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QUESTÕES COMENTADAS DA 2ª FASE DA OAB - EMPRESARIAL Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br QUESTÕES DE SEGUNDA FASE - XII EXAME UNIFICADO 1) Pedro Afonso é funcionário público na cidade de Peixe, Estado do Tocantins, e também atua, em nome individual, como empresário na cidade de Araguacema, situada no mesmo Estado, onde está localizado seu único estabelecimento. Pedro Afonso não tem registro de empresário na Junta Comercial do Estado de Tocantins. Bernardo é credor de Pedro Afonso pela quantia de R$ 66.000,00 (sessenta e seis mil reais) consubstanciada em documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas. Diante do não pagamento da obrigação, no vencimento, sem relevante razão de direito, o credor requereu a falência de Pedro Afonso, tendo instruído a petição com o título e o instrumento de protesto para fim falimentar. Em contestação e sem efetuar o depósito elisivo, Pedro Afonso requer a extinção do processo sem resolução de mérito por falta de legitimidade passiva no processo falimentar (Art. 267, VI, do CPC). Com base na hipótese apresentada, responda aos seguintes itens. a) Procede a alegação de ilegitimidade passiva apresentada por Pedro Afonso? b) O credor reúne as condições legais para o requerimento de falência? Justifique e dê amparo legal. Comentário Inicialmente, vejamos uma breve consideração acerca das condições legais para o requerimento da falência na impontualidade imotivada. Art. 94, I, e § 3º, da Lei n.11.101/2005 Será decretada a falência do devedor que: Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica. a) Diante do que vimos no Instituto anterior, é infundada a alegação de Pedro, uma vez que o empresário pode ter sua falência requerida e decretada independentemente do registro na junta comercial, ou seja, mesmo irregular. Tal afirmação tem por base o Artigo 1° da lei 11.101/2005. É importante notarmos que, o registro de empresário é declaratório e não constitutivo da qualidade de empresário, e que, portanto, ao empresário impedido de exercer a atividade, que no caso seria um funcionário público, caberá a responsabilização pelas obrigações que contraiu, segundo o Artigo 973, do Código Civil. b) Por tratar-se de título extrajudicial, o docuemento particular do credor é legitimo com relação ao requerimento da falência, baseado nos artigos a seguir Art. 585, II, do CPC, e atendendo as exigências do Art. 94, I e seu § 3º, da Lei n. 11.101/2005. Vejamos: Artigo 585, II, do CPC: São títulos executivos extrajudiciais: II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica. 2) Vida Natural Legumes e Verduras Ltda. é uma sociedade empresária com sede em ‘Kaloré, cujo objeto é a produção e comercialização de produtos orgânicos e hidropônicos. A sociedade celebrou contrato com duração de 5 (cinco) anos para o fornecimento de hortigranjeiros a uma rede de supermercados, cujos estabelecimentos são de titularidade de uma sociedade anônima fechada. Após o decurso de 30 (trinta) meses, a sociedade que até então cumprira rigorosamente todas as suas obrigações, tornou-se inadimplente e as entregas passaram a sofrer atrasos e queda sensível na qualidade dos produtos. O inadimplemento é resultado, entre outros fatores, da gestão fraudulenta de um ex-sócio e administrador, ao desviar recursos para o patrimônio de “laranjas”, causando enormes prejuízos à sociedade. A sociedade anônima ajuizou ação para obter a resolução do contrato e o pagamento de perdas e danos pelo inadimplemento e lucros cessantes. O pedido foi julgado procedente e, na sentença, o juiz decretou de ofício a desconsideração da personalidade jurídica para estender a todos os sócios atuais, de modo subsidiário, a obrigação de reparar os danos sofridos pela fornecida. Foi determinado o bloqueio das contas bancárias da sociedade, dos sócios e a indisponibilidade de seus bens. Com base nas informações acima, responda aos itens a seguir. a) No caso descrito pode o juiz decretar de ofício da desconsideração da personalidade jurídica? Fundamente com amparo legal. b) O descumprimento do contrato de fornecimento dá ensejo à desconsideração, com extensão aos sócios da obrigação assumida pela sociedade? Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br Comentário Devemos identificar que se trata de um contrato celebrado entre empresários e que, portanto, a relação jurídica é regrada pelas normas do Código Civil. Diante disso, são despropositadas as considerações com relação ao Código de Defesa do Consumidor (Artigo 28, caput e §5°). Primeiro a desconsideração objetiva, que diz respeito a do abuso da personalidade jurídica, e ainda com relação a existência de relação de consumo entre o fornecedor e o fornecido. Se o argumento utilizado for o da desconsideração da personalidade jurídica deverá estar baseado no Artigo 50, do Código Civil, que determina: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. a) O Art. 50, do Código Civil, deve ser citado, no que diz: somente autoriza ao juiz decidir pela desconsideração a requerimento da parte ou do Ministério Público, que não interveio no feito. Por não haver pedido de desconsideração por parte do autor, a decisão do juiz que decretou a desconsideração é ilegal. b) Devemos utilizar o critério subjetivo para a aplicação de desconsideração, que seria abuso da personalidade praticada pelos sócios. Diante desses fatos, conclui-se que a decisão foi equivocada no sentido de haver apenas o descumprimento do contrato de fornecimento, a ensejar responsabilização exclusiva da sociedade pelo ato do ex-sócio, que na época era administrador. Ainda devemos observar que o enunciado afirma que o ex-sócio e administrador não tiveram suas contas bloqueadas e bens indisponíveis,somente os sócios atuais. Dito isso, concluímos que o juiz imputou aos sócios o pagamento da indenização a que a sociedade fora condenada, quais sejam: - Responsabilidade objetiva; - Responsabilidade solidária e subsidiária. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br O Juiz utilizou o critério objetivo para aplicar a desconsideração, que não é admitido pelo Artigo 50, do CC. 3) Em 22 de agosto de 2012, o Presidente do Banco Central do Brasil decretou a liquidação extrajudicial do Banco Serra do Mel S. A., devido ao comprometimento patrimonial e financeiro da instituição, à incapacidade de honrar compromissos assumidos e à prática de graves irregularidades, configurando violação das normas legais e regulamentares que disciplinam a atividade bancária. A decretação da medida acarretou a indisponibilidade dos bens particulares dos atuais e ex- administradores da instituição financeira. Messias Targino, ex-diretor do Banco Serra do Mel S.A., cujo mandato encerrara-se em 25 de abril de 2011, verificou que seu nome encontrava-se na relação de administradores que tiveram seus bens indisponíveis, consoante informação prestada pelo liquidante ao Banco Central do Brasil. Consultou sua advogada para saber da legalidade da medida e se poderia efetivamente ser atingido por ela. Com base na legislação aplicável à liquidação extrajudicial de instituição financeira, responda à consulta do cliente quanto ao ponto questionado. Comentário Para responder a essa questão, é importante conhecermos o efeito da decretação de liquidação extrajudicial de instituição financeira (Lei n° 6.024/74), que trata da indisponibilidade dos bens dos administradores e ex-administradores da instituição liquidanda. Os administradores jamais poderão, sob nenhuma exceção, alienar ou onerar os seus bens particulares, até o momento em que se dê a apuração e liquidação final de suas responsabilidades, segundo o Artigo 36, da Lei já citada. Essa indisponibilidade, sendo automática, é consequência do ato de decretar a liquidação extrajudicial. Esse ato atingirá todos aqueles que tenham estado no exercício das suas funções nos doze meses que antecederam o ato, de acordo com o artigo. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br 4) Iracema foi intimada pelo tabelião de protesto de títulos para pagar nota promissória no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por ela emitida em favor de Cantá & Cia Ltda. A devedora, em sua resposta, comprova que o vencimento ocorreu no dia 11 de setembro de 2009, conforme indicado na cártula, que esta foi apresentada a protesto no dia 30 de setembro de 2012 e a protocolização efetivada no dia seguinte. Iracema requer ao tabelião que o protesto não seja lavrado e registrado pela impossibilidade de cobrança da nota promissória, diante do lapso temporal entre o vencimento e a apresentação a protesto. Ademais, verifica-se a ausência de menção ao lugar de pagamento, requisito essencial à validade do título, segundo a devedora. Com base nas informações contidas no texto, legislação cambial e sobre protesto de títulos, responda aos itens a seguir. a) A ausência de menção ao lugar de pagamento invalida a nota promissória? Justifique com amparo legal. b) Nas condições descritas no enunciado, é lícito ao tabelião acatar os argumentos de Iracema e suspender a lavratura e registro do protesto? Comentário Fundamental para responder a essa questão é o conhecimento a respeito da Nota Promissória. Os requisitos essenciais e não essenciais da nota promissória: - o lugar de seu pagamento; - o prazo prescricional da pretensão de sua execução. A alegação de Iracema de que o protesto não pode ser lavrado não procede, pois atingido o prazo prescricional referente à ação cambial, o credor ainda dispõe de outros meios de cobrança, como, por exemplo, a ação monitória. Seguindo esse raciocínio, o Art. 9º da Lei n. 9.492/1997 determina que “Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus caracteres formais Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade.” Por tanto, não cabe ao tabelião suspender o curso do procedimento de protesto pela alegação prescrição, mesmo sendo esta comprovada. a) Não. Diante do que dispõem o Artigo 76,3ª alínea do Decreto n. 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra), na falta de indicação especial, entende-se por local de emissão do título, o domicílio do subscritor. Portanto, é válida a nota promissória não obstante da omissão ao lugar de pagamento. b) Não. Mesmo havendo a prescrição da ação cambial, não está impedida a cobrança da dívida por outros meios ou até mesmo por meio de protesto, havendo investigação de ocorrência de prescrição ou caducidade, de acordo com o Art. 9º, da Lei n. 9.492/1997. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br QUESTÕES DE SEGUNDA FASE XI EXAME UNIFICADO 1) José, empresário individual que teve sua falência decretada em 20.10.2011, vendeu um sítio de sua propriedade para Antônio, em agosto de 2011. Antônio prenotou a escritura de compra e venda do sítio em 18.10.2011, mas o registro da transferência imobiliária só foi efetuado em 05.11.2011, 15 (quinze) dias após a decretação da falência. Isto posto, responda aos itens a seguir. a) É válida e eficaz a compra e venda acima referida? b) A referida compra e venda poderia eventualmente vir a ser revogada? Comentário Importante os conceitos de ineficácia e a revogação dos atos praticados antes da falência. Importante também a aplicação dos artigos 129, VII e 130, da Lei n. 11.101/05. Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: VII - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br a) Sob o ponto de vista formal, a compra e venda do sítio é válida e eficaz, pois se insere na exceção ao ato ineficaz previsto no art. 129, VII, já citado, em razão de sua anotação prévia e provisória do protocolo ter ocorrido antes da data da decretação da falência. b) A compra e venda do sítio poderia ser revogada, por meio de ação revocatória, de acordo com o art. 130 da Lei n. 11.101/05, por se tratar de ato com o intuito de prejudicar credores, mediante prova de eventual conluio fraudulento entre José e Antônio, bem como o prejuízo sofrido pela massa. 2) Os sócios da sociedade Rafael Jambeiro & Companhia Ltda. decidiram dissolvê-la de comum acordo pela perda do interesse na exploração do objeto social. Durante a fase de liquidação, todos os sócios e o liquidante recebem citação para responder aos termos do pedido formulado por um credor quirografário da sociedade, em ação de cobrança intentadacontra esta e os sócios solidariamente. Na petição inicial o credor invoca o art. 990 do Código Civil, por considerar a sociedade em comum a partir de sua dissolução e início da liquidação. Por conseguinte, os sócios passariam a responder de forma ilimitada e solidariamente com a sociedade, que, mesmo despersonificada, conservaria sua capacidade processual, nos termos do art. 12, VII, do Código de Processo Civil. Com base na hipótese apresentada, responda à seguinte questão. Tem razão o credor quirografário em sua pretensão de ver reconhecida a responsabilidade ilimitada e solidária dos sócios? Justifique e dê amparo legal. Comentário Primeiramente, devemos observar os efeitos da dissolução da sociedade. Ademais, importante atentar para os seguinte artigos do CC: Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br “Art. 51 do Código Civil: ”Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua”. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. No que diz respeito aos efeitos da dissolução da sociedade, é importante termos conhecimento desde a manutenção da personalidade jurídica até seu encerramento e baixa no órgão competente, como vimos no Artigo 51, do CC. Desse modo, o credor não tem razão em face dos sócios com base no que dispõe o artigo 990 do CC, que se aplica a à sociedade comum, não à personificada. Diante do exposto no Artigo 1.052 do CC, concluí-se que durante a liquidação, os sócios permanecem responsáveis limitadamente. 3) Damião, administrador da sociedade Gado Bravo Pecuária Ltda., consultou o advogado da sociedade sobre aspectos jurídicos referentes ao trespasse de um dos estabelecimentos, em especial os seguintes itens: a) O eventual adquirente é obrigado a assumir as obrigações decorrentes de contratos celebrados pela sociedade para a exploração da empresa, como, por exemplo, prestação de serviços médicos-veterinários para o rebanho? Justifique. b) O aviamento pode ser incluído no valor do trespasse do estabelecimento? Justifique. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br Comentário Por oportuno, devemos observar um dos efeitos do trespasse do estabelecimento empresarial: a sub-rogação do adquirente nos contratos celebrados, salvo disposição em contrário, para exploração do tal estabelecimento. Devemos lembrar igualmente que é possível a inclusão do aviamento no preço pago pelo adquirente pelo trespasse. Diante dessas noções iniciais, vamos agora responder as seguintes alternativas. a) Não tendo caráter pessoal, a consequência do trespasso do estabelecimento é a sub-rogação do adquirente nos contratos celebrados para a sua exploração, salvo se houver cláusula no contrato contrária a tal disposição. Na ausência de tal cláusula, portanto, o adquirente responderá pelas obrigações decorrentes de contratos celebrados pela sociedade para a exploração da empresa, baseado no Artigo 1.148, do Código Civil. Vejamos: Art. 1.148. “Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.” b) Sim. Como o aviamento, que está relacionado com a capacidade de gerar lucro, e constitui um sobrevalor, consequência da atuação do empresário na organização dos elementos da empresa (dentre eles o estabelecimento), este bem imaterial pode ser perfeitamente incluído no valor do trespasse. Em seu Artigo 1.187, mais especificamente no parágrafo único o Código Civil autoriza esta prática. Vejamos: Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor; II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva; III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à sua amortização: I - as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento do capital social; II - os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao início das operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto; III - a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo empresário ou sociedade. 4) Antônio é portador legítimo de uma letra de câmbio aceita, cujo saque se deu no dia 10/01/2012, com vencimento à vista no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), nela constando o aval de Bruno no montante de R$5.000,00 (cinco mil reais). Em função disto, Antônio pretende endossar a Carla apenas a quantia de R$5.000,00 (cinco mil reais). Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br Na qualidade de advogado(a) de Carla, responda aos seguintes itens, indicando os fundamentos e dispositivos legais pertinentes. a) É válido o aval realizado por Bruno? b) O endosso pretendido por Antônio é válido? Comentário a) Diante do exposto no Artigo 30 da Lei Uniforme de Genebra: “O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval”, podemos concluir que é válido o aval realizado por Bruno. b) O Artigo 12 da Lei Uniforme de Genebra determina que: O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera-se como não escrita, sendo, portanto, inválido endosso parcial pretendido por Antônio. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br QUESTÕES DE SEGUNDA FASE X EXAME UNIFICADO1) A Saúde Vital Farmacêutica S.A. é uma companhia fechada, cuja diretoria é composta por quatro membros: Hermano, diretor presidente, Paulo, diretor financeiro, Roberto, diretor médico e Pedro, diretor jurídico. Todos possuem atribuições específicas estabelecidas no Estatuto da Companhia. Não há Conselho de Administração. Em dezembro de 2010, os acionistas apuraram que três funcionários da área financeira da Companhia desviaram, ao longo do ano, R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) das contas da companhia, promovendo saídas de capital que poderiam ser facilmente identificadas por meio de simples extratos bancários. Os extratos bancários eram enviados, mensalmente, a todos os diretores da companhia. Os acionistas da Saúde Vital Farmacêutica S.A. procuram um advogado com o objetivo de, independente das penalidades cabíveis aos funcionários, responsabilizar a administração da Companhia. A partir do caso apresentado, responda aos seguintes itens. A) Qual o procedimento judicial a ser adotado? B) Quem pode ser responsabilizado pelo desvio dos recursos? Somente Paulo ou também os demais diretores? Comentário Devemos estar atentos para a Lei de Sociedades por Ações, no que diz respeito aos deveres legais dos administradores (em destaque o dever de diligência), bem como a responsabilidade dos mesmos. a) O objetivo dos acionistas é o de responsabilizar a administração da Companhia, e o procedimento judicial adotado à ação de responsabilidade civil contra os Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br administradores. Tal ação deve ser previamente aprovada em Assembléia geral da companhia. Vejamos o dispositivo a seguir: Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. b) Vejamos o Artigo 153 da Lei n° 6.404/1976: Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios. Resta claro, pois, que os Diretores foram negligentes, por isso, diante da lei anterior, todos podem responder pelo desvio dos recursos, uma vez que descumpriram o dever estabelecido em lei de diligências. Devemos notar também que, nas companhias fechadas, mesmo havendo atribuição específica para cada um dos diretores, todos são solidários na responsabilidade pelo descumprimento de dever imposto por lei, de acordo com o Artigo a seguir: Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder: § 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles. 2) Os sócios da Sociedade Gráfica Veloz Ltda., atuante no setor de impressões, vinham passando por dificuldades em razão da obsolescência de seus equipamentos. Por este motivo, decidiram, por unanimidade, admitir Joaquim como sócio na referida sociedade. Joaquim subscreveu, com a concordância dos sócios, quotas no Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br montante de R$100.000,00 (cem mil reais), se comprometendo a integralizá-las no prazo de duas semanas. O ato societário refletindo tal aumento de capital foi assinado por todos e levado para registro na Junta Comercial competente. Contando com os recursos financeiros oriundos do aumento de capital e na esperança de recuperar o mercado perdido, os administradores da Gráfica Veloz Ltda. adquiriram os equipamentos necessários ao aprimoramento dos serviços prestados pela sociedade, comprometendo-se a efetuar o pagamento de tais aparelhos dentro do prazo de dois meses. Como Joaquim não integralizou o valor subscrito no prazo acertado, a Sociedade Gráfica Veloz Ltda. o notificou a respeito do atraso no pagamento e, após 1 (um) mês do recebimento desta notificação, Joaquim não integralizou as quotas subscritas. Em função do inadimplemento de Joaquim, a Gráfica Veloz Ltda. assumiu expressiva dívida, na medida em que atrasou o pagamento dos equipamentos adquiridos e teve que renegociar seu débito, submetendo-se a altos juros. Na qualidade de advogado dos sócios da Gráfica Veloz Ltda., responda aos seguintes itens. a) É possível excluir Joaquim da sociedade? b) É possível cobrar de Joaquim os prejuízos sofridos pela sociedade, caso ele permaneça como sócio da Gráfica Veloz Ltda.? Comentário Devemos observar a legislação aplicável às sociedades limitadas, no que diz respeito ao sócio remisso. Vejamos os seguintes artigos do CC: Art. 1.058. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito, ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado, exceto nos casos dos arts. 955, 956 e 957. Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br Parágrafo único. O caso fortuito, ou de força maior, verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar, ou impedir. Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026. a) Após a análise dos artigos acima, podemos concluir que em razão da mora na integralização das quotas, ao invés de promover a cobrança judicial ou amigável da dívida, pode a sociedade excluir o sócio Joaquim, nos termos do Art. 1.058 do Código Civil. Por tratar-se de hipótese de exclusão extrajudicial de sócio, não será aceito como fundamentação legal do Artigo 1.030, que regula a exclusão extrajudicial. b) Segundo o caput do Artigo “os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora,” e portanto, caso Joaquim permaneça na sociedade, a mesma pode cobrar de Joaquim indenização pelos prejuízos sofridos com mora. Não foi aceita, nessa questão, fundamentações que se baseassem no parágrafo único do artigo citado acima. 3) Uma letra de câmbio foi sacada tendo como beneficiário Carlos e foi aceita. Posteriormente, Carlos endossou a letra em preto para Débora, que, por sua vez, a endossou em branco para Fábio. Após seu recebimento, Fábio cedeu, mediante tradição, sua letra para Guilherme. Na data do vencimento, a letra não é paga e Guilherme exige o pagamento de Carlos, que se recusa a realizá-lo sob a alegação de Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br que endossou a letra de câmbio para Débora e não para Guilherme e de que Débora é sua devedora, de modo que as dívidas se compensam. Com base situação hipotética, responda aos itens a seguir, indicando os fundamentos e dispositivos legais pertinentes. a) Guilherme poderá ser considerado portador legítimo da letra de câmbio? Contra quem Guilherme terá direitode ação cambiária? b) A alegação de Carlos é correta? Comentário a) O examinando deverá demonstrar conhecimento sobre a definição de portador legítimo da letra de câmbio objeto de endossos sucessivos (artigo 16 da LUG), assim como as possibilidades que dispõe o endossatário em branco em relação à transferência do título sobre (artigo 14 da LUG). Exige-se também conhecimento sobre a responsabilidade solidária do aceitante e dos endossantes, tanto em branco quanto em preto, perante o portador da letra de câmbio (art. 47 da LUG). Assim, Guilherme é considerado portador legítimo do título e justifica seu direito pela série de endossos regular, ainda que um deles seja em branco (princípio da literalidade). Guilherme poderá promover ação cambial em face do sacador, do aceitante, de Carlos (endossante) e de Débora (endossante). Fábio não é legitimado passivo na ação cambial porque não endossou o título, apenas realizou a tradição do mesmo a Guilherme, autorizado pelo art. 14, 3º, da LUG. Por conseguinte, pelo princípio da literalidade, não se obriga como devedor cambiário. b) A princípio devemos observar o princípio da indisponibilidade das exceções pessoais, que só será aplicado ao terceiro que realiza o negócio de boa-fé, sem a consciência de seus vícios, e com base nele a afirmação de Carlos sobre que diz respeito a compensação de dívidas não procede, pois é fundada em exceção pessoal Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br oponível a Débora, mas não em face do portador/endossatário Guilherme, de acordo com o Art. 17 da LUG. Vejamos: Art. 17. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 4) José da Silva constituiu uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada com a seguinte denominação – Solução Rápida Informática EIRELI. No ato de constituição foi nomeada como única administradora sua irmã, Maria Rosa. A pessoa jurídica celebrou um contrato de prestação de serviços e nesse documento José da Silva assinou como administrador e representante da EIRELI. Com base na situação hipotética apresentada, responda aos itens a seguir. a) Foi correto o uso do nome empresarial por Jose na situação descrita no enunciado? Justifique e dê amparo legal. b) Na omissão do ato constitutivo, Maria Rosa, na condição de administradora, poderia outorgar procuração em nome da pessoa jurídica a José da Silva? Por quê? Justifique e dê amparo legal. Comentário Importante para resolvermos essa questão, a observância das normas que regem a administração da empresa individual de responsabilidade limitada, especialmente a quem cabe o uso do nome empresarial, bem como a possibilidade do administrador constituir mandatários da pessoa jurídica. Necessário também o conhecimentos dos seguintes artigos: Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br Art. 980-A, § 6º do Código Civil: “A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis.” Art. 1.064 do Código Civil: “O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes.” Art. 1.018. “Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar.” Art. 1.052. “Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.” Tendo em vista o que diz o Art. 980-A, § 6º do Código Civil, aplicam-se à empresa de José da Silva, as regras previstas para uma sociedade limitada. Diante disso e do que diz o Art. 1.064 do Código Civil, o uso de tal denominação é privativo de Maria Rosa, a única administradora da pessoa jurídica, sendo o uso do nome por José da Silva incorreto, mesmo que ele seja o instituidor da empresa. Maria Rosa, na qualidade de administradora, poderá outorgar procuração em nome da pessoa jurídica a José da Silva porque, pode constituir mandatários da pessoa jurídica nos limites de seus poderes, segundo o Art. 1.018 do Código Civil, aplicável a EIRELI por força dos artigos 980-A, § 6º e 1.053, caput, do Código Civil. a) Incorreto o uso do nome empresarial por José, pois ele não está investido de poderes de administrador, e o fato de ter instituído a empresa não lhe concede o direito a tais poderes. Somente Maria Rosa, sendo única administradora, poderia usar a denominação, baseado no que determina o Artigo 1.064 do CC, já citado, e que se aplica a EIRELI por força do Art. 980-A, § 6º, do Código Civil. b) Sim. Maria Rosa, como única administradora pode, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da pessoa jurídica, baseado no Art. 1.018 do Código Civil que Todos os direitos reservados à CS Tecnologia www.provasdaoab.com.br diz: “Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar”, aplicável à EIRELI por força dos artigos 980-A, § 6º e 1.053, caput, do Código Civil.
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