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Metodologia - Aula 3 - Ética na Pesquisa e Princípios Científicos

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METODOLOGIA – ÉTICA EM PESQUISAS E PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS I - AULA 03
ÉTICA EM PESQUISAS
- Questões Éticas – Resolução 196/96
	- Estabelece como proceder em pesquisas envolvendo seres humanos.
	- Toda pesquisa deve ser aprovada pelo Comitê de Ética, de suas instituições.
	- Deve-se respeitar a autonomia, beneficência, não maleficência e justiça.
	- AUTONOMIA = o paciente deve ser voluntariamente convencido pela pesquisa. E devem estar em estado de total consciência e sanidade. Pacientes bêbados não têm, temporariamente, autonomia, sendo incapazes de tomar decisões, não podendo assinar documento algum. Menores de dezoito anos, sem emancipação, não são autônomos, devendo o médico conseguir autorização dos responsáveis. A comunidade indígena não pode ser imputada penalmente, não sendo considerados autônomos, por possuírem leis e costumes próprios. Outros exemplos de indivíduos não autônomos são asilados e presidiários.
	- BENEFICÊNCIA = a pesquisa deve ter indícios de que ela é melhor e traz mais benefícios que os tratamentos atuais. A primeira tentativa de terapia genética (EUA) falhou, pois os cientistas não tinham como prever uma reação ocorrida, que terminou por levar os pacientes a óbito. É necessário realizar pesquisas anteriores ao experimento para que a beneficência seja comprovada.
	- NÃO MALEFICÊNCIA = não se pode causar danos ao paciente, ao se tentar fazer o bem. Primun non nocere, princípio hipocrático. Se o médico não sabe o que fazer, caso o acidente fuja a área dele, ou não existam formas de avaliar o dano causado no paciente, não se deve tomar atitudes. Em caso de acidentes, por exemplo, não se pode mover o paciente antes de avaliar possíveis danos na coluna, vias aéreas, etc. Nota-se também que a função do médico é tentar curar seus pacientes, não julgá-los. Os julgamentos devem ser deixados para aqueles que fizeram direito. Deve-se tratar pacientes que balearam dois policiais antes de chegar ao pronto socorro, por exemplo.
	- JUSTIÇA = se existem indícios de que existem tratamentos superiores ao tratamento oferecido pela pesquisa, a pesquisa deve ser interrompida. Não se pode, por exemplo, fazer pesquisas com antibióticos, tendo um grupo controle que não utilize antibiótico, pois você estará ferindo esse grupo dos pacientes. Caso a pesquisa comprove benefícios de medicamento, os pacientes participantes têm o direito de continuar recebendo o medicamento gratuitamente pelo resto da vida.
	- Também existem as situações em que os pacientes não querem mais participar da pesquisa, não querem mais fornecer dados, mas querem continuar participando do tratamento. Esses pacientes devem ser respeitados e ter sua vontade atendida. Não se pode diferenciar pacientes pela vontade de participar – ou não – da pesquisa.
	- É obrigatória a existência de um termo de consentimento livre e esclarecido, ou seja, em uma linguagem que o paciente seja capaz de compreender o que está sendo feito. Utilizar a palavra “cateter”, por exemplo, pode não ser adequado, pois muitos pacientes podem desconhecer o termo. 
	- Uma vez que o paciente tenha fornecido dados para pesquisa, como sangues, tecidos, etc, para determinado fim, não se pode alterar os objetivos da pesquisa sem o devido consentimento do paciente.
	- Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) geralmente estão presentes em todas as instituições que possuem grupos de pesquisadores, como a UEPG e a Santa Casa. Caso a instituição seja muito pequeno e não possua um comitê, os pesquisadores devem submeter a pesquisa ao comitê de outra instituição maior. O comitê é formado por profissionais da saúde, advogados, representantes da sociedade protetora de animais, dentre outros.
	- Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) cadastra e oficializa todos os Comitês de Ética do país. Existem determinadas pesquisas que somente o Conselho Nacional pode autorizar. Pesquisas com financiamento internacional devem passar por esse conselho, por exemplo, para evitar que países menos desenvolvidos se tornem laboratórios de países mais desenvolvidos. Isso ajuda a evitar o que ocorreu com o roubo genético dos índios ianomâmis. Quando um país quer desenvolver uma pesquisa em outro país, ele deve desenvolver a mesma pesquisa em sua terra também. Ao se terminar, ou abandonar, determinada pesquisa o CEP avisa o CONEP do fato.
QUESTÕES REFERENTES A ANIMAIS
- Lei nº 11.794, outubro de 2008
-Somente cursos de nível superior podem utilizar animais para fins acadêmicos.
- Nos EUA, radicais já chegaram a invadir e depredar laboratórios para libertar animais.
- Animais como ratos, porcos e ovelhas são mais socialmente aceitos para pesquisas.
- Deve-se considerar a similaridade entre a anatomia da estrutura estudada dos animais com a dos humanos, para escolher qual animal utilizar como cobaia. Em ratos, por exemplo, não se pode estudar hipotensão, pois eles têm mecanismos contra isso.
- CONCEA/ COBEA/ CEUAs são conselhos éticos que visam a defesa dos animais. Visam saber métodos de estudo, quantidade de animais utilizados, qual a forma de eutanásia será feita. Preocupam-se com o bem estar do animal. Animais devem estar confortáveis, não podem ser submetidos a estresse, devem estar bem alimentados, o cheiro de amônio de urina deve ser controlado, dentre outras coisas. É importante que o animal esteja saudável inclusive para que saibamos que a condição do animal se deve ao experimento, e não a fatores externos.
- É proibida a utilização de cães coletados na rua para fins de experimento, o que desestimula as pessoas a simplesmente abandonarem cachorros na rua. Só podem ser usados animas criados com esse fim, ou caso o dono aceite que ele participe da pesquisa. Dessa maneira, inclusive, conseguem-se resultados mais fiéis, visto que as espécimes possuem maior similaridade.
- 3R’s – Reduce, Refine, Replace – Usar quantidade de animais suficientes para criar a estatística para a pesquisa, mas não usar animais desnecessários, ou seja, usar somente a quantidade suficiente para chegar a uma conclusão. Refine diz que não se pode, com os animais, usar procedimentos inferiores aqueles usados em humanos. Deve-se ter equipamentos adequados, anestesia, auxiliares, inclusive para manter resultados fidedignos. Replace diz que, se for possível substituir o animal por outra coisa, a substituição deve ser feita.
PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS
	- Observação x Experimentação = existem pesquisas em que não há intervenção do pesquisador, esse se restringindo a observar o meio. Na experimentação, o pesquisador tenta mudar a forma como o fenômeno ocorre, seja retirando um fator, seja colocando um novo fator. É preciso ter em mente que a observação de determinado fenômeno pode alterá-lo. Ao se observar as Membranas Plasmáticas, por exemplo, é preciso perfurá-las. Não se tem como saber, nesse caso, se a Membrana Plasmática intacta daria o mesmo resultado. Existem pessoas que ficam nervosas quando o médico mede a pressão, aumentando a pressão do paciente (Síndrome do Avental Branco).
	- Deve-se ter em conta a instrumentação utilizada, qual instrumento tem mais vantagens para a pesquisa? Quais estão disponíveis? Os instrumentos estão devidamente calibrados e em boa qualidade de uso? Qual a forma correta de utilizá-los? Se essas perguntas não forem observadas, o resultado pode ser não confiável.
- Deve-se utilizar grandezas mensuráveis, para que se possa comparar resultados. No caso de dor, por exemplo, pede-se para o paciente classificar a dor em uma escala de 1 a 10, sendo a 10 a pior dor que ele imagina ser possível sentir.
- Prova e Contra-prova. Se um pesquisador fizer determinado experimento e chegar a um resulta, qualquer outro pesquisador que realizar o mesmo experimento nas mesmas condições deve chegar ao mesmo resultado. Se houver divergências, talvez o equipamento usado estivesse ruim, talvez a pesquisa não tenha sido conduzida de forma adequada. Ou seja, determinado experimento deve ser reproduzível. Através desse processo, pode-se identificar as fraudes científicas.- O Rigor Científico é importante para que os dados obtidos sejam confiáveis. É notável que as datas, horários e todo o resto devem ser respeitados. Se decide-se pesquisar os resultados de uma cirurgia a cada 2 dias, deve-se checar os resultados a cada 2 dias, independente de ser domingo,feriado, aniversário, férias, etc.
- É melhor planejar bem o experimento, para que ele não falhe, do que apressar o planejamento e descobrir que, na metade, algo deu errado e a pesquisa terá que ser abandonada.

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