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DIREITO CIVIL V - CCJ0111 Semana Aula: 14 Alimentos Tema Alimentos Palavras-chave Objetivos 1. Conceituar alimentos e identificar suas características. 2. Identificar as espécies de alimentos. 3. Diferenciar obrigação alimentar de direito a alimentos. 4. Compreender as regras de quantificação dos alimentos. 5. Discorrer sobre os princípios informadores dos alimentos. 6. Estudar os pressupostos da obrigação alimentar. Estrutura de Conteúdo 1. Alimentos. a. Conceito. b. Natureza Jurídica. c. Características. 2. Espécies de Alimentos. a. Quanto à natureza: naturais e civis. b. Quanto à causa jurídica: legais ou legítimos; voluntários e indenizatórios. c. Quanto à finalidade: definitivos; provisórios e provisionais. d. Quanto ao momento em que são reclamados: pretéritos; atuais e futuros. 3. Obrigação alimentar e direito a alimentos. 4. Quantificação dos alimentos. 5. Princípios: a. Da reciprocidade. b. Da preferência. c. Da complementaridade. d. Da mutabilidade. e. Da transmissibilidade. f. Da alternatividade. g. Da divisibilidade. h. Da condicionalidade. i. Da irrenunciabilidade. 6. Pressupostos da obrigação alimentar. Procedimentos de Ensino O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula (considerando-se que a parte processual será apenas pontuada porque o seu conteúdo pertence ao Direito Processual Civil e à Prática Simulada), podendo o professor dosá-lo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. No sentido amplo do termo, ?alimentos? compreende além dos alimentos ?in natura?, o vestuário, a educação, a habitação, o lazer, a saúde, etc., ou seja, engloba tudo aquilo tido como necessário à vida. Ensina Orlando Gomes (2006, p. 427) que alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência. Então, os alimentos são uma modalidade de assistência imposta pela lei e, nesse sentido, afirma Silvio Rodrigues (2008) que ?a tendência moderna é a de impor ao Estado o dever de socorro dos necessitados, tarefa que ele se desincumbe, ou deve desincumbir-se, por meio de sua atividade assistencial. Mas, no intuito de aliviar-se desse encargo, ou na inviabilidade de cumpri-lo, o Estado transfere, por determinação legal, aos parentes, cônjuges ou companheiro do necessitado, cada vez que aqueles possam atender a tal incumbência?. No Código Civil de 2002 o tema alimentos é tratado sob um único subtítulo (arts. 1.694 a 1.710, CC) que tem por principal ponto de partida a necessidade do alimentando informada pelo princípio da solidariedade familiar. Embora haja certa controvérsia na doutrina, tem-se entendido que o direito a alimentos tem natureza jurídica mista (ou eclética), ou seja, é direito de conteúdo patrimonial e finalidade pessoal, cujo foro para a propositura da ação é o do domicílio ou residência do alimentando (art. 100, II, CPC). No entanto, ainda que assim considerado, o direito a alimentos é, antes e acima de tudo, um direito de personalidade. São diversas as espécies de alimentos, das quais se destacam: 1- Quanto à natureza: a. Naturais (?alimenta naturalia?): compreendem, segundo os arts. 1.694, §2º. e 1.704, parágrafo único, CC, tudo o que é necessário e indispensável à manutenção da vida: alimentos ?in natura?, vestuário, medicamentos... b. Civis (?alimenta civilia? ou côngruos): abrangem as necessidades intelectuais e morais da pessoa, destinando-se a manter sua condição social, como o lazer e a educação. 2- Quanto à causa jurídica: a. Legítimos ou legais: são os devidos em virtude de uma obrigação legal que pode decorrer do parentesco, do casamento ou da união estável (art. 1.694, CC). b. Voluntários: decorrem de declaração de vontade ?inter vivos? ou ?causa mortis?. Ex.: constituição de renda; de usufruto; de capital vinculado... c. Indenizatórios (ou ressarcitórios): decorrem da obrigação imposta ao causador do dano em reparar o prejuízo causado por meio do pagamento de indenização (arts. 948, II e 950, CC). 3- Quanto à finalidade: a. Definitivos ou regulares: são os de caráter permanente estabelecidos em sentença ou em acordo de vontades devidamente homologado. b. Provisórios: são os fixados liminarmente em ação de alimentos que segue o rito especial fixado no art. 4º., da Lei n. 5.478/68 (Lei de Alimentos). Exigem prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável. c. Provisionais (?ad litem? ou ?alimenta in litem?): são fixados em medida cautelar preparatória ou incidental (art. 852, I a III, CPC) de ação de separação, divórcio, nulidade ou anulação do casamento ou alimentos. Destinam-se a manter o alimentando enquanto perdurar a lide[1]1. Não exige prova pré-constituída do parentesco, mas exige a comprovação dos requisitos inerentes a toda medida cautelar, como ocorre nos casos de alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/08). 4- Quanto ao momento em que são reclamados: afirma Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 446) que ?essa classificação não se amolda perfeitamente ao direito brasileiro, uma vez que os alimentos futuros (?alimenta futura?) independem de trânsito em julgado da decisão que os concedem, sendo devidos a partir da citação ou do acordo. E, na prática, os alimentos pretéritos (?alimenta praeterita?) têm sido confundidos com prestações pretéritas, que são as fixadas em sentença ou no acordo, estando há muito vencidas e não cobradas, a ponto de não se poder tê-las mais por indisipensáveis à própria sobrevivência do alimentando, não significando mais que um crédito como outro qualquer, a ser cobrado pela forma de execução por quantia certa, com supedâneo no art. 732 do CPC?. a. Pretéritos (?alimenta praeterita?): quando o pedido retroage a período anterior ao ajuizamento da ação. b. Atuais: quando postulados a partir do ajuizamento da ação[2]2. c. Futuros (?alimenta futura?): são os devidos a partir da sentença. Vale lembrar que obrigação alimentar e direito a alimentos não se confundem[3]3. Assim, entre pais e filhos não existe propriamente uma obrigação alimentar, mas sim, um dever de sustento e mútua assistência (art. 229, CF)[4]4; diferente da obrigação alimentar que decorre das relações de parentesco. Então, afirma Orlando Gomes (2006), ?não se deve, realmente, confundir a obrigação de prestar alimentos, com certos deveres familiares [...]. A obrigação de prestar alimentos ?stricto sensu? tem pressupostos diversos, é recíproca e depende das possibilidades do devedor, somente sendo exigível se o credor potencial estiver necessitado?. Conforme ensina Yussef Cahali (2009, p. 338): 1- O dever de sustento tem sua causa no poder familiar, pelo qual os pais têm o dever de sustentar, criar e educar os filhos enquanto menores e na obrigação alimentar os pais não são mais obrigados a sustentar os filhos, a obrigação decorre do parentesco; 2- O dever de sustento é unilateral, apenas os pais devem aos filhos enquanto perdurar a menoridade ou a incapacidade; enquanto a obrigação alimentar é recíproca; 3- A obrigação alimentar é proporcional às necessidades do alimentando e aos recursos do alimentante. O dever de sustento é incondicional. 4- O dever de sustento se extingue com a maioridade[5]5 enquanto que a obrigação alimentar perdura enquanto durar a sua necessidade. 5- A obrigação alimentar constitui-se por uma obrigação de dar; enquanto o dever de sustento em uma obrigaçãode fazer. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR A obrigação alimentar decorre de relações de parentesco e tem por características ser um direito: personalíssimo; incessível (art. 1.707, CC ? quanto aos alimentos vincendos); impenhorável (art. 1.707, CC); incompensável (art. 1.707, CC); imprescritível (art. 206, §2º., CC[6]6); irrepetível (provisionais e definitivos[7]7); irrenunciável[8]8 (art. 1.707, CC); transmissível (art. 1.700, CC[9]9); recíproco[10]10 (art. 1.696, CC); intransacionável (art. 841, CC) e mutável[11]11 (variabilidade das prestações - art. 1.699, CC e art. 15, Lei de Alimentos). A obrigação alimentar é divisível (não há, em regra, solidariedade - a exceção fica por conta do art. 12 do Estatuto do Idoso), devendo-se observar a ordem de preferência para o seu pagamento prevista no art. 1.697, CC (rol taxativo) e a possibilidade de complementaridade estabelecida pelo art. 1.698, CC (novidade do CC/02[12]12). Por fim, destaque-se que os alimentos podem ser pagos em moeda ou em espécie, cabendo a faculdade de escolha ao devedor (art. 1.701, CC). São pressupostos da obrigação alimentar: vínculo jurídico familiar (art. 1.694, CC); necessidade do alimentando (independente da causa que lhe deu origem; art. 1.695, CC); possibilidade de fornecer os alimentos (art. 1.695, CC); proporcionalidade da prestação (art. 1.694, §1º., CC). Ensina Silvio Rodrigues (2004, p. 384) que ?são dois vetores a serem analisados: necessidade e possibilidade. A regra é vaga e representa apenas um ?standard? jurídico. Assim, abre ao juiz extenso campo de ação, capaz de possibilitar o enquadramento dos mais variados casos individuais?, não havendo possibilidade de fixar um único parâmetro para a fixação da pensão[13]13 como pretendem alguns julgados. O quantum, portanto, é mutável (art. 1.699, CC) e passível de correção monetária (art. 1.710, CC). Diante das disposições constitucionais sobre família, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 585) concluem que ?a fixação de alimentos deve obediência a uma perspectiva solidária (CF, art. 3º.), norteada pela cooperação, pela isonomia e pela justiça social ? como modos de consubstanciar a imprescindível dignidade humana (CF, art. 1º., III). [...]. Ou seja, a obrigação alimentar é, sem dúvida, expressão da solidariedade social e familiar (enraizada em sentimentos humanitários) constitucionalmente impostas como diretriz a nossa ordem pública?. Alimentos entre cônjuges e companheiros Dos efeitos patrimoniais e pessoais do casamento decorre o dever de assistência (espiritual e material) mútua. Findo o casamento ou a união estável, esse dever converte-se em obrigação alimentar recíproca, cuja fixação do ?quantum? deverá observar as características do caso concreto. No entanto, a obrigação alimentar pode ser afastada quando se tratar de separação culposa[14]14. Nestes casos, determina o art. 1.704, CC, que o cônjuge declarado culpado, em regra, perde o direito a alimentos, exceto aqueles necessários à própria subsistência, quando não houver parentes em condições de prestá- lo, nem possuir aptidão para o trabalho. A declaração de nulidade ou anulação do casamento faz extinguir a obrigação alimentar, uma vez que reconhecido que não houve formação de vínculo válido, não há que se falar em alimentos decorrentes de vínculo. O dever de mútua assistência imposto pelo casamento cessa com o trânsito em julgado da ação, mas os alimentos pagos no curso da ação não são repetíveis. No entanto, reconhecida a putatividade do casamento para um ou ambos os cônjuges, os alimentos poderão ser fixados para aquele considerado de boa-fé. Quanto ao divórcio, há certa controvérsia na doutrina sobre a possibilidade de se pleitear alimentos após a sua efetivação. Parte da doutrina (como Sérgio Grischkow Pereira e Paulo Lôbo) inclinam-se em afirmar a possibilidade, quando inexistente renúncia do direito e demonstrada superveniente necessidade. Todas as regras sobre alimentos aplicáveis ao casamento estendem-se à união estável. Alimentos decorrentes de parentesco Os alimentos decorrentes de parentesco são a expressão do princípio constitucional da solidariedade familiar, sendo dever considerado recíproco (art. 1.696, CC). Os alimentos são devidos entre os parentes em linha reta (sem limitação) e entre os colaterais até segundo grau. De qualquer forma, os mais próximos preferem os mais distantes no momento de determinação do dever. Destas relações, destaca-se que: 1- Os alimentos devidos pelos pais (independente da origem do vínculo) aos filhos menores não se extinguem automaticamente com o mero advento da maioridade. 2- A miserabilidade dos pais não é causa de exclusão do dever de sustento dos filhos menores ou incapazes. 3- A destituição ou suspensão do poder familiar não extingue o dever de sustento. 4- A emancipação voluntária também não extingue o dever de sustento. 5- Os filhos maiores[15]15 podem ser credores de alimentos quando: incapazes; quando ainda em formação escolar; quando encontram-se em situação de indigência não proposital; quando necessita de medicamentos, não descartadas outras hipóteses aferíveis no caso concreto. 6- Em virtude da reciprocidade, ascendentes idosos ou incapazes também têm direito de pleitear alimentos de seus descendentes (art. 12, Estatuto do Idoso). 7- O nascituro pode ser beneficiado por alimentos pleiteados por sua mãe no curso da gestação. Tratam-se dos alimentos gravídicos estabelecidos pela Lei n. 11.804/08. 8- Não havendo parentes em linha reta de primeiro grau aptos a prestar alimentos, admite-se a cobrança nos graus subsequentes, sendo a mais comum conhecida como obrigação alimentar avoenga, cujo dever é subsidiário ou complementar. 9- Havendo guarda, os alimentos podem ser prestados pelos pais, pelo guardião ou por ambos. 10- O tutelado pode pleitear alimentos do tutor ou de parentes próximos, podendo cobrá-los de seus pais, mesmo que tenham perdido o poder familiar, não sendo esta última a melhor alternativa (art. 1.740, CC). 11- Os alimentos entre irmãos (unilaterais ou bilaterais) são admitidos, desde que subsidiariamente. 12- Parentes por afinidade, por falta de expressa previsão legal, não tem direito a alimentos. Conclui-se que, independente da origem, os alimentos devem ser considerados direitos de personalidade e decorrência natural do princípio da solidariedade familiar e da proteção da dignidade humana, sendo estes os maiores critérios a serem observados em sua fixação. Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre os alimentos, preparando o aluno para o tema da próxima aula: bem de família. NOTAS [1] Súmula 277, STJ: ?Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação?. [2] Súmula 309, STJ: ?O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo?. Abrange a prisão, portanto, apenas os alimentos atuais. [3] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 609-610) que ?em linguagem clara, a obrigação alimentícia ou obrigação de sustento (de manutenção) consiste na fixação de alimentos com base no poder familiar imposto, de maneira irrestrita, aos pais (biológicos ou afetivos). Naturalmente, como se funda no poder familiar, é ilimitada. A outro giro, o dever alimentar ou de prestar alimentos é obrigação recíproca entre cônjuges, companheiros e entre os demais parentes (que não sejam pai e filho), em linha reta ou colateral, exprimindo a solidariedade familiar existenteentre eles?. [4] Afirma Yussef Cahali (2009, p. 337) que ?incumbe aos genitores ? a cada qual e a ambos conjuntamente ? sustentar os filhos, provendo-lhes a subsistência material e moral, fornecendo-lhes alimentação, vestuário, abrigo, medicamentos, educação, enfim, tudo aquilo que se faça necessário à manutenção e a sobrevivência dos mesmos? (art. 229, CF e art. 21, ECA). E complementa Arnaldo Rizzardo (2006, p. 755) afirmando que ?por mais pobres que eles [os pais] sejam, devem contribuir com alguma parcela para o sustento dos filhos. Fator determinante para se obrigar é a percepção de rendimentos. O dever de sustentar, aqui, sobrepõe-se ao direito de terem os pais o suficiente para si. É que, diante do incapaz de se sustentar por ser menor e não haver desenvolvido qualquer habilidade ou capacidade, cede o direito aos pais?. [5] Súmula 358, STJ ? ?O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos? DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA COM A MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Com a maioridade cessa o poder familiar, mas não se extingue, ipso facto, o dever de prestar alimentos, que passam a ser devidos por força da relação de parentesco. Precedentes. 2. Antes da extinção do encargo, mister se faz propiciar ao alimentando oportunidade para comprovar se continua necessitando dos alimentos. 3. Recurso especial não conhecido. (REsp 688902/DF ? Rel. Min. Fernando Gonçalves ? T4 ? 16/08/07). [6] As prestações alimentícias (já fixadas em sentença ou acordo) prescrevem em dois anos a partir da data em que se venceram (exceção art. 198, CC). No entanto, deve-se lembrar, que o direito alimentar é imprescritível. [7] A jurisprudência tem admitido a repetibilidade nos casos em que é evidente a má-fé ou enriquecimento sem causa do alimentando. [8] Súmula 397, STJ: ?no acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais?. Não se aplica ao divórcio, mas entende-se ser aplicável à separação. [9] O que se transmite é a obrigação alimentar já estabelecida e não o dever de prestar alimentos. A transmissibilidade é regra que atinge qualquer espécie de alimentos, mas está restrita às forças da herança (art. 1.792, CC). [10] Isso não significa que duas pessoas devam alimentos entre si simultaneamente, mas indica que o devedor de hoje pode se tornar o credor alimentar amanhã. [11] A decisão que fixa os alimentos não faz coisa julgada formal, mas faz coisa julgada material. [12] Não há possibilidade de denunciação da lide porque inexiste direito de regresso entre as partes. Há entre as pessoas obrigadas a prestar alimentos litisconsórcio passivo facultativo ulterior simples, por provocação do autor. Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 454) que ?a inovação, além de ensejar um incidente que pode atrasar a decisão, tem o grave inconveniente de obrigar uma pessoa a litigar contra quem, por motivos que só a ela interessa, não deseja litigar. Pode, por isso, deixar de executar a sentença contra ela, tornando inócua a intervenção de terceiro requerida pelo devedor escolhido pelo credor?. O legislador não deveria ter ampliado o pólo passivo dessas ações. [13] Pensão é a soma em dinheiro destinada ao provento dos alimentos. [14] O professor deve resgatar as considerações feitas sobre a permanência das noções de culpa na dissolução da sociedade conjugal tecidas na aula 9. [15] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 623) que ?durante a menoridade presume-se a necessidade do filho de receber alimentos; adquirida a plena capacidade, a presunção é flexibilizada, incumbindo ao alimentando demonstrar a necessidade de continuar percebendo a pensão?. Estratégias de Aprendizagem Indicação de Leitura Específica Recursos quadro e pincel; datashow. Aplicação: articulação teoria e prática Caso Concreto (IX Exame OAB adaptada) Moema, brasileira, solteira, natural e residente em Fortaleza, no Ceara´, maior e capaz, conheceu Toma´s, brasileiro, solteiro, natural do Rio de Janeiro, tambe´m maior e capaz. Toma´s era um pro´spero empresa´rio que visitava o Ceara´ semanalmente para tratar de nego´cios, durante o ano de 2010. Desde enta~o passaram a namorar e Moema passou a frequentar todos os lugares com Toma´s que sempre a apresentou como sua namorada. Apo´s algum tempo, Moema engravidou de Toma´s. Este, ao receber a noti´cia, se recusou a reconhecer o filho, dizendo que o relacionamento estava acabado, que na~o queria ser pai naquele momento, raza~o pela qual na~o reconheceria a paternidade da crianc¸a e tampouco iria contribuir economicamente para o bom curso da gestac¸a~o e subsiste^ncia da crianc¸a, que deveria ser criada por Moema sozinha. Moema ficou desesperada com a reac¸a~o de Toma´s, pois quando da descoberta da gravidez estava desempregada e sem condic¸o~es de custear seu plano de sau´de e todas as despesas da gestac¸a~o que, conforme atestado por seu me´dico, era de risco. Como sua condic¸a~o financeira tambe´m na~o permitia custear as despesas necessa´rias para a sobrevive^ncia da futura crianc¸a, Moema decidiu procurar orientac¸a~o juri´dica. E´ certo que as fotografias, declarac¸o~es de amigos e alguns documentos fornecidos por Moema conferiam indi´cios suficientes da paternidade de Toma´s. Diante desses fatos, e cabendo a voce^ pleitear em jui´zo a tutela dos interesses de Moema como poderia ela garantir condic¸o~es financeiras de levar a termo sua gravidez e de assegurar que a futura crianc¸a, ao nascer, tenha condic¸o~es de sobrevida? Justifique (em no máximo dez linhas) sua resposta e nela destaque o que aconteceria com eventuais alimentos pagos se após o nascimento, feito o exame de DNA, restasse consta que Tomás não é o pai da criança. Questão objetiva 1 (IX Exame OAB) Henrique e Nata´lia, casados sob o regime de comunha~o parcial de bens, decidiram se divorciar apo´s 10 anos de unia~o conjugal. Do relacionamento nasceram Gabriela e Bruno, hoje, com 8 e 6 anos, respectivamente. Enquanto esteve casada, Nata´lia, apesar de ter curso superior completo, ser pessoa jovem e capaz para o trabalho, na~o exerceu atividade profissional para se dedicar integralmente aos cuidados da casa e dos filhos. Considerando a hipo´tese acima e as regras atinentes a` prestac¸a~o de alimentos, assinale a afirmativa correta. a. Uma vez homologado judicialmente o valor da prestac¸a~o alimenti´cia devida por Henrique em favor de seus filhos Gabriela e Bruno, no percentual de um sala´rio mi´nimo para cada um, ocorrendo a constituic¸a~o de nova fami´lia por parte de Henrique, automaticamente sera´ minorado o valor dos alimentos devido aos filhos do primeiro casamento. b. Henrique podera´ opor a impenhorabillidade de sua u´nica casa, por ser bem de fami´lia, na hipo´tese de ser acionado judicialmente para pagar de´bito alimentar atual aos seus filhos Gabriela e Bruno. c. Nata´lia podera´ pleitear alimentos transito´rios e por prazo razoa´vel, se demonstrar sua dificuldade em ingressar no mercado de trabalho em raza~o do longo peri´odo que permaneceu afastada do desempenho de suas atividades profissionais para se dedicar integralmente aos cuidados do lar. d. Caso Nata´lia descubra, apo´s dois meses de separac¸a~o de fato, que espera um filho de Henrique, sera~o devidos alimentos gravi´dicos ate´ o nascimento da crianc¸a, pois apo´s este fato a obrigac¸a~o alimentar somente sera´ exigida em ac¸a~o judicial pro´pria. Questão objetiva 2 (XI Exame OAB) Fernanda, ma~e da menor Joana, celebrou um acordo na presenc¸a do Juiz de Direito para que Arnaldo, pai de Joana, pague, mensalmente, 20% (vinte por cento) de 01 (um) sala´rio mi´nimo a ti´tulo de alimentospara a menor. O Juiz homologou por sentenc¸a tal acordo, apesar de a necessidade de Joana ser maior do que a verba fixada, pois na~o existiam condic¸o~es materiais para a majorac¸a~o da pensa~o em face das possibilidades do devedor. Apo´s um me^s, Fernanda tomou conhecimento que Arnaldo trocou seu emprego por outro com sala´rio maior e procurou seu advogado para saber da possibilidade de rever o valor dos alimentos fixados em sentenc¸a transitada em julgado. Analisando o caso concreto, assinale a afirmativa correta. a. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo ja´ foi decidido em sentenc¸a com tra^nsito em julgado formal b. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo e´ fruto de acordo celebrado entre as partes e homologado por juiz de direito c. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois no caso concreto houve mudanc¸a do bino^mio “necessidade x possibilidade”. d. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois o acordo celebrado entre as partes e homologado pelo juiz de direito esta´ abaixo do limite mi´nimo de 30% (trinta por cento) de 01 (um) sala´rio mi´nimo, fixado em lei, como mi´nimo indispensa´vel que uma pessoa deve receber de alimentos. Avaliação Caso Concreto (IX Exame OAB adaptada) Moema, brasileira, solteira, natural e residente em Fortaleza, no Ceara´, maior e capaz, conheceu Toma´s, brasileiro, solteiro, natural do Rio de Janeiro, tambe´m maior e capaz. Toma´s era um pro´spero empresa´rio que visitava o Ceara´ semanalmente para tratar de nego´cios, durante o ano de 2010. Desde enta~o passaram a namorar e Moema passou a frequentar todos os lugares com Toma´s que sempre a apresentou como sua namorada. Apo´s algum tempo, Moema engravidou de Toma´s. Este, ao receber a noti´cia, se recusou a reconhecer o filho, dizendo que o relacionamento estava acabado, que na~o queria ser pai naquele momento, raza~o pela qual na~o reconheceria a paternidade da crianc¸a e tampouco iria contribuir economicamente para o bom curso da gestac¸a~o e subsiste^ncia da crianc¸a, que deveria ser criada por Moema sozinha. Moema ficou desesperada com a reac¸a~o de Toma´s, pois quando da descoberta da gravidez estava desempregada e sem condic¸o~es de custear seu plano de sau´de e todas as despesas da gestac¸a~o que, conforme atestado por seu me´dico, era de risco. Como sua condic¸a~o financeira tambe´m na~o permitia custear as despesas necessa´rias para a sobrevive^ncia da futura crianc¸a, Moema decidiu procurar orientac¸a~o juri´dica. E´ certo que as fotografias, declarac¸o~es de amigos e alguns documentos fornecidos por Moema conferiam indi´cios suficientes da paternidade de Toma´s. Diante desses fatos, e cabendo a voce^ pleitear em jui´zo a tutela dos interesses de Moema como poderia ela garantir condic¸o~es financeiras de levar a termo sua gravidez e de assegurar que a futura crianc¸a, ao nascer, tenha condic¸o~es de sobrevida? Justifique (em no máximo dez linhas) sua resposta e nela destaque o que aconteceria com eventuais alimentos pagos se após o nascimento, feito o exame de DNA, restasse consta que Tomás não é o pai da criança. Gabarito: Para resguardar os direitos de Moema e do nascituro pode ser proposta ação de alimentos gravídicos fundada na Lei n. 11.804/08. Moema deverá ajuizar a ação em nome próprio, com pedido de antecipação de tutela para custear as despesas da gestação. Negativo o DNA Tomás não poderá pleitear os alimentos anteriormente pagos, pois irreptíveis. Em caso de confirmação da paternidade os alimentos gravídicos devem ser convertidos em pensão alimentícia em favor da criança. Questão objetiva 1 (IX Exame OAB) Henrique e Nata´lia, casados sob o regime de comunha~o parcial de bens, decidiram se divorciar apo´s 10 anos de unia~o conjugal. Do relacionamento nasceram Gabriela e Bruno, hoje, com 8 e 6 anos, respectivamente. Enquanto esteve casada, Nata´lia, apesar de ter curso superior completo, ser pessoa jovem e capaz para o trabalho, na~o exerceu atividade profissional para se dedicar integralmente aos cuidados da casa e dos filhos. Considerando a hipo´tese acima e as regras atinentes a` prestac¸a~o de alimentos, assinale a afirmativa correta. a. Uma vez homologado judicialmente o valor da prestac¸a~o alimenti´cia devida por Henrique em favor de seus filhos Gabriela e Bruno, no percentual de um sala´rio mi´nimo para cada um, ocorrendo a constituic¸a~o de nova fami´lia por parte de Henrique, automaticamente sera´ minorado o valor dos alimentos devido aos filhos do primeiro casamento. b. Henrique podera´ opor a impenhorabillidade de sua u´nica casa, por ser bem de fami´lia, na hipo´tese de ser acionado judicialmente para pagar de´bito alimentar atual aos seus filhos Gabriela e Bruno. c. Nata´lia podera´ pleitear alimentos transito´rios e por prazo razoa´vel, se demonstrar sua dificuldade em ingressar no mercado de trabalho em raza~o do longo peri´odo que permaneceu afastada do desempenho de suas atividades profissionais para se dedicar integralmente aos cuidados do lar. d. Caso Nata´lia descubra, apo´s dois meses de separac¸a~o de fato, que espera um filho de Henrique, sera~o devidos alimentos gravi´dicos ate´ o nascimento da crianc¸a, pois apo´s este fato a obrigac¸a~o alimentar somente sera´ exigida em ac¸a~o judicial pro´pria. Gabarito: C - art. 1694, CC. Questão objetiva 2 (XI Exame OAB) Fernanda, ma~e da menor Joana, celebrou um acordo na presenc¸a do Juiz de Direito para que Arnaldo, pai de Joana, pague, mensalmente, 20% (vinte por cento) de 01 (um) sala´rio mi´nimo a ti´tulo de alimentos para a menor. O Juiz homologou por sentenc¸a tal acordo, apesar de a necessidade de Joana ser maior do que a verba fixada, pois na~o existiam condic¸o~es materiais para a majorac¸a~o da pensa~o em face das possibilidades do devedor. Apo´s um me^s, Fernanda tomou conhecimento que Arnaldo trocou seu emprego por outro com sala´rio maior e procurou seu advogado para saber da possibilidade de rever o valor dos alimentos fixados em sentenc¸a transitada em julgado. Analisando o caso concreto, assinale a afirmativa correta. a. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo ja´ foi decidido em sentenc¸a com tra^nsito em julgado formal. b. Na~o e´ possi´vel rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo e´ fruto de acordo celebrado entre as partes e homologado por juiz de direito. c. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois no caso concreto houve mudanc¸a do bino^mio “necessidade x possibilidade”. d. E´ possi´vel rever o valor dos alimentos, pois o acordo celebrado entre as partes e homologado pelo juiz de direito esta´ abaixo do limite mi´nimo de 30% (trinta por cento) de 01 (um) sala´rio mi´nimo, fixado em lei, como mi´nimo indispensa´vel que uma pessoa deve receber de alimentos. Gabarito: C - art. 1699, CC Considerações Adicionais Referências Bibliográficas: Nome do livro: Direito das Famílias Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Editora: Lumen Juris Nome do capítulo: Os Alimentos Número de páginas do capítulo: 136
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