana. Entre os invertebrados, distinguem-se aqueles com 
membros articulados ou artrópodes (insetos, aracnídeos, 
crustáceos, miriápodes), os moluscos, equinodermos, cnidários e 
esponjas. 
De acordo com o meio onde habitam, a sua dimensão e a forma 
de vida, temos a fauna silvestre, epifauna, infauna, macrofauna, 
megafauna, mesofauna, microfauna e pedofauna. 
A utilidade das espécies de fauna é múltipla, mas principalmente 
podemos mencionar a domesticação de animais selvagens como 
fonte de alimentos (carne, ovos, gorduras), de produtos 
industriais (fibras, lãs, couros, peles, pêlos, corantes) e de 
produtos úteis para a agricultura (adubos, como o guano 
produzido por aves marinhas). 
A extinção ameaça, atualmente, mais de 1.000 espécies de 
vertebrados. Estas cifras não englobam o inevitável 
desaparecimento de animais menores - em particular os 
invertebrados, como os moluscos, os insetos e os corais - cujo 
ambiente está sendo destruído. 
 
A ameaça mais grave para fauna e flora é a degradação do meio 
ambiente físico através de sua substituição gradual por 
assentamentos humanos, portos e outras construções; da 
contaminação com produtos químicos e resíduos sólidos 
(domésticos, agrícolas e industriais); da extração descontrolada 
de águas e de recursos naturais; além da pecuária, de atividades 
pesqueiras e da caça indiscriminada. 
Devido à superexploração da pesca, atualmente encontram-se 
consideravelmente esgotadas pelo menos 25 das mais valiosas 
zonas pesqueiras do mundo. Cinco das oito regiões com maior 
número de reservas pesqueiras esgotadas são regiões 
desenvolvidas (Atlântico do Noroeste, Atlântico do Nordeste, 
Mediterrâneo, Pacífico do Noroeste e Pacífico do Nordeste). No 
mar peruano, a pesca da anchoveta ocasionou seu colapso entre 
1971 e 1978. Seu habitat foi ocupado pela sardinha, pela cavala, 
pelo bonito e pela merluza. A alteração ecológica trouxe como 
conseqüência um grave prejuízo econômico e ambiental (a pesca 
45 
 
predatória da anchoveta provocou a diminuição da população de 
aves guanadeiras - aves marinhas). 
Quanto aos animais terrestres, estes são caçados principalmente 
para a obtenção de carne e peles. O comércio internacional 
converteu-se em uma ameaça para muitas espécies, dada a 
exigência cada vez maior do mercado internacional pelas 
espécies raras da fauna. Esse abuso ameaça 40% de todas as 
espécies de vertebrados em vias de extinção, representando o 
maior perigo que pesa sobre os répteis. 
Minerais 
Os minerais são corpos inorgânicos naturais, de composição 
química e estrutura cristalina definidas. Sua importância é grande 
por seus diversos usos na indústria. Constituem as matérias-
primas ou recursos mais importantes para fabricar as ferramentas 
da civilização. No total, há na crosta terrestre mais de 2.000 
minerais distintos, que apresentam uma deslumbrante variedade 
de cores, formas e texturas. 
Os minerais têm sua origem nas rochas, que não são mais que 
uma mistura complexa de minerais ou que, às vezes, são 
formadas por um só tipo de mineral. 
Há minerais metálicos (que são muito consistentes e possuem 
brilho) e não metálicos (de menor consistência apresentam-se em 
estado sólido, líquido ou gasoso e não brilham). 
Uma característica dos minerais é que são esgotáveis, ou seja, 
uma vez que são explorados não se renovam. O petróleo, o 
cobre, o ferro, o carvão natural etc., um dia irão esgotar-se. Por 
este motivo, é necessário utilizá-los com prudência, evitando seu 
desperdício. 
Desde os tempos pré-históricos, os seres humanos souberam 
utilizar os minerais. Já na Idade da Pedra usava-se o sílex; mais 
tarde, o bronze e o ferro. O carvão natural serviu para o grande 
avanço industrial do século passado, alimentando as usinas e as 
máquinas a vapor. O urânio, atualmente, alimenta os reatores 
atômicos. Mas em todos os tempos os minerais mais 
"explorados" foram os diamantes e o ouro. 
46 
 
A exploração e o uso irracional dos minerais encontram-se 
associados à poluição. Por exemplo, a eliminação de resíduos 
das minas resulta em contaminação dos recursos hídricos; e o 
uso do carvão natural está associado à poluição atmosférica. 
 
Entre os principais minerais encontram-se: o carbono 
(fundamento dos compostos químicos orgânicos, por exemplo o 
petróleo), o ferro, o cobre, o urânio, o chumbo, o zinco, o 
alumínio, o ouro e a prata. 
 
Energia 
Constitui o recurso mais misterioso da natureza e está associado 
ao movimento. Em conjunto com a matéria, forma o mundo, o 
cosmo. A matéria é a substância; a energia, o móvel da 
substância, do universo. A matéria pesa, ocupa um lugar, pode 
ser vista, ouvida, apalpada; a energia não é vista, somente são 
vistos seus efeitos. Podemos ver cair uma pedra, mas não 
podemos ver a energia liberada para dar movimento a essa 
pedra. Podemos ver a lua e comprovar seus movimentos; 
entretanto, não podemos ver a energia, ou força, que faz com 
que a lua se mova. Portanto, a energia só pode ser definida em 
função de seus efeitos, como a capacidade de efetuar um 
trabalho. 
A energia manifesta-se de muitas formas em nossa vida diária. 
Assim temos: 
- a energia mecânica, que corresponde a de qualquer objeto em 
movimento; 
- a energia térmica ou do calor; 
- a energia radiante, que é a gerada pelo Sol e pelas estrelas, 
pelas ondas de rádio e por todo tipo de radiações; 
- a energia química, contida nos alimentos e nos combustíveis, 
como o petróleo; 
- a energia elétrica, que corresponde à eletricidade e aos imãs; e 
- a energia nuclear, que mantém unidas as partículas dos 
átomos. 
Uma particularidade da energia é que se pode transformar. 
Qualquer forma de energia pode ser convertida em outra. Um 
exemplo é o ciclo hidrológico: a água dos mares ou dos lagos 
47 
 
evapora-se e passa para a atmosfera graças ao calor produzido 
pela energia radiante proveniente do sol. O vapor condensa-se 
em forma de nuvens e cai como chuva, neve ou granizo nas 
montanhas. Ao escoar, a água move as turbinas de uma usina 
hidrelétrica, transformando a energia mecânica em corrente 
elétrica que, ao ser conduzida pelos

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