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2 Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados com base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da aula e não isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e pesquisas de jurisprudência. MÓDULO IV AULA 01 (Teoria geral dos recursos) Professor Sérgio Shimura Observação preliminar importante: a matéria tratada nesta aula sofreu algumas mudanças pela Lei Federal nº 13.256/16, cujo conteúdo está devidamente abordado neste material complementar. Esclarecimentos introdutórios: serão abordados alguns aspectos do NCPC e destacadas as principais distinções entre o NCPC e o CPC/73 em relação à teoria geral dos recursos. O Novo Código, já no seu art. 1º, determina que o processo civil seja interpretado de acordo com os valores e as normas fundamentais da Constituição Federal. PARTE GERAL LIVRO I DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS TÍTULO ÚNICO DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS CAPÍTULO I DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL Art. 1º. O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. Diante disso, serão extraídos os princípios que servirão de base à questão dos recursos. 3 O primeiro deles é chamado de princípio da razoável duração do processo, também previsto no art. 4º do NCPC e segundo o qual as partes têm o direito de obter, em tempo razoável, a solução integral do mérito. Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Nesse contexto, no que toca aos recursos, sempre que houver um vício sanável ou uma incompletude dos documentos, é dever do julgador (relator ou tribunal) determinar essa regularização. Isso porque, deve-se aproveitar ao máximo tudo que foi produzido no processo, evitando, no que for possível, a sua anulação. Essa ideia do aproveitamento dos atos processuais é presente ao longo do NCPC e pode ser exemplificada pelos seus arts. 932, parágrafo único, 933 e 1.017, §3º. Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 4 b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. §1º Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes se manifestem especificamente. §2º Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos julgadores. (...) Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; 5 III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. §1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. §2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por: I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei. §3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único. §4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original. §5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. O segundo princípio a ser destacado é o da segurança jurídica, que tem desdobramento nos princípios da isonomia e do acesso à justiça. No âmbito recursal, esses princípios terão fundamental importância. A ideia inicial que se tem, normalmente, é que o julgador (seja de primeiro grau, segundo grau ou das instâncias extraordinárias) se atém à lei e à sua livre convicção ao decidir. Porém, dentro do sistema da justiça, é preciso se ter por foco o Estado Democrático de Direito, norteado pela isonomia e pelo acesso à justiça. Com isso, por mais que o juiz tenha livre convicção para decidir e sofra influência de seus valores pessoais, é preciso que, dentro de um sistema de acesso à justiça, não haja incoerências ou distorções em face de situações semelhantes ou de casos idênticos. Vamos a alguns exemplos. 6 Ex. 01: diante da mesma situação jurídica, que é a conformação de um ato ilícito, o marco inicial dos juros era um tema muito polêmico, tendo quem o definisse como a data do evento, da citação ou da decisão judicial. Ex. 02: não é admissível que o juiz ou a Corte decida que o prazo prescricional para determinada situação jurídica seja de 01 ano, enquanto outros julgadoresafirmam que é de 03 ou 05 anos. Em termos de sistema de justiça, isso gera insegurança, imprevisibilidade e violação ao princípio da isonomia. Por essa razão, o art. 926 do NCPC considera que é preciso que os tribunais mantenham a sua jurisprudência uniforme, estável, íntegra e coerente. LIVRO III DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS TÍTULO I DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. §1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. §2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater- se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Nesse contexto, o NCPC passa não só a valorizar, como também a determinar obediência, em algumas situações, aos precedentes. A ideia básica do Novo Código, ao abordar a teoria geral dos recursos, consiste em que os tribunais mantenham uma jurisprudência coerente e uniforme, além de atenta aos precedentes das Cortes superiores. Essa é a estrutura do sistema de justiça. Em outras palavras, um juiz não pode ter a vaidade de imprimir a sua convicção pessoal na decisão se a sua posição gera insegurança jurídica e ilusão aos jurisdicionados. E, por conta disso, o NCPC adota uma linha principiológica de obediência aos precedentes, que incluem as súmulas das Cortes superiores, as súmulas das cortes locais (tribunais regionais federais e tribunais de justiça), decisões em incidentes de assunção de competência e de 7 resolução de demandas repetitivas e as decisões de recursos repetitivos. Portanto, esse sistema de precedentes é imposto pelo NCPC em situações determinantes para a elaboração da jurisprudência dos tribunais. Conceito de recurso: o recurso é o meio do qual se valem as partes, o Ministério Público ou o terceiro prejudicado, para obter a reforma, a anulação, o esclarecimento ou a complementação de uma decisão judicial. Dessa conceituação, podemos extrair os requisitos de admissibilidade dos recursos, a seguir expostos. Legitimidade recursal: terão legitimidade para o recurso, portanto, as partes, o Ministério Público e o terceiro prejudicado, tal como preceitua o art. 996 do NCPC. Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. O NCPC considera como legitimado para interpor o respectivo recurso a parte vencida, isto é, aquela que sofreu um prejuízo ou um dano processual decorrente de um pronunciamento judicial (decisões interlocutórias e sentenças). O Professor faz uma pequena ressalva no que toca ao recurso de embargos de declaração, pois, ainda que a parte seja vencedora, ela pode ter interesse em obter algum esclarecimento ou complementação da decisão que a beneficiou. Desse modo, serão legitimados para propor embargos de declaração tanto a parte vencida, como a vencedora, excepcionando a regra geral. O Ministério Público tem legitimidade seja como parte, seja como fiscal da ordem jurídica (arts. 178 e 179). Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; 8 III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público. Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público: I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer. E o terceiro prejudicado, no NCPC, tem legitimidade recursal quando a decisão atinge um direito de que seja titular ou, ainda, quando possa defendê-lo como substituto processual. Nesse ponto, é possível fazer a correlação entre o terceiro prejudicado e o assistente simples, que poderá intervir no processo na qualidade de substituto processual quando houver omissão ou revelia do assistido (art. 121, parágrafo único). Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. Interesse recursal: ele está presente sempre que a parte sofrer algum prejuízo, isto é, não obter tudo o que poderia ter obtido com aquela decisão judicial. O NCPC traz o seguinte acréscimo à noção de interesse recursal (art. 932, III): o recorrente, ao oferecer seu recurso, deve fazer impugnação específica dos fundamentos da decisão recorrida. Em outras palavras, o recorrente deve abordar os fundamentos utilizados na decisão recorrida e não invocar argumentos totalmente destoantes dos que nela constam. Essa inadequação ou falta de congruência entre os fundamentos da decisão e o que está sendo abordado no recurso gera não só a falta de interesse recursal, como também pode implicar inadequação do respectivo recurso. 9 Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Cabimento do recurso: só a lei federal pode criar e extinguir recursos (competência privativa da União para legislar sobre direito processual– CF/88, art. 22, I). Nessa medida, o NCPC elenca, no seu art. 994, nove espécies recursais, eliminando dois tipos de recursos que estavam no CPC/73, quais sejam: o agravo retido e os embargos infringentes. 10 CF/88, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. Em relação à eliminação do agravo retido, é importante destacar a possibilidade de o prejudicado por uma decisão interlocutória invocar suas razões recursais em eventual recurso de apelação ou quando tiver a oportunidade de apresentar as contrarrazões ao recurso de apelação. Houve, portanto, a par da extinção do recurso de agravo retido, a correta modificação do regime de preclusão (NCPC, art. 1.009, §1º). Por exemplo, se uma das partes pede a produção de uma prova e seu pleito é indeferido pelo juiz em decisão interlocutória, como não cabe mais o agravo de instrumento para essa hipótese (que não consta no rol taxativo do art. 1.015 do NCPC), a parte que se sentir prejudicada poderá invocar o cerceamento de defesa na sua apelação ou nas contrarrazões de apelação. Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. §1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. §2º Se as questões referidas no §1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. 11 §3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença. (...) CAPÍTULO III DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. A segunda novidade é a eliminação dos embargos infringentes e, em substituição a esse mecanismo, quando o resultado da apelação for não unânime, o NCPC passa a prever outra técnica de julgamento (art. 942). Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado 12 às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. §1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado. §2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento. §3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. §4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa necessária; III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. A referida técnica de julgamento será cabível em três situações: no julgamento da apelação, da ação rescisória e do agravo de instrumento. Em relação à apelação, seu julgamento é feito, como regra, por três juízes (NCPC, art. 941, §2º). Assim, quando o resultado do julgamento não for unânime (não importando por quais fundamentos), seja no que toca ao provimento, ao desprovimento do recurso ou, ainda, à eventual anulação da sentença, o julgador vencido deverá declarar o seu voto (art. 941, §3º). Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor. §1° O voto poderá ser alterado até o momento da proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já proferido por juiz afastado ou substituído. §2º No julgamento de apelação ou de agravo de instrumento, a decisão será tomada, no órgão colegiado, pelo voto de 3 (três) juízes. §3º O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento. 13 Desse modo, e com base na nova técnica de julgamento criada em substituição aos embargos infringentes, haverá a necessidade de convocação de novos juízes em número suficiente para que seja possível a inversão do resultado inicial (NCPC, art. 942, caput). Nessa medida, se dois desembargadores acolherem a apelação e outro a rejeitar, será possível a convocação de novos juízes em número suficiente para inversão desse resultado. Portanto, nesse aspecto, o NCPC se difere do CPC/73, vez que não exige para o cabimento da técnica de julgamento que a maioria reforme a sentença, bastando que o resultado não seja unânime. Em outras palavras, quanto à apelação, o resultado do julgamento pode ser o provimento, o desprovimento do recurso ou a anulação da sentença, pois não importa o seu resultado para que seja cabível a utilização da nova técnica de julgamento. CPC/73, Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência. No que toca à ação rescisória, para proceder a essa técnica de julgamento, exige-se que o resultado do julgamento por maioria seja no sentido de invalidar a decisão rescindenda (NCPC, art. 942, §3º, I). Nesse ponto, mantém-se coerência com a sistemática do CPC/73. E, no que tange ao agravo de instrumento, a técnica de julgamento será cabível quando a maioria reformar a decisão que julgou parcialmente o mérito (art. 942, §3º, II). Art. 942. (...) §3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for arescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. (...) Cabe ressaltar que o NCPC, em seu art. 356, autoriza expressamente o julgamento antecipado parcial de mérito. E essa decisão é impugnável por agravo de instrumento (art. 356, §5º). Assim, se, no julgamento de tal recurso, a maioria decidir pelo seu provimento e pela reforma da decisão interlocutória de mérito, será aplicável a técnica de julgamento trazida pelo art. 942. 14 Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. §1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. §2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto. §3º Na hipótese do §2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. §4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. §5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. Prazos recursais: o NCPC unifica os prazos recursais, que serão, em regra, de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 1.003, §5º, exceto o recurso de embargos de declaração, que permanece com prazo de interposição de 05 dias (art. 1.023), tal como era no CPC/73. Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. §1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. §2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. §3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. §4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. 15 §5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. §6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. (...) Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. §1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229. §2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. O prazo recursal, como típico prazo processual, será contado apenas em dias úteis (NCPC, art. 219). Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. Ademais, o prazo recursal é contado em dobro nas seguintes situações: i) no caso de litisconsórcio com advogados distintos e de escritórios diferentes, salvo se se referir ao processo digital, porque todos têm acesso aos autos virtualmente (NCPC, art. 229); ii) para as carreiras públicas (como Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública), que também dispõem de prazo dobrado (arts. 180, 183 e 186). Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, §1º. §1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo. §2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o Ministério Público. 16 (...) Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. §1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. §2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público. (...) Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais. §1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, §1º. §2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada. (...) Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. §1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. §2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. Preparo: é o pagamento das custas judiciais quando da interposição do recurso. O NCPC faz distinção entre o caso de insuficiência do preparo e de inexistência de preparo. Como regra, o recorrente deve comprovar o pagamento ou preparo no ato da interposição do recurso (art. 1.007). 17 Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. §1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. §2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. §3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. §4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. §5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do §4º. §6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. §7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. Quandoo preparo for insuficiente, o relator deve conceder prazo de 05 dias para que o vício seja sanado e o valor seja complementado, o que coaduna com a noção de extrair o máximo de rendimento de todos os atos processuais (art. 1.007, §2º). Já a falta de preparo pode se dar pela inexistência total de preparo ou pela falta de sua comprovação (ainda que a parte tenha efetuado o pagamento, esqueceu-se de juntar o comprovante no ato de interposição do recurso), situações nas quais o recorrente deverá recolher as custas em dobro (art. 1.007, §4º). Por fim, nada impede que recorrente formule o pedido de justiça gratuita no próprio recurso (art. 99). 18 Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. §1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. §2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. §3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. §4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça. §5º Na hipótese do §4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. §6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos. §7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento. O NCPC, nos mesmos moldes do CPC/73, fala em desistência, renúncia e aceitação ou aquiescência, que são fatos extintivos do direito de recorrer (arts. 998 a 1.000). Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 19 Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. Requisitos de admissibilidade: os requisitos de admissibilidade dos recursos, em regra, serão aferidos ou analisados pelo juízo ad quem, ou seja, em termos práticos, pelos tribunais de justiça ou pelos tribunais regionais federais. Vale dizer, a análise dos requisitos de admissibilidade não será mais feita pelo juízo de primeiro grau, como era à luz do CPC/73. Na sistemática do NCPC, o juiz, ao receber a apelação, deverá oportunizar a resposta recursal e, na sequência, enviar os autos ao tribunal. Assim, o tribunal, mais especificamente, o relator da apelação, analisará se o recurso está no prazo, se foi feito preparo, se a parte recorrente é legítima etc. Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão. §1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. §2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. §3º Após as formalidades previstas nos §§1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. (...) Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão; II - pelo Superior Tribunal de Justiça: a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; 20 b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. §1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015. §2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, §3º, e 1.029, §5º. Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. §1º Na hipótese do art. 1.027, §1º, aplicam-se as disposições relativas ao agravo de instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. §2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões. §3º Findo o prazo referido no §2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de admissibilidade. ATENÇÃO – Alterações trazidas pela Lei Federal nº 13.256/16: a Lei Federal nº 13.256/16 promoveu algumas mudanças em relação à admissibilidade dos recursos extraordinário lato sensu. Os recursos especiais e extraordinários, que seguirem o rito normal ou dos recursos repetitivos, terão o seu juízo de admissibilidade feito no juízo a quo, antes de serem remetidos ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal (tal como atualmente ocorre). Na redação original do Novo Código, isso ficaria diretamente a cargo dos tribunais superiores. Veja a seguinte tabela comparativa. NCPC (redação original) NCPC (alterado pela Lei Federal n° 13.256/16) Seção II Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial Seção II Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial 21 Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior. Parágrafo único. A remessa de que trata o caput dar-se-á independentemente de juízo de admissibilidade. Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice- presidente do tribunal recorrido, que deverá: I – negar seguimento: a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão queesteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral; b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos; III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036; V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao 22 Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos; b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. §1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042. §2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021. Subseção II Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos (...) Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos especiais ou extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação do tribunal superior; II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior; III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese firmada pelo tribunal superior; IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de serviço Subseção II Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos (...) Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos especiais ou extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação do tribunal superior; II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior; III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese firmada pelo tribunal superior; IV - se os recursos versarem sobre 23 público objeto de concessão, permissão ou autorização, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. §1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia. §2º Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários de sucumbência. §3º A desistência apresentada nos termos do §1º independe de consentimento do réu, ainda que apresentada contestação. Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de origem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, §1º. §1º Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de origem, se for o caso, decidirá as demais questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou necessário em decorrência da alteração. §2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras questões, caberá ao presidente do tribunal, depois do reexame pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso ou de juízo de admissibilidade, determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais questões. questão relativa a prestação de serviço público objeto de concessão, permissão ou autorização, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. §1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia. §2º Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários de sucumbência. §3º A desistência apresentada nos termos do §1º independe de consentimento do réu, ainda que apresentada contestação. Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de origem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, §1º. §1º Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de origem, se for o caso, decidirá as demais questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou necessário em decorrência da alteração. §2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras questões, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, depois do reexame pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso, sendo positivo o juízo de admissibilidade, determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais questões. 24 Efeitos dos recursos: é muito comum a parte vencedora pretender que a decisão produza seus efeitos imediatamente, devendo, para isso, promover o cumprimento provisório da sentença. De outro lado, a parte contrária (recorrente) pode, eventualmente, pretender que seja concedido efeito suspensivo ao seu recurso, para não sofrer o imediato cumprimento da sentença, ainda que de modo provisório. Como regra, os recursos não terão efeito suspensivo, mas só devolutivo: devolve-se a matéria à reapreciação do Tribunal, autorizando o cumprimento provisório da sentença (art. 995). Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Todavia, depois de fartas discussões, o NCPC acabou por manter o efeito suspensivo como regra na apelação. Desse modo, o principal recurso apresentado contra a sentença continuará dotado deefeito suspensivo como regra (art. 1.012). Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. §1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. §2º Nos casos do §1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. §3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do §1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: 25 I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída a apelação. §4º Nas hipóteses do §1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Nesse ponto, o Professor observa uma situação de incongruência e incoerência na sistemática do NCPC. Isso porque, em regra, o agravo de instrumento, meio hábil a impugnar as tutelas provisórias, concedidas com base em cognição sumária, não é dotado de efeito suspensivo, de modo que as tutelas provisórias serão, ordinariamente, objeto de execução provisória. Por outro lado, como a apelação é dotada de efeito suspensivo legal, a sentença, que é uma decisão proferida com base em juízo mais aprofundado e mais rente às provas que foram produzidas, não será, como regra, objeto de execução provisória. Ademais, em alguns aspectos, o NCPC é alvo de críticas doutrinárias. Nos casos em que a apelação não é dotada de efeito suspensivo (art. 1.012, §1°), a pretensão do recorrente em obter o efeito suspensivo deverá ser postulada perante o tribunal ou relator do recurso (NCPC, art. 1.012, §3°). Trata-se de modificação que pode contribuir para a morosidade da justiça. Além disso, o novo diploma processual não deixa claro se o pedido de concessão de efeito suspensivo pelo recorrente deve ser feito junto com o recurso ou se é possível a sua formulação até a sessão de julgamento. Por fim, não há menção a respeito do mecanismo ou instrumento adequado a ser utilizado pelo recorrente para obter o efeito suspensivo (e, portanto, obstar o cumprimento provisório) quando a apelação estiver sendo processada no juízo de primeiro grau. Poderes do relator: buscando conferir celeridade aos julgamentos com base no princípio da razoável duração do processo, o NCPC confere poderes ao relator para: i) não conhecer do recurso quando ausentes seus requisitos legais; ii) julgar prejudicado o recurso. Ex.: quando proposta apelação pelo réu, o relator percebe a ausência de legitimidade do autor da demanda. Assim, deverá julgar prejudicado o recurso em função da decretação de carência da ação; iii) negar, desde logo, provimento ao recurso que estiver conflitando com os precedentes (exs. súmulas vinculantes, súmulas dos tribunais superiores, decisões em casos repetitivos etc.); iv) dar provimento ao recurso quando a decisão recorrida estiver em conflito com os precedentes, devendo, nesse caso, abrir o contraditório após a resposta recursal. 26 Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. A análise de cada espécie recursal será objeto de aulas específicas neste Módulo.
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