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1. DAS PESSOAS JURÍDICAS

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	Material de Apoio da Disciplina de Direito Civil I 
	Direito Civil – Parte Geral
Das Pessoas Jurídicas 
1. Noções preliminares
É da natureza humana a socialidade, viver em grupo, conjugar forças para atingir um fim comum. A personalidade coletiva permite que se impute condutas humanas a entes abstratos. Vale dizer que a personalidade jurídica da pessoa coletiva é um ponto chave do pensamento jurídico moderno. A categoria pessoa jurídica, em contraponto à pessoa natural, foi designada por Savigny. No direito italiano e no direito alemão é utilizada a denominação pessoa jurídica. Em Portugal preferem chamar de pessoa coletiva. No Brasil utiliza-se pessoa jurídica. 
O direito romano não concebeu lições importantes sobre a pessoa jurídica. Foi necessária a incidência de um pensamento científico ordenado para desenvolver as lições primeiras sobre a personalidade coletiva, é, portanto, obra da segunda sistemática. O pensamento jurídico atual se reporta às lições de Savigny.
2. Natureza Jurídica
Quanto à natureza da pessoa jurídica pode se dizer que há quatro teorias que tentam explica-la. Vejamos cada uma delas.
a) Teoria da ficção legal (Friederich von Savigny): a pessoa jurídica é uma é uma criação artificial da lei para exercer direitos patrimoniais e facilitar a função de certas entidades, uma vez que só o homem é capaz de ser sujeito de direitos. Foi criticada, pois o Estado é uma pessoa jurídica, dizer que ele é ficção é o mesmo que afirmar que o direito que dele emana também o é.
b) Individualista (Rudolf von Jhering): negava a existência de personalidade jurídica às pessoas jurídicas, sustentava que os indivíduos que constituem a pessoa jurídica é quem tem personalidade jurídica. A negativa da existência por parte de Jhering se dá devido ao seu entendimento de direito subjetivo. Ele entendia que o direito subjetivo era o interesse juridicamente protegido, os interesses eram sempre dos humanos, e não os entes coletivos.
c) Teoria orgânica ou realismo orgânico (Otto Von Gierke): admite ao lado da pessoa natural, que é organismo físico, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência própria distinta da de seus membros, com vontade própria, tendo por objetivo realizar um fim social. A crítica que se faz diz respeito à referência a ‘órgãos’, em especial cabeça e membros.
d) Teoria da realidade técnica ou realismo jurídico: É um somatório das teorias da ficção legal e da teoria orgânica. Afirma que, como a personalidade humana deriva do direito, da mesma forma este pode concedê-la a agrupamentos de pessoas ou de bens. A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica outorga a entes que o merecem. A doutrina considera tal teoria como a que mais se adéqua a realidade. Maria Helena Diniz prefere denominar de realidade das instituições jurídicas: a personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal confere a entes que o merecem, assim essa é a teoria que melhor atende a realidade da pessoa jurídica, pois estabelece que a pessoa jurídica é uma realidade jurídica. A pessoa jurídica tem existência distinta de seus membros. Diz-se ainda que ela tem vontade expressada pelos seus órgãos de direção. Além disso, é com base nessa teoria do direito civil que é reconhecida a possibilidade de a pessoa jurídica poder cometer crimes, desde que discriminados na CF/1988 (por exemplo: crimes ambientais e crimes contra ordem tributária).
Apesar de não ter repetido a norma do art. 20 do CC/1916, o CCB de 2002 têm algumas normas pelas quais se infere a tendência da adoção da teoria da realidade técnica da pessoa jurídica, em detrimento da teoria da ficção jurídica. O art. 1º do CCB diz que toda a pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil: não especifica se natural ou jurídica. O art. 45 do CCB assevera que a existência da pessoa jurídica é revelada, em regra, desde seu registro; e, por fim, o art. 50 do CCB denota a possibilidade de desconsiderar a pessoa jurídica, o que importa em ser ela considerada existente. 
3. Conceito
Pessoas jurídicas são grupos humanos dotados de personalidade, mais especificamente uma unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Possuem personalidade jurídica distinta da dos indivíduos que a compõem. Elas possuem autonomia patrimonial, o que sempre foi um instrumento muito importante para o desenvolvimento da economia e da atividade empresarial. Isso porque serviu para estimular os indivíduos a praticarem atividades econômicas, uma vez que, constituindo pessoas jurídicas, as pessoas naturais sabiam que apenas o patrimônio da sociedade empresária responderia pelas dívidas em caso de insucesso. Com isso, as pessoas físicas ficavam mais seguras, já que, mesmo que o empreendimento não prosperasse, elas não perderiam também o seu patrimônio pessoal não investido na sociedade.
Assim, por exemplo, não é porque o sócio morreu que, obrigatoriamente, a pessoa jurídica será extinta. De igual modo, o patrimônio da pessoa jurídica é diferente do patrimônio de seus sócios. Ex.1: se uma sociedade empresária possui um veículo, esse automóvel não pertence aos sócios, mas sim à própria pessoa jurídica. Ex.2: se uma sociedade empresária possui uma dívida, este débito deverá ser pago com os bens da própria sociedade, não podendo para isso, em regra, ser utilizado o patrimônio pessoal dos sócios. Vigora, portanto, o princípio da autonomia patrimonial entre os bens do sócio e da pessoa jurídica.
3.1. Requisitos para a criação de uma pessoa jurídica
Para que se constitua são necessários três requisitos: 
	1º) vontade humana criadora; 
	2º) observância das condições legais de sua formação e 
	3º) licitude de seus propósitos. 
4. Classificação das pessoas jurídicas
	Há diversos critérios para classificar as pessoas jurídicas, vejamos alguns deles.
4.1. Quanto à natureza jurídica de direito público ou privado
	a) Personalidade jurídica de direito privado (art. 44 do CCB)
	b) As pessoas de direito público se dividem em:
	1) Associações
2) Sociedades 
3) Fundações particulares
4) Partidos políticos	
5) Entidades religiosas
6) Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI)
	Direito público interno: 
1) a União; 
2) os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
3) os Municípios; 
4) as autarquias, inclusive as associações públicas; 
5) as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
	Obs.: a doutrina afirma que esse rol, previsto no art. 44 do CCB, é exemplificativo, podendo ser reconhecidas outras pessoas jurídicas de direito privado (Enunciado 144 do CJF).
	Direito público externo: os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
4.2. Quanto à nacionalidade: leva-se em conta a articulação, subordinação à ordem jurídica que lhe conferiu a personalidade. Não há falar em nacionalidade em decorrência da nacionalidade de seus membros ou do controle financeiro. Elas podem ser nacionais ou estrangeiras.
4.3. Quanto à estrutura interna: 
a) Fundação ou universitas bonorum: patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade, o qual é estabelecido pelo fundador por ato inter vivos ou causa mortis. Possuem objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor.
b) Corporação ou universitas personarum: conjunto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de direitos que exerce por meio de uma vontade única. Possuem objetivos internos, voltados para o bem de seus membros. São as associações e as sociedades.
4.4. Quanto à função e capacidade: 
a) Personalidade jurídica de direito público externo: são nações estrangeiras, por exemplo, a República Federativa do Brasil, a Santa Sé (cúpula governativa da Igreja Católica, instalada em Roma) e Organismos internacionais (ONU,OMC, etc.) 
b) Personalidade jurídica de direito público interno: dministraçãodireta: União, Estados Membros, Distrito Federal, Territórios e Municípios.
Administração indireta: autarquias e demais entidades de caráter público criadas por lei (fundações públicas, associações públicas, agências reguladoras, etc). 
5. Criação de uma pessoa jurídica
A existência das pessoas jurídicas de direito público está vinculada na CRFB ou na lei que a cria. Já a existência das pessoas jurídicas de direito privado está prevista no CCB ou em leis esparsas. Caso não seja efetuado o registro, o CCB denomina de sociedade em comum, ou também chamada de sociedade irregular. 
Há dois momentos na constituição de uma pessoa jurídica. Vejamos:
a) Primeira fase: realização do Ato Constitutivo.
O ato constitutivo é unilateral, inter vivos ou causa mortis nas fundações; e bilateral ou plurilateral inter vivos nas sociedades e associações. O ato constitutivo é composto de elemento material (ato de associação, finalidade da pessoa jurídica e determinação do conjunto de bens) e de elemento formal (Estatuto, no caso das associações; Contrato social, nas sociedades simples ou empresárias – nas sociedades anônimas é Estatuto; e Escritura Pública ou Testamento nas fundações). 
Não se pode esquecer que há casos em que há a necessidade de autorização governamental (como as seguradoras, administradora de consórcios, instituições financeiras, etc). 
b) Segunda fase: Registro. 
Antes do registro não passam de mera sociedade de fato ou sociedade não personificada. O contrato social de uma sociedade empresária faz-se na Junta Comercial (art. 1150 do CCB). Os estatutos e atos constitutivos das associações e sociedades simples deverão ser registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CRCPJ). Impende referir que a sociedade de advogados, assim como outras sociedades de profissionais liberais, médicos, por exemplo, adquirem a personalidade jurídica pelo simples registro de seus atos nos órgãos de fiscalização profissional (Estatuto da OAB – art. 15 §1º, CRM – Lei criadora do Conselho Federal de Medicina, etc), dispensando registro em ofício de registro de títulos e documentos.
5.1. Cooperativa: dois posicionamentos a respeito de seu registro: a) Primeira corrente: Registro público de empresas mercantis (Junta Comercial) art. 18 Lei 5.764/71. Aplicada em razão da especialidade prevista no art. 1093 CC; b) Segunda corrente: Registro Civil de Pessoas Jurídicas – art. 982 CC c/c art. 1150 CC.
5.2. Partidos Políticos – Registro Civil das Pessoas Jurídicas E TSE – art. 7º Lei 9.096/95 c/c art. 7º Lei 6.015/73.
Entidades Religiosas:
6. Capacidade das pessoas jurídicas e representação:
6.1. Representação da Pessoa Jurídica (art. 47 do CCB): pelos seus administradores, no limite dos atos constitutivos. Vale ressaltar que Pontes de Miranda chamava a representação de PRESENTAÇÃO, uma vez que o administrador atua como a pessoa jurídica, e não em nome desta, como mandatário. Direitos subjetivos: referentes à personalidade, patrimoniais (reais), industriais, obrigacionais e sucessórios.
6.2. Limitações à capacidade das pessoas jurídicas: a) em razão da natureza não titulam Direitos de família ou parentesco e só podem praticar os atos da vida jurídica através de representante legal; b) decorrentes da lei: pessoas jurídica de origem estrangeira: CF 190, 176, §1º, e 222.
7. Domicílio da pessoa jurídica: 
É o local da sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento de obrigações. É o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração, ou direção, ou ainda, o determinado no ato constitutivo. A fixação do domicílio da pessoa jurídica, para Caio Mário da Silva Pereira, se dá por instrumentos diferentes da residência cum animus manendi da pessoa natural. 
Pessoa jurídica não fixa residência. Domicílio é a sede social da pessoa jurídica, o que é livremente escolhido no ato constitutivo, devendo constar do registro público. É possível que uma pessoa jurídica tenha vários estabelecimentos, dotados de relativa autonomia, praticando atos jurídicos independentemente, motivo pelo qual cada estabelecimento será considerado domicílio que no negócio tenha tomado parte. Tendo domicílio no exterior, será considerado domicílio da pessoa jurídica no Brasil no lugar do estabelecimento em que se deu a contratação. O Código estabelece no art. 75 as regras para fixação do domicílio das pessoas jurídicas. É espécie de domicílio voluntário especial.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
8. Dissolução: 
a) Pelo decurso do prazo de sua duração: quando constituída por prazo certo;
b) Pela dissolução deliberada entre os membros;
c) Por determinação legal: como, por exemplo, o DL 9085/46 (dissolução das sociedades perniciosas). Caio Mário denomina este tipo de dissolução legal; 
d) Por ato governamental: quando autorização for cassada por motivo de desobediência à ordem pública, inconveniência ao interesse geral, ilicitude ou prática e atos contrários aos seus fins ou nocivos ao bem público. Caio Mário denomina este tipo de dissolução administrativa; 
e) Por dissolução judicial: quando se der por sentença. Importante lembrar que a CRFB 88 determina (art. 5º, XIX) que a dissolução compulsória de associações somente se dará por meio de sentença transitada em julgado. Caio Mário denomina este tipo de dissolução judicial.
OBS: Segundo Venosa, qualquer que seja a forma de extinção, a pessoa jurídica não desaparece instantaneamente, pois, em havendo patrimônio e dívidas a resgatar, a sociedade continua atuando, mas em fase de liquidação. Dando-se ao acervo destino próprio, cessam as atividades. 
9. Grupos ou entes despersonalizados: é conjunto de direitos e obrigações, pessoas e bens, sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação.
a) Sociedades de fato ou irregulares: tem capacidade excepcionalmente para defender-se em juízo, representada pelo seu administrador, tendo responsabilidade reconhecida na lei. 
b) Massa falida: surge após a sentença de decretação de falência. É criada pela lei para exercer os direitos do falido e agir contra ele. É o acervo patrimonial do falido que é processualmente representado pelo síndico, ativa e passivamente, na condição de substituto processual. Não pode ter direitos reais, nem contrair obrigações. 
c) Herança jacente ou vacante: é a herança deixada pelo de cujus que não tem herdeiros sucessíveis.
d) Espólio: é o conjunto de direitos e obrigações do de cujus, sendo representado pelo administrador provisório, até a nomeação de inventariante. É representado ativa e passivamente pelo inventariante, em juízo ou fora dele. 
e) Condomínio: é a propriedade comum de um bem qualquer, cabendo a sua administração ao síndico. Serpa Lopes e Carlos Maximiliano não reconhecem personalidade jurídica ao condomínio, o qual é representado judicial e extrajudicialmente pelo síndico. (Maria Helena Diniz vê nos condomínios uma semelhança com as fundações que se expressa no documento constitutivo, na incorporação ou na convenção inicial, tendo existência permanente; daí ser, para ela e para Jair Lins, uma nova figura de pessoa jurídica, não se enquadrando, como querem alguns autores, entre os grupos despersonalizados). Há uma fortetendência doutrinária no sentido de se sustentar que o condomínio edilício tem personalidade jurídica. Na verdade, o condomínio edilício celebra uma série de contratos, ele tem empregado, por exemplo. Há uma magnitude tal de obrigações contraídas pelo condomínio edilício que vêm fazendo com que a doutrina se incline em favor de personalidade jurídica para o condomínio edilício. Vale dizer: a questão dos entes despersonalizados é uma questão de política legislativa. Na verdade, esses entes despersonalizados têm inclusive capacidade processual, o CPC prevê capacidade processual para tais entes despersonalizados. Tepedino ressalta que não podemos confundir personalidade jurídica com subjetividade. A subjetividade seria essa a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Então, na verdade a pessoa jurídica, por exemplo, não teria personalidade jurídica, ela seria dotada de subjetividade, os entes despersonalizados também teriam subjetividade. 
10. Responsabilidade civil das pessoas jurídicas
A responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário. A responsabilidade pressupõe um dever jurídico preexistente, uma obrigação descumprida. Por isso que toda conduta humana que causar prejuízo a outra, violando dever jurídico originário, é fonte geradora de responsabilidade civil.
No que diz com a responsabilidade civil inexiste distinção entre pessoas jurídicas e pessoas naturais. Independentemente da natureza da pessoa jurídica (pública ou privada) responde pelo inadimplemento contratual (art. 389 do CC chamada de responsabilidade civil contratual). Quanto à responsabilidade civil aquiliana ou extracontratual (art. 186 do CC) utiliza-se a regra geral do neminem laedere (a ninguém se deve lesar). Já as pessoas jurídicas de direito público gozam de regra especial: art. 37 § 6º da CF, donde se extrai a responsabilidade objetiva, ancorada no risco integral, para atos comissivos, colaciono: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Para atos omissivos a doutrina não é pacífica, uns entendem que continua a responsabilidade sendo objetiva, outros dizem que se torna subjetiva (precisa provar dolo ou culpa). 
11. Dano moral contra pessoa jurídica
Como a pessoa jurídica é titular de alguns direitos especiais da personalidade, ajustáveis às suas características particulares, tais como o bom nome, a imagem, a reputação, o sigilo de correspondência, etc, faz jus a indenização por afronta a tais direitos, portanto, pode sofrer dano moral. 
De assinalar que a honra tem dois aspectos: o subjetivo (interno) e o objetivo (externo). A honra subjetiva se caracteriza pela dignidade, pelo decoro, pela auto-estima, sendo exclusiva do ser humano. Já a honra objetiva reflete a reputação, o bom nome a imagem perante a sociedade, sendo, pois, comum à pessoa natural e à jurídica.
Induvidoso que a pessoa jurídica, embora não seja passível de sofrer dano moral em sentido estrito – ofensa à dignidade – pode sofrer dano moral em sentido amplo – violação de algum direito da personalidade -, porque é titular de honra objetiva, fazendo jus a indenização sempre que seu bom nome, credibilidade ou imagem forem atingidos por algum ato ilícito. Modernamente fala-se em honra profissional, como uma variante da honra objetiva.
Súmula nº 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
12. Desconsideração da personalidade jurídica ou teoria do superamento da personalidade jurídica
12.1. Histórico da desconsideração da personalidade jurídica no Brasil
Código Civil Brasileiro de 1916: não previa a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica.
Na década de 60, o doutrinador Rubens Requião foi pioneiro na defesa da aplicação da teoria no Brasil, mesmo sem previsão legal.
CDC em 1990: primeira lei a prever a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica no Brasil (art. 28).
Lei nº 8.884/94 (antiga Lei Antitruste): previu a desconsideração.
Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais): também disciplinou a desconsideração.
Código Civil de 2002: trouxe previsão expressa no art. 50.
Lei nº 12.529⁄2011: desconsideração em caso de infrações da ordem econômica (art. 34).
12.2. A desconsideração da personalidade jurídica no CCB 2002
O art. 50 do CCB prevê expressamente a possibilidade da desconsideração da pessoa jurídica quando houver abuso da personalidade jurídica, especialmente desvio de finalidade ou confusão. Quando alguns indivíduos começaram a abusar da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, utilizando-a como um meio de praticar fraudes, por exemplo, a pessoa jurídica, após adquirir diversas dívidas, transferia todo o lucro e patrimônio para o nome dos sócios e, com isso, não tinha como pagar os compromissos assumidos, não sobrando bens da sociedade que pudessem ser executados pelos credores.
A doutrina já admitia, antes do advento do CCB 2002, a desconsideração da pessoa jurídica "disregard of legal entily, disregar doctrine", oriunda da Inglaterra (1897), porém, com os pressupostos do abuso de direito, desvio de finalidade, fraude e prejuízo a terceiros.
A teoria da desconsideração permite que o juiz não mais considere os efeitos da autonomia jurídica da sociedade, para atingir e vincular a responsabilidade patrimonial dos sócios, com o intuito de impedir a consumação de fraudes e abusos de direito cometidos por meio da personalidade jurídica, que causem prejuízos ou danos a terceiros. É a retirada do véu que encobre a pessoa jurídica. Maria Helena Diniz afirma que na seara trabalhista de longa data se admitia o instituto.
O termo a ser utilizado é desconsideração e não de despersonalização, pois despersonalização denota um caráter definitivo, é a extinção compulsória da pessoa jurídica, enquanto que a desconsideração é ato episódico, em função de fraude, desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Desconsiderar a personalidade jurídica é uma forma extraordinária de responsabilização do sócio por dívidas da sociedade. Segundo Fábio Ulhôa Coelho a sua aplicação não importa a anulação ou o desfazimento do ato constitutivo da sociedade empresária, mas apenas a sua ineficácia episódica. Ambos os institutos se diferenciam da responsabilidade pessoal dos sócios, de forma direta. Tecnicamente a desconsideração é DECRETADA, pois é uma sanção. 
Somente poderá ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas regidas pelo Código Civil se ficar caracterizado que houve abuso da personalidade jurídica. O abuso da personalidade jurídica pode ocorrer em duas situações:
1) Desvio de finalidade: é o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros utilizando a autonomia da pessoa jurídica como um escudo. Ex.: ocorre quando objeto social é mera fachada para a exploração de atividade diversa, uma pessoa que está proibida de exercer certa atividade como pessoa natural, por exemplo, constitui uma pessoa jurídica e por ela pratica o ato que não era permitido.
2) Confusão patrimonial: ocorre quando, na prática, não há separação entre o que seja patrimônio da pessoa jurídica e dos sócios. Ex.: os bens pessoais e sociais se misturam, todas as despesas pessoais dos sócios são pagas com o cartão de crédito da empresa, os veículos utilizados são da empresa, os funcionários fazem serviços pessoais para os sócios etc. patrimonial, etc. 
12.3. Teorias maior e menor da desconsideração
Vimos acima que a desconsideração da personalidade jurídica não é prevista apenas no CCB 2002, mas existem outros importantes diplomas que tratam sobre o tema, como é o caso do CDC e da Lei Ambiental. Ocorre que nem todas as leis trazem os mesmos requisitos para a desconsideração. A partir daí surgiram dois grupos de legislações separadas a partir dos requisitosimpostos para a desconsideração. Confira:
	Teoria MAIOR
	Teoria MENOR
	O Direito Civil brasileiro adotou a chamada teoria maior da desconsideração. Isso porque o art. 50 exige, além da insolvência, que se prove o desvio de finalidade (teoria maior subjetiva) ou a confusão patrimonial (teoria maior objetiva).
	No Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, adotou-se a teoria menor da desconsideração. Isso porque, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas envolvendo consumo ou responsabilidade civil ambiental, basta provar a insolvência da pessoa jurídica.
	Deve-se provar: 
1) Insolvência
2) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial)
	Deve-se provar apenas a insolvência.
Art. 4º da Lei n.( 9.605/98 (Lei Ambiental).
Art. 28, § 5º do CDC.
O CCB 2002 agasalhou a Teoria Maior, pois as situações apontadas (desfio de finalidade e confusão patrimonial) devem ser demonstradas pelo credor que se vê prejudicado. O abuso de direito constitui o fundamento para a desconsideração da personalidade jurídica. É preciso que os sócios sejam citados no processo de desconsideração, sob pena de violar o contraditório e ampla defesa.
Segundo a teoria maior, a desconsideração da personalidade jurídica é condicionada à caracterização de manipulação fraudulenta ou abusiva do instituto. Tendo por base o pressuposto comum do uso fraudulento da personalidade, duas são as formulações que procuram caracterizar tal fraude: 
a) Formulação subjetiva: caracteriza-se fraude quando há o intuito voltado à frustração de legítimo interesse de credor. Critica-se tal concepção por ensejar dificuldade probatória. 
b) Formulação objetiva: caracteriza-se a fraude quando houver confusão patrimonial. 
Assim, pela análise contábil, percebe-se que a sociedade paga dívidas do sócio, ou este recebe créditos desta, ou o inverso; há bens de sócio registrados no nome da sociedade (e vice-versa). Nas palavras de Fábio Ulhôa deve-se presumir a fraude nos casos de confusão, e prová-la nos demais casos.
Pela teoria menor, a desconsideração da personalidade jurídica fica condicionada à insatisfação de crédito perante a sociedade: contenta-se com a demonstração pelo credor da inexistência de bens sociais e da solvência de qualquer sócio, para atribuir a este a obrigação da pessoa jurídica. No CDC o tema é tratado de forma mais ampla, o art. 28 refere às seguintes possibilidades: - abuso de direito, desvio ou excesso de poder, lesando consumidor; - infração legal ou estatutária, por ação ou omissão, em detrimento do consumidor; - falência, insolvência, encerramento ou inatividade, em razão de sua má administração. Adotou a teoria menor: basta a prova da insolvência da pessoa jurídica independente do desvio de finalidade e a confusão patrimonial (art. 28, § 5º, CDC: também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que a sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores).
Alguns autores criticam essa divisão entre teorias maior e menor da desconsideração da personalidade jurídica, afirmando que essa dicotomia está ultrapassada. É o caso, por exemplo, de Fábio Ulhoa Coelho (Curso de Direito Comercial, Vol. 2. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012). Tais expressões, contudo, continuam presentes na jurisprudência do STJ e são cobradas em concursos.
Por exemplo: A empresa “A” emitiu notas promissórias em favor da empresa “B” em um contrato empresarial. Os títulos de crédito venceram e a devedora não pagou o débito, razão pela qual a empresa “B” ajuizou execução de título extrajudicial. Tentou-se a citação da empresa “A” em sua sede (um ponto alugado), mas ficou constatado que ela havia encerrado suas atividades, já que o local estava abandonado. Diante disso, e tendo apenas essas informações, a exequente pediu ao juiz o redirecionamento da execução para os sócios da empresa “A” (João e Pedro), alegando unicamente que isso seria possível em virtude de ela ter encerrado irregularmente suas atividades. A exequente afirmou que deveria ser aplicado, ao caso concreto, o raciocínio do enunciado 435 do STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. A tese do exequente é aceita pelo STJ? Nas relações jurídicas regidas pelo Código Civil, o encerramento irregular das atividades da empresa autoriza, por si só, a desconsideração da pessoa jurídica e o consequente direcionamento da execução para a pessoa do sócio? NÃO. O encerramento das atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não é causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil. STJ. 2ª Seção. EREsp 1306553/SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2014.
Essa é a posição também da doutrina majoritária, conforme restou consignado no Enunciado da IV Jornada de Direito Civil do CJF: 282 – Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica.
Não se quer dizer com isso que o encerramento da sociedade jamais será causa de desconsideração de sua personalidade, mas que somente o será quando sua dissolução ou inatividade irregulares tenham o fim de fraudar a lei, com o desvirtuamento da finalidade institucional ou confusão patrimonial (Min. Maria Isabel Gallotti). Em outras palavras, o encerramento irregular pode ser um indício de que houve abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial), mas serão necessárias outras provas para que se cumpra o que exige o art. 50 do CCB. O raciocínio do enunciado 435 do STJ não pode ser aplicado para as relações de Direito Civil por duas razões: 1) O CCB traz regras específicas sobre o tema, diferentes das normas do CTN, que inspiraram a edição da súmula. Como vimos acima, cada diploma legislativo, cada microssistema jurídico trouxe suas regras próprias para a desconsideração, devendo isso ser considerado pelo intérprete. Isso foi registrado pela doutrina no Enunciado nº 51 do CJF: A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, mantidos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema. 2) A Súmula 435 do STJ não trata sobre desconsideração da personalidade, mas sim sobre redirecionamento da execução fiscal à luz de regras próprias do CTN, não sendo possível que as normas de um sejam aplicadas indistintamente ao outro.
12.4. Desconsideração inversa: consiste em desconsiderar a autonomia da sociedade para responsabilizá-la por dívida de sócio. Coíbe, basicamente, o desvio de bens. Ocorre quando o devedor transfere bens para a pessoa jurídica sobre a qual detém controle (desse modo, continua a usufruí-los). Quando se trata de sociedade, é verdade, cabe a penhora das quotas sociais. Porém, nos casos de fundação ou associação, onde nenhum bem é atribuído ao participante, é possível concretizar com maior eficácia a fraude. Ex. um dos cônjuges ou companheiros, ao adquirir bens de maior valor, registra-os em nome da sociedade sob seu controle, para que não integrem a massa a partilhar. 
Para ilustrar colaciono o seguinte precedente:
“Discute-se, no REsp, se a regra contida no art. 50 do CC/02 autoriza a chamada desconsideração da personalidade jurídica inversa. Destacou a Ministra Relatora, em princípio, que, a par de divergências doutrinárias, este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de ser possível a desconstituição da personalidade jurídica dentro do processo de execução ou falimentar, independentemente de ação própria. Por outro lado, expõe que, da análise do art. 50 do CC/2002, depreende-se que o ordenamento jurídico pátrio adotou a chamada teoria maior da desconsideração, segundo a qual se exige, além da prova de insolvência, a demonstração ou de desviode finalidade (teoria subjetiva da desconsideração) ou de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). Também explica que a interpretação literal do referido artigo, de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos sócios em razão de dívidas da sociedade e não o inverso, não deve prevalecer. Anota, após essas considerações, que a desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir, então, o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações de seus sócios ou administradores. Assim, observa que o citado dispositivo, sob a ótica de uma interpretação teleológica, legitima a inferência de ser possível a teoria da desconsideração da personalidade jurídica em sua modalidade inversa, que encontra justificativa nos princípios éticos e jurídicos intrínsecos à própria disregard doctrine, que vedam o abuso de direito e a fraude contra credores. Dessa forma, a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em comento é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios. Ressalta que, diante da desconsideração da personalidade jurídica inversa, com os efeitos sobre o patrimônio do ente societário, os sócios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus direitos mediante a interposição dos recursos tidos por cabíveis, sem ofensa ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. No entanto, a Ministra Relatora assinala que o juiz só poderá decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos relacionados à fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/2002. No caso dos autos, tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente. Nesse contexto, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp n. 279.273/SP, DJ, 29.03.04; REsp n. 970.635-SP, DJe”.
13. Das Associações 
As associações são pessoas jurídicas previstas nos arts. 53 e seguintes do CCB. São grupos de pessoas, organizados e permanentes, que agem licitamente que tem por finalidade um objetivo não econômico. Ex.: Apae, associações de bairros, etc. O direito de criar associação é garantido pela CF como direito fundamental, não pode, portanto, ser contrariado pela lei infraconstitucional. Em decorrência desse princípio, e conforme previsto expressamente na CF, não há necessidade de autorização estatal para a criação das associações, e estas somente poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, transitada em julgado (art. 5.º, XVIII e XIX, CF). A lei pode estabelecer requisitos para a instituição de uma associação, desde que não implique interferência arbitrária do Poder executivo na vida associativa. Ninguém pode ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.
Os associados se reúnem visando um interesse alheio ou mesmo um interesse pessoal ou do grupo de pessoas (associação de moradores de bairro, sindicato), mas esse interesse não se confunde com o do sócio, que é a obtenção de proveito econômico. O objetivo é um fim não econômico, embora possa ela exercer atividade econômica para atingir a finalidade prevista no estatuto.
As associações, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar os associados em juízo ou extrajudicialmente, salvo em caso de mandado segurança coletivo em que a associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano tem legitimidade para impetrar mandado de segurança em defesa dos interesses dos associados, deve haver pertinência com a finalidade institucional da associação (ex.: defesa dos consumidores ou do meio ambiente).
O ato que institui a associação é o estatuto que, uma vez registrado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, conferirá personalidade jurídica a este ente. O registro confere ainda legitimidade à associação para representar os interesses de seus associados em juízo ou fora dele e, inclusive, para a impetração de mandado de segurança coletivo para tutela de direitos coletivos difusos. Neste caso, o registro deve ter sido realizado há pelo menos um ano. A instituição da associação independe de autorização estatal, seja qual for seu o objetivo. Cabe notar que também nesse tema o tratamento legal da associação se distingue do direito societário. Para que seja válido e possa ser registrado, o estatuto deve conter: a)   a denominação, os fins e a sede da associação; b)   os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; c)   os direitos e deveres dos associados; d) as fontes de recursos para sua manutenção; e)   o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos; f)   as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; g)   a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas (incluída pela Lei 11.127/2005).
Os associados devem ter direitos iguais, mas o estatuto pode instituir categorias com vantagens especiais. Como regra geral, a qualidade de associado é intransmissível, uma vez que, para ingresso na associação, o que conta são as características pessoais e não a contribuição econômica do associado. A transferência da quota ou fração ideal do patrimônio da associação não implica, necessariamente, a atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro. Mas o estatuto pode prever a possibilidade de transferência da condição de associado. Nesse caso, o herdeiro de um associado, por força da sucessão, pode adquirir a quota do de cujus e também a condição de associado. Caso contrário, o herdeiro não poderá exigir sua aceitação como associado, mas terá direito ao valor patrimonial da quota, ou seja, à contribuição prestada pelo falecido ao patrimônio da associação, na forma prevista pelo estatuto ou por deliberação dos associados. 
Para a exclusão de associado deve haver justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Não há necessidade de ação judicial para expulsão do associado faltoso. Da mesma forma, o associado só poderá ser impedido de exercer o direito ou a função que lhe tenha sido legitimamente conferida nos casos e na forma prevista na lei ou no estatuto. 
O órgão deliberativo da associação é a assembleia geral, à qual compete privativamente destituir os administradores e alterar o estatuto (art. 59, CC). Em virtude da alteração pela Lei 11.127/2005, o CC passou a dispor que para a destituição dos administradores e alteração do estatuto será exigida deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto. O estatuto deverá prever ainda os critérios de eleição dos administradores. É o estatuto que define a forma de convocação dos órgãos deliberativos, sendo garantido a um quinto dos associados o direito de promovê-la.
A associação não pode ser extinta compulsoriamente, a não ser por decisão judicial transitada em julgado. Não se admite a intromissão do Estado com o intuito de “fechar” ou dissolver a associação, ainda que haja indícios de que esteja concorrendo para a prática de delitos ou tenha objetivo ilícito. Neste caso, deve a autoridade administrativa requerer ao Judiciário a extinção compulsória da associação, assegurando-se-lhe a ampla defesa e o devido processo legal. É possível a suspensão cautelar da atividade associativa, ainda que por decisão interlocutória e recorrível.
Portanto, a associação pode ser extinta por vontade dos associados (extinção voluntária) ou por decisão judicial transitada em julgado (extinção compulsória).
 Dissolvida a associação, seja por qual motivo for (deliberação dos associados, advento do termo final, inutilidade da finalidade, etc.) e quitadas as obrigações, os associados poderão receber em restituição o valor atualizado das contribuiçõesque tiverem prestado ao patrimônio da associação. Feita a restituição das quotas aos associados, o patrimônio remanescente será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto. No caso de omissão do estatuto, caberá aos associados deliberarem a transferência do remanescente a uma instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. Os associados não têm direito à repartição do patrimônio líquido, em caso de extinção da associação. Poderão, tão somente, obter a restituição do valor atualizado da contribuição que fizeram. Conforme foi visto, ao contrário da sociedade, a associação não tem finalidade econômica e os seus membros não visam o lucro. Por isso, o patrimônio que remanescer será entregue à outra associação ou fundação de fins idênticos ou semelhantes.
Modelo Estatuto Associação
Denominação Social da Associação
 
ARTIGO 1º  - DENOMINAÇÃO, SEDE, FINALIDADE E DURAÇÃO
(colocar a denominação social da associação), neste estatuto designada, simplesmente,  como Associação (ou pela sigla se houver), fundada em data de (colocar datada), com sede e foro nesta capital, na (colocar endereço completo, inclusive CEP) do Estado de São Paulo,  é uma associação de direito privado,  constituída por tempo indeterminado, sem fins econômicos, de caráter organizacional, filantrópico, assistencial, promocional, recreativo e educacional, sem cunho político ou partidário, com a finalidade de atender  a todos que a ela se dirigirem, independente de classe social, nacionalidade,  sexo, raça, cor ou crença religiosa. 
ARTIGO 2º - SÃO PRERROGATIVAS DA ASSOCIAÇÃO:
No desenvolvimento de suas atividades, a Associação observará os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência, com as seguintes prerrogativas: 
I.  Acrescentar neste inciso todas as finalidades da Associação.
Parágrafo Único - Para cumprir suas finalidades sociais, a Associação se organizará em tantas unidades quantas se fizerem necessárias, em todo o território nacional, as quais funcionarão mediante delegação expressa da matriz, e se regerão pelas disposições contidas neste estatuto e, ainda, por um regimento interno aprovado pela Assembleia Geral. 
ARTIGO 3º - DOS COMPROMISSOS DA ASSOCIAÇÃO
A Associação se dedicara às suas atividades através de seus administradores e associados, e adotará práticas de gestão administrativa, suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens, lícitas ou ilícitas, de qualquer forma, em decorrência da participação nos processos decisórios, e suas rendas serão integralmente aplicadas em território nacional, na consecução e no desenvolvimento de seus objetivos sociais. 
ARTIGO 4º – DA ASSEMBLÉIA GERAL
A Assembleia Geral Deliberativa é o órgão máximo e soberano da Associação, e será constituída pelos seus associados em pleno gozo de seus direitos. Reunir-se-á na segunda quinzena de janeiro, para tomar conhecimento das ações da Diretoria Executiva e, extraordinariamente, quando devidamente convocada. Constituirá em primeira convocação com a maioria absoluta dos associados e, em segunda convocação, meia hora após a primeira, com qualquer número, deliberando pela maioria simples dos votos dos presentes, salvo nos casos previsto neste estatuto, tendo as seguintes prerrogativas.
I.  Fiscalizar os membros da Associação, na consecução de seus objetivos;
II.  Eleger e destituir os administradores;
III.  Deliberar sobre a previsão orçamentária e a prestação de contas; 
IV.  Estabelecer o valor das mensalidades dos associados; 
V.  Deliberar quanto à compra e venda de imóveis da Associação;
VI.  Aprovar o regimento interno, que disciplinará os vários setores de atividades da Associação;
VII.  Alterar, no todo ou em parte, o presente estatuto social;
VIII.  Deliberar quanto à dissolução da Associação; 
IX.  Decidir, em ultima instância, sobre todo e qualquer assunto de interesse social, bem como sobre os casos omissos no presente estatuto.
 Parágrafo Primeiro - As assembleias gerais poderão ser ordinárias ou extraordinárias, e serão convocadas, pelo Presidente ou por 1/5 dos associados, mediante edital fixado na sede social da Associação, com antecedência mínima de 10 (dez) dias de sua realização, onde constará: local, dia, mês, ano, hora da primeira e segunda chamada, ordem do dia, e o nome de quem a convocou;
 Parágrafo Segundo - Quando a assembleia geral for convocada pelos associados, deverá o Presidente convocá-la no prazo de 3 (três) dias, contados da data entrega do requerimento, que deverá ser encaminhado ao presidente através de notificação extrajudicial. Se o Presidente não convocar a assembleia, aqueles que deliberam por sua realização, farão a convocação;
Parágrafo Terceiro - Serão tomadas por escrutínio secreto as deliberações que envolvam eleições da diretoria e conselho fiscal e o julgamento dos atos da diretoria quanto à aplicação de penalidades.  
ARTIGO 5º - DOS ASSOCIADOS
Os associados serão divididos nas seguintes categorias:
I.  Associados Fundadores: os que ajudaram na fundação da Associação, e que são relacionados em folha anexa.
II.  Associados Beneméritos: os que contribuem com donativos e doações;
III.  Associados Contribuintes: as pessoas físicas ou jurídicas que contribuem, mensalmente, com a quantia fixada pela Assembleia Geral;
IV.  Associados Beneficiados: os que recebem gratuitamente os benefícios alcançados pela entidade, junto aos associados contribuintes, órgãos públicos e privados;
ARTIGO 6º – DA ADMISSÃO DO ASSOCIADO
Poderão filiar-se somente pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, ou maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) legalmente autorizadas, independente de classe social, nacionalidade, sexo, raça, cor ou crença religiosa e, para seu ingresso, o  interessado deverá preencher ficha de inscrição na secretaria da entidade, que a submeterá à Diretoria Executiva e, uma vez aprovada, terá seu nome, imediatamente, lançado no livro de associados, com indicação de seu número de matrícula e categoria à qual pertence, devendo o interessado: 
I.  Apresentar a cédula de identidade e, no caso de menor de dezoito anos, autorização dos pais ou de seu responsável legal; 
II.  Concordar com o presente estatuto e os princípios nele definidos;
III.  Ter idoneidade moral e reputação ilibada; 
IV.  Caso seja "associado contribuinte", assumir o compromisso de honrar pontualmente com as contribuições associativas. 
ARTIGO 7º - SÃO DEVERES DOS ASSOCIADOS
I.  Cumprir e fazer cumprir o presente estatuto; 
II.  Respeitar e cumprir as decisões da Assembleia Geral;
III.  Zelar pelo bom nome da Associação;
IV.  Defender o patrimônio e os interesses da Associação;
V.  Cumprir e fazer cumprir o regimento interno; 
VI.  Comparecer por ocasião das eleições; 
VII.  Votar por ocasião das eleições; 
VIII.  Denunciar qualquer irregularidade verificada dentro da Associação, para que a Assembleia Geral tome providências. 
Parágrafo Único - É dever do associado contribuinte honrar pontualmente com as contribuições associativas.
ARTIGO 8º - SÃO DIREITOS DOS ASSOCIADOS 
São direitos dos associados  quites com suas obrigações sociais:
I.  Votar e ser votado para qualquer cargo da Diretoria Executiva ou do Conselho Fiscal, na forma prevista neste estatuto;
II.  Usufruir os benefícios oferecidos pela Associação, na forma prevista neste estatuto; 
III.  Recorrer à Assembleia Geral contra qualquer ato da Diretoria ou do Conselho Fiscal; 
ARTIGO 9º – DA DEMISSÃO DO ASSOCIADO
É direito do associado demitir-se do quadro social, quando julgar necessário, protocolando seu pedido junto à Secretaria da Associação, desde que não esteja em débito com suas obrigações associativas.  
ARTIGO 10 – DA EXCLUSÃO DO ASSOCIADO
A perda da qualidade de associado será determinada pela Diretoria Executiva, sendo admissível somente havendo justa causa, assim reconhecidaem procedimento disciplinar, em que fique assegurado o direito da ampla defesa, quando ficar comprovada a ocorrência de: 
I.  Violação do estatuto social;
II.  Difamação da Associação, de seus membros ou de seus associados;
III.  Atividades contrárias às decisões das assembleias gerais;
IV.  Desvio dos bons costumes;
V.  Conduta duvidosa, mediante a prática de atos ilícitos ou imorais;
VI.  Falta de pagamento, por parte dos “associados contribuintes”, de três parcelas consecutivas das contribuições associativas.
Parágrafo Primeiro – Definida a justa causa, o associado será devidamente notificado dos fatos a ele imputados, através de notificação extrajudicial, para que apresente sua defesa prévia no prazo de 20 (vinte) dias a contar do recebimento da comunicação;
Parágrafo Segundo – Após o decurso do prazo descrito no parágrafo anterior, independentemente da apresentação de defesa, a representação será decidida em reunião extraordinária da Diretoria Executiva, por maioria simples de votos dos diretores presentes;
Parágrafo Terceiro – Aplicada a pena de exclusão, caberá recurso, por parte do associado excluído, à Assembleia Geral, o qual deverá, no prazo de 30 (trinta) dias contados da decisão de sua exclusão,  através de notificação extrajudicial,  manifestar a intenção de ver a decisão da Diretoria Executiva ser objeto de deliberação, em última instância, por parte da Assembleia Geral;
Parágrafo Quarto – Uma vez excluído, qualquer que seja o motivo, não terá o associado o direito de pleitear indenização ou compensação de qualquer natureza, seja a que título for;
Parágrafo Quinto – O associado excluído por falta de pagamento, poderá ser readmitido, mediante o pagamento de seu débito junto à tesouraria da Associação. 
ARTIGO 11 – DA APLICAÇÃO DAS PENAS
As penas serão aplicadas pela Diretoria Executiva e poderão constituir-se em:
I.  Advertência por escrito;
II.  Suspensão de 30 (trinta) dias até 01 (um) ano; 
III.  Eliminação do quadro social.
ARTIGO 12 - DOS ORGÃOS ADMINISTRATIVOS DA INSTITUIÇÃO
São órgãos da Associação:
I.  Diretoria Executiva;
II.  Conselho Fiscal. 
ARTIGO 13 - DA DIRETORIA EXECUTIVA 
A Diretoria Executiva da Associação será constituída por 06 (seis) membros, os quais ocuparão os cargos de:  Presidente, Vice Presidente, 1º e 2º Secretários, 1º e 2º Tesoureiros. A Diretoria reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinariamente, quando convocada pelo presidente ou pela maioria de seus membros, (a composição desta diretoria é meramente enunciativa). 
ARTIGO 14 - COMPETE À DIRETORIA EXECUTIVA
I.  Dirigir a Associação, de acordo com o presente estatuto, e administrar o patrimônio social. 
II.  Cumprir e fazer cumprir o presente estatuto e as decisões da Assembleia Geral; 
III.  Promover e incentivar a criação de comissões, com a função de desenvolver cursos profissionalizantes e atividades culturais;
IV.  Representar e defender os interesses de seus associados;
V.  Elaborar o orçamento anual;
VI.  Apresentar a Assembleia Geral, na reunião anual, o relatório de sua gestão e prestar contas referentes ao exercício anterior;
VII.  Admitir pedido inscrição de associados;
VIII.  Acatar pedido de demissão voluntária de associados.
Parágrafo único - As decisões da diretoria deverão ser tomadas por maioria de votos, devendo estar presentes, na reunião, a maioria absoluta de seus membros, cabendo ao Presidente, em caso de empate, o voto de qualidade.  
ARTIGO 15 - COMPETE AO PRESIDENTE 
(as competências, deste e dos demais devem seguir a composição contida no art. 13)
I.  Representar a Associação ativa e passivamente, perante os órgãos públicos, judiciais e extrajudiciais, inclusive em juízo ou fora dele, podendo delegar poderes e constituir procuradores e advogados para o fim que julgar necessário;
II.  Convocar e presidir as reuniões da Diretoria Executiva;
III.  Convocar e presidir as Assembleias Ordinárias e Extraordinárias;
IV.  Juntamente com o tesoureiro, abrir e manter contas bancárias, assinar cheques e documentos bancários e contábeis;
V.  Organizar relatório contendo o balanço do exercício financeiro e os principais eventos do ano anterior, apresentando-o à Assembleia Geral Ordinária;
VI.  Contratar funcionários ou auxiliares especializados, fixando seus vencimentos, podendo licenciá-los, suspendê-los ou demiti-los;
VII.  Criar departamentos patrimoniais, culturais, sociais, de saúde e outros que julgar necessários ao cumprimento das finalidades sociais, nomeando e destituindo os respectivos responsáveis. 
Parágrafo Único – Compete ao Vice – Presidente, substituir legalmente o Presidente, em suas faltas e impedimentos, assumindo o cargo em caso de vacância.
ARTIGO 16 - COMPETE AO 1º SECRETÁRIO           
I.  Redigir e manter, em dia, transcrição das atas das Assembléias Gerais e das reuniões da Diretoria Executiva;
II.  Redigir a correspondência da Associação;  
III.  Manter e ter sob sua guarda o arquivo da Associação;
IV.  Dirigir e supervisionar todo o trabalho da Secretaria.
Parágrafo Único – Compete ao 2º Secretário, substituir o 1º Secretário, em suas faltas e impedimentos, assumindo o cargo em caso de vacância.  
ARTIGO 17 - COMPETE AO 1º TESOUREIRO
I.  Manter, em estabelecimentos bancários, juntamente com o presidente, os valores da Associação, podendo aplicá-los, ouvida a Diretoria Executiva;
II.  Assinar, em conjunto com o Presidente, os cheques e demais documentos bancários e contábeis; 
III.  Efetuar os pagamentos autorizados e recebimentos devidos à Associação;
IV.  Supervisionar o trabalho da tesouraria e da contabilidade;
V.  Apresentar ao Conselho Fiscal, os balancetes semestrais e o balanço anual;
VI.  Elaborar, anualmente, a relação dos bens da Associação, apresentando-a, quando solicitado, à Assembleia Geral.
Parágrafo Único – Compete ao 2º Tesoureiro, substituir o1º Tesoureiro, em suas faltas e impedimentos, assumindo o cargo em caso de vacância. 
ARTIGO 18 - DO  CONSELHO FISCAL 
O Conselho Fiscal, que será composto por três membros, e tem por objetivo, indelegável, fiscalizar e dar parecer sobre todos os atos da Diretoria Executiva da Associação, com as seguintes atribuições;
I.  Examinar os livros de escrituração da Associação;
II.  Opinar e dar pareceres sobre balanços e relatórios financeiro e contábil, submetendo-os a Assembleia Geral Ordinária ou Extraordinária;
III.  Requisitar ao 1º Tesoureiro, a qualquer tempo, a documentação comprobatória das operações econômico-financeiras realizadas pela Associação;
IV.  Acompanhar o trabalho de eventuais auditores externos independentes;
V.  Convocar Extraordinariamente a Assembleia Geral. 
Parágrafo único - O Conselho Fiscal reunir-se-á ordinariamente, uma vez por ano, na segunda quinzena de janeiro, em sua maioria absoluta, e extraordinariamente, sempre que convocado  pelo Presidente da Associação, ou pela maioria simples de seus membros.
 ARTIGO 19 - DO MANDATO
As eleições para a Diretoria Executiva e Conselho Fiscal realizar-se-ão, conjuntamente, de 02 (dois) em 02 (dois) anos, (o período deste mandato é opcional), por chapa completa de candidatos apresentada à Assembleia Geral, podendo seus membros ser  reeleitos.
ARTIGO 20 - DA PERDA DO MANDATO
A perda da qualidade de membro da Diretoria Executiva ou do Conselho Fiscal, será determinada pela Assembleia Geral, sendo admissível somente havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento disciplinar, quando ficar comprovado: 
I.  Malversação ou dilapidação do patrimônio social; 
II.  Grave violação deste estatuto; 
III.  Abandono do cargo, assim considerada a ausência não justificada em 03 (três) reuniões ordinárias consecutivas, sem expressa comunicação dos motivos da ausência, à secretaria da Associação; 
IV.  Aceitação de cargo ou função incompatível com o exercício do cargo que exerce na Associação;
V.  Conduta duvidosa. 
ParágrafoPrimeiro – Definida a justa causa, o diretor ou conselheiro será comunicado, através de notificação extrajudicial, dos fatos a ele imputados,  para que apresente sua defesa prévia à Diretoria Executiva, no prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento da comunicação;
Parágrafo Segundo – Após o decurso do prazo descrito no parágrafo anterior, independentemente da apresentação de defesa, a representação será submetida à Assembleia Geral Extraordinária, devidamente convocada para esse fim, composta de associados contribuintes em dia com suas obrigações sociais, não podendo ela deliberar sem voto concorde de 2/3 (dois terços) dos presentes, sendo em primeira chamada, com a maioria absoluta dos associados e em segunda chamada, uma hora após a primeira, com qualquer número de associados,  onde será garantido o amplo direito de defesa.
ARTIGO 21 - DA RENÚNCIA 
Em caso renúncia de qualquer membro da Diretoria Executiva ou do Conselho Fiscal, o cargo será preenchido pelos suplentes.
Parágrafo Primeiro – O pedido de renúncia se dará por escrito, devendo ser protocolado na secretaria da Associação, a qual, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado  da data do protocolo, o submeterá à deliberação da Assembleia Geral;
Parágrafo Segundo - Ocorrendo renúncia coletiva da Diretoria e Conselho Fiscal, o Presidente renunciante, qualquer membro da Diretoria Executiva ou, em último caso, qualquer dos associados, poderá convocar a Assembleia Geral Extraordinária, que elegerá uma comissão provisória composta por 05 (cinco) membros, que administrará a entidade e fará realizar novas eleições, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contados da data de realização da referida assembleia. Os diretores e conselheiros eleitos,  nestas condições, complementarão o mandato dos renunciantes.
 ARTIGO 22- DA REMUNERAÇÃO
Os membros da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal não perceberão nenhum tipo de remuneração, de qualquer espécie ou natureza, pelas atividades exercidas na Associação.
 ARTIGO 23 – DA RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS
Os associados, mesmo que investidos na condição de membros da diretoria executiva e conselho fiscal, não respondem, nem mesmo subsidiariamente, pelos encargos e obrigações sociais da Associação. 
ARTIGO 24 - DO PATRIMÔNIO SOCIAL
O patrimônio da Associação será constituído e mantido por:
I.  Contribuições mensais dos associados contribuintes;
II.  Doações, legados, bens, direitos e valores adquiridos, e suas possíveis rendas e, ainda, pela arrecadação dos valores obtidos através da realização de festas e outros eventos, desde de que revertidos totalmente em beneficio da associação;
III.  Aluguéis de imóveis e juros de títulos ou depósitos;
ARTIGO 25 - DA VENDA 
Os bens móveis e imóveis poderão ser alienados, mediante prévia autorização de Assembleia Geral Extraordinária, especialmente convocada para este fim, devendo o valor apurado ser integralmente aplicado no desenvolvimento das atividades sociais ou no aumento do patrimônio social da Associação.
ARTIGO 26 - DA REFORMA ESTATUTÁRIA 
O presente estatuto social poderá ser reformado no tocante à administração, no todo ou em parte, a qualquer tempo, por deliberação da Assembleia Geral Extraordinária, especialmente convocada para este fim, composta de associados contribuintes em dia com suas obrigações sociais, não podendo ela deliberar sem voto concorde de 2/3 (dois terços) dos presentes, sendo em primeira chamada, com a maioria absoluta dos associados e em segunda chamada, uma hora após a primeira, com qualquer número de associados. (o quórum para este artigo é livre, sendo o acima meramente enunciativo). 
ARTIGO 27 - DA DISSOLUÇÃO 
A Associação poderá ser dissolvida, a qualquer tempo, uma vez constatada a impossibilidade de sua sobrevivência, face à impossibilidade da manutenção de seus objetivos sociais, ou desvirtuamento de suas finalidades estatutárias ou, ainda, por carência de recursos financeiros e humanos, mediante deliberação de Assembleia Geral Extraordinária, especialmente convocada para este fim, composta de associados contribuintes em dia com suas obrigações sociais, não podendo ela deliberar sem voto concorde de 2/3 (dois terços) dos presentes, sendo em primeira chamada, com a totalidade dos associados e em segunda chamada, uma hora após a primeira, com a presença de, no mínimo, 1/3 (um terço) dos associados, (o quórum para este artigo é livre, sendo o acima meramente enunciativo).
Parágrafo único - Em caso de dissolução social da Associação, liquidado o passivo, os bens remanescentes, serão destinados para outra entidade assistencial congênere, com personalidade jurídica comprovada, sede e atividade preponderante nesta capital e devidamente registrada nos órgãos públicos competentes.  
ARTIGO 28 – DO EXERCÍCIO SOCIAL
O exercício social terminará em 31 de dezembro de cada ano, quando serão elaboradas as demonstrações financeiras da entidade, de conformidade com as disposições legais.  
ARTIGO 29 - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
A Associação não distribui lucros, bonificações ou vantagens a qualquer título, para dirigentes, associados ou mantenedores, sob nenhuma forma ou pretexto, devendo suas rendas ser aplicadas, exclusivamente, no território nacional.  
ARTIGO 30 - DAS OMISSÕES
Os casos omissos no presente Estatuto serão resolvidos pela Diretoria Executiva, “ad referendum” da Assembleia Geral. 
Frederico Westphalen/RS, (mesma data de sua aprovação). 
14. Das Sociedades
	As sociedades são pessoas jurídicas caracterizadas pela finalidade lucrativa. Elas de dividem em sociedades simples e empresárias. Vamos nos deter à sociedade simples, pois a sociedade empresária será, no decorrer do curso de direito de direito, tratada com especificidades na disciplina de direito empresarial.
	A sociedade simples é uma reunião de pessoas visando à realização de uma atividade econômica, com o fito de lucro, mas sem organização empresarial. Ao mesmo tempo que é uma categoria, que reúne vários tipos societários, exceto a sociedade por ações, é também um tipo societário, com a sociedade limitada, sociedade por conta de participações, sociedade em comandita simples, etc. Portanto, para melhor definirmos a classe da sociedade simples, é preciso analisar o que se entende por atividade empresarial ou empresa. Segundo o disposto no art. 966 do CC, pode-se conceituar empresa como a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e de serviços. A empresa é um organismo econômico, isto é, funda-se sobre uma organização baseada em princípios técnicos e leis econômicas. Em outras palavras, empresa é a repetição de atos praticados a título profissional tendentes a transformar a matéria-prima em produto manufaturado pronto para o consumo, a prestar serviços ou, ainda, a possibilitar a circulação das mercadorias, para que sejam colocados – tanto os produtos quanto os serviços – à disposição do consumidor.
	A produção e a circulação de bens e serviços para o mercado não são consequência de uma atividade acidental ou improvisada, mas sim, como observa Ferri, uma atividade especializada e profissional, que se explica por meio de organismos permanentes nela predispostos. De fato, a empresa consiste na organização dos fatores de produção e de circulação de bens e de serviços, e tem por objetivo atender às necessidades do mercado.
	Sob o ponto de vista subjetivo, a empresa nada mais é do que uma organização de pessoas sob a direção do empresário. Do ponto de vista objetivo, consiste na organização de pessoas, capital e de bens – por parte do empresário – para que este possa exercer a sua atividade econômica de produção ou circulação de bens e serviços. Segundo Vivante, a empresa é um organismo econômico que, sob seu próprio risco, recolhe e põe em atuação sistematicamente os elementos necessários para obter um produto destinado à troca. Tais elementos são a natureza, o capital e o trabalho. Portanto, dois são os elementos que caracterizam a empresa: a iniciativae o risco. A iniciativa do empresário nada mais é do que a organização dos fatores de produção para a obtenção do resultado desejado.
	A empresa pode ser exercida por uma pessoa natural ou jurídica. No primeiro caso, temos o empresário individual e, no segundo, a sociedade empresária. É importante salientar que o termo “empresa” não se confunde com “sociedade”. A empresa é uma atividade, e não um ente jurídico. A sociedade, quando dotada de personalidade jurídica (adquirida com o registro no órgão apropriado), é um sujeito de direito, enquanto a empresa é um objeto de direito. É a sociedade empresária, assim como o empresário individual, que exerce a empresa.
	A sociedade simples, por sua vez, é aquela que não tem por objeto o exercício de uma atividade própria de empresário sujeita a registro. Seu objeto, portanto, pode ser uma atividade rural ou atividades intelectuais e profissionais, como é o caso da sociedade de médicos, advogados e arquitetos. No entanto, se os profissionais liberais se unem para exercer atividade econômica organizada, a sociedade não é simples, mas empresária. É o caso, por exemplo, de médicos que criam uma sociedade de prestação de serviços à saúde, onde atuam de modo a reunir e organizar os elementos de produção (capital, mão de obra e matéria-prima), caso em que estaremos diante de uma sociedade empresária. O mesmo ocorre quando engenheiros e arquitetos fundam uma sociedade de construção civil.
	Com o advento do novo Código Civil, a grande maioria das sociedades de prestação de serviços, que eram consideradas sociedades civis, passou a ser sociedades empresárias. Afinal, elas exercem, profissionalmente, atividade organizada para a produção de serviços. Tais sociedades estão sujeitas à falência e devem ser registradas no Registro Público de Empresas Mercantis. Por força da lei, a sociedade anônima sempre será considerada empresária, independentemente de seu objeto, assim como a cooperativa sempre será uma sociedade simples (art. 982, parágrafo único, CC).
	Os sócios da sociedade simples podem optar pelo tipo societário do mesmo nome ou então por qualquer outro tipo societário, exceto a sociedade por ações. Podem, por exemplo, optar pela sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples ou sociedade limitada, quando não desejarem que a entidade criada pelo contrato social seja regida pelas normas aplicáveis à sociedade sim sociedade simples, ao contrário do que sucede com a sociedade empresária, deve ser registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas para que obtenha personalidade jurídica. Vale dizer, o registro não é o ato constitutivo da sociedade, ou seja, não constitui condição de existência. Para que uma sociedade empresária exista, é necessária a manifestação da vontade de seus sócios, que será concretizada por meio da celebração de um contrato social ou de um estatuto social. Os pressupostos fáticos de existência de uma sociedade são: a affectio societatis e a pluralidade de sócios. O registro é o ato pelo qual a sociedade (formada pelo contrato ou estatuto) se torna uma pessoa jurídica e adquire, consequentemente, aptidão para exercer direitos e contrair obrigações na órbita civil.
	O pedido de inscrição deve ser acompanhado de instrumento autenticado do contrato e, se for o caso, da prova de autorização da autoridade competente para a constituição da sociedade. O direito brasileiro adota o princípio da livre iniciativa, mas a autorização estatal é necessária para o exercício de determinadas empresas, devendo esta, quando for exigida por lei, ser apresentada ao oficial do registro para fins de inscrição da sociedade simples. O contrato social deve ser rubricado por advogado, sob pena de não ser possível o registro.
	Protocolado o pedido de inscrição do contrato social no prazo de 30 dias, e uma vez efetuado o registro no livro competente, seus efeitos retroagem à data da celebração do contrato, vale dizer, desde esse momento a sociedade é considerada pessoa jurídica, com as consequências que lhe são inerentes: personalidade própria, patrimônio distinto daqueles dos sócios, responsabilidade dos bens da sociedade pelas obrigações sociais, etc. Caso o pedido seja realizado após o trintídio legal, o registro não será negado, mas seus efeitos não retroagem à data da celebração do contrato social, e sim à do protocolo do requerimento de inscrição.
	Na hipótese de a sociedade simples instituir sucursal, filial ou agência na circunscrição de outro Registro Civil das Pessoas Jurídicas, neste deverá também ser inscrita, com a prova do registro originário. Nesse caso, a existência da agência, filial ou sucursal deve ser objeto de averbação no registro da sociedade.
	Com efeito, todas as modificações devem ser objeto de averbação no registro da sociedade, de forma que se tornem públicas. As informações relativas à sociedade interessam não apenas aos sócios, mas a um sem-número de pessoas que com ela se relacionem direta ou indiretamente, e também à Administração Pública. Daí a importância do registro: divulgar informações relevantes sobre a sociedade, por exemplo, quem são os sócios, onde estão localizadas a sede e as filiais, o montante do capital social, o objeto da sociedade, as alterações no contrato social, etc.
	Miguel Reale afirma que uma das modificações básicas do novo CC refere-se ao abandono do sinônimo entre sociedade simples e sociedade empresária. O CC não definiu o que seja “sociedade empresária”, mas seu conceito resulta da definição dada à figura do empresário, assim considerado “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (Art. 986). Prossegue o autor dizendo que a distinção entre duas espécies é fundamental ao entendimento de várias disposições do CC, devendo-se saber que a denominação de “Direito de Empresa”, como o permite a figura verbal da sinédoque, emprega a parte pelo todo. As normas que regem a sociedade simples têm caráter geral, prevalecendo essas normas, salvo se, como já disse, os contratantes preferirem se submeter às regras relativas às demais sociedades personificadas, pois, em princípio, a sociedade simples pode ter amplíssima configuração normativa, só não podendo ser cooperativa. Haveria, assim, também sociedade simples de forma limitada ou anônima, a critério de seus instituidores, muito embora me pareça pouco provável a segunda hipótese. Em qualquer caso, ela  deve se inscrever no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede, conforme Art. 998, menos as de advogados que se inscrevem na OAB. Todas elas podem instituir sucursal, filial ou agência, obedecido o disposto no Art. 1.000 quanto ao respectivo registro. Tanto a sociedade simples como a empresária podem se constituir para prestação de serviço, mas, a meu ver, na primeira, a palavra “serviço” corresponde à profissão exercida pelo sócio. Na sociedade empresária, ao contrário, os serviços são organizados tendo em vista a sua produção ou circulação, dependendo da finalidade visada. É o que se dá quando uma empresa é organizada para prestação de serviços, como, por exemplo, os de transmissão ou distribuição de energia elétrica, ou de transporte. Estabelecida a natureza jurídica da sociedade simples, verificamos que ela constitui o tipo geral aplicável no caso de se objetivar uma reunião associativa para prestação de serviço pessoal, a qual pode ter o maior espectro, desde a categoria dos pedreiros ou cabeleireiros até a dos advogados ou engenheiros. Cabe salientar que a sociedade simples pode ser formada somente de sócios de capital, caso em que, conforme inciso IV do Art. 997, o contrato social deve estabelecer a quota de cada sócio no capital social e o modo de realiza-la; a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas, ou se eles respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Também pode haver sociedade simples constituída apenas de sócios de serviços, hipótese em que, consoante inciso V do mesmo artigo, o contrato social deve prever as prestações e contribuiçõesa que eles se obrigam.  Finalmente, nada impede que haja sociedade simples de capital e serviço, concomitantemente, obedecidos os incisos IV e V supra mencionados. É esse o tipo que julgo mais próprio para reger as relações dos profissionais universitários.
	15. Das Fundações (Novidades trazidas com a Lei n.º 13.151/2015)
Constata-se, no ordenamento jurídico brasileiro, a presença de duas espécies de fundações: as fundações públicas e as fundações privadas. O objeto de nosso estudo, no direito civil I, são as fundações privadas. No entanto, a fim de esclarecer os iniciantes da jornada jurídica, é necessário tratar, ainda que de forma singela, acerca das duas modalidades. 
As fundações públicas, também chamadas de fundações governamentais, são classificadas como pessoas jurídicas de direito público. Elas são instituídas pela Administração Pública e estudadas no Direito Administrativo. Desempenham atividades de caráter social, como assistência social, assistência médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa, atividades culturais etc. Não podem desenvolver atividades industriais ou econômicas e integram a Administração Pública indireta. Uma fundação governamental pode ser criada pela Administração com natureza jurídica de direito público ou de direito privado. Quando são criadas com natureza de direito público, por via de uma lei, serão consideradas uma espécie de autarquia (fundação autárquica) (ex.: Funai, Funasa, IBGE, etc). Quando for de direito privado a autorização será feita via autorização legislativa para que posteriormente se crie uma nova pessoa jurídica (ex.: Fundação Padre Anchieta (fundação instituída pelo Estado de São Paulo e responsável pela TV Cultura).
As fundações constituem um conglomerado de bens livres (universalidade de bens) que são destinados, pelo instituidor, à realização de um determinado fim religioso, moral, cultural ou assistencial. O patrimônio da fundação destaca-se do patrimônio do instituidor e com ele não mais se confunde. Na fundação, o instituidor, por um ato de liberalidade, destaca bens do seu patrimônio pessoal, desviando-os de um objetivo egoístico e pessoal, para destiná-los a um fim de interesse alheio. 
A Lei n.º 13.151/2015 alterou algumas regras sobre as fundações de direito privado. O parágrafo único do art. 62 do Código Civil prevê as finalidades para as quais a fundação pode ser instituída. A Lei n.º 13.151/2015 alterou esse dispositivo aumentando o rol de finalidades permitidas. 
Vejamos:
FINALIDADES DAS FUNDAÇÕES PRIVADAS
	ANTIGAMENTE
Redação original do CCB 2002
	ATUALMENTE
Reforma promovida pela Lei 13.151/2015
	Art. 62 (...).
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
	Art. 62 (...)
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
A alteração legislativa veio corroborar o que já era defendido pela doutrina. Dessa forma, não houve uma inovação de conteúdo, pois a doutrina, mesmo antes da Lei n.° 13.151/2015, já afirmava que o rol do parágrafo único do art. 62 do CCB era exemplificativo. Assim, sempre se entendeu que a fundação poderia ser instituída para o exercício das atividades agora previstas na nova redação do dispositivo. Representa a consagração de algo que já era pacífico na doutrina.
Nesse norte, dois enunciados das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único.
Enunciado 9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos.
Não é permitida a instituição de fundação privada para o desempenho de atividade “habitação de interesse social”, sendo que a previsão foi vetada pela chefe do poder executivo federal, sob o argumento de que haveria ofensa ao princípio da isonomia tributária e distorceria a concorrência nesse segmento, ao permitir que fundações concorressem, em ambiente assimétrico, com empresas privadas, submetidas a regime jurídico diverso.
Dois são os atos de constituição da fundação: o ato entre vivos e o ato causa mortis. A fundação pode ser constituída por escritura pública ou por testamento (art. 62, CCB) A escritura pública é da substância do ato, quando o instituidor pretender, ainda em vida, realizar a dotação especial de bens livres para uma das finalidades supracitadas, de forma que a fundação comece a produzir efeitos jurídicos desde logo. A observância da forma solene é obrigatória na constituição de fundação por ato entre vivos ainda que dentre o conglomerado de bens destinados à sua instituição não se inclua imóvel ou este bem possua valor inferior ao previsto no art. 108 do Código Civil (30 salários mínimos). Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados. Tratando-se de bens móveis, a transmissão da propriedade ou outro direito real se faz pela tradição. Se entre os bens instituídos destinados à fundação houver algum imóvel, a transmissão do direito real se opera somente com o registro do título, que é a própria escritura pública de fundação. A escritura de instituição de fundação, portanto, deve indicar precisamente os bens destinados à pessoa jurídica, de forma a caracterizá-los e individuá-los de forma perfeita, notadamente quando se tratar de bem imóvel.
Caso o instituidor não transfira a propriedade ou outros direitos reais sobre os bens dotados, caberá ao Ministério Público mover a ação competente para que tais bens sejam registrados em nome da fundação no Registro de Imóveis. Em tal hipótese, dispõe o Código Civil que os bens dotados serão registrados em nome da fundação por mandado judicial (art. 64, CC). Esse dispositivo legal denota o caráter de irrevogabilidade da fundação. Uma vez instituída, não pode o instituidor voltar atrás: a fundação adquire vida própria e independe de seu criador. Caso este deixe de transferir a propriedade ou outro direito real dos bens dotados, mediante tradição ou registro, conforme a natureza mobiliária ou imobiliária do direito real; tal transmissão poderá se dar por força de mandado judicial. Caberá ao administrador ou ao Ministério Público, na omissão deste, providenciar o registro da fundação no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, para fins de aquisição da personalidade jurídica.
Em suma, quando a fundação for instituída por ato entre vivos, deverá o instituidor transferir-lhe a propriedade ou outros direitos reais dos bens dotados. Tratando-se de bens imóveis, os direitos reais se transferem pelo registro do título – que é a escritura pública – no Registro de Imóveis. No caso dos bens móveis, basta a tradição. Na recusa do instituidor, servirá como título para registro dos imóveis o mandado judicial extraído da ação cabível a ser movida pelo Ministério Público.
Por outro lado, a fundação pode ser instituída por testamento, qualquer que seja a sua forma: público, cerrado ou particular. Nesse caso, o negócio jurídico somente produzirá efeitos após a morte do instituidor, cabendo à pessoa incumbida pelo instituidor/testador providenciar a redação do estatuto e o registro da fundação no prazo previsto no ato de última vontade ou, se este for omisso, no prazo de 180 dias.

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