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I – INTRODUÇÃO
 
1) Conceito de direito penal: é o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado (José Frederico Marques).
2) Direito penal objetivo: é o próprio ordenamento jurídico-penal, correspondente à sua definição.
3) Direito penal subjetivo (Jus puniendi): é o direito que tem o Estado de atuar sobre os delinquentes na defesa da sociedade contra o crime; é o direito de punir do Estado.
4) Caráter dogmático: o direito penal, como ciência jurídica, tem natureza dogmática, uma vez que as suas manifestações têm por base o direito positivo; expõe o seu sistema através de normas jurídicas, exigindo o seu cumprimento sem reservas; a adesão aos mandamentos que o compõem se estende a todos, obrigatoriamente.
5) Fontes do direito penal: as fontes formais se dividem em: imediata (é a lei, em sentido genérico) e mediatas (são os costumes e os princípios gerais do direito).
6) Normas penais incriminadoras: são as que descrevem condutas puníveis e impõe as respectivas sanções.
7) Normas penais permissivas: são as que determinam a licitude ou a impunidade de certas condutas, embora estas sejam típicas em face das normas incriminadoras.
8) Normas penais complementares ou explicativas: são as que esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam o âmbito de sua aplicação.
* as normas penais permissivas e finais são chamadas de não-incriminadoras.
9) Caracteres das normas penais: a norma penal: é exclusiva, tendo em vista que somente ela define infrações e comina penas; é autoritária, no sentido de fazer incorrer na pena aquele que descumpre o seu mandamento; é geral, atua para todas as pessoas, tem efeito erga omnes; é, ainda, abstrata e impessoal, dirigindo-se a fatos futuros; abstrata e impessoal porque não endereça o seu mandamento proibitivo a um indivíduo.
10) Normas penais em branco: são disposições cuja sanção é determinada, permanecendo indeterminado o seu conteúdo; sua exeqüibilidade depende do complemento de outras norma jurídicas ou da futura expedição de certos atos administrativos; classificam-se em: a) normas penais em branco em sentido lato, que são aquelas em que o complemento é determinado pela mesma fonte formal da norma incriminadora; b) norma penais em branco em sentido estrito, são aquelas cujo complemento está contido em norma procedente de outra instância legislativa.
11) Lacunas da lei penal: as normas penais também apresentam lacunas que devem ser preenchidas pelos recursos supletivos para o conhecimento do direito (analogia, costumes e princípios gerais do direito; LICC, art. 4º); não possuem lacunas as normas penais incriminadoras, em face do princípio da reserva legal; as normas penais não incriminadoras, porém, em relação as quais não vige aquele princípio, quando apresentarem falhas ou omissões, podem ser integradas pelos recursos fornecidos pela ciência jurídica.
12) Integração da norma penal: os preceitos da LICC se aplicam a todos os ramos do direito; é aplicável, pois, ao direito penal; assim, as lacunas da norma penal podem ser supridas pelos processos científicos determinados pelo legislador; a integração só pode ocorrer em relação à normas penais não-incriminadoras; conclui-se que a analogia, o costume e os princípios gerais de direito não podem criar condutas puníveis nem impor penas: nesse campo, a norma penal não possui lacunas.
13) Interpretação da norma penal: o intérprete é o mediador entre o texto da lei e a realidade; a interpretação consiste em extrair o significado e a extensão da norma em relação à realidade; é uma operação lógico-jurídica que se dirige a descobrir a vontade da lei, em função de todo o ordenamento jurídico e das normas superiores de cultura, a fim de aplicá-las aos casos concretos da vida real.
14) Interpretação autêntica: diz-se autêntica a interpretação quando procede do próprio órgão de que emana; parte do próprio sujeito que elaborou o preceito interpretado.
15) Interpretação doutrinária: é feita pelos escritores de direito, em seus comentários às leis.
16) Interpretação judicial: é a que deriva dos órgãos judiciários (juízes e tribunais); não tem força obrigatória senão para o caso concreto (sobrevindo a coisa julgada).
17) Interpretação gramatical, literal ou sintática: é a primeira tarefa que deve fazer quem procura interpretar a lei, no sentido de aflorar a sua vontade, recorrendo ao que dizem as palavras.
18) Interpretação lógica ou telelógica: é a que consiste na indagação da vontade ou intenção objetivada pela lei; se ocorrer contradição entre as conclusões da interpretação literal e lógica, deverá a desta prevalecer, uma vez que atenda às exigências do bem comum e aos fins sociais que a lei se destina.
19) Interpretação declarativa: a interpretação é meramente declarativa quando a eventual dúvida se resolve pela correspondência entre a letra e a vontade da lei, sem conferir à formula um sentido mais amplo ou mais estrito.
20) Interpretação restritiva: se restringe ao alcance das palavras da lei até o sentido real; ocorre quando a lei diz mais do que o pretendido pela sua vontade.
21) Interpretação extensiva: diz-se extensiva a interpretação quando o caso requer seja ampliado o alcance das palavras da lei para que a letra corresponda à vontade do texto; ocorre quando o texto legal não expressa a sua vontade em toda a extensão desejada; diz menos do que pretendia dizer.			
22) Interpretação analógica: é permitida toda vez que uma cláusula genérica se segue a uma forma casuística, devendo entender-se que aquela só compreende os casos análogos aos mencionados por esta.
23) Analogia: consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante; para que seja permitido o seu uso, exige-se a ocorrência dos seguintes requisitos: a) que o fato considerado não tenha sido regulado pelo legislador; b) este, no entanto, regulou situação que oferece relação de coincidência de identidade com o caso não regulado; c) o ponto comum às duas situações constitui o ponto determinante na implantação do princípio referente à situação considerada pelo julgador.
24) Analogia legal (legis): atua quando o caso não previsto é regulado por um preceito legal que rege um semellhante; é a que compreende uma argumentação trabalhada sobre textos da norma penal, quando se verifica a insuficiência de sua redação.
25) Analogia jurídica (juris): ocorre quando se aplica à espécie não prevista em lei, e com a qual não há norma que apresenta caracteres semelhantes, um princípio geral de direito.
		
II - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
 
1) Princípio da legalidade (reserva legal): não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal.
2) Princípio da anterioridade: não há crime sem lei “anterior” que o defina; não há pena sem “prévia” imposição legal.
 
			 Eficácia Temporal da Lei Penal
 
3) Sanção: é o ato pelo qual o Chefe de Governo, aprova e confirma uma lei, com ela, a lei está completa; para se tornar obrigatória, faltam-lhe a promulgação e a publicação.
4) Promulgação: é o ato pelo qual se atesta a existência da lei e se determina a todos que a observem; tem a finalidade de conferir-lhe o caráter de autenticidade; dela deriva o cunho de executoriedade.
5) Publicação: é o ato pelo qual se torna conhecida de todos, impondo sua obrigatoriedade.
6) Revogação: é expressão genérica que traduz a idéia de cessação da existência de regra obrigatória, em virtude de manifestação, nesse sentido, do poder competente; compreende: a derrogação (revogação parcial), quando cessa em parte a autoridade da lei; e a ab-rogação (rev. total), quando se extingue totalmente; a revogação poder ser expressa (quando a lei, expressamente, determina a cessação da vigência da norma anterior) e tácita (quando o novo texto, embora de fora não expressa, é incompatível com o anterior ou regula inteiramentea matéria precedente).
7) Leis temporárias: são aquelas que trazem preordenada a data da expiração de sua vigência.
8) Leis excepcionais: são as que, não mencionando expressamento o prazo de vigência, condicionam a sua eficácia à duração das condições que as determinam (guerra, epidemia, etc.).
9) Princípio da irretroatividade da lei mais severa e da retroatividade da lei mais benigna: constitui um direito subjetivo de liberdade, com fundamento no art. 5º, XXXVI e XL, da CF/88 diz aquele que a lei não prejudicará o direito adquirido; diz este que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; a lei mais benigna prevalece sobre a mais severa.
10) Ultra-atividade da lei: ocorre quando a lei tem eficácia mesmo depois de cessada sua vigência, quando mais benéfica que a outra.
11) Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo: a) a lei nova supre normas incriminadoras anteriormente existentes (abolitio criminis); b) a lei nova incrimina fatos antes considerados lícitos (novatio legis incriminadora); c) a lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do sujeito (novatio legis in pejus); d) a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o sujeito (novato legis in mellius).
12) Abolitio criminis: pode ocorrer que uma lei posterior deixe de considerar como infração um fato que era anteriormente punido; a lei nova retira do campo da ilicitude penal a conduta precedentemente incriminada; “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime” (art. 2º, CP).
13) Novatio legis incriminadora: ocorre quando um indiferente penal em face de lei antiga é considerado crime pela posterior; a lei que incrimina novos fatos é irretroativa, uma vez que prejudica o sujeito.
14) Novatio legis in pejus: se lei posterior, sem criar novas incriminações ou abolir outras precedentes, agrava a situação do sujeito, não retroage; aplica-se o princípio da irretroatividade da lei mais severa.
15) Novatio legis in mellius: se a lei nova, sem excluir a incriminação, é mais favorável ao sujeito, retroage; aplica-se o princípio da retroatividade da lei mais benigna.
16) Tempo do crime: tempo do crime é o momento em que ele se considera cometido.
17) Teoria da atividade (art.4º): atende-se ao momento da prática da ação (ação ou omissão); considera-se praticado o crime no momento da ação ou omisão, ainda que seja outro o momento do resultado.
18) Teoria do resultado: considera o tempus delicti o momento da produção do resultado.
19) Teoria mista (ubiqüidade): tempus delicti é, indiferentemente, o momento da ação ou do resultado.
20) Conflito aparente de normas: a ordem jurídica, constituída de distintas disposições, é ordenada e harmônica; algumas leis são independentes entre si, outras se coordenam, de forma que se integram ou se excluem reciprocamente; não raro, precisa o intérprete resolver qual das normas do ordenamento jurídico é aplicável ao caso; ocorre, em princípio, quando há duas normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato.
21) Princípios para a solução dos conflitos aparentes de normas: a) da especialidade (a norma especial prevalece sobre a geral); b) da subsidiariedade (a infração de menos gravidade que a principal é absorvida por esta); c) da consunção (ocorre quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou nomal fase de preparação ou execução de outro crime; sendo excluída pela norma a este relativa).
 
				Eficácia da Lei Penal no Espaço
 
22) Princípio da territorialidade: segundo ele, a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a determinou, sem atender à nacionalidade do sujeito ativo do delito ou do titular do bem jurídico lesado.
23) Princípio da nacionalidade: de acordo com ele, a lei penal do Estado é aplicável a seus cidadãos onde quer que se encontrem; divide-se em: a) princípio da nacionalidade ativa (aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro independentemente da nacionalidade do sujeito passivo); b) da personalidade passiva (exige que o fato praticado pelo nacional no estrangeiro atinja um bem jurídico do seu próprio Estado ou de um co-cidadão).
24) Princípio da defesa: leva em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado pelo crime, independentemente do local de sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo.
25) Princípio da justiça penal universal: preconiza o poder de cada Estado de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinqüente e da vítima, ou local de sua prática.
26) Princípio da representação: nos seus termos, a lei penal de determinado país é também aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizados no estrangeiro a aí não venham a ser julgados.
* O CP adotou o princípio da territorialidade como regra; os outros como exceção.
27) Lugar do crime: lugar do crime é o lugar onde ele se considera praticado.
28) Teoria da atividade: de acordo com ela, é considerado lugar do crime aquele em que o agente desenvolveu a atividade criminosa, onde praticou os atos executórios.
29) Teoria do resultado: locus delicti é o lugar da produção do resultado.
30) Teoria da ubiqüidade (art. 6º, CP): nos termos dela, lugar do crime é aquele em que se realizou qualquer dos momentos do iter, seja da prática dos atos executórios, seja da consumação.
31) Extraterritorialidade: ressalva a possibilidade de renúncia de jurisdição do Estado, mediante “convenções, tratados e regras de direito internacional”; o art. 7º prevê uma série de casos em que a lei penal brasileira tem aplicação a delitos praticados no estrangeiro; é inaplicável nas contravenções.
 
			Disposições Finais do Título I da Parte Geral
 
32) Contagem de prazo: há várias conseqüência jurídico-penais condicionadas ao fator tempo; são reguladas pelo prazo, espaço de tempo, fixo e determinado, entre 2 momentos: o inicial e o final; termo é o instante determinado no tempo: fixa o momento da prática de um ato, designando, também, a ocasião de início do prazo; o prazo se desenvolve em 2 termos: o inicial e o final; o art. 10 do CP, estabelece regras a respeito; determina a primeira que o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo; a segunda regra determina que os dias, os meses e os anos são contado pelo calendário comum.
33) Frações não computáveis da pena: desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direito, as frações de dias, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro (art. 11).
34) Legislação especial: as regras gerais do CP são aplicáveis aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispõe de modo diverso; regras gerais do Código são as normas não incriminadoras, permissivas 
ou complementares, previstas na Parte Geral ou Especial (art. 12).
 
				III - TEORIA GERAL DO CRIME
 
1) Conceito material de crime: delito é a ação ou omissão, imputável a uma pessoa, lesiva ou perigosa a interesse penalmente protegido, constituída de determinados elementos e eventualmente integrada por certas condições ou acompanhada de determinadas circunstâncias previstas em lei.
2) Conceito formal: crime é um fato típico e antijurídico; a culpabilidade constitui pressuposto da pena.
3) Fato típico: é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um resultado (em regra) e é previsto em lei penal como infração.
4) Antijuricidade: é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico; a conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita.
5) Culpabilidade: é a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico; reprovabilidade que vem recair sobre o agente, porque a ele cumpria conformar a sua conduta com o mandamento do ordenamento jurídico, porque tinha a possibilidade de fazê-lo e não o fez, revelando no fato de não o ter feito uma vontade contrária àquela obrigação, i. e., no comportamento se exprime uma contradição entre a vontade do sujeito e a vontade da norma.
6) Punibilidade: entendida comoaplicabilidade da pena, é uma conseqüência jurídica do crime e não o seu elemento constitutivo; a pena não é um momento precursor do iter criminis, mas o efeito jurídico do comportamento típico e ilícito, sendo culpado o sujeito.
7) Pressupostos do crime: são circunstâncias jurídicas anteriores à execução do fato, positivas ou negativas, a cuja existência ou inexistência é condicionada a configuração do título delitivo de que se trata; de modo que a falta desses antecedentes opera a trasladação do fato para outra figura delitiva.
8) Pressupostos do fato: são elementos jurídicos ou materiais anteriores à execução do fato, sem os quais a conduta prevista pela lei não constitui crime; sem eles o fato não é punível a qualquer título.
9) Sujeito ativo do crime: é quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora; só o homem possui a capacidade para delinquir.
10) Capacidade penal: é o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa tornar-se titular de direitos ou obrigações no campo de Direito Penal.
11) Incapacidade penal: ocorre nos casos em que não há qualidade de pessoa humana viva e quando a lei penal não se aplique a determinada classe de pessoas.
12) Sujeito passivo do crime: é o titular do interesse cuja ofensa constitui a essência do crime.
 Princípios limitadores do poder punitivo 
Um ordenamento jurídico deve, necessariamente, proteger os indivíduos utilizando-se do direito penal, mas deve também protegê-lo do próprio direito penal, cuja aplicação punitiva e, por vezes, vingativa, pode ser tão odiosa quanto a própria infração que gerou a sua utilização. Assim, fez-se mister que fossem estabelecidos limites ao poder punitivo estatal. A Constituição Federal, em seu artigo 5o, estabelece princípios que limitam o poder punitivo estatal de maneira explícita e de maneira implícita. Tais princípios têm por objetivo orientar o legislador ordinário para que possa ser adotado um sistema penal que resguarde os direitos fundamentais e também dar ao sistema penal um caráter menos cruel. Aqui, optou-se por tratar de alguns desses princípios, considerados como mais relevantes, embora muitos outros possam ser mencionados. 
 Princípio da intervenção mínima 
O princípio da intervenção mínima do direito penal estabelece que o direito penal que não deve proteger qualquer bem jurídico, mas, somente aquilo que se concebe como um bem jurídico penal, ou seja, os valores mais caros à sociedade, sem os quais a sociedade não terá condições de permanecer como tal. Nesse sentido, o princípio da intervenção mínima diferencia um bem jurídico penal do bem jurídico em geral. O bem jurídico em geral é todo e qualquer valor importante para a sociedade, cuja proteção venha a ser determinada por força de lei, ou por força de ato administrativo. Já os bens jurídicos penais são os valores essenciais, que devem constituir o núcleo central do estado democrático de direito. Desse, p. ex., fazem parte a vida, o patrimônio, a identidade corporal e a liberdade psíquica ou individual. Entende-se, portanto, que somente deve haver intervenção mínima, pois a intervenção penal somente deve ocorrer nos casos mais graves, na qual se justifique. O princípio da intervenção mínima tem duas faces: nega a possibilidade de o direito penal proteger bens jurídicos que não são essenciais e, de outro lado, determina que o direito penal proteja os bens jurídicos considerados essenciais. 
 Princípio da fragmentaridade e da subsidiariedade 
Intimamente ligado ao princípio intervenção mínima, o princípio da fragmentariedade estabelece que o direito penal tutela apenas algumas das condutas em que existe violação de um bem jurídico e não de todas, fazendo da intervenção penal fragmentar. 
Por sua vez, deve haver subsidiariedade, pois exige-se que o direito penal somente venha a ser utilizado para proteção de bens jurídicos quando os demais ramos do direito não tenham se mostrado suficientes para protegê-los de forma eficaz. 
Princípio da lesividade 
O princípio da lesividade, também conhecido como ofensividade, é aquele segundo somente pode ser considerada merecedora de tutela penal, conduta que seja apta a expor a risco ou a causar dano a bem jurídico. Uma norma penal, portanto, deve necessariamente proteger bem jurídico de lesão ou risco de lesão. Dessa maneira, veda-se o estabelecimento de delitos que sejam meras infrações de obrigações ou deveres, o que significaria uma excessiva intervenção estatal, que não pode ser aceita. 
Princípio da adequação social 
O princípio da adequação social nem sempre teve a natureza jurídica reconhecida como tal, qual seja reconhecida como regra geral de interpretação de tipos, pois durante muito tempo a doutrina penal imaginou que o princípio da adequação social era uma clausula de exclusão da tipicidade. Hoje, todavia, entende-se que o princípio da adequação social fundamenta a possibilidade de utilização de determinados valores e costumes sociais, ainda que contra a lei, para afastar a aplicação da lei penal. O princípio da adequação social constitui regra geral de interpretação das normas penais incriminadoras e concretiza a ideia de que o tipo penal foi criado como forma de viabilizar a vida social e não como forma de mudar a vida social. Se, com uma modificação social, determinado comportamento penalmente reprovado passar a ser socialmente aceito, não se justifica a intervenção penal. 
Princípio da humanidade 
O princípio da humanidade relaciona-se com a necessidade de proteção à dignidade da pessoa humana, que se projeta no direito penal com a ideia de o ser humano o seu fim e não o meio de viabilização de algum outro ideal. Em outras palavras, não podem as finalidades do Estado serem mais importantes que o ser humano. Por isso, as necessidades de combate ao crime não justificam o emprego de medidas que gerem excessivo sofrimento ao indivíduo. Por conta deste princípio, não se admite imposição de penas infamantes ou cruéis, tais como os castigos corporais. Sustenta-se, ainda, que tal princípio interdita a adoção da pena de morte. 
Princípio da culpabilidade 
O princípio da culpabilidade decorre da ideia de que cada um responde pelos seus atos, pois a responsabilidade penal é estritamente pessoal e subjetiva. Entendendo-se culpabilidade como juízo de reprovação que recai sobre o agente autor da conduta reprovável, somente deve ser penalmente reprovado aquele que, por sua conduta, dado causa a resultado criminoso. 
Ressalte-se, todavia, que não se poderá punir simplesmente porque a ação deu causa a um resultado típico. Deve haver um componente subjetivo (dolo ou culpa) que reprove a conduta do sujeito. O princípio da culpabilidade, portanto, afasta a possibilidade penal objetiva (sem culpa) e exige que se cause um resultado dolosa ou, ao menos, culposamente. 
Princípio da insignificância ou da bagatela 
A ideia da insignificância ou da bagatela complementa os princípios acima mencionados, no sentido de que ainda que uma determinada conduta possa corretamente ser prevista como criminosa, sem que viole nenhum dos demais, ainda assim, pode ser inconveniente a utilização do direito penal. Significa dizer que ainda que haja a violação de um bem jurídico penal, que justifique a intervenção penal, deve a lesão atingir alguma magnitude. Não a lesão a um bem patrimonial, deve haver algum relevo na lesão para dar causa a uma pena criminal. Não deve a simples subtração de alguma cosia de valor insignificante ser suficiente para a intervenção penal. 
Princípio da legalidade 
De todos os princípios reconhecidos no direito brasileiro, talvez o mais importante seja o da legalidade. Tanto assim que pode-se dizer que a legislação penal brasileira é dominada pelo princípio, tanto assim que aparece inscrito na Constituição Federal, em seu art. 5.º, XXIX, bem como no art. 1.º de Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Essa regra básica denomina-se princípio da legalidade dos delitos e das penas ou princípio dareserva legal, e representa importante conquista. O princípio da legalidade pode ser encontrado em todos os sistemas jurídicos existentes no mundo  em códigos penais e em constituições  e, também, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, no 3ª Convenção de Genebra e em seus Protocolos Adicionais, além de tratados para proteção de direitos humanos, como Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, o Convênio Europeu para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, a Convenção Americana de Direitos Humanos e a Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos. 
 
 Consequências do princípio da legalidade 
Tradicionalmente, são mencionadas quatro consequências do princípio da reserva legal 
a) as proibições da analogia (nullum crimen, nulla poena sine lege strticta) - exclui-se a possibilidade de aplicação analógica das normas que definem crimes e estabelecem sanções ou medidas de segurança, para abranger casos por elas não expressamente contemplados. 
b) do direito consuetudinário para fundamentar ou agravar a pena (nullum crimen, nulla poena sine lege scripta) - não é possível admitir a criação de crimes e penas ou a sua majoração pelo costume, pois só a lei pode ser fonte de normas incriminadoras; 
c) da retroatividade da lei penal (nullum crimen, nulla poena sine lege praevia) – tal proibição se refere a todas as características do fato, no conjunto de todas as normas jurídicas que o qualificam e estabelecem consequências para o mesmo. Assim sendo, uma alteração mais gravosa de dispositivos da lei penal não pode gerar à aplicação com efeito retroativo. Ressalte-se, todavia, que a proibição da retroatividade somente se refere à lei e não às alterações da jurisprudência dos tribunais. 
d) da existência de incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa) - a só existência de lei prévia não basta, pois esta lei deve reunir certos caracteres: deve ser concretamente definitória de uma ação, deve delimitar qual é a conduta compreendida e qual é a não compreendida. A incriminação vaga e indeterminada faz com que, em realidade, não haja lei definindo como delituosa certa conduta, pois entrega, em última análise, a identificação do fato punível fica ao arbítrio do julgador. 
Aplicação da lei penal no tempo 
A vigência da lei penal não representa exceção às normas que regulam a vigência e obrigatoriedade das leis em geral, prevista pela lei de introdução ao Código Civil. Esta, em seu art. 1.º, estabelece que a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, salvo disposição em contrário. Se nesse prazo (vacatio legis) ocorrer nova publicação do texto, destinada à correção, o prazo começa novamente a correr a partir da nova publicação. As correções da lei já em vigor consideram-se lei nova. Permanece em vigor a lei até que outra posterior a modifique ou revogue, a menos que se trate de lei temporária. Esta é a lei que em seu próprio texto estabelece seu limite de validez. Há nesse caso uma autorrevogação. É também o que sucede com leis destinadas à vigência durante o curso de determinados acontecimentos transitórios, cessando com os mesmos sua razão de ser. São as leis excepcionais. A revogação da lei anterior pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação); expressa ou tácita. É expressa quando a revogação é declarada pela lei posterior; é tácita, quando a lei nova é incompatível com a lei anterior ou quando regula inteiramente a matéria de que esta tratava. O princípio básico que domina a sucessão de leis e sua aplicação é o tempus regit actum: os fatos são regulados pela lei do tempo em que se verificam e, em regra, a lei não retroage. No Direito Penal, como mencionado acima, a irretroatividade de norma incriminadora é consequência do princípio da legalidade, que é garantia constitucional. Por isso, a regra da irretroatividade somente se aplica à lei que agrava a situação do réu. Se beneficiar, de alguma maneira, o acusado, a lei pode vir a retroagir, como será discutido adiante. 
Irretroatividade das leis penais e a retroatividade da lei penal mais benigna. 
 A irretroatividade da lei penal foi proclamada, como mencionado, pelo princípio nullum crimen nulla poena sine lege. A retroatividade da lei mais benigna, no entanto, foi desenvolvida mais adiante e decorre do interesse do Estado. Se o Estado vem formular leis mais benignas, no que se refere a crimes e gravidade de penas, significa que as novas leis correspondem novas exigências da Justiça e da vida social. Com isso, o que era certo na lei anterior, deixou de ser e merece emenda.. O CP, em seu art. 2.º e seu parágrafo único, considera que a lei nova mais favorável se aplica aos casos em que deixa de considerar o fato como delituoso (abolitio criminis), bem como aos que de qualquer outra forma favorecer o agente. Estabelecer lei mais favorável (lex mitior), todavia, somente pode ser no caso concreto. O juiz deve considerar qual seria o resultado, aplicando hipoteticamente uma e outra das leis, escolhendo então a que proporciona situação mais favorável ao réu. Uma lei posterior que, mantendo a incriminação do fato, aumente o máximo da pena cominada, e diminua o mínimo, será mais favorável, se for o caso de aplicar a pena mínima à hipótese em julgamento, e será mais severa no caso de se impor a pena máxima. Em nenhum caso será possível tomar de uma e outra lei as disposições que mais beneficiem o réu, aplicando ambas parcialmente. A chamada conjugação de leis, embora defendida por alguns, não tem sido admitida no Brasil. 
Conflitos da lei penal no tempo 
 Configura-se um conflito de leis penais no tempo toda vez que, entre o comentimento do crime e o momento em que cessem os seus efeitos penais, tiver havido modificação da lei e, portanto, sucessão de leis penais. As hipóteses de sucessão de leis penais são as seguintes: 
a) Novatio legis incriminadora - a lei posterior incrimina fato que era antecedentemente lícito;
 b) Abolitio criminis - a lei posterior deixa de considerar ilícito penal fato incriminado pela lei anterior; 
c) Novatio legis in mellius - a lei posterior, sem suprimir a incriminação do fato, beneficia o agente, quer cominando pena menos rigorosa, quer de qualquer outro modo tornando menos grave a situação do réu; 
d) Novatio legis in pejus - a lei posterior, mantendo a incriminação do fato, torna mais grave a situação do réu. 
 Ressalte-se que aqui se discute lei penal em sentido próprio, compreendendo os tipos de delito descritos nas normas incriminadoras, como também as normas contidas na Parte Geral, pertencentes ao direito penal material. Excluem-se as disposições relativas às medidas de segurança, bem como as normas de caráter processual existentes no CP. O conflito de leis penais que se sucedem resolve-se sempre pela aplicação de um princípio básico, que é o da retroatividade ou ultratividade da lei mais benigna (extra-atividade da lex mitior). A lei mais severa em nenhum caso retroage. A lex gravior, igualmente, em caso algum tem ultratividade. 
 Leis excepcionais e leis temporárias 
Estabelece o CP a ultra-atividade da lei excepcional ou temporária, no art. 3.º. São leis temporárias aquelas que vigoram durante certo tempo, por elas próprias fixado. São leis excepcionais as que visam atender a situações anormais da vida social (epidemia, guerra, revolução etc.). A ultra-atividade de tais leis é justificada com o fato de que seria fácil sua violação, sem conseqüências penais, se não fossem ultra-ativas. 
 Norma penal em branco 
Lei ou norma penal em branco seria aquela na qual o preceito é incompleto, e que, na expressão de Binding, são “como corpos errantes à procura de alma”. Nesse caso, o tipo deve ser completado por outra disposição legal, já existente ou futura. Na normal penal em branco não falta o preceito, ele é apenas formulado de maneira genérica, sendo completado pela disposição integradora. A razão de ser de tais normas encontra-se nanecessidade que a ordem jurídica reconhece, de fornecer a tutela penal a determinadas categorias de prescrições administrativas, a serem emanadas em relação a contingências futuras, gerais ou particulares. A discussão particular acerca da sucessão de leis penais em caso de norma penal em branco surge no caso de haver modificação do complemento. Nesse particular, duas teorias são defendidas. A primeira, mais tradicional, argumenta apenas que a modificação do complemento não gera mudança da lei e, por isso, não se deve falar em conflito de leis no tempo. A segunda divide em dois tipo de norma penal em branco. No primeiro, o complemento serviria apenas para permitir que a norma venha a viger e, nesse caso, não haveria moficação da lei. Haveria, todavia, uma outra categoria, no qual o complemento seria a essência da proibição e, por esse motivo, em se modificando, haveria mudança da lei. 
Tempo do crime 
Para que se possa determinar se houve ou não conflito de leis no tempo, afigura-se fundamental determinar o momento em que o crime é cometido. Antes, porém, deve-se assinalar que cometer um crime significa praticar qualquer ato de execução ou de participação na ação delituosa. É ato de execução aquele que inicia a violação da norma, com o ataque ao bem jurídico tutelado. Cometer um crime não significa consumá-lo. Para determinação do tempo crime, diferentes critérios podem ser adotados. Pode ser considerado o momento em que se desenvolve a ação (teoria da ação), o momento em que sobrevém o resultado ou que o consuma (teoria do resultado), ou ambos (teoria da ubiquidade). No Brasil, foi adotada a primerias dessa teroias, por meio do art. 4.º, CP. 
Crimes permanentes e continuados 
Não há regras especiais para atender à hipótese de ações que configurem crimes permanentes e continuados, havendo sucessão de leis penais. No crime permanente, a ação se protrai, com a permanência do resultado antijurídico (ex.: sequestro, art. 148, CP). Neste caso aplica-se a lei nova, pois sob seu império 
continuou sendo praticada a ação. A solução é a mesma para o crime continuado (art. 71, CP), e para o crime habitual. Em nenhum caso, porém, serão considerados os atos praticados na vigência da lei anterior. 
Aplicação da lei penal no espaço 
Princípios: territorialidade, personalidade ativa e passiva, de defesa ou de proteção, da bandeira ou da representação e da universalidade ou da justiça universal. 
Quatro princípios ou critérios foram formulados pela doutrina: 
a) Princípio da territorialidade - a lei penal aplica-se no território onde se exerce a soberania do Estado, independentemente da nacionalidade do agente ou da vítima ou do titular do bem jurídico atingido. O princípio da territorialidade é o preponderante na lei brasileira (art. 5.º do CP). 
 b) Princípio da personalidade ou da nacionalidade - a lei penal nacional pode ser aplicada ao cidadão onde quer que se encontre, devendo ser considerada apenas a nacionalidade do agente. 
c) Princípio da defesa ou real ou de proteção - a lei penal deve ser aplicada de acordo com a nacionalidade do bem jurídico atingido pela ação delituosa, onde quer que seja ela praticada e seja qual for a nacionalidade do agente. 
d) Princípio da justiça universal - a lei penal aplica-se a todo e qualquer fato punível, seja qual for na nacionalidade do agente ou do bem jurídico lesado ou posto em perigo e qualquer que tenha sido o lugar onde tenha sido o fato praticado. 
e) Princípio da representação ou da bandeira – a lei penal do Estado ao qual pertença a aeronave ou a embarcação deve ser aplicada a todo e qualquer fato praticado no seu interior. Consagra a lei brasileira, como regra básica, o princípio da territorialidade em seu art. 5.º do CP. Não existe, todavia, um conceito jurídico-penal de território e tal conceito decorre do direito público e do direito internacional. Não se trata de conceito geográfico, mas de conceito jurídico: território é todo espaço onde se exerce a soberania do Estado. Compreende, em primeiro lugar, o espaço territorial delimitado pelas fronteiras do país, sem solução de continuidade, inclusive rios, lagos e mares interiores, bem como as ilhas e outros porções de terra separadas do solo principal. Integram, ainda, o território, o mar territorial, o espaço aéreo e a porção, atribuída pelo direito internacional a cada Estado, de rios e lagos fronteiriços. Por uma ficção jurídica, são também considerados territórios os navios e aeronaves comerciais em águas nacionais ou em alto-mar, bem como os navios e aeronaves do Estado, onde quer que se encontrem. Os limites do mar territorial estão estabelecidos pela Lei n.º 8.617/93 em 12 milhas marítimas, medidas a partir da linha do baixo-mar do litoral continental e insular brasileiro, adotada como referência nas cartas náuticas brasileiras (art. 1.º). A soberania de nosso país se estende ao leito e ao subsolo do mar territorial (art. 2.º, L. 8.617/93). Esta mesma lei, estabelece a zona contígua, delimitada em até 24 milhas marítimas (onde podem ser adotadas medidas de prevenção de infrações à lei e de repressão daquelas ocorridas no território ou no mar territorial), e a zona econômica exclusiva, delimitada em até 200 milhas (para efeitos exploração de recursos naturais), ambas contadas a partir da linha do baixo mar. Quanto aos rios, há os nacionais, ou seja, os que se situam inteiramente no território nacional, e os internacionais os que atravessam mais de um Estado e podem ser simultâneos (fronteiriços) ou sucessivos. Com relação a estes últimos, compõem o território nacional, no trecho que atravessa o território do Estado. O território, em relação aos rios internacionais simultâneos e lagos fronteiriços, é geralmente estabelecido por tratados e convenções internacionais, entre as partes interessadas. Se o rio pertence a ambos os países, o limite é fixado em regra pela equidistância das margens ou pela linha de maior profundidade (Talweg). Nos lagos, o critério é geralmente o de limitação pela linha que liga ao centro os pontos extremos do território. Nas pontes internacionais, o limite do território vai até o meio ainda que não corresponda ao Talweg do rio, salvo convenção em contrário. O território nacional compreende também o espaço aéreo que cobre o território do Estado e águas territoriais, sem limites. No que concerne aos navios, a regra a observar é no sentido de que os navios públicos, ou seja, os navios do Estado (belonaves e navios empregados em serviços públicos, como o de polícia, alfândega etc.) constituem território do Estado a que pertencem onde quer que estejam, mesmo em águas territoriais estrangeiras. São também navios dessa categoria os que são postos exclusivamente a serviço de soberanos ou chefes de Estado ou de representantes diplomáticos. Os crimes cometidos a bordo de tais barcos são sempre punidos pelo Estado a que pertencem. Quanto aos navios privados, estão sujeitos à soberania do Estado a que pertencem, se estiverem em águas nacionais ou em alto-mar. Em águas territoriais ou em porto estrangeiro, submetem-se, em princípio, à jurisdição do país estrangeiro. As mesmas regras fixadas para os navios aplicam-se às aeronaves, que podem ser públicas ou privadas, atendendo-se, porém, à diversa situação dos crimes praticados a bordo de aeronaves estrangeiras privadas em solo brasileiro. O CP acolheu tais regras no art. 5.º, §§ 1.º e 2.º. 
Lugar do crime 
No que se refere ao lugar do crime, as considerações que foram desenvolvidas quanto ao tempo do crime também são aqui válidas. A ressalva é que o CP, em seu art. 6º. determinou que seja adotada a teoria da ubiquidade, que considera como lugar do crime tanto aquele em que se pratica a ação como aquele em que se verifica o resultado ou aquele em que o bem jurídico é atingido. Será, assim, punível pela nossa lei o crime cometido, no todo ou em parte, no território nacional ou o que nele, embora parcialmente, produziu seu resultado. Ademais, o crime não se fraciona por ultrapassaras fronteiras e será punido em sua inteireza mesmo que só parcialmente executado em território nacional. 
Hipóteses de extraterritorialidade 
Embora tenha fixando como regra o princípio da territorialidade, o CP também determina a aplicação da lei penal brasileira a certos fatos praticados no estrangeiro (art. 7.º, CP). 
 A extraterritorialidade da lei brasileira dá-se, porém, segundo um duplo critério: em certos casos, incondicionadamente; em outros, mediante a verificação de determinadas condições. 
Extraterritorialidade incondicionada 
 Tendo em vista a alta relevância dos interesses atingidos, é aplicável incondicionadamente a lei brasileira aos crimes praticados no estrangeiro nos seguintes casos (art. 7.º, I ): 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República - acolhe-se aqui o princípio da defesa. Dada a preeminência da função que exerce o Presidente da República, ele, no estrangeiro, representa a nação. Sua vida e liberdade são objeto de especial tutela; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público - crimes contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território (hoje inexistente) ou Município, são os crimes de furto, roubo ou extorsão, apropriação indébita, estelionato etc. quando o objeto material da ação for constituído de bens públicos. A fé pública da União ou dos Estados atinge-se por meio dos crimes de moeda falsa ou de falsidade de títulos ou outros papéis públicos. As fundações instituídas pelo Poder Público equiparam-se às empresas públicas. Entende-se por autarquia o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizadas. Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da administração indireta; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço - são os crimes que o CP prevê no Título XI, Capítulo I, da Parte Especial. Serão, por exemplo, os casos de peculato, corrupção ou prevaricação, praticados por funcionários públicos, a serviço no exterior; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil – este crime significa matar, com fim de exterminar membro de grupo nacional, racial, étnico ou religioso e foi definido pelo Lei n.º 2.889/ 1956. A extraterritorialidade se justifica pela gravidade da infração. 
 Para a extraterritorialidade da lei brasileira nestes casos não se exige qualquer condição. Tais fatos são puníveis no Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente; sejam, ou não, puníveis também no estrangeiro, e quer o agente se ache, ou não, no território nacional. É igualmente irrelevante o fato de ter sido o agente 
absolvido ou condenado no estrangeiro (art. 7.º, § 1.º, CP), ou que no estrangeiro esteja o crime prescrito ou não seja punível. 
Extraterritorialidade condicionada 
Há outros casos previstos pelo CP para a extraterritorialidade da lei brasileira, para os quais a aplicação da lei subordina-se a determinadas condições ou pressupostos indispensáveis. Os casos em que se aplica a extraterritorialidade condicionada da lei brasileira são os seguintes: 
a) crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (art. 7.º, II, a, CP) - são os crimes que têm sido objeto de convenções e tratados internacionais, que ultrapassam as fronteiras de um só país e afetam a comunidade internacional de nações, tais como a pirataria e o tráfico de mulheres. Aqui, aplica-se o princípio da universalidade; 
b) crimes praticados por brasileiros no estrangeiro (art. 7.º, II, b, CP) - é acolhido limitadamente o princípio da personalidade e é consequência da norma constitucional que impede a extradição de nacionais (art. 5.º, LI, CF), pois como o Brasil não entrega o brasileiro que outro Estado reclama, vê-se obrigado a puni-lo no país por crime praticado no estrangeiro. Tanto faz que seja o agente brasileiro nato ou naturalizado, desde que a naturalização haja ocorrido antes da prática do crime; 
c) crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro, e aí não tenham sido julgados (art. 7.º, II, c, CP) – é caso de aplicação do princípio da bandeira e da representação e pretende complementar o art. 5º. e, dessa maneira, suprir eventual lacuna dele decorrente; 
d) crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7.º, § 3.º, CP) – aplica o princípio da personalidade passiva, já que Estado tem o dever de proteger seus cidadãos. 
 Nos casos de extraterritorialidade, não basta a enumeração das hipóteses. A legislação penal brasileira também estabelece quais são seus pressupostos ou condições que nosso código prevê para a extraterritorialidade de nossa lei, conforme art. 7.º, §§ 1.º e 3º., CP. São vários e devem ocorrer simultaneamente: 
a) Entrar o agente no território nacional - é irrelevante a causa da entrada do agente: pode dar-se voluntariamente, ou não; por erro, fraude ou violência; para permanência definitiva ou transitória. Mesmo que a entrada se dê com a concorrência de violência ou de fraude para trazer o criminoso, estará satisfeita essa condição de aplicação da lei penal brasileira. 
 b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado – como a lei brasileira só autoriza a extradição se o fato for crime em ambos os países, deve necessariamente ser crime no país em que foi praticado. Além disso, a lei penal brasileira é aplicável quando se trata de fato praticado em lugar não sujeito a soberania de Estado algum, como no altomar ou certas regiões polares, pois esta condição só pode verificar-se quando se trata de fato praticado em lugar sujeito a alguma lei penal. Se isso não ocorrer, basta a incriminação da lei penal brasileira. 
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição – extradição é instrumento de cooperação penal internacional, pelo qual um Estado entrega a outra pessoa acusada ou condenada, para que seja julgada ou lá venha a cumprir pena. O princípio fundamental da extradição é o aut dedere aut iudicare e, por isso, caso não entregue o indivíduo, o Estado terá a obrigação de julgar e daí a extraterritorialidade. 
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro, ou não ter aí cumprido pena – tratase de condição que demonstra a subsidiariedade da justiça brasileira, que se exerce em substituição à justiça estrangeira. Não é possível aplicar a lei brasileira se o agente já foi julgado e absolvido no estrangeiro (mesmo que tal absolvição seja errônea ou injusta), pois o indivíduo não pode ter aqui tratamento mais severo do que no local em que delinquiu. 
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável – justifica idêntica ao anterior. 
 No caso de crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, além de estar sujeita às condições gerais de extraterritorialidade acima mencionadas, a aplicação da lei brasileira neste caso só poderá ser feita: 
Se o país a que pertence o estrangeiro não pediu sua extradição, ou se tal extradição foi negada pelo Brasil; 
2-Se houve requisição do Ministro da Justiça (pressuposto processual aqui necessário para instauração do processo) (art. 7.º, § 3.º, CP). 
Limites à aplicação da lei penal em relação às pessoas: imunidade diplomática e imunidade parlamentar 
A lei penal brasileira aplica-se, em princípio, a todos os crimes praticados no território nacional, quer tenham sido praticado por brasileiros ou estrangeiros. Se é certo que esta regra básica sofre exceções em relação a crimes praticados no estrangeiro (art.7.º, CP), também existem exceções quanto à aplicação da lei penal a certas pessoas, na prática de fatos delituosos no território nacional. Essas exceções, que decorrem do direito internacional e do direito público interno, são as chamadas imunidades diplomática e parlamentar. Frise-se, desde já, que tais imunidades não se aplicam ao Chefe de Estado. No Brasil, conferem-se apenas prerrogativa de função ao Presidente da República e aos Ministros de Estado, as quais não se referem às pessoas, mas à dignidade do cargo e à conveniência da função que exercem. Por isso, tais prerrogativas são puramente de ordem processual e significam que o Presidente da República só poderá ser processado depois que a Câmara dos Deputados, pela maioria absoluta de seus membros, declarar procedente a acusação. Se se tratar de crime comum, o julgamento será feito pelo Supremo Tribunal Federal; se se tratar de crime de responsabilidade, pelo Senado Federal (art. 86, CF). Prerrogativas semelhantes possuem os Ministros de Estado e juízes do Supremo Tribunal Federal (arts. 52, I e II, CF; 102, I, b e c, CF; e Lei n.º 1079, de 10 de abril de 1970). 
Imunidades diplomáticas 
A concessão de privilégios a representantes diplomáticos, relativamente aos atos ilícitos por eles praticados, é antiga praxe no direito internacional, fundando-se no respeito e na consideração ao Estado que representam e na necessidade de cercar a atividade de garantias para o seu perfeito desempenho. Tais privilégios baseiam-se sempre no regime de reciprocidade e tal imunidade não se refere apenas aos fatos relacionados com o exercício da atividade diplomática, mas a todo e qualquer crime. A imunidade diplomática decorre da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas (1961), promulgada pelo Decreto n.º 56.435/1965. Os locais da missão diplomática estrangeira são invioláveis. Os agentes do Estado acreditado não poderão neles penetrar sem consentimento do chefe da missão (art. 22). Entende-se por “locais de missão”, os edifícios, ou parte dos edifícios e terrenos anexos, seja quem for o seu proprietário, utilizados para as finalidades da missão, inclusive a residência do chefe da missão (art. 1.º, i). Chefe de missão é a pessoa encarregada pelo Estado acreditante de agir nessa qualidade (embaixadores ou núncios; enviados, ministros ou internúncios; encarregados de negócios). O chefe da missão é considerado como tendo assumido suas funções no momento em que entrega suas credenciais ou comunica a sua chegada e apresenta as cópias figuradas de suas credenciais ao Ministério das Relações Exteriores (art. 13). Os locais da missão, seu mobiliário e demais bens nela situados, assim como os meios de transporte da missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução (art. 22, 3), sendo invioláveis os arquivos e documentos da missão, em qualquer momento, onde quer que se encontrem (art. 24). A pessoa do agente diplomático é inviolável e não pode ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão (art.29). Agentes diplomáticos são o chefe da missão e os membros do pessoal diplomático da missão, ou seja, os membros do pessoal da missão que tiverem a qualidade de diplomata (art. 1o., d e e). 
 Os agentes diplomáticos gozam de imunidade de jurisdição penal e não são obrigados a prestar depoimento como testemunha (art. 31), embora, se o desejarem, possam fazê-lo. As imunidades abrangem os membros da família dos agentes diplomáticos que com eles convivam, desde que não sejam nacionais do Estado acreditante (art. 37, 1). Estendem-se também aos membros do pessoal administrativo e técnico da missão (assim como aos membros de suas famílias que com eles convivam), desde que não sejam nacionais do Estado acreditante nem nele tenham residência permanente (art.37, 2). O direito às imunidades surge a partir do momento em que seu titular entre no território do Estado acreditante para assumir seu posto ou, no caso de já se encontrar no referido território, desde que sua nomeação tenha sido notificada ao Ministério das Relações Exteriores (art. 39, 1). Quando terminarem as funções de uma pessoa que goze de privilégios e imunidades, esses privilégios e imunidades cessarão normalmente quando esta pessoa deixar o país ou quando transcorrido um prazo razoável que lhe tenha sido concedido para tal fim (art. 39, 2). Em caso de falecimento de um membro da missão, os membros de sua família continuarão no gozo das imunidades a que têm direito, até a expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar o Estado acreditante (art. 39, 3). Os membros do pessoal de serviço que não sejam nacionais do Estado acreditante, nem nele tenham residência permanente, gozam de imunidade quanto aos atos praticados no exercício de suas funções (art. 37, 3). Como se percebe, procurase preservar, a todo custo, os interesses do Estado acreditante. Os funcionários da ONU, quando em missão no território nacional, gozam, igualmente, de imunidades (art. 105, Carta da ONU). A imunidade cobre também o chefe de Estado estrangeiro em visita ao país, bem como os membros de sua comitiva. Não mais se acolhe a velha ficção da extraterritorialidade da sede diplomática, que é, para todos os efeitos, território nacional. Os crimes que aí forem praticados, 
por pessoas que não gozam de imunidade, serão julgados pelo país onde esteja a representação diplomática. Um ressalva deve ser feita quanto a agentes consulares, pois salvo convenção em contrário, os agentes consulares são funcionários administrativos, conforme a Convenção de Viena sobre Relações Consulares (1963), promulgada pelo Decreto n.º 61.078/1967. Por isso, não gozam de imunidades, mesmo quando pratiquem atos diplomáticos, nos casos em que o Estado que envia não mantém missão diplomática, nem está representado por um terceiro Estado (art. 17, 1). Entende-se por funcionário consular toda pessoa, inclusive o chefe da repartição consular, encarregado, nessa qualidade, do exercício de funções consulares (art. 1.º, 1, d). As funções consulares estão especificadas no art. 5.º da Convenção, e basicamente consistem em proteger, no Estado receptor, os interesses do Estado que envia e os de seus nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional. Os locais consulares (edifícios ou parte dos edifícios e terrenos anexos, que, qualquer que seja seu proprietário, sejam utilizados exclusivamente para as finalidades da repartição consular) são invioláveis. Quando se instaura processo penal contra um funcionário consular, este será obrigado a comparecer perante as autoridades competentes. Todavia, as diligências devem ser conduzidas com as deferências devidas à sua posição oficial e de maneira que perturbem o menos possível o exercício das funções consulares (art. 41, 3). A prisão preventiva só poderá ser decretada em caso de crime grave (art. 41, 1). Por crime grave, devem ser considerados os que são punidos com a pena de reclusão no mínimo superior a 2 anos. É perfeitamente possível a prisão em flagrante, a qual, todavia, somente será mantida se se tratar de crime grave. Em caso de prisão de um membro do pessoal consular ou de instauração de processo penal contra o mesmo, o Estado receptor devera notificar imediatamente o chefe da repartição consular. Se este último for o objeto de tais medidas, o Estado receptor levará o fato ao conhecimento do Estado que envia, por via diplomática (art. 42). Os empregados consulares e membros do pessoalde serviço não poderão negar-se a depor como testemunha, salvo quanto a fatos relacionados com o exercício de suas funções. Todavia, se o funcionário consular recusar-se a prestar depoimento, nenhuma medida coercitiva ou qualquer outra sanção ser-lhe-á aplicada. A autoridade que solicitar o depoimento deverá evitar que o funcionário consular seja perturbado no exercício de suas funções, podendo tomar o depoimento em seu domicílio ou na repartição consular, ou aceitar sua declaração por escrito, sempre que possível (art. 44). 
Imunidades parlamentares 
 As imunidades visam a garantir a liberdade do parlamentar no exercício do mandato, evitando toda coação sobre o Poder Legislativo, e são integralmente disciplinadas pela Constituição Federal. Fundam-se no direito público interno e são de duas espécies: 
a) Imunidade material ou penal - constitui privilégio de direito penal substantivo, já não se considera que o parlamentar cometa crime por suas opiniões, palavras e votos. O art. 53, na redação dada pela Emenda Constitucional n.° 35/2001, à CF/88, estabelece que “os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. A inviolabilidade, por óbvio, não abriga 
manifestações do parlamentar estranhas à sua atividade como membro do Legislativo, significando a atividade do congressista, na Casa do Congresso a que pertence, ou em missão oficial, por determinação dela. Persiste a inviolabilidade no caso de manifestação produzida fora do recinto da Casa Legislativa, desde que ela guarde relação com o exercício do mandato. A inviolabilidade subsiste em qualquer caso, mesmo quando se trate de ofensa subversiva que constitua crime contra a segurança nacional (art. 26, Lei n.º 7.170/83). A inviolabilidade pela manifestação do pensamento, no desempenho das funções públicas, na tribuna de qualquer das Casas do Congresso, é elementar ao regime representativo. Sempre se considerou essa inviolabilidade como inerente ao exercício da mandato. b) Imunidade formal ou processual - privilégio de natureza processual, que se relaciona com a prisão, o processo e o julgamento do congressista, embora admita-se a prática de crime. É de duas modalidades: (a) vedação de prisão do parlamentar, salvo em flagrante de delito inafiançável; e (b) possibilidade de sustação, pela Casa Legislativa, do andamento da ação penal por crimes praticados após a diplomação. A imunidade processual relacionada à prisão do parlamentar está prevista no art. 53, § 2.º, CF. Quanto ao andamento da ação penal intentada contra congressista, a instauração de processo contra congressista independe de licença ou de qualquer outra condição especial. Apenas, o andamento de processo instaurado pode ser sustado pela Casa Legislativa à qual pertença o parlamentar. Compete ao STF o julgamento de deputados federais e senadores, qualquer que seja a natureza do delito (arts. 53, § 1.º; e 102, I, b, CF). Caso a ação penal cuide de delitos praticados antes e após a diplomação, a sustação somente pode se relacionar com os crimes praticados após a diplomação, podendo o processo prosseguir livremente quanto aos delitos a ela anteriores. A sustação pode ocorrer em qualquer fase do andamento da ação penal, até final sentença. Embora a lei mencione “denúncia”, a sustação também é possível no caso de ação penal iniciada por queixa. O art. 27, § 1.º, da Constituição Federal estende as imunidades parlamentares, penal e processual, aos Deputados Estaduais. Já os Vereadores não gozam de imunidade processual, somente possuindo imunidade substantiva “por suas opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato e na circunscrição do Município.” (art. 29, VIII, CF). 
1.6. Sentença penal estrangeira 
A execução de sentença é ato de soberania e, assim, a sentença penal estrangeira não pode ser executada no Brasil, por força do princípio da territorialidade. Limitadamente, porém, admite-se a homologação da sentença penal estrangeira, para obrigar o condenado à reparação do dano, restituições e outros efeitos civis (ex.: arts. 1.184, I a III; e 1.595, Código Civil). Neste caso a homologação depende de pedido da parte interessada, visando efeitos puramente patrimoniais (art. 9.º, parágrafo único, a, CP).. Além dessa hipótese, é possível sujeitar o condenado à medida de segurança. A homologação aqui tem por fim a execução de medidas preventivas, no interesse do Estado. As medidas de segurança estão previstas no art. 96, CP. A homologação da sentença neste caso depende da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça (art. 9.º, parágrafo único, b, CP). A homologação da sentença estrangeira compete ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i, CF).
. Fontes.
Fonte é o lugar de onde o direito provém.
Material, de produção ou substancial: refere-se ao órgão incumbido de sua elaboração (CF, art. 22, I). Os Estados somente podem legislar nas lacunas legislativas e mesmo assim em questões de interesse específico e local.
Formal, de cognição ou de conhecimento: refere-se ao modo como o Direito Penal se exterioriza
Imediata: Lei
Mediata: costumes e princípios gerais do direito.
Fonte formal imediata
Descrevem a conduta e a sanção
Ela é descritiva e não proibitiva
Pode ser classificada em:
Incriminadora: crimes e penas
Não incriminadoras: sem crimes, sem penas
Não incriminadoras permissivas: tornam lícitas condutas incriminadoras. Ex: Legítima defesa
Não incriminadoras finais. Ex: parte geral do CP
Fonte formal mediata
 - Doutrina
- Jurisprudência
Normas penais em branco: Falta a descrição da conduta, portanto, necessita de uma complementação.
Vigência e validade
a. Validade
	Ingresso da norma no ordenamento jurídico. Uma norma será válida quando não contradizer norma superior e tenha seu ingresso no ordenamento jurídico atendendo a processo legislativo pré-estipulado.
b. Vigência
	Demarca o tempo de validade da norma. Essa já tem critérios estabelecidos, mas a autoridade competente não pode obrigar o seu cumprimento. Ex: vacation legis - é o prazo para lei entrar em vigor, ou seja, de sua publicação até o início de sua vigência.
Leis excepcionais e leis temporárias
4.1 Conceito
Temporárias – são aquelas que possuem vigência previamente fixada pelo legislador. Este determina que a lei terá vigência até certa data.
Excepcionais – são aquelas promulgadas em casos de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, epidemias etc.
4.2 Distinção
A lei excepcional é revogada pela cessação das “circunstâncias que a determinaram”. A temporária, pelo decurso do “período de sua duração”.

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