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RelatorioPlanoAula (36)

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DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 14
Alimentos
Tema
Alimentos
Palavras-chave
Objetivos
1. Conceituar alimentos e identificar suas características.
 
2. Identificar as espécies de alimentos.
 
3. Diferenciar obrigação alimentar de direito a alimentos.
 
4. Compreender as regras de quantificação dos alimentos.
 
5. Discorrer sobre os princípios informadores dos alimentos.
 
6. Estudar os pressupostos da obrigação alimentar.
Estrutura de Conteúdo
1. Alimentos.
a. Conceito.
b. Natureza Jurídica.
c. Características.
 
2. Espécies de Alimentos.
a. Quanto à natureza: naturais e civis.
b. Quanto à causa jurídica: legais ou legítimos; voluntários e indenizatórios.
c. Quanto à finalidade: definitivos; provisórios e provisionais.
d. Quanto ao momento em que são reclamados: pretéritos; atuais e futuros.
 
3. Obrigação alimentar e direito a alimentos.
 
4. Quantificação dos alimentos.
 
5. Princípios:
a. Da reciprocidade.
b. Da preferência.
c. Da complementaridade.
d. Da mutabilidade.
e. Da transmissibilidade.
f. Da alternatividade.
g. Da divisibilidade.
h. Da condicionalidade.
i. Da irrenunciabilidade.
 
6. Pressupostos da obrigação alimentar.
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula (considerando-se que a parte processual será 
apenas pontuada porque o seu conteúdo pertence ao Direito Processual Civil e à Prática Simulada), 
podendo o professor dosá-lo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela 
turma. 
 
No sentido amplo do termo, ?alimentos? compreende além dos alimentos ?in natura?, o vestuário, a 
educação, a habitação, o lazer, a saúde, etc., ou seja, engloba tudo aquilo tido como necessário à vida.
 
Ensina Orlando Gomes (2006, p. 427) que alimentos são prestações para satisfação das necessidades 
vitais de quem não pode provê-las por si. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou 
companheiro o necessário à sua subsistência. Então, os alimentos são uma modalidade de assistência 
imposta pela lei e, nesse sentido, afirma Silvio Rodrigues (2008) que ?a tendência moderna é a de impor 
ao Estado o dever de socorro dos necessitados, tarefa que ele se desincumbe, ou deve desincumbir-se, 
por meio de sua atividade assistencial. Mas, no intuito de aliviar-se desse encargo, ou na inviabilidade de 
cumpri-lo, o Estado transfere, por determinação legal, aos parentes, cônjuges ou companheiro do 
necessitado, cada vez que aqueles possam atender a tal incumbência?.
 
No Código Civil de 2002 o tema alimentos é tratado sob um único subtítulo (arts. 1.694 a 1.710, CC) que 
tem por principal ponto de partida a necessidade do alimentando informada pelo princípio da 
solidariedade familiar. Embora haja certa controvérsia na doutrina, tem-se entendido que o direito a 
alimentos tem natureza jurídica mista (ou eclética), ou seja, é direito de conteúdo patrimonial e finalidade 
pessoal, cujo foro para a propositura da ação é o do domicílio ou residência do alimentando (art. 100, II, 
CPC). No entanto, ainda que assim considerado, o direito a alimentos é, antes e acima de tudo, um direito 
de personalidade.
 
São diversas as espécies de alimentos, das quais se destacam:
1- Quanto à natureza:
a. Naturais (?alimenta naturalia?): compreendem, segundo os 
arts. 1.694, §2º. e 1.704, parágrafo único, CC, tudo o que é 
necessário e indispensável à manutenção da vida: alimentos 
?in natura?, vestuário, medicamentos...
b. Civis (?alimenta civilia? ou côngruos): abrangem as 
necessidades intelectuais e morais da pessoa, destinando-se 
a manter sua condição social, como o lazer e a educação.
 
2- Quanto à causa jurídica:
a. Legítimos ou legais: são os devidos em virtude de uma 
obrigação legal que pode decorrer do parentesco, do 
casamento ou da união estável (art. 1.694, CC).
b. Voluntários: decorrem de declaração de vontade ?inter vivos? 
ou ?causa mortis?. Ex.: constituição de renda; de usufruto; de 
capital vinculado...
c. Indenizatórios (ou ressarcitórios): decorrem da obrigação 
imposta ao causador do dano em reparar o prejuízo causado 
por meio do pagamento de indenização (arts. 948, II e 950, 
CC). 
 
3- Quanto à finalidade:
a. Definitivos ou regulares: são os de caráter permanente 
estabelecidos em sentença ou em acordo de vontades 
devidamente homologado.
b. Provisórios: são os fixados liminarmente em ação de 
alimentos que segue o rito especial fixado no art. 4º., da Lei 
n. 5.478/68 (Lei de Alimentos). Exigem prova pré-constituída 
do parentesco, casamento ou união estável.
c. Provisionais (?ad litem? ou ?alimenta in litem?): são fixados 
em medida cautelar preparatória ou incidental (art. 852, I a 
III, CPC) de ação de separação, divórcio, nulidade ou anulação 
do casamento ou alimentos. Destinam-se a manter o 
alimentando enquanto perdurar a lide[1]1. Não exige prova 
pré-constituída do parentesco, mas exige a comprovação dos 
requisitos inerentes a toda medida cautelar, como ocorre nos 
casos de alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/08).
 
4- Quanto ao momento em que são reclamados: afirma Carlos Roberto 
Gonçalves (2010, p. 446) que ?essa classificação não se amolda 
perfeitamente ao direito brasileiro, uma vez que os alimentos futuros 
(?alimenta futura?) independem de trânsito em julgado da decisão que os 
concedem, sendo devidos a partir da citação ou do acordo. E, na prática, os 
alimentos pretéritos (?alimenta praeterita?) têm sido confundidos com 
prestações pretéritas, que são as fixadas em sentença ou no acordo, estando 
há muito vencidas e não cobradas, a ponto de não se poder tê-las mais por 
indisipensáveis à própria sobrevivência do alimentando, não significando 
mais que um crédito como outro qualquer, a ser cobrado pela forma de 
execução por quantia certa, com supedâneo no art. 732 do CPC?.
a. Pretéritos (?alimenta praeterita?): quando o pedido retroage 
a período anterior ao ajuizamento da ação. 
b. Atuais: quando postulados a partir do ajuizamento da ação[2]2.
c. Futuros (?alimenta futura?): são os devidos a partir da 
sentença.
 
Vale lembrar que obrigação alimentar e direito a alimentos não se confundem[3]3. Assim, entre pais e 
filhos não existe propriamente uma obrigação alimentar, mas sim, um dever de sustento e mútua 
assistência (art. 229, CF)[4]4; diferente da obrigação alimentar que decorre das relações de parentesco. 
 Então, afirma Orlando Gomes (2006), ?não se deve, realmente, confundir a obrigação de prestar 
alimentos, com certos deveres familiares [...]. A obrigação de prestar alimentos ?stricto sensu? tem 
pressupostos diversos, é recíproca e depende das possibilidades do devedor, somente sendo exigível se o 
credor potencial estiver necessitado?. Conforme ensina Yussef Cahali (2009, p. 338):
 
1- O dever de sustento tem sua causa no poder familiar, pelo qual os pais têm o dever de sustentar, 
criar e educar os filhos enquanto menores e na obrigação alimentar os pais não são mais 
obrigados a sustentar os filhos, a obrigação decorre do parentesco;
2- O dever de sustento é unilateral, apenas os pais devem aos filhos enquanto perdurar a 
menoridade ou a incapacidade; enquanto a obrigação alimentar é recíproca;
3- A obrigação alimentar é proporcional às necessidades do alimentando e aos recursos do 
alimentante. O dever de sustento é incondicional.
4- O dever de sustento se extingue com a maioridade[5]5 enquanto que a obrigação alimentar 
perdura enquanto durar a sua necessidade.
5- A obrigação alimentar constitui-se por uma obrigação de dar; enquanto o dever de sustento em 
uma obrigaçãode fazer.
 
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
 
A obrigação alimentar decorre de relações de parentesco e tem por características ser um direito: 
personalíssimo; incessível (art. 1.707, CC ? quanto aos alimentos vincendos); impenhorável (art. 1.707, 
CC); incompensável (art. 1.707, CC); imprescritível (art. 206, §2º., CC[6]6); irrepetível (provisionais e 
definitivos[7]7); irrenunciável[8]8 (art. 1.707, CC); transmissível (art. 1.700, CC[9]9); recíproco[10]10 (art. 
1.696, CC); intransacionável (art. 841, CC) e mutável[11]11 (variabilidade das prestações - art. 1.699, CC e 
art. 15, Lei de Alimentos). A obrigação alimentar é divisível (não há, em regra, solidariedade - a exceção 
fica por conta do art. 12 do Estatuto do Idoso), devendo-se observar a ordem de preferência para o seu 
pagamento prevista no art. 1.697, CC (rol taxativo) e a possibilidade de complementaridade estabelecida 
pelo art. 1.698, CC (novidade do CC/02[12]12). Por fim, destaque-se que os alimentos podem ser pagos 
em moeda ou em espécie, cabendo a faculdade de escolha ao devedor (art. 1.701, CC).
 
São pressupostos da obrigação alimentar: vínculo jurídico familiar (art. 1.694, CC); necessidade do 
alimentando (independente da causa que lhe deu origem; art. 1.695, CC); possibilidade de fornecer os 
alimentos (art. 1.695, CC); proporcionalidade da prestação (art. 1.694, §1º., CC). Ensina Silvio Rodrigues 
(2004, p. 384) que ?são dois vetores a serem analisados: necessidade e possibilidade. A regra é vaga e 
representa apenas um ?standard? jurídico. Assim, abre ao juiz extenso campo de ação, capaz de 
possibilitar o enquadramento dos mais variados casos individuais?, não havendo possibilidade de fixar um 
único parâmetro para a fixação da pensão[13]13 como pretendem alguns julgados. O quantum, portanto, 
é mutável (art. 1.699, CC) e passível de correção monetária (art. 1.710, CC).
 
Diante das disposições constitucionais sobre família, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, 
p. 585) concluem que ?a fixação de alimentos deve obediência a uma perspectiva solidária (CF, art. 3º.), 
norteada pela cooperação, pela isonomia e pela justiça social ? como modos de consubstanciar a 
imprescindível dignidade humana (CF, art. 1º., III). [...]. Ou seja, a obrigação alimentar é, sem dúvida, 
expressão da solidariedade social e familiar (enraizada em sentimentos humanitários) 
constitucionalmente impostas como diretriz a nossa ordem pública?.
 
 
Alimentos entre cônjuges e companheiros
 
Dos efeitos patrimoniais e pessoais do casamento decorre o dever de assistência (espiritual e material) 
mútua. Findo o casamento ou a união estável, esse dever converte-se em obrigação alimentar recíproca, 
cuja fixação do ?quantum? deverá observar as características do caso concreto.
 
No entanto, a obrigação alimentar pode ser afastada quando se tratar de separação culposa[14]14. Nestes 
casos, determina o art. 1.704, CC, que o cônjuge declarado culpado, em regra, perde o direito a alimentos, 
exceto aqueles necessários à própria subsistência, quando não houver parentes em condições de prestá-
lo, nem possuir aptidão para o trabalho. 
 
A declaração de nulidade ou anulação do casamento faz extinguir a obrigação alimentar, uma vez que 
reconhecido que não houve formação de vínculo válido, não há que se falar em alimentos decorrentes de 
vínculo. O dever de mútua assistência imposto pelo casamento cessa com o trânsito em julgado da ação, 
mas os alimentos pagos no curso da ação não são repetíveis. No entanto, reconhecida a putatividade do 
casamento para um ou ambos os cônjuges, os alimentos poderão ser fixados para aquele considerado de 
boa-fé.
 
Quanto ao divórcio, há certa controvérsia na doutrina sobre a possibilidade de se pleitear alimentos após 
a sua efetivação. Parte da doutrina (como Sérgio Grischkow Pereira e Paulo Lôbo) inclinam-se em afirmar 
a possibilidade, quando inexistente renúncia do direito e demonstrada superveniente necessidade.
 
Todas as regras sobre alimentos aplicáveis ao casamento estendem-se à união estável.
 
Alimentos decorrentes de parentesco
 
Os alimentos decorrentes de parentesco são a expressão do princípio constitucional da solidariedade 
familiar, sendo dever considerado recíproco (art. 1.696, CC). Os alimentos são devidos entre os parentes 
em linha reta (sem limitação) e entre os colaterais até segundo grau. De qualquer forma, os mais 
próximos preferem os mais distantes no momento de determinação do dever. Destas relações, destaca-se 
que:
 
1- Os alimentos devidos pelos pais (independente da origem do vínculo) aos filhos menores não se 
extinguem automaticamente com o mero advento da maioridade.
2- A miserabilidade dos pais não é causa de exclusão do dever de sustento dos filhos menores ou 
incapazes.
3- A destituição ou suspensão do poder familiar não extingue o dever de sustento.
4- A emancipação voluntária também não extingue o dever de sustento.
5- Os filhos maiores[15]15 podem ser credores de alimentos quando: incapazes; quando ainda em 
formação escolar; quando encontram-se em situação de indigência não proposital; quando 
necessita de medicamentos, não descartadas outras hipóteses aferíveis no caso concreto. 
6- Em virtude da reciprocidade, ascendentes idosos ou incapazes também têm direito de pleitear 
alimentos de seus descendentes (art. 12, Estatuto do Idoso).
7- O nascituro pode ser beneficiado por alimentos pleiteados por sua mãe no curso da gestação. 
Tratam-se dos alimentos gravídicos estabelecidos pela Lei n. 11.804/08.
8- Não havendo parentes em linha reta de primeiro grau aptos a prestar alimentos, admite-se a 
cobrança nos graus subsequentes, sendo a mais comum conhecida como obrigação alimentar 
avoenga, cujo dever é subsidiário ou complementar.
9- Havendo guarda, os alimentos podem ser prestados pelos pais, pelo guardião ou por ambos.
10- O tutelado pode pleitear alimentos do tutor ou de parentes próximos, podendo cobrá-los de seus 
pais, mesmo que tenham perdido o poder familiar, não sendo esta última a melhor alternativa 
(art. 1.740, CC).
11- Os alimentos entre irmãos (unilaterais ou bilaterais) são admitidos, desde que subsidiariamente.
12- Parentes por afinidade, por falta de expressa previsão legal, não tem direito a alimentos.
 
Conclui-se que, independente da origem, os alimentos devem ser considerados direitos de personalidade 
e decorrência natural do princípio da solidariedade familiar e da proteção da dignidade humana, sendo 
estes os maiores critérios a serem observados em sua fixação.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre os alimentos, preparando o aluno para o 
tema da próxima aula: bem de família.
NOTAS
[1] Súmula 277, STJ: ?Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir 
da citação?.
[2] Súmula 309, STJ: ?O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende 
as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo?. 
Abrange a prisão, portanto, apenas os alimentos atuais.
[3] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 609-610) que ?em linguagem clara, a 
obrigação alimentícia ou obrigação de sustento (de manutenção) consiste na fixação de alimentos com 
base no poder familiar imposto, de maneira irrestrita, aos pais (biológicos ou afetivos). Naturalmente, 
como se funda no poder familiar, é ilimitada. A outro giro, o dever alimentar ou de prestar alimentos é 
obrigação recíproca entre cônjuges, companheiros e entre os demais parentes (que não sejam pai e filho), 
em linha reta ou colateral, exprimindo a solidariedade familiar existenteentre eles?.
[4] Afirma Yussef Cahali (2009, p. 337) que ?incumbe aos genitores ? a cada qual e a ambos 
conjuntamente ? sustentar os filhos, provendo-lhes a subsistência material e moral, fornecendo-lhes 
alimentação, vestuário, abrigo, medicamentos, educação, enfim, tudo aquilo que se faça necessário à 
manutenção e a sobrevivência dos mesmos? (art. 229, CF e art. 21, ECA). E complementa Arnaldo Rizzardo 
(2006, p. 755) afirmando que ?por mais pobres que eles [os pais] sejam, devem contribuir com alguma 
parcela para o sustento dos filhos. Fator determinante para se obrigar é a percepção de rendimentos. O 
dever de sustentar, aqui, sobrepõe-se ao direito de terem os pais o suficiente para si. É que, diante do 
incapaz de se sustentar por ser menor e não haver desenvolvido qualquer habilidade ou capacidade, cede 
o direito aos pais?. 
[5] Súmula 358, STJ ? ?O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está 
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos?
DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA COM A MAIORIDADE DO 
ALIMENTANDO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Com a maioridade cessa o poder familiar, mas não 
se extingue, ipso facto, o dever de prestar alimentos, que passam a ser devidos por força da relação de 
parentesco. Precedentes. 2. Antes da extinção do encargo, mister se faz propiciar ao alimentando 
oportunidade para comprovar se continua necessitando dos alimentos. 3. Recurso especial não 
conhecido. (REsp 688902/DF ? Rel. Min. Fernando Gonçalves ? T4 ? 16/08/07).
[6] As prestações alimentícias (já fixadas em sentença ou acordo) prescrevem em dois anos a partir da 
data em que se venceram (exceção art. 198, CC). No entanto, deve-se lembrar, que o direito alimentar é 
imprescritível.
[7] A jurisprudência tem admitido a repetibilidade nos casos em que é evidente a má-fé ou 
enriquecimento sem causa do alimentando.
[8] Súmula 397, STJ: ?no acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser 
pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais?. Não se aplica ao divórcio, mas entende-se 
ser aplicável à separação.
[9] O que se transmite é a obrigação alimentar já estabelecida e não o dever de prestar alimentos. A 
transmissibilidade é regra que atinge qualquer espécie de alimentos, mas está restrita às forças da 
herança (art. 1.792, CC).
[10] Isso não significa que duas pessoas devam alimentos entre si simultaneamente, mas indica que o 
devedor de hoje pode se tornar o credor alimentar amanhã.
[11] A decisão que fixa os alimentos não faz coisa julgada formal, mas faz coisa julgada material.
[12] Não há possibilidade de denunciação da lide porque inexiste direito de regresso entre as partes. Há 
entre as pessoas obrigadas a prestar alimentos litisconsórcio passivo facultativo ulterior simples, por 
provocação do autor. Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 454) que ?a inovação, além de ensejar 
um incidente que pode atrasar a decisão, tem o grave inconveniente de obrigar uma pessoa a litigar 
contra quem, por motivos que só a ela interessa, não deseja litigar. Pode, por isso, deixar de executar a 
sentença contra ela, tornando inócua a intervenção de terceiro requerida pelo devedor escolhido pelo 
credor?. O legislador não deveria ter ampliado o pólo passivo dessas ações.
[13] Pensão é a soma em dinheiro destinada ao provento dos alimentos.
[14] O professor deve resgatar as considerações feitas sobre a permanência das noções de culpa na 
dissolução da sociedade conjugal tecidas na aula 9.
[15] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 623) que ?durante a menoridade 
presume-se a necessidade do filho de receber alimentos; adquirida a plena capacidade, a presunção é 
flexibilizada, incumbindo ao alimentando demonstrar a necessidade de continuar percebendo a pensão?.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow.
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto 
(IX Exame OAB adaptada) Moema, brasileira, solteira, natural e residente em 
Fortaleza, no Ceara´, maior e capaz, conheceu Toma´s, brasileiro, solteiro, natural do 
Rio de Janeiro, tambe´m maior e capaz. Toma´s era um pro´spero empresa´rio que 
visitava o Ceara´ semanalmente para tratar de nego´cios, durante o ano de 2010. Desde 
enta~o passaram a namorar e Moema passou a frequentar todos os lugares com Toma´s 
que sempre a apresentou como sua namorada. Apo´s algum tempo, Moema engravidou 
de Toma´s. Este, ao receber a noti´cia, se recusou a reconhecer o filho, dizendo que o 
relacionamento estava acabado, que na~o queria ser pai naquele momento, raza~o pela 
qual na~o reconheceria a paternidade da crianc¸a e tampouco iria contribuir 
economicamente para o bom curso da gestac¸a~o e subsiste^ncia da crianc¸a, que 
deveria ser criada por Moema sozinha. 
Moema ficou desesperada com a reac¸a~o de Toma´s, pois quando da descoberta da 
gravidez estava desempregada e sem condic¸o~es de custear seu plano de sau´de e todas 
as despesas da gestac¸a~o que, conforme atestado por seu me´dico, era de risco. 
Como sua condic¸a~o financeira tambe´m na~o permitia custear as despesas necessa´rias 
para a sobrevive^ncia da futura crianc¸a, Moema decidiu procurar orientac¸a~o juri´dica. 
E´ certo que as fotografias, declarac¸o~es de amigos e alguns documentos fornecidos por 
Moema conferiam indi´cios suficientes da paternidade de Toma´s. 
Diante desses fatos, e cabendo a voce^ pleitear em jui´zo a tutela dos interesses de 
Moema como poderia ela garantir condic¸o~es financeiras de levar a termo sua 
gravidez e de assegurar que a futura crianc¸a, ao nascer, tenha condic¸o~es de 
sobrevida? Justifique (em no máximo dez linhas) sua resposta e nela destaque o que 
aconteceria com eventuais alimentos pagos se após o nascimento, feito o exame de 
DNA, restasse consta que Tomás não é o pai da criança.
 
Questão objetiva 1
(IX Exame OAB) Henrique e Nata´lia, casados sob o regime de comunha~o parcial de 
bens, decidiram se divorciar apo´s 10 anos de unia~o conjugal. Do relacionamento 
nasceram Gabriela e Bruno, hoje, com 8 e 6 anos, respectivamente. Enquanto esteve 
casada, Nata´lia, apesar de ter curso superior completo, ser pessoa jovem e capaz para o 
trabalho, na~o exerceu atividade profissional para se dedicar integralmente aos cuidados 
da casa e dos filhos. Considerando a hipo´tese acima e as regras atinentes a` prestac¸a~o 
de alimentos, assinale a afirmativa correta. 
a. Uma vez homologado judicialmente o valor da prestac¸a~o alimenti´cia devida por 
Henrique em favor de seus filhos Gabriela e Bruno, no percentual de um sala´rio mi´nimo 
para cada um, ocorrendo a constituic¸a~o de nova fami´lia por parte de Henrique, 
automaticamente sera´ minorado o valor dos alimentos devido aos filhos do primeiro 
casamento.
b. Henrique podera´ opor a impenhorabillidade de sua u´nica casa, por ser bem de 
fami´lia, na hipo´tese de ser acionado judicialmente para pagar de´bito alimentar atual 
aos seus filhos Gabriela e Bruno.
c. Nata´lia podera´ pleitear alimentos transito´rios e por prazo razoa´vel, se demonstrar 
sua dificuldade em ingressar no mercado de trabalho em raza~o do longo peri´odo que 
permaneceu afastada do desempenho de suas atividades profissionais para se dedicar 
integralmente aos cuidados do lar.
d. Caso Nata´lia descubra, apo´s dois meses de separac¸a~o de fato, que espera um filho 
de Henrique, sera~o devidos alimentos gravi´dicos ate´ o nascimento da crianc¸a, pois 
apo´s este fato a obrigac¸a~o alimentar somente sera´ exigida em ac¸a~o judicial pro´pria.
Questão objetiva 2
(XI Exame OAB) Fernanda, ma~e da menor Joana, celebrou um acordo na presenc¸a do 
Juiz de Direito para que Arnaldo, pai de Joana, pague, mensalmente, 20% (vinte por 
cento) de 01 (um) sala´rio mi´nimo a ti´tulo de alimentospara a menor. O Juiz 
homologou por sentenc¸a tal acordo, apesar de a necessidade de Joana ser maior do que a 
verba fixada, pois na~o existiam condic¸o~es materiais para a majorac¸a~o da pensa~o 
em face das possibilidades do devedor. Apo´s um me^s, Fernanda tomou conhecimento 
que Arnaldo trocou seu emprego por outro com sala´rio maior e procurou seu advogado 
para saber da possibilidade de rever o valor dos alimentos fixados em sentenc¸a transitada 
em julgado. 
Analisando o caso concreto, assinale a afirmativa correta. 
a. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo ja´ foi decidido 
em sentenc¸a com tra^nsito em julgado formal
b. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo e´ fruto de acordo 
celebrado entre as partes e homologado por juiz de direito
c. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois no caso concreto houve mudanc¸a do 
bino^mio “necessidade x possibilidade”.
d. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois o acordo celebrado entre as partes e 
homologado pelo juiz de direito esta´ abaixo do limite mi´nimo de 30% (trinta por cento) 
de 01 (um) sala´rio mi´nimo, fixado em lei, como mi´nimo indispensa´vel que uma 
pessoa deve receber de alimentos.
Avaliação
Caso Concreto 
(IX Exame OAB adaptada) Moema, brasileira, solteira, natural e residente em 
Fortaleza, no Ceara´, maior e capaz, conheceu Toma´s, brasileiro, solteiro, natural do 
Rio de Janeiro, tambe´m maior e capaz. Toma´s era um pro´spero empresa´rio que 
visitava o Ceara´ semanalmente para tratar de nego´cios, durante o ano de 2010. Desde 
enta~o passaram a namorar e Moema passou a frequentar todos os lugares com Toma´s 
que sempre a apresentou como sua namorada. Apo´s algum tempo, Moema engravidou 
de Toma´s. Este, ao receber a noti´cia, se recusou a reconhecer o filho, dizendo que o 
relacionamento estava acabado, que na~o queria ser pai naquele momento, raza~o pela 
qual na~o reconheceria a paternidade da crianc¸a e tampouco iria contribuir 
economicamente para o bom curso da gestac¸a~o e subsiste^ncia da crianc¸a, que 
deveria ser criada por Moema sozinha. 
Moema ficou desesperada com a reac¸a~o de Toma´s, pois quando da descoberta da 
gravidez estava desempregada e sem condic¸o~es de custear seu plano de sau´de e todas 
as despesas da gestac¸a~o que, conforme atestado por seu me´dico, era de risco. 
Como sua condic¸a~o financeira tambe´m na~o permitia custear as despesas necessa´rias 
para a sobrevive^ncia da futura crianc¸a, Moema decidiu procurar orientac¸a~o juri´dica. 
E´ certo que as fotografias, declarac¸o~es de amigos e alguns documentos fornecidos por 
Moema conferiam indi´cios suficientes da paternidade de Toma´s. 
Diante desses fatos, e cabendo a voce^ pleitear em jui´zo a tutela dos interesses de 
Moema como poderia ela garantir condic¸o~es financeiras de levar a termo sua 
gravidez e de assegurar que a futura crianc¸a, ao nascer, tenha condic¸o~es de 
sobrevida? Justifique (em no máximo dez linhas) sua resposta e nela destaque o que 
aconteceria com eventuais alimentos pagos se após o nascimento, feito o exame de 
DNA, restasse consta que Tomás não é o pai da criança.
Gabarito: Para resguardar os direitos de Moema e do nascituro pode ser proposta 
ação de alimentos gravídicos fundada na Lei n. 11.804/08. Moema deverá ajuizar a 
ação em nome próprio, com pedido de antecipação de tutela para custear as 
despesas da gestação. Negativo o DNA Tomás não poderá pleitear os alimentos 
anteriormente pagos, pois irreptíveis. Em caso de confirmação da paternidade os 
alimentos gravídicos devem ser convertidos em pensão alimentícia em favor da 
criança.
Questão objetiva 1
(IX Exame OAB) Henrique e Nata´lia, casados sob o regime de comunha~o parcial de 
bens, decidiram se divorciar apo´s 10 anos de unia~o conjugal. Do relacionamento 
nasceram Gabriela e Bruno, hoje, com 8 e 6 anos, respectivamente. Enquanto esteve 
casada, Nata´lia, apesar de ter curso superior completo, ser pessoa jovem e capaz para o 
trabalho, na~o exerceu atividade profissional para se dedicar integralmente aos cuidados 
da casa e dos filhos. Considerando a hipo´tese acima e as regras atinentes a` prestac¸a~o 
de alimentos, assinale a afirmativa correta. 
a. Uma vez homologado judicialmente o valor da prestac¸a~o alimenti´cia devida por 
Henrique em favor de seus filhos Gabriela e Bruno, no percentual de um sala´rio mi´nimo 
para cada um, ocorrendo a constituic¸a~o de nova fami´lia por parte de Henrique, 
automaticamente sera´ minorado o valor dos alimentos devido aos filhos do primeiro 
casamento.
b. Henrique podera´ opor a impenhorabillidade de sua u´nica casa, por ser bem de 
fami´lia, na hipo´tese de ser acionado judicialmente para pagar de´bito alimentar atual 
aos seus filhos Gabriela e Bruno.
c. Nata´lia podera´ pleitear alimentos transito´rios e por prazo razoa´vel, se demonstrar 
sua dificuldade em ingressar no mercado de trabalho em raza~o do longo peri´odo que 
permaneceu afastada do desempenho de suas atividades profissionais para se dedicar 
integralmente aos cuidados do lar.
d. Caso Nata´lia descubra, apo´s dois meses de separac¸a~o de fato, que espera um filho 
de Henrique, sera~o devidos alimentos gravi´dicos ate´ o nascimento da crianc¸a, pois 
apo´s este fato a obrigac¸a~o alimentar somente sera´ exigida em ac¸a~o judicial pro´pria.
Gabarito: C - art. 1694, CC.
Questão objetiva 2
(XI Exame OAB) Fernanda, ma~e da menor Joana, celebrou um acordo na presenc¸a do 
Juiz de Direito para que Arnaldo, pai de Joana, pague, mensalmente, 20% (vinte por 
cento) de 01 (um) sala´rio mi´nimo a ti´tulo de alimentos para a menor. O Juiz 
homologou por sentenc¸a tal acordo, apesar de a necessidade de Joana ser maior do que a 
verba fixada, pois na~o existiam condic¸o~es materiais para a majorac¸a~o da pensa~o 
em face das possibilidades do devedor. Apo´s um me^s, Fernanda tomou conhecimento 
que Arnaldo trocou seu emprego por outro com sala´rio maior e procurou seu advogado 
para saber da possibilidade de rever o valor dos alimentos fixados em sentenc¸a transitada 
em julgado. 
Analisando o caso concreto, assinale a afirmativa correta. 
a. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo ja´ foi decidido 
em sentenc¸a com tra^nsito em julgado formal.
b. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo e´ fruto de acordo 
celebrado entre as partes e homologado por juiz de direito.
c. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois no caso concreto houve mudanc¸a do 
bino^mio “necessidade x possibilidade”.
d. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois o acordo celebrado entre as partes e 
homologado pelo juiz de direito esta´ abaixo do limite mi´nimo de 30% (trinta por cento) 
de 01 (um) sala´rio mi´nimo, fixado em lei, como mi´nimo indispensa´vel que uma 
pessoa deve receber de alimentos.
Gabarito: C - art. 1699, CC
 
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas: 
Nome do livro: Direito das Famílias
Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson.
Editora: Lumen Juris
Nome do capítulo: Os Alimentos 
Número de páginas do capítulo: 136

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