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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 45ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE Excelentíssima Senhora Juíza de Direito da 18ª Vara Cível da Comarca de Natal, RN O Ministério Público do Estado do Estado do Rio Grande do Norte, pela 45ª Promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e dos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, em especial, com base na Lei 7.347/85,vem propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte, CAERN, sociedade de economia mista estadual, instituída pela Lei 3.742 de 26 de junho de 1969, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Avenida Senador Salgado Filho, 1555, Tirol, Natal, RN, inscrita no CNPJ 08.334.385/0001-35, doravante designada, simplesmente, CAERN, por seu represente legal, ANTÔNIO CARLOS THEOPHILO COSTA, MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 45ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE SUMÁRIO SÍNTESE DOS FATOS - 4 Das investigações do Ministério Público e da constatação da grave situação de contaminação da água de abastecimento humano em Natal, 5 Responsabilidade pelo Sistema Público e Abastecimento de Água na Cidade de Natal, 6 O que é água potável? 6 Sistema de Tratamento de Água, 8 Como é o Sistema de Tratamento e de Distribuição de Água em Natal? 9 De onde vem a água de abastecimento da cidade de Natal? 10 Sobre o tipo de manancial subterrâneo da cidade de Natal, 10 Situação da contaminação por nitrato nos poços perfurados pela CAERN, 12 Situação da contaminação por nitrato nos Reservatórios da CAERN, 21 Situação da contaminação por nitrato na rede de distribuição da CAERN, 28 Resumo dos pontos mais críticos de contaminação por nitrato, 28 Zona Norte, 29 Zonas Sul, Leste, Oeste, 31 Soluções para eliminar a contaminação da água por nitrato, 31 Causas da contaminação do aqüífero por nitrato, 32 Doenças relacionadas com o nitrato, 34 Outras deficiências do sistema de abastecimento de água da cidade de Natal, 36 Não atendimento de outros padrões para a potabilidade da água, 36 Desperdício, 37 Necessidade de substituição das adutoras existentes e de equipamentos,38 Necessidade de realização de estudo sobre a disponibilidade hídrica da Lagoa do Jiqui, 39 Falta de um efetivo Sistema de Monitoramento do Sistema, 40 Falta de publicidade nas informações fornecidas aos usuários, 41 Necessidade de regularização do licenciamento e da outorga de direito de uso de recurso hídrico dos poços perfurados, 41 Falta de um Plano Diretor de Abastecimento de Água: obrigação contida no Contrato de Concessão e requisito essencial para a eficiência do sistema, 42 Tentativa de solução extrajudicial dos problemas verificados, 46 Sobre os recursos financeiros necessários à solução dos problemas verificados, 50 II- FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA -56 Posicionamento jurídico da matéria questionada em Juízo, 56 Base constitucional para os pleitos, 58 Contaminação da água de consumo humano e poluição ambiental, 59 Necessidade de adequação do abastecimento de água às normas de gestão dos recursos hídricos, 60 Definição de serviço público e possibilidade constitucional de sua concessão, 61 Abastecimento de água – serviço público essencial, 63 Responsabilidade das concessionárias de serviços públicos, 64 Lei de Concessões e Lei que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a Política Federal de Saneamento Básico, 64 Sobre a sociedade de economia mista, 66 Aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao fornecimento de serviços públicos, 67 Eficiência do serviço público ofertado, 68 Desatendimento pela CAERN da Portaria 518 de 25 de março d 2004 –MS, 69 Desatendimento pela CAERN do Decreto Presidencial 5.4440 de 4 de maio de 2005, 72 III- DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA - 75 IV- DOS PEDIDOS - 83 I- SÍNTESE DOS FATOS A presente demanda tem como um de seus objetivos, impedir que a população do Município de Natal continue recebendo em suas residências água contaminada por NITRATO�, em desacordo com os padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde e poluída, nos termos da Legislação Ambiental correspondente. O nitrato é um composto químico altamente resistente, que não desaparece com a fervura, nem com a filtragem da água, e que é prejudicial à saúde humana, uma vez que a sua ingestão é associada ao risco de doenças como a metemoglobinemia ou síndrome do bebê azul e ao câncer gástrico. A demanda tem, também como finalidade, garantir o funcionamento eficaz do sistema de abastecimento de água para consumo humano� existente no Município de Natal, que tem sido operado pela CAERN, ora demandada, sem critérios de planejamento, eficiência, segurança; com desperdício, em desatenção aos preceitos constitucionais que norteiam a prestação de serviços públicos essenciais por concessionárias – cujo exemplo típico é o fornecimento de água tratada à população – e desconsiderando os princípios constitucionais e legais relativos à proteção ao meio ambiente, à saúde e ao consumidor. A matéria encontra-se inserida no contexto da gestão ambiental, dizendo respeito a uma das principais atividades que compõem o saneamento ambiental básico da cidade de Natal. A potabilidade da água para consumo humano é uma exigência mundial. A Organização Mundial de Saúde, OMS, bem como a United States Environmental Protection Agency (USEPA) e outras entidades ligadas ao monitoramento de proteção ambiental� sempre demonstraram significativa preocupação com a qualidade da água. Com base nos direcionamentos dessas instituições mundiais, foram estabelecidos padrões para que a água para consumo humano possa ser considerada potável. No Brasil, esses padrões encontram-se estabelecidos, atualmente, na Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde.� A oferta de água em quantidade suficiente e qualidade compatível com o padrão de potabilidade estabelecido na legislação é uma forma de assegurar a prevenção de doenças, uma vez que muitas enfermidades estão vinculadas à água não potável. 1. DAS INVESTIGAÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA CONSTATAÇÃO DA GRAVE SITUAÇÃO DE CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO HUMANO EM NATAL No dia 22 de março de 2006, durante o evento de comemoração do Dia Mundial da Água, realizado na Casa da Indústria, a Agência Reguladora de Saneamento Básico de Natal, ARSBAN apresentou um relatório contendo resultados de análises da água de abastecimento da população de Natal, que foram realizadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN e que revelaram que muitos poços de abastecimento de água apresentavam concentração de Nitrato acima do permitido na Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, que estabelece os padrões de potabilidade da água para consumo humano. Considerando que o relatório apresentado mencionou que a poluição da água não se restringia a poços e já tinha chegado aos reservatórios, com indícios de ter chegado, também, à rede de distribuição, o Ministério Público instaurou um inquérito civil para investigar se a população está recebendo, em suas residências, água contaminada e para avaliar a capacidade e eficiência do sistema de abastecimento público de água operado pela CAERN. O Nitrato é um composto de nitrogênio em estado de oxidação. A concentração desse composto pode ser representada através de duas fórmulas: N-NO3 ou NO3. O Ministério da Saúde utiliza N-NO3 e limita a sua concentração em 10mg/L (de N-NO3). Na fórmula NO3, o valor numérico correspondente ao padrão limite estabelecido pelo Ministério da Saúde é 45mg/L de NO3. Assim, se a água para o consumo humano apresentar valores acima de 10mg/L de N-NO3 ou 45mg/L de NO3, esta DEIXA DE SER POTÁVEL. Existem vários outros padrões que precisam ser atendidos para que aágua seja considerada potável; todavia, em Natal, atualmente, o mais preocupante diz respeito ao padrão relativo ao nitrato, devido à resistência e à capacidade de profusão desse composto, que, por sua vez, é associado a doenças graves como a metemoglobinemia e o câncer gástrico, como se verá posteriormente. Os dados obtidos durante a investigação são alarmantes porque revelam que a CAERN, ora demandada, distribui água à grande parte da população de Natal com índices de nitrato acima de 10mg/L de N-NO3, portanto, FORA DOS PADRÕES DE POTABILIDADE. Como exemplos, podemos citar a população dos seguintes bairros: Lagoa Seca, Dix-Sept Rosado, Quintas, Bairro Nordeste, parte do Alecrim, Potilândia, Nova Descoberta Morro Branco, Lagoa Nova, Nazaré e Bom Pastor, Felipe Camarão, Cidade Nova, Nova Cidade, Pirangi, Jiqui, Gramoré e Pajuçara. Essa situação é plenamente conhecida pelo corpo técnico e pela Diretoria da empresa, mas a questão não tem sido considerada como uma prioridade de ser solucionada. O Ministério Público, antes do ajuizamento da presente demanda, expediu uma Recomendação (fl. 612), onde relatou todos os problemas constatados no Inquérito Civil e expôs todas as soluções que precisavam ser adotadas pela CAERN, para que os problemas fossem sanados de forma consensual; todavia, a CAERN conseguiu adotar, apenas, algumas providências provisórias para conter a contaminação da água (tais como: realizar manobras de injeção de maior quantidade de água de manancial superficial para poços e reservatórios contaminados; testar filtros experimentais para remoção do nitrato). Nenhum procedimento foi capaz de solucionar o problema, uma vez que as águas das Lagoas de Extremoz e do Jiqui - que costumam ser utilizadas para diluir o teor de nitrato da água dos poços subterrâneos - já se encontram em sua capacidade máxima de explotação�. As alternativas técnicas para se eliminar a contaminação da água por nitrato e para aperfeiçoar o sistema de abastecimento de água dependem, necessariamente, de investimento financeiro, uma vez que envolvem instalação de novas adutoras, substituição das adutoras existentes, além de implantação de outras obras civis; de estudos; pesquisas e planejamento sistemático. Sem a canalização de recursos específicos para essas atividades, a população continuará sendo prejudicada pelo serviço precário e de alto risco que tem sido oferecido. Seguem, adiante, alguns esclarecimentos pertinentes e o detalhamento das principais constatações apuradas pelo Ministério Público: 2. RESPONSABILIDADE PELO SISTEMA PÚBLICO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA CIDADE DE NATAL A Lei Municipal 5.250 de 10/01/2001 (à fl.23) dispôs sobre a autorização do Executivo Municipal para outorgar concessão exclusiva à Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN, para a prestação dos serviços públicos de abastecimento de água de Natal. Através do contrato de concessão para prestação dos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário do município de Natal, RN (à fl. 26), celebrado em 30/04/2002, a CAERN assumiu a responsabilidade pelo sistema público de abastecimento de água como concessionária exclusiva do serviço pelo prazo de vinte e cinco anos. No item 2 da Cláusula segunda do contrato, encontra-se consignado que os serviços de abastecimento de água (...) deverão ser prestados com rigorosa obediência aos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde, pelas leis e normas sanitárias brasileiras e do Município de Natal. 3. O QUE É ÁGUA POTÁVEL? Água potável é a água própria para o consumo humano; ou seja é aquela que pode ser consumida sem perigo à saúde do ser humano. ARLINDO PHIPPI Jr. e VICENTE FERNANDO SILVEIRA� explicam que: (...) a questão da adequabilidade do uso em termos de saúde humana, a utilização do conceito de potabilidade da água pressupõe uma ausência de contaminação microbiológica e toxicológica para a sua utilização segura (...) Por essas razões, os conceitos de qualidade são especificados dentro de certas faixas de uso a que se propõe, estabelecendo padrões de qualidade. Portanto, para ser considerável potável, a água deve atender aos padrões de potabilidade estabelecidos, atualmente, na Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde. Essa Portaria substituiu a 1.469/2000, que por sua vez substituiu a 36GM/90 do MS e outras normas anteriores. A própria Portaria 518/04 (à fl. 03) define água potável como sendo: Art. 4º. I- água potável – água para consumo humano cujos padrões microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde. A referida Portaria estabelece padrões microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, que precisam ser observados para garantia da potabilidade da água. Entre os padrões relativos às substâncias químicas que precisam ser observados, no art. 14 constam os padrões máximos de NITRATO que podem ser tolerados. Não é demais ressaltar que a distribuição de água potável é uma forma de prevenção efetiva de doenças�. ARLINDO PHILIPPI Jr. e GETÚLIO MARTINS� afirmam que a contribuição da disponibilização de água de boa qualidade à melhoria da saúde pública esta consubstanciada na redução de consultas médicas, por atuar diretamente na eliminação do fator de risco que principalmente as crianças são estão expostas. Os autores citam MARTINS et al (2001) que mostraram que a relação entre os gastos com saneamento básico e os correspondentes alívios orçamentários no setor de saúde chega a 1 : 3,58. Considerando que nem toda água captada já possui, naturalmente, os padrões de potabilidade, as empresas responsáveis pela distribuição de água para consumo humano têm de implantar um Sistema de Tratamento para alcançar esses padrões legalmente estabelecidos. Esse sistema, por sua vez, tem de ser eficiente e confiável. 4. SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA Conforme explicam os professores Arlindo Philippi Jr e Getúlio Martins no capítulo denominado Águas de Abastecimento, da obra Saneamento, Saúde e Ambiente – Fundamentos para um desenvolvimento sustentável�, o sistema de abastecimento de água compreende um conjunto de atividades inter-relacionadas que têm início na Gestão de Recursos Hídricos para preservação dos mananciais: A captação da água de abastecimento público pode ser realizada tanto em mananciais de águas superficiais (córregos, rios, lagos, represas e contenção de águas pluviais); quanto em manancial subterrâneo (através de poços). É denominada adução, o sistema de transporte da água, desde a captação até a estação de tratamento e desta até os reservatórios. As adutoras podem operar como condutos livres (por gravidade) ou forçados (através de bombeamento, por ex.). O Sistema de Tratamento de Água tem como principal objetivo adequar as características da água aos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Para atingir esses padrões, são utilizados vários processos, sendo o convencional realizado através de floculação, decantação, filtração rápida, desinfecção, uso do cloro e fluoretação. Os Reservatórios de água num sistema de abastecimento possuem os objetivos de atender às variações de consumo durante o dia; promover a continuidade do abastecimento em caso de interrupção da produção de água; manter pressões adequadas na rede de distribuição e garantir reserva estratégica para combate a incêndio. Os reservatórios podem ser do tipo elevado (quando há necessidade de aumento da pressão de abastecimento em regiões altas) ou apoiado (enterrado ou semi-enterrado, quando o fundo do reservatório está em contato com o terreno. A Rede de Distribuição é formada por um conjunto de tubulações, conexões, válvulas e peças especiais assentadas nas vias públicas, no passeio ou nos canteiros dos parques e avenidas, com o objetivo de fornecer água de forma contínua, em quantidade e pressões recomendadasa todos os usuários do sistema de abastecimento. Pode ser ramificada (com uma tubulação principal da qual partem tubulações secundárias); malhadas sem anel (da tubulação principal partem tubulações secundárias que se intercomunicas); malhada com anel (as tubulações de maior diâmetro circundam uma determinada área alimentando tubulações menores). Estação elevatória é uma instalação destinada a transportar e elevar a água para níveis acima dos atingidos pela pressão da rede. É também chamada de booster e pode ser utilizada para captação de água de mananciais superficiais e subterrâneos, bem como para aumentar a vazão da adução. O sistema mais convencional de tratamento de água é formado pelas seguintes etapas: A água bruta captada é transportada até a Estação de Tratamento de Água (ETA) por uma Adutora de Água Bruta (AAB). Após o processo de tratamento, a água é transportada, por meio de tubulação denominada Adutora de Água Tratada (AAT), até os reservatórios localizados em pontos estratégicos do sistema de abastecimento. A partir desses reservatórios ocorre a distribuição da água tratada por meio de tubulações que formam verdadeiras redes. Para operação eficiente do sistema de distribuição, as redes são dividida em zonas de pressão. Cada zona de pressão é constituída por equipamentos especiais que permitem a operação do sistema de abastecimento de maneira independente, mantendo as pressões mínimas necessárias para que a água chegue até as moradias. Esse mecanismo de tratamento é comumente utilizado para águas superficiais, tendo em vista que as águas subterrâneas, em seu natural e quando não submetidas ao processo de poluição do solo, não costumam precisar de tratamento para consumo. Considerando que são muitas as doenças relacionadas ao abastecimento de água, esse sistema precisa oferecer confiabilidade aos seus usuários. 5. COMO É O SISTEMA DE TRATAMENTO E DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA EM NATAL? Em Natal, as águas que são captadas da Lagoa do Jiqui (através de duas adutoras) e da Lagoa de Extremoz (através de uma adutora) passam por uma Estação de Tratamento de Água, ETA e são remetidos para vários Reservatórios espalhados na Cidade. Como as águas dessas Lagoas não são suficientes para atender a demanda da população, os Reservatórios também recebem as águas captadas do Manancial Subterrâneo através de poços�. Nos Reservatórios, há, portanto, a mistura das águas captadas através do Manancial subterrâneo e do Manancial superficial. O problema é que grande parte da água captada do manancial subterrâneo encontra-se contaminada por NITRATO! A CAERN sempre utilizou o argumento de que a contaminação das águas subterrâneas por nitrato estava sob controle, já nos Reservatórios, as águas contaminadas eram misturadas com as águas da Lagoa do Jiqui (nas zonas sul, leste e oeste) e de Extremoz (na zona norte) e que, em razão dessa mistura, o nitrato não atingia o padrão de 10mg/L de N-NO3, que é o máximo de nitrato aceitável pela OMS e pela Portaria do Ministério da Saúde. Ocorre que os testes laboratoriais realizados na UFRN detectaram a existência de contaminação por NITRATO em Reservatórios (fl. 1373). Conseqüentemente, a contaminação atingiu a rede de distribuição e tem chegado à casa do cidadão. Vale ressaltar que nem todos os Reservatórios da CAERN recebem água de manancial superficial. Em muitos pontos da cidade, a CAERN trabalha com TANQUES DE REUNIÃO, que são tipos de reservatórios que concentram as águas provenientes de diferentes poços. Nesses TANQUES DE REUNIÃO não são injetadas águas de manancial superficial (lagoas). O problema desses tanques é que muitos deles concentram águas de poços contaminados por NITRATO e como não há diluição dessa água, a contaminação chega na residência do cidadão. Outro aspecto peculiar do sistema de distribuição de água da CAERN é a existência de rede de distribuição diretamente ligada a poços; ou seja, a água sai do poço diretamente para a rede, sem passar por nenhum reservatório e por nenhum tanque de reunião. Se a água estiver contaminada por NITRATO, essa contaminação chega a casa do cidadão. 6- DE ONDE VEM A ÁGUA DE ABASTECIMENTO DA CIDADE DE NATAL? A captação da água de abastecimento da população de Natal é realizada através de manancial superficial e subterrâneo. Nas zonas sul, leste e oeste, a captação é realizada, predominantemente, através do manancial subterrâneo: 75% (setenta e cinco por cento) da água de abastecimento público é proveniente do aqüífero e 25% (vinte e cinco por cento) da água é oriunda da Lagoa do Jiqui. Na zona norte da cidade, a captação é realizada predominantemente através do manancial superficial: 71,7% (setenta e um, vírgula sete por cento) da água é proveniente da Lagoa de Extremoz e 28,3% (vinte e oito, vírgula três por cento) da água é oriunda do manancial subterrâneo. 7. SOBRE O TIPO DE MANANCIAL SUBTERRÂNEO DA CIDADE DE NATAL Como visto, � grande parte do abastecimento de água de Natal vem do manancial subterrâneo, que é explotado, principalmente, através de poços tubulares profundos. Conforme estudos da empresa PLANAT (1983) e do Prof. JOSÉ GERALDO MELO (1995), ocorrem na região de Natal dois aqüíferos distintos: o aqüífero Dunas, do tipo livre, na parte superior e o aqüífero Barreiras, do tipo semi-confinado, na parte inferior, separado do aqüífero Dunas por uma camada semi-permeável ou “aquidard” (nível superior do Barreiras). O Professor JOSÉ GERALDO MELO chama a atenção para a complexidade do sistema hidrogeológico de Natal - Aqüífero Barreiras - principalmente no que diz respeito ao denominado “aquidard”: O aqüífero Barreiras acha-se limitado na parte superior por sedimentos heterogêneos, formados dominantemente de argilas arenosas e arenitos argilosos. Há uma freqüente mudança lateral de fácies e não raro ocorrem passagens bruscas de argilas para arenitos pouco ou não argilosos, o que facilita a conexão hidráulica entre as camadas inferiores e as superiores. Esta seqüência tem sido caracterizada nos estudos anteriores como uma camada semi-confinante ou “aquidard”, cuja espessura é da ordem de 23m (de acordo com a análise dos perfis litológicos dos poços). Na parte inferior, o aqüífero Barreiras está limitado por arenitos carbonáticos duros, com função ainda não bem definida. (p. 34 do trabalho, com grifos acrescidos). O Professor ressalta, portanto, que do ponto de vista hidrogeológico, essas duas unidades (Dunas/Barreiras) formam um sistema hidráulico único, complexo e indiferenciado que constitui o Sistema Aqüífero Dunas/Barreiras. As dunas exercem a função de uma unidade de transferência das águas de infiltração em direção aos estratos inferiores arenosos do Barreiras (fl. 137 do trabalho). No seminário sobre a dinâmica dos aqüíferos e problemas de contaminação das águas subterrâneas em Natal, ocorrido em 04 de abril de 2003 em Natal, com a presença exclusiva de técnicos – tratando-se, portanto, de um evento técnico fechado – houve consenso no sentido de que o Aqüífero Barreiras sob Natal não é totalmente semi-confinado nem totalmente livre, ocorrendo ambas as situações em distintas regiões, e que é necessário aprofundar os estudos geológicos e hidrogeológicos, inclusive com testes de longa duração e uso de poços prospectivos protegidos específicos para pesquisas, para melhor conhecer a dinâmica do Aqüífero (fl. 07). 8. SITUAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR NITRATO NOS POÇOS PERFURADOS PELA CAERN A Portaria 518/04, em seu art. 14 (Tabela 3) preconiza um limite máximo de nitrato, correspondente a 10mg/l de N-NO3 . Com valores acima desse limite a água deixa de ser potável. A tabela a seguir foi realizada com base em todos os dados fornecidos ao Ministério Público sobre a contaminação dos poços de captação de água, por NITRATO, além dos valores permitidos; portanto, COM ÁGUA NÃO POTÁVEL: Nº� Localização D� AnáliseUFRN Jan/2006 Análise CAERN nov/2005 Análise CAERN Jun/2004 Análise UFRN Set/2006 Destino ZONA SUL Nº 1 P1- R. cel Auris Coelho - - P2- Av Amintas Barros D - - P3- Av. brig. Gomes Ribeiro c/R. Saudade D - - P4- R. Potigurarana c/ Tarcísio Galvão D D - 2 P5- Av. Xavier da Silveira 15,8 14,0 14,0 15,6 R1,R2,R3,R7 3 P6- R. Antônio Nesi 11,6 15,5 14,5 R1,R2,R3,R7 4 P7- R. Teodorico Guilherme 15,6 17,9 17,0 R1,R2,R3,R7 - P8- Av. Bernardo Vieira D - - P9 Rua da Torre D 17,0 - 5 P10- Parque das Dunas 13,1 17,0 12,8 R1,R2,R3,R7 - P11- Bosque dos Namorados D 11,5 17,9 - 6 P12- Parque das Dunas 12,4 12,0 10,5 R1,R2,R3,R7 - P13- Bosque dos Namorados D - - P14- Bosque dos Namorados D - - P15- Bosque dos Namorados D - 7 P16- Parque das Dunas 11,2 13,5 14,0 R1,R2,R3,R7 8 P17- Bosque dos Namorados Em manutenção Novo Campo (Capim Macio - Neópolis) 9 P1- R. Humberto Monte 12,3 12,0 11,60 Direto na rede 10 P2- R. AbraãoTahim Direto na rede 11 P3- R. Dona Maria Câmara 12,0 11,5 R4,R5 12 P4- R. Antônio Farache 11,0 13,0 R4,R5 - P5- R. Ismael Pereira D - - P6- R. Dr. João Machado D - 13 P7- R. Gipse Monteiro Direto na rede 14 P8- R. Gipse Monteiro Direto na rede - P9- R. Manoel Vilar D - 15 P10- R. Dr. João Machado Direto na rede 16 P11- R. André Elias R4,R5 17 P12- R. Nelson Bahia R4,R5 18 P13- R. Luciano Saldanha 10,5 11,70 Direto na rede 19 P14- R. Bilac de Faria 11,0 14,80 Direto na rede 20 P15- 11,9 10,5 11,5 14,80 Direto na rede - P16- R. dos Gerâneos D - - P17- R. Ismael Wanderley D - Lagoa Nova I 21 P1- R. Dep. Marcílio Furtado 12,7 R5 22 P2- Centro Administrativo 12,3 11,0 11,0 R4 23 P5- Centro Administrativo 11,1 11,0 12,5 R4 24 P8- Centro Administrativo 11,2 R3 25 P10- Centro Administrativo 10,4 R4 - P11- Centro Administrativo Uso restrito 26 P12- Centro Administrativo R4 27 P13- Centro Administrativo 18,5 R4 28 P14- Centro administrativo R4,R6,R9 Lagoa Nova II 29 P1- Av. Cap. Mor Gouveia 15,5 14,0 16,5 R4,R5 - P2- vizinho ao campus ufrn D - P3- vizinho ao campus ufrn D - - P4- Av. Cap. Mor Gouveia D 30 P5- Av. Cap. Mor Gouveia 13,2 14,7 14,5 16,80 R4,R5 31 P6- Av. Cap. Mor Gouveia 12,20 R4,R5 32 P7- Av. Cap. Mor Gouveia 14,5 10,1 15,50 R4,R5 33 P8- Av. Cap. Mor Gouveia 10,2 11,5 12,90 R4,R5 34 P9- Av. Cap. Mor Gouveia 10,8 11,5 11,5 14,30 R4,R5 35 P10- Av. Cap. Mor Gouveia 11,90 R4,R5 36 P11- Av. Cap. Mor Gouveia 14,7 14,0 R4,R5 Ponta Negra O sistema opera sem água da Lagoa do Jiqui 37 P1- R. Praia de Pitangui Tanque d reunião 38 P2- R. Praia de Pitangui Tanque d reunião 39 P3- R. Praia de Pitangui Tanque d reunião 40 P4- R. Praia Camboinhas 10,3 Direto na rede 41 P5- R. Praia de Pitangui Tanque d reunião 42 P6- R. Manoel Curinga Direto na rede 43 P7- R. Praia do Rio do Fogo Direto na rede 44 P8- R. da Lagosta Direto na rede 45 P9- R. Carapeba Direto na rede 46 P10- R. Tilápia Direto na rede Cidade Satélite O sistema opera sem água da Lagoa do Jiqui 47 P1- 10,1 Tanque d reunião 48 P2- estação elevatória Tanque d reunião 49 P3- estação elevatória Tanque d reunião 50 P4- Tanque d reunião 51 P5- estação elevatória Tanque d reunião 52 P6 Tanque d reunião 53 P7 Tanque d reunião 54 P8- próximo à Av. Xavantes 11,1 Direto na rede 55 P9- Av. Caiapós Direto na rede Candelária 56 P1- Av. Prudente de Morais 14,5 14,5 14,80 R6,R9 - P2- Av. Prudente de Morais Nunca operou 57 P3- R. Ataulfo Alves 14,4 13,2 Direto na rede 58 P4- R. do Rosário 11,9 12,0 11,0 14,60 R6,R9 59 P5- R. Domingos Amado R6,R9 60 P6- R. Cruz e Souza R6,R9 61 P7- Clóvis Mota 13,20 Direto na rede 62 P8- Av. Pref Omar O’Gray R6,R9 Pirangi O sistema opera sem água da Lagoa do Jiqui 63 P1- R. Marilac 20,3 13,5 Tanque de reunião 64 P2- R. Teófilo Otoni 15,2 Tanque de Reunião 65 P3- R. Diamantina 19,0 21,5 19,00 Direto na rede 66 P4- R. da Conquista 15,7 17,7 17,0 18,30 Direto na rede 67 P5- R. Abaeté 14,1 11,0 10,5 Direto na rede 68 P6- Terreno antiga CIDA Direto na rede Conjunto Jiqui 69 P1- 12,3 Direto na rede Felipe Camarão Cidade Nova 70 P1- Av. N.Sª Rosário 12,4 16,5 24,0 21,70 R9 - P2- D - 71 P3- R. José Vicente 12,1 16,5 10,1 13,80 R9 - P4- D - - P5- Novo. Lacrado 72 P6- R. da Paz Celestial 21,6 20,0 23,5 23,80 R9 - P7- Av. Central D - - P8- Av. Central D 30,0 - - P9- Av. Central D 20,0 - 73 P10- Arco-Íris 19,0 14,0 14,0 15,10 Direto na rede - P11- Conj. Morada Nova D - - P12- R. Antônio Carolina D - 74 P13- R. São José 13,9 17,9 15,4 21,20 R9 - P14 – R. dos Campos D - - P15- R. São José D - Guarapes - P1- D OBS: baixa vazão 75 P2- R. das Quintas Tanque d reunião - P3- D OBS: baixa vazão 76 P4- R. Lagoa Nova Tanque d reunião 77 P5- R. Projetada 35,80 Tanque d reunião Dix Sept Rosado 78 P1- Rua Severino Soares 10,5 11,5 Direto na rede Nova Cidade 79 P1- Rua Sebastião Pinheiro 11,7 Direto na rede 80 P2- Rua dos Potiguares 11,5 Direto na rede Planalto 81 P1- R. Jardim do Éden Direto na rede 82 P2- R. Antônio F. de Lima Direto na rede 83 P3- R. Jardim do Éden Direto na rede 84 P4- R. das Andorras Direto na rede San Vale 85 P1- R. Reitor Onofre Lopes Direto na rede 86 P2- R. Prefeito Omar O’GrayR6,R9 87 P3 -R. Prefeito Omar O’Gray R6,R9 88 P4- R. Prefeito Omar O’Gray R6,R9 89 P5- R. Prefeito Omar O’Gray R6,R9 90 P6- R. Prefeito Omar O’Gray R6,R9 91 P7- R. Prefeito Omar O’Gray R6,R9 Quintas - P1- R. Aristófenes Fernandes D - 92 Bairro Nordeste - P1- R. Boa Vista D - Cidade da Esperança - P1- R. Fortaleza D - - P2- R. Itaporanga D - - P3- Av. Cap. Mor Gouveia D - ZONA NORTE� Gramoré Pajuçara O sistema é precário. Não recebe contribuição da Lagoa de Extremoz 93 01 P.PJR 23,7 30,80 Tanque reunião 94 02 P.PJR 11,2 Tanque reunião 95 03 P.GRM 10,1 Tanque reunião 96 04 P.GRM 18,8 22,40 Tanque reunião 97 05 P.GRM 10,3 12,20 Tanque reunião 98 06 P.GRM 23,6 22,80 Tanque reunião 99 07 P.GRM 15,7 17,30 Tanque reunião 100 08 P.GRM 15,4 Tanque reunião 101 09 P.GRM 24,9 Tanque reunião 102 10 P.GRM 15,6 18,10 Tanque reunião 103 11 P.GRM 15,4 Tanque reunião 104 12 P.GRM 10,4 17,20 Direto na rede Parque dos Coqueiros - 13 P.PQR D - - 14 P.PQR D - 15 P.PQR D - 16 P.PQR D Jardim Progresso 105 17 P.JPG 11,60 Na rede com água do R14 106 18 P.JPG Na rede água do R14 107 19 P.JPG Na rede com água do R14 108 20 P.JPG Na rede com água do R14 Redinha 109 21 P.RDN Na rede com água do R8 110 22 P.RDN Na rede com água do R8 111 23 P.RDN Na rede com água do R8 Lagoa Azul 112 24 P.LAZ Na rede com água do R8 113 25 P.LAZ 10,1 Direto na rede com água do R8 114 26 P.LAZ Na rede com água do R8 Nova Natal 115 27 P.NNT Na rede com água do R8 116 28 P.NNT Na rede com água do R8 117 29 P.NNT Na rede com água do R8 118 30 P.NNT Na rede com água do R8 Brasil Novo 119 31 P.BRN Na rede com água do R8 120 32 P.BRN Na rede com água do R8 121 33 P.BRN 10,6 Na rede com água do R8 Panatis 122 34 P.PNT 19,9 24,90 Na rede com água do R8 e R14 Santa Catarina 123 35 P.SCT Na rede com água do R8 e R14 124 36 P.SCT 11,60 Na rede com água do R8 e R14 Soledade 125 37 P.SLD Na rede com água do R8 Amarante 126 38 P.AMR 14,6 Na rede com água do R8 Alvorada 127 39 P.AVR 20,2 Na rede com água do R8 Jardim Progresso 128 40 P.JPG Na rede com água do R8 Gramore- Zinho 129 41 P.GRM Na rede com água do R8 e da Z16 Jardim Progresso 130 42 P.JPG Na rede com água do R8 Brasil Novo 131 43P.PRN Na rede com água do R8 E Z16 132 Conjunto Potengi 133 44 P.POG Na rede com água do R8 Redinha 134 45P.RDN Na rede com água do R8 Rio Doce - 46 P.RDO Sem operação - 47 P.RDO Sem operação - 48 P.RDO Sem operação - 49 P.RDO Sem operação Soledade - 50 P.SOL Sem operação P33- Parque das Dunas 11,40 (?) 9. SITUAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR NITRATO NOS RESERVATÓRIOS DA CAERN Pelos dados apurados, é possível obter o diagnóstico da Contaminação por NITRATO nos Reservatórios da CAERN, conforme se observa: RESERVATÓRIOS R Captação Unidade de Produção Endereço N Área abastecida Observações R1 Petró- polis Jiqui Jiqui Dunas Morro Branco Adutora I Adutora II P5 P6 P7 P10 P12 P 16 Av. Ayrton Sena Av. Ayrton Sena Av. Xavier da Silveira R. Antônio Nesi R. Teodorico Guilherme Parque das Dunas Parque das Dunas Parque das Dunas N N N N N N Ribeira Cidade Alta Parte das Rocas e de Petrópolis Este reservatório é abastecido pelo R3. Todos os poços estão com nitrato, mas as análises da UFRN não detectaram a presença de nitrato no Reservatório. A CAERN informa que há grande ocorrência de vazamentos na rede de distribuição provocados por rompimentos de tubulações de cimento amianto. Esta é a principal causa de intermitência no abastecimento R2 Getú- Lio Var- gas Jiqui Jiqui Dunas Morro Branco Adutora I Adutora II P5 P6 P7 P10 P12 P 16 Av. Ayrton Sena Av. Ayrton Sena Av. Xavier da Silveira R. Antônio Nesi R. Teodorico Guilherme Parque das Dunas Parque das Dunas Parque das Dunas N N N N N N Praias urbanas Santos Reis Rocas Brasília Teimosa Parte de Petrópolis Este reservatório é abastecido pelo R3. Todos os poços estão com nitrato; todavia, as análises da UFRN não detectaram nitrato no Reservatório. R3 Salgado Filho Jiqui Jiqui Dunas Morro Branco Lagoa Nova I Adutora I Adutora II P5 P6 P7 P10 P12 P 16 P8 Av. Ayrton Sena Av. Ayrton Sena Av. Xavier da Silveira R. Antônio Nesi R. Teodorico Guilherme Parque das Dunas Parque das Dunas Parque das Dunas Centro Administrativo N N N N N N Lagoa Nova Nova Descoberta Morro Branco Lagoa Seca Alecrim Tirol Barro Vermelho, Cidade Alta Parte de Petrópolis Este Reservatório abastece os reservatórios R1 e R2. Todos os poços estão com nitrato. Na análise da UFRN realizada em 2005, a concentração de nitrato no reservatório foi de 8,5. A análise realizada em outubro de 2006 não demonstrou presença de nitrato. A CAERN informa que existem indicativos da necessidade de ampliação do sistema produtor, principalmente, em decorrência do acentuado crescimento vertical que se verifica nas áreas envolvidas. R4 Dix Sept Rosa-do Cont. R4 Jiqui Lagoa Nova I Lagoa Nova II Novo Campo Capim Macio Adutora I P2 P5 P10 P12 P13 P14 P1 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P3 P4 P5 P11 P12 Av. Ayrton Sena Centro Administrativo Centro Administrativo Centro Administrativo Centro Administrativo Centro Administrativo Centro Administrativo Av. Cap.Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia Av. Cap. Mor Gouveia R. D. Maria Câmara R. Antônio Farache R. Walter Fernandes R. André Elias R. Nelson Bahia N N N N N N N N Lagoa Seca Dix-Sept Rosado Quintas Bairro Nordeste Parte o Alecrim Este Reservatório também é abastecido pelo R3 Na analise da UFRN em 2005, a concentração de nitrato no reservatório foi de 9,3. Em outubro de 2006, o resultado apontou a concentração de nitrato de 11,30 às 14h. A CAERN informa que os bairros abastecidos pelo reservatório são os mais populosos da cidade, onde nos últimos anos não ocorreu nenhum aumento da vazão da água distribuída. Em razão disso, é natural que existam áreas com abastecimento deficiente. R5 Lagoa Seca . R5 Jiqui Lagoa Nova II Novo Campo Capim Macio Adutora II P1 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P3 P4 P5 P11 P12 Av. Ayrton Sena Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia Cap. Mor Gouveia R. D. Maria Câmara R. Antônio Farache R. Walter Fernandes R. André Elias R. Nelson Bahia N N N N N Potilândia Nova Descoberta Morro Branco Lagoa Nova Nazaré Bom Pastor O Reservatório apresentou amostra contaminada por nitrato em 2003, 2004 e 2005 e 2006 (conforme parecer da ARSBAN, que foi baseado nas análises da UFRN) Nas análises realizadas pela UFRN em outubro de 2006, foi detectada a presença de nitrato em diversos horários: 6h (12,90); 7h (13,30); 8h (14,70) 12h (13,40); 14h (13,80); 18h (13,30); 20h (14,90); 23h (11,90) Foi detectada concentração de nitrato na rede de abastecimento correspondente aos mencionados bairros R6 Candelária Jiqui Candela- Ria San Vale Lagoa Nova I Adutora I P1 P4 P5 P6 P8 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P14 Av. Ayrton Sena Av. Prudente de Morais R. do Rosário R. Domingos Amado R. Cruz e Souza Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Centro Administrativo N N Candelária Lagoa Nova Cidade da Esperança Cidade Nova Nazaré Bom Pastor, K6 Felipe Camarão Nova Cidade Neópolis Capim Macio Cidade Jardim Pq. das Colinas San Vale Conj. Jiqui Potilândia Nova Descoberta R7 Mãe Luíza Jiqui Jiqui Dunas Morro Branco Adutora I Adutora II P5 P6 P7 P10 P12 P 16 Av. Ayrton Sena Av. Ayrton Sena Av. Xavier da Silveira R. Antônio Nesi R. Teodorico Guilherme Parque das Dunas Parque das Dunas Parque das Dunas N N N N N N Mãe Luíza Este reservatório é abastecido pelo R3 R9 Felipe Camarão Felipe Camarão Jiqui- R6 Candela-ria San Vale Lagoa Nova I P1 P3 P6 P13 Adutora I P1 P4 P5 P6 P8 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P14 Av. N. Sª do Rosário R. José Vicente R. da Paz Celestial R. São José Av. Ayrton Sena Av. Prudente de Morais R. do Rosário R. Domingos Amado R. Cruz e Souza Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Av. Prefeito Omar O’Gray Centro Administrativo N N N N N Felipe Camarão e Cidade Nova O Reservatório apresentou amostra contaminada por nitrato em 2003 e 2004. Este Reservatório não recebe água da Lagoa do Jiqui de modo contínuo. Nos horários de maior consumo, predomina água produzida nos poços, o que ocasiona elevação na concentração de nitrato. Na análise realizada em outubro de 2006, foi detectada concentração de nitrato em vários horários: 6h (28,60); 7h (20,10); 8h (18,20); 12h (18,30); 14h (16,00); 18h (35,80); 20h (19,70); 23h (21,90). Ponta Negra Ponta Negra P1 P2 P3 P4 P5 P7 R. Praia de Pitangui R. Praia de Pitangui R. Praia de Pitangui R. Praia de Camboinhas R. Praia de Pitangui R. Praia de Rio do Fogo N Ponta Negra Alagamar Vila O sistema opera sem água de manancial superficial. Tem tanque de reunião que recebe o P1, P2, P3, P5. P4 e P7 vão direto para a rede Cida- de Satéli- te Cidade Satélite P2 P3 P5 Estação elevatória Estação elevatória Estação elevatória Ponta Negra Alagamar Vila O sistema opera sem água de manancial superficial. Tem tanque de reunião e estação de bombeamento Guarapes Guarapes P2 P4 P5 R. das Quintas R. Lagoa Nova R. Projetada Guarapes Tem tanque de reunião Dix Sept Rosado P1 R. Severino Soares Área compreendida pelas Ruas Amintas Barros, Ermita Cansanção, Nascimento de Castro e Rua dos Caicós Direto na rede, sem poço de reunião. San Vale P1 R. Reitor Onofre Lopes San Vale Direto na rede Candela- ria Cont. Candelá-ria P3 P7 R. Ataulfo Alves R. Clóvis Mota N Ruas Ataulfo Alves, Mirabeu Melo, Salgado Filho e Henrique Coimbra Conj. Candelária Direto na rede Neópolis P7 P8 P15 R. Gipse Monteiro R. Gipse Monteiro Alamda das Acácias N Neópolis Conj. Jiqui San Vale Direto na rede Novo Campo Capim Macio P1 P2 P10 P13 P14 R. Humberto Monte R. Abraão Tahim R. Dr. João Machado R. Luciano Saldanha R. Bilac de Faria N N Área compreendida pelas ruas Praia de Genipabu, Eng. Roberto Freire, Water Duarte Pereira e Walter Fernandes Cidade Jardim Village dos Mares Conj. Professores Direto na rede Ponta Negra P6 P8 P9 P10 R. Manoel Curinga R. da Lagosta R. Carapeba R. Tilápia Alagamar Vila de Ponta Negra Direto na rede Conjunto Jiqui P1 R. Mata Grande N Conj. Jiqui e Monte Belo Direto na rede Pirangi P1 P2 P3 P4 P5 R. Marilac R. Teófilo Otoni R. Diamantina R. da Conquista R. Abaeté N N N N Conj. Pirangi Village de La Touche Parte do Conj. Jiqui Considerada como área de grande fragilidade. Este sistema é o mais afetado, com uma nódoa de iso-concentração de nitrato acima do permitido bastante ampla. Planalto P1 P2 P3 P4 R. Jardim do Éden R. Antônio Freire de Lemos R. Jardim do Éden R. das Andorras Planalto Direto na rede Nova Cidade P1 P2 R. Sebastião Pinheiro R. dos Potiguares N Nova Cidade Direto na rede 10. SITUAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR NITRATO NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DA CAERN Considerando que o nitrato já chegou aos Reservatórios, não resta dúvida de que a população que recebe água desses Reservatórios contaminados tem, em suas residências, ÁGUA NÃO POTÁVEL. Sendo assim, recebem água contaminada por nitrato os moradores querecebem água dos seguintes Reservatórios: R4 (que abastece os bairros de Lagoa Seca, Dix-Sept Rosado, Quintas, Bairro Nordeste); R5 (que abastece os bairros de Potilândia Nova Descoberta Morro Branco, Lagoa Nova, Nazaré e Bom Pastor); R9 (que abastece os bairros de Felipe Camarão e Cidade Nova). Além dos Bairros mencionados, a contaminação é seriamente observada nos Bairros de Pirangi, Jiqui, Nova Cidade e, na zona norte, em Gramoré e Pajuçara. À fl. 1089, consta um Parecer realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN/ Centro de Tecnologia/CT/Departamento de Engenharia Química, contendo a medição do nitrato na rede de distribuição. No documento consta uma relação de endereços, onde ficou evidenciado que o padrão NITRATO apresentou concentrações acima dos valores permitidos pela Portaria MS 518,/2004. Como exemplo, citam-se: Hospital José Bezerra. Santa Catarina; Rua Heitor Carneiro Ribeiro, 107. Santa Catarina; Rua Guarapes, 105. Guamoré; Rua Visconde de Outro Preto, Creche Sta Mônica. Pajuçara; Rua Mar Mediterrâneo, 01. Parque das Dunas; Rua Moema da Cunha Lima, s/n. Gramorezinho; Rua Poços de Caldas. Lar do Ancião Evangélico; Rua Marilac. Escritório da CAERN; Rua Inconfidente, 4710. Colégio Ação; Posto de Saúde, 3ª etapa. Pirangi; Rua Furnas, 4851. Pirangi; Rua Jandaia. CAERN. 1ª etapa. Satélite; Rua Monterrey, 408. Planalto; Rua Norton Chaves. Nova Descoberta; CEASA. Colégio; Rodoviária Nova; Escola Professor Zuza; 11. RESUMO DOS PONTOS MAIS CRÍTICOS DE CONTAMINAÇÃO POR NITRATO Os estudiosos da FUNPEC alertam, em suas manifestações, que a contaminação por nitrato nos poços amostrados apresenta uma evolução crescente (fl. 62). Os estudos e gráficos realizados pelo Dr. Marcelo Augusto Queiroz, geólogo da CAERN (fl. 200/218), infelizmente, confirmam essa constatação técnica. Como se pôde observar pelos dados apurados, a situação da contaminação por nitrato é dramática, uma vez que já atingiu os Reservatórios e, por conseguinte, a rede de distribuição, chegando à casa dos moradores de Natal. A impossibilidade de se ampliar a exploração da Lagoa do Jiqui para aumentar a diluição da água contaminada que é captada através de poços e assim solucionar o problema da contaminação da zonas sul, leste e oeste, pode ser resumida no seguinte depoimento de fl. 495: os representantes da CAERN responderam que considerando que a água da Lagoa do Jiqui não tem condições de abastecer todos os reservatórios (R1 a R7), simultaneamente e ininterruptamente, os operadores desses reservatórios trabalham realizando manobras entre os reservatórios. Essas manobras consistem em direcionar o lançamento de água da Lagoa do Jiqui, alternadamente, nos reservatórios. Em razão disso, alguns reservatórios, ao longo do dia podem ficar com mais água de poços do que do manancial superficial, o que pode causar a contaminação por nitrato. Mesmo sendo difusa, é possível identificar as áreas mais críticas de contaminação da água por nitrato. São elas: 11.1. Zona Norte A zona de abastecimento Z-16 apresenta grave índice de contaminação, uma vez que em todos os poços de captação, a água apresenta concentrações de nitrato maiores do que o máximo permitido pela Portaria 518/04-MS. Realmente, na Z-16, relativa aos Bairros de Gramoré e Pajuçara – num total aproximado de 33.703 habitantes (fl. 1397) - a água que abastece essa população é proveniente de doze poços. Todos esses poços estão contaminados por nitrato. Esses poços injetam a água para um TANQUE DE REUNIÃO (conforme demonstram as fotografias de fl. 521/524). Esse Tanque de Reunião não recebe água de manancial superficial; portanto, a água contaminada é lançada diretamente na rede de distribuição e chega na casa contaminada por nitrato na casa da população. Nesse sentido, o seguinte depoimento prestado por representantes da CAERN, à fl. 489: O Reservatório denominado R16, mencionado na questão 11, na verdade, não é um reservatório. É é um tanque de reunião das águas dos poços do sistema Pajuçara-Gramoré. Cada poço perfurado dessa região de Pajuçara-Gramoré possui uma bomba que lança água para o tanque de reunião R16. Desse tanque de reunião a água é bombeada para a rede de distribuição. Foi realizado o seguinte questionamento pela Promotora: considerando que todos os poços da Z16 encontram-se com teor elevado de nitrato e que a água desses poços vai direto para a rede de distribuição, a população dessas localidades está recebendo água contaminada por nitrato? os representantes da CAERN responderam que a CAERN nunca realizou uma análise nas casas das pessoas residentes nesses bairros de Pajuçara e Gramoré, mas que, com certeza, com este sistema existente, não há diluição capaz de manter a água com concentração de nitrato inferior ao permitido pela legislação (Portaria 518/04). O estudo realizado pelo Professor José Geraldo de Melo, sobre a Avaliação dos Riscos de Contaminação e Proteção das Águas Subterrâneas de Natal – Zona Norte, realizou as seguintes observações sobre a área: Na localidade Pajuçara/Gramoré, o fluxo subterrâneo natural acha-se modificado devido ao bombeamento do conjunto de poços daquela localidade, com as linhas de fluxo convergindo para esta bateria de captação d’água. (p. 43 do trabalho) Os teores de nitrato crescem a partir de um nível geral de base de 10mg/l em direção as zonas mais habitadas. Além disso, são mais elevados nos setores de nível d’água mais raso – imediações do Conjunto Alvorada; nas regiões de cobertura dunar proeminente – Pajuçara/Gramoré e em situações onde as atividades urbanas são mais antigas e mais intensas (Igapó) (p. 80 do trabalho) Em grande parte da área urbanizada (ocupada) os teores de nitrato já são superiores ao nível geral de base de 10mg/l, evidenciando a influência dos efluentes domésticos. A contaminação propriamente dita ou seja a ocorrência de águas com teores superiores aos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 45 mb/l, verifica-se em escala mais localizada nos setores de nível d’água mais raso – à norte do Conjunto Alvorada; nas regiões de cobertura dunar proeminente – Pajuçara/Gramoré e em situações onde as atividades urbanas são mais antigas. Nestas condições, há casos em que os teores de nitrato chegam a mais de 100mg/l. (p. 90 do trabalho) Os poços da captação Pajuçara/Gramoré do sistema públco de abastecimento já se mostram afetados por teores de nitrato elevado e três deles se revelaram com teores superior a 45 mg/l.� No parecer técnico da ARSBAN, de fl. 121: A Zona -16 teve onze poços amostrados pela FUNPEC/UFRN, que evidenciou contaminação por nitrato acima o valor permitido pela OMS em dez poços. O agravante é que o poço que não foi considerado acima da faixa máxima permitida de contaminação, apresentou teor de 44,75 mg NO3/l. As análises realizadas em novembro de 2004 pela FUNPEC/UFRN, já demonstrava um significativo aumento no índice de contaminação dos poços dessa zona de abastecimento quando comparados com as análises feitas em dezembro de 2003. Como exemplo, cita-se o poço P9-Z-16, que ao ser analisado em dezembro de 2003 apresentou o valor para nitrato (mg NO3/l) de 58,09 e na análise de novembro de 2004 o valor de 109, 12. O reservatório R-16 foi submetido à análise química e mostrou-se com teores em nitrato acima do permitido pela OMS. essa constatação serviu apenas para ratificar o elevado índice de contaminação dos poços. As análises em outros poços da Região Norte efetuadas pela FUNPEC, no ano de 2004, avançou na análise de 10 pontos que não haviam sido contempladas ainda. Desses poços 03 apresentaram problemas com contaminação por nitrato acima do teor máximo permitido pela Portaria do Ministério da Saúde nº 518/04. Nessa situação foram identificados os poços P-34- PNT (96, 80 mg NO3/l), P38-AMR (60,72 mg NO3/L) E p9- avr (86,24 MG NO3/l). 11.2. Zonas Sul,Leste e Oeste Nas zonas sul, leste e oeste, como visto, os pontos mais críticos dizem respeito aos seguintes Reservatórios: R4, situado em Six Sept Rosado; R5, em Lagoa Seca e R9, em Felipe Camarão. Esses reservatório abastecem grande parte da população e não dispõem de água de boa qualidade em quantidade suficiente para realização da diluição necessária à diluição a água captada de manancial subterrâneo contaminado. Outra área muito preocupante, que é apontada pelos estudiosos da FUNPEC, à fl. 60/61, é a dos Bairros de Pirangi e Jiqui. Pelo mapa de fl. 76, pode-se conferir as nódoas de isoconcentração de nitrato no Bairro de Pirangi. 12. SOLUÇÕES PARA ELIMINAR A CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA POR NITRATO No parecer técnico encaminhado pela ARSBAN ao Ministério Público e elaborado pela Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura – FUNPEC, foram arroladas várias sugestões para o aprimoramento do sistema de abastecimento de água na cidade de Natal. Muitas das soluções apontadas fazem menção à necessidade de injeção de água de manancial superficial para diluição das águas captadas em poços. Todavia, nas audiências e documentos consignados nos autos, ficou clarividente que tanto a Lagoa do Jiqui, quanto a Lagoa de Extremoz já chegaram a sua capacidade máxima de exploração, sendo necessários investimentos para a construção de adutoras em novos locais. Nas pesquisas de locais para a captação de água de boa qualidade, os técnicos da CAERN apontaram como alternativas possíveis 1) a captação de água das margens do Rio Doce, para solucionar os problemas da zona norte; 2) a captação das margens da Lagoa do Jiqui, para solucionar os problemas das demais zonas da cidade: sul, leste e oeste, como se observa nos seguintes depoimentos: Questionados qual a solução mais adequada para eliminar a contaminação das águas por nitrato da rede de abastecimento público da Zona Norte, responderam que a solução é a construção de uma adutora para levar água captada na margem esquerda do rio Doce para a Zona Norte. Essa solução resolveria tanto os problemas dos Bairros de Pajuçara e Gramoré, como possibilitaria a diluição dos demais poços que apresentaram contaminação por nitrato e que tem sido injetados na rede de distribuição (fl. 805). A CAERN esclarece que já perfurou três poços dentro da área da CAERN no entorno da Lagoa do Jiqui, com resultados positivos tanto de qualidade, quanto de quantidade; que um desses poços é utilizado pela CAERN para envasamento (copinhos e garrafões de vinte litros) de água potável de mesa para consumo interno da Companhia; que os outros dois poços são utilizados para a melhoria da qualidade física (turbidez e cor) da água da Lagoa do Jiqui em época de inverno (fl. 196). As soluções apontadas pela CAERN para solução emergencial da contaminação por nitrato são: instalar uma nova adutora para captar água do Rio Doce e levar água para os trechos atingidos pela contaminação na zona norte (fl. 548); instalar uma terceira adutora nas proximidades da Lagoa do Jiqui, para captar água subterrânea das margens da Lagoa, uma vez que da Lagoa não é mais possível (fl. 630) adquirir equipamentos para instalação e solução de problemas relativos a sistemas isolados de Felipe Camarão, Neópolis, Dix-Sept Rosado, Pirangi e Nova Cidade. Essas soluções constam, também, nos documentos de fl. 913 e 1063/1064 dos autos. 13. CAUSAS DA CONTAMINAÇÃO DO AQÜÍFERO POR NITRATO Sobre a contaminação do aqüífero de Natal por nitrato, vale destacar alguns trechos da tese de doutoramento do Professor JOSÉ GERALDO DE MELO, denominada Impactos do Desenvolvimento Urbano nas Águas Subterrâneas de Natal/RN, de 1995. Esse trabalho, que contém o estudo de uma área de 90 km² - tendo o Rio Potengi ao norte e oeste e o Rio Pitimbu, ao sul - onde está edificada a maior parte da cidade de Natal, tem sido utilizado pelos técnicos da CAERN como referência e fonte de pesquisa: Seguem alguns trechos do trabalho: O Mapa de isoconcentração de Nitrato mostra que a contaminação das águas subterrâneas é expressiva, podendo inclusive abranger uma região de maiores dimensões. Os exames de concentração de nitrato realizados pela CAERN no mês de agosto de 2000, demonstram claramente o crescente processo de contaminação das águas da cidade “Dos 69 poços da CAERN apresentados neste trabalho, 24 poços, ou seja, 35% apresentam concentração de nitrato acima dos patamares estipulados pela Organização Mundial de Saúde. (Melquisedec Medeiros Moreira, em sua tese de doutorado em Geotecnia, denominada Mapeamento Geotécnico e Reconhecimento dos Recursos Hídricos e do Saneamento da Área Urbana do Município de Natal: Subsídios para o Plano Diretor, à fl. 09) No trabalho denominado Avaliação dos Riscos de Contaminação e Proteção das Águas Subterrâneas de Natal – Zona Norte, o Professor alertou: O nitrato constitui o componente mais perigoso para a contaminação das águas subterrâneas por efluentes domésticos devido a sua mobilidade e persistência. Sobre as causas que podem ser apontadas como de contaminação do aqüífero por nitrato, o Professor Geraldo Melo afirma: Dentre as atividades que potencialmente podem vir a contaminar as águas subterrâneas de Natal, descritas no capítulo 5, aquela que se apresenta como a mais impactante é a disposição local de efluentes domésticos mediante o uso de fossas e sumidouros. O principal tipo de contaminante envolvido é o nitrato, resultante da biodegradação dos excrementos humanos. (fl. 100 do trabalho) O Professor chama a atenção para o fato do processo de contaminação por nitratos ser cumulativo e irreversível, como se observa: O processo de contaminação por nitratos é cumulativo e praticamente irreversível. Isso é fundamentado no fato de que as áreas beneficiadas com rede de esgotos, mesmo as mais antigas, continuam com águas subterrâneas contaminadas por nitrato. A alta taxa de ocupação dessas áreas reduzem a infiltração das águas de chuva, dificultando a lixiviação dos solos, como também afetam o movimento do fluxo subterrâneo, reduzindo a diluição dos contaminantes, dando como resultado teores de nitrato elevados. Há uma tendência geral a crescimento dos terores de nitrato nas águas subterrâneas de Natal. (fl. 140 do trabalho) No Parecer Técnico sobre estudos da situação sanitária da cidade de Natal de 1850 até os dias atuais, com foco na concentração de nitrato no aqüífero, nos reservatórios e na rede de abastecimento de água, a equipe de consultores da Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura – FUNPEC levantou, ainda, como causa da contaminação da água, a má construção dos poços, como se lê: No ano de 1988, a AQUA-PLAN desenvolve um novo estudo e apresenta dados mais preocupantes, inclusive atingindo o sistema público de abastecimento. O estudo comprovou altos teores de nitrato (> 45mg NO3/L) e atribuiu o problema à má construção dos poços e confirmou o caráter pontual da contaminação Vale destacar que a CAERN não está em dia com o licenciamento relativo à suas obras hídricas. Muitos dos poços perfurados não dispõem da licença correspondente nem da outorga de uso de recursos hídricos. 14. DOENÇAS RELACIONADAS COM O NITRATO A literatura especializada associa o nitrato a algumas doenças de difícil prevenção e cura, como se observa: A presença de compostos de nitrogênio nos seus diferentes estados de oxidação é indicativo de contaminação do aqüífero e de possíveis condições higiênico-sanitárias insatisfatórias. O nitrito e o nitrato estão associados a dois efeitos adversos à saúde: a indução à metemoglobinemia e a formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas (fl. 666). O desenvolvimento da metemoglobinemia a partir do nitrato nas águas potáveis depende da sua conversão bacterial para nitrito durante a digestão, o que pode ocorrer na saliva e no trato gastrointestinal. As crianças pequenas, principalmente as menoresde três meses de idade, são bastante susceptíveis ao desenvolvimento desta doença devido às condições mais alcalinas do seu sistema gastrointestinal, fato também observado em pessoas adultas que apresentam gastroenterites, anemia, porções do estômago cirurgicamente removidas e mulheres grávidas. O nitrito, quando presente na água de consumo humano, tem um efeito mais rápido e pronunciado do que o nitrato. Se o nitrito for ingerido diretamente, pode ocasionar metemoglobinemia independentemente da faixa etária do consumidor. No próprio site do Instituto Nacional do Câncer – INCA, o câncer de estômago é mencionado como associado à ingestão de água com nitrato: Outros fatores ambientais como a má conservação dos alimentos e a ingestão de água proveniente de poços que contém uma alta concentração de nitrato também estão relacionados com a incidência do câncer de estômago (à fl. 658), retirado do site www.inca.gov.br) Para certificar-se dessa informação, o Ministério Público encaminhou ofício ao INCA (à fl. 768) para ter mais informações a respeito. Em resposta, à fl. 948, a representante do Instituto, na área de Vigilância do Câncer Operacional e Ambiental, além de encaminhar vários artigos sobre a matéria, esclareceu que: Recentemente, estudos realizados em animais de laboratório (ratos e cobaias) expostos a altas concentrações de nitrato demonstraram a ocorrência de câncer estomacal e/ou de esôfago e, em face do risco que representa e seguindo o “Princípio da Precaução” não deve ser permitida uma concenração de nitrato na água para consumo humano superior a 10 mg de N-NO3/l ou 44 mg de NO3/L, de acordo com os limites adotados pela United States Environmental Protection Agency (USEPA) e outras entidades ligadas ao monitoramento e proteção ambiental É importante esclarecer que o INCA é o órgão do Ministério da Saúde, vinculado à Secretaria de Atenção à Saúde, responsável por desenvolver e coordenar ações integradas para a prevenção e controle do câncer no Brasil (633). A associação do nitrato ao câncer está registrada, também, no site da Sociedade Brasileira de Cancerologia (fl. 672). Pela explicação de fl. 687/688, é possível entender como se dá o iniciação do câncer gástrico através dos compostos N-nitrosos. E na explicação de fl. 726 dos autos, faz referências às transformações químicas do nitrato no organismo humano, como se demonstra: No corpo humano, o íon NO2 pode reagir com substâncias como as aminas, resultando em nitrosoamina (Fig. 18), a qual foi reconhecida em experimentos de laboratório com animais como agente cancerígeno potencial Sobre a metemoglobinemia acima mencionada, é bom esclarecer que a doença também é conhecida como síndrome do bebê azul. Nessa situação a criança sofre asfixia ficando com a pele azulada, como explica o texto científico de fl. 698: o desenvolvimento da metemoglobinemia a partir do nitrato nas águas potáveis depende da conversão bacteriana deste para nitrito durante a digestão, o que pode ocorrer na saliva e no trato gastrointestinal (ASSA, 1990; Mato, 1996). As crianças pequenas, principalmente as menores de três meses de idade, são bastante suscetíveis ao desenvolvimento desta doença por causa das condições mais alcalinas do seu sistema gastrointestinal (Oliveira et al. 1987), fato também observado em pessoas adultas que apresentam gastroenterites, anemia, porções do estômago cirurgicamente removidas e mulheres grávidas (Bouchard et al., 1992). Outras referências aos danos do nitrato à saúde humana podem ser constatados nos artigos de fl. 672/707/737 e segs e 924 e segs. constantes nos autos. 15. OUTRAS DEFICIÊNCIAS DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA ÁGUA DA CIDADE DE NATAL 15.1. Não atendimento de outros padrões para a potabilidade da água Além do problema do nitrato e da falta de atendimento de todos os padrões estabelecidos na legislação, foram constatadas diversas falhas no serviço relativo ao sistema de abastecimento água que é oferecido pela CAERN. As falhas são grandes e deixam em insegurança a população, quanto à qualidade da água recebida e quanto à eficiência do sistema. Realmente, como se observa nas diligências realizadas pelo Ministério Público, foi apurado que a CAERN não vem cumprindo na íntegra com as obrigações impostas pela Portaria 518/04 MS. À fl. 494 dos autos, foi questionado aos representantes da CAERN se, além dos padrões relativos ao nitrito, nitrato, amônio, condutividade e coliformes total e fecal, se a CAERN analisa outros padrões da Portaria 518/2004-MS. Os representantes da empresa responderam que não. Todavia, a mencionada Portaria determina que devem ser analisados os padrões relativos a metais pesados, agrotóxicos e todos os demais mencionados em seus arts. 11 a 20. Na fl. 914, consta uma Ordem de licitação, com a finalidade de execução dos serviços de engenharia de análises químicas para determinação de metais pesados, substâncias orgânicas voláteis e semi-voláteis, agrotóxicos e contagem e identifcação cianobactérias nos mananciais de superfície operados pela CAERN. A despeito desse documento, datado de 28/06/2006, a CAERN ainda não encaminhou ao Ministério Público nenhum resultado das referidas análises. No depoimento de fl. 495, a Professora JOSETTE, Dra. em Engenharia Química da UFRN informou que: com relação aos outros padrões podemos observar que: 1) o valor médio do cloro residual está acima do limite preconizado pela Portaria 518/GM de 23 de março de 2004, que recomenda um teor máximo de cloro residual livre, em qualqur ponto do sistema de 2,0 mg/L( Capítulo IV, art. 16, parágrafo 2º); 2) o pH também apresenta valores médios, durante todo o ano, inferiores ao previsto na legislação – recomenda-se que, no sistema de distribuição o pH de água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 (Capítulo IV, art. 16, parágrafo 1º); (...) 4) a cor apresentou concentração média, ligeiramente acima do limite máximo (15 mg/L) em dois períodos (fevereiro a junho). No relatório encaminhado pela ARSBAN e realizado pela FUNPEC consta, ainda, que: Nos reservatórios R1, R2, R3, R4 e ETA Extremoz, foram identificados nas amostras provenientes, teores de cloro residual livre acima do valor recomendado pela Portaria 518/GM. O problema da permanência de cloro no sistema está associado à quantidade dessa substância que está sendo injetada na rede ou problemas com os equipamentos de cloração. Com relação à presença de coliformes identificados no estudo realizado, este problema é de fácil correção através da cloração. (audiência realizada no dia 29/04/06) 15.2. Desperdício Um outro problema do sistema de abastecimento de água que a CAERN enfrenta em seu dia-a-dia operacional diz respeito ao grande desperdício de água. O desperdício está relacionado, principalmente, ao desgaste das instalações das adutoras existentes, que são antigas e apresentam desgastes, como se pode observar nos seguintes depoimentos e documentos: O Professor Manoel Lucas, da FUNPEC/UFRN doutor em recursos hídricos pela Universidade Politécnica de Madri, na condição atual de consultor técnico da ARSBAN, revelou grande preocupação sobre o sistema de abastecimento de água atualmente existente em Natal; revelou que a CAERN possui um passivo desconhecido no que se refere à parte mais antiga da rede, dificultando a operação, a manutenção e o controle de desperdício e de vazamento; que a tubulação existente é de ferro galvanizado e cimento amianto, o que geram grande desperdício grande de água. Atualmente, o material utilizado para as tubulações é o PVC e que a fabricação de cimento amianto é até proibida. (...) Explicou que hoje se perde mais de 50% (cinqüenta por cento) de água tratada em razão dos vazamentos existentes na rede. Esse desperdício ocasiona aumento das tarifas da água, uma vez que o consumidor paga um preço muito alto. (fl. 1069) Questionado o fato aos representantes da CAERN, emaudiência do dia 13 de setembro de 2006, o fato de haver desperdício, foi confirmado, como se confere: A Promotora informou que recebeu a informação técnica de que existe um grande desperdício de água tratada em razão da tubulação existente, questionando a posição da CAERN sobre o assunto, os representantes da CAERN explicaram que existem dois tipos de desperdício: físicos e administrativos. Que os desperdícios físicos dizem respeito aos vazamentos visíveis e invisíveis, que acreditam estes não chegam a 20%; no que diz respeito às perdas administrativas ou de faturamento, explicam que existe uma perda muito grande em razão de fraudes por parte dos consumidores e em razão da falta da instalação de hidrômetros residenciais (fl. 1102) 15.3. Necessidade de substituição das adutoras existentes e de equipamentos: No decorrer das investigações, foi possível constatar que as duas adutoras atualmente existentes e operantes no Jiqui precisam ser substituídas, uma vez que já apresentam desgastes em suas estruturas e os seus equipamentos encontram-se defasados e provocam desperdícios, em razão dos revestimentos adotados e do material, considerado antigo. Os próprios representantes da CAERN explicam: Em função do tempo em que se encontra em operação, as duas adutoras precisam ser recuperadas (as adutoras existentes) ou substituídas, pois, já apresentam sérios problemas de perdas de cargas (rugosidade) e de desgastes dos materiais, comprometendo as condições operacionais das mesmas. A adutora nº 1 entrou em operação em 1964 e a adutora nº 2 em 1978. Acreditamos que será inevitável serem substituídas, inclusive, com aumento de suas capacidades. Quanto à existência de planos ou projetos, somente a GPR o a Diretoria poderá se pronunciar a respeito (fl. 188) Em outra oportunidade, ratificaram a necessidade de substituição da adutoras, como registrado à fl. 1102: Questionado aos representantes da CAERN se as condições atuais das adutoras do Jiqui encontram-se satisfatórias, responderam que a adutora número 01 do Jiqui foi inaugurada em 1965 e a número 2 em dezembro de 1980 e pelo tempo de uso, ambas já apresentam problemas pertinentes à fadiga de material, o que, com certeza, obrigará a CAERN a médio prazo substituir trechos e até mesmo toda a tubulação relativa às adutora. Além da necessidade de substituição das duas adutoras do Jiqui, os representantes da CAERN também mencionaram a necessidade de substituição da adutora existente na zona norte, responsável pela captação de água da Lagoa de Extremoz, nos seguintes termos: (...) foi encaminhado o orçamento da adutora da R-8, que também é uma adutora que precisa ser instalada em substituição a atual existente, que já possui dezoito anos e que tem vida estimada de vinte anos; que esta adutora foi estimada em cinco milhões. No que diz respeito à substituição da adutora da zona norte, a justificativa para sua substituição, encontra-se em um documento elaborado pela própria CAERN, nos seguintes termos: Devido o tempo de operação (28 anos) da adutora existente, responsável por 60% do abastecimento de água da Zona Norte e conforme lado apresentado pela SANT-GOBAIN CANALIZAÇÕES em anexo, como também pelos constantes vazamentos retirados da referida adutora, solicitamos a substituição da mesma por apresentar problemas na operação devido às paralisações para correção, além de prejudicar o abastecimento, acarretando grande desperdício de água. Além disso, a mesma margeia a linha férrea e passa próximo às residências, o que poderá causar um acidente gravíssimo, caso haja rompimento de grane proporção, causando sério prejuízo para a companhia. O documento de fl. 1161 – denominado de Relatório Técnico realizado pela empresa SAINT-GOBAIN CANALIZAÇÃO, revela que a Adutora de Extremoz, de fato, precisa ser substituída, uma vez que: entrou em operação no ano de 1979; grande parte da tubulação está assentada diretamente em solo seco e arenoso; os rompimentos estendem-se por toda a adutora, sendo indiferente se está em contato com o solo ou não, pois existem trechos aéreos, como é o caso da chegada/saída dos reservatórios, onde os rompimentos ocorrem; (...) segundo o Sr. Erivan, responsável pela adutora, somente no ano passado (portanto em 2004) foram retirados mais de 50 vazamentos; CONCLUSÃO A inspeção no local conjuntamente com amostras de tubos retiradas indicam que a tubulação, muito antiga, foi adquirida sem o revestimento interno de cimento. Tal fato permite a ocorrência da corrosão interna em determinadas condições (...) 15.4. Necessidade de realização de estudo sobre a disponibilidade hídrica da Lagoa do Jiqui Na fl. 232 dos autos consta um CD contendo um estudo sobre a quantificação hídrica da Lagoa de Extremoz. Em razão desse estudo, sabe-se, ao certo, que a Lagoa de Extremoz não pode mais ser explorada; ou seja, que o manancial superficial está em seu limite, razão pela qual não se pode mais ampliar o volume de captação de água do sistema. A Lagoa do Jiqui não foi contemplada com estudo similar. Os técnicos da CAERN, que lidam com o sistema em sua rotina laboral afirmaram em audiência perante o Ministério Público, à fl. 494, que, mesmo sem um estudo específico, entendem que a Lagoa do Jiqui não possui capacidade para o incremento da explotação de água. Conforme já mencionado, os técnicos já constataram que a água da Lagoa do Jiqui não tem condições de abastecer todos os reservatórios simultânea e initerruptamente (fl. 495). Com esses argumentos fica nítida a necessidade de se realizar um estudo específico sobre a disponibilidade hídrica da Lagoa do Jiqui. É essencial a obtenção do conhecimento acerca do manancial que se explora desde 1965 para saber se a vazão explotada pode continuar sendo a mesma, ser pode se incrementada, se merece ser reduzida; qual a previsão para o futuro etc. 15.5. Falta de um efetivo Sistema de Monitoramento do Sistema Outro ponto do Sistema de Abastecimento Público de Água que merece ser adequado diz respeito ao monitoramento da qualidade e quantidade da água que é distribuída à população. A CAERN chega a realizar análises para avaliação do nitrato. Todavia, o monitoramento não tem sido realizado de modo sistemático e de forma clara. Como avalia a química Patrícia Mendonça Pimentel, à fl. 904: Além das tabelas, as concentrações dos poluentes deveriam ter sido representadas em gráfico de barras e/ou mapas para uma melhor visualização das possíveis áreas contaminadas. No final do relatório deveria ter sido dado um parecer, explicando e concluindo os resultados obtidos pelo programa. Na audiência realizada no dia 28 de junho de 2006, foi questionado aos representantes da CAERN se a empresa não poderia realizar o monitoramento de forma mais abrangente e dar ao documento publicidade, nos seguintes termos: quanto ao monitoramento, o Ministério Público questionou se é possível fazer um programa para inserir os dados apurados no dia-a-dia e realizar um diagnóstico mais abrangente, bem como disponibilizar os dados na Internet, os representantes da CAERN responderam que sim, que o programa existe, mas precisaria fazer uma adequação. Sobre a disponibilização dos dados na Internet, responderam que precisam consultar a Gerência de informática; que no prazo de trinta dias podem informar ao Ministério Público as diligências realizadas para o aprimorameno dessas informações. Até a presente data, nada foi encaminhado ao Ministério Público. Na fl. 1429 e seguintes, consta um Parecer Técnico, formado por vários pareceres, que foi elaborado pelo Instituto de Gestão da Águas do Estado do Rio Grande do Norte, IGARN e que foi realizado a partir dos dados das análises físico-químico-microbiológicas apresentadas pela CAERN. Pelo documento, observa-se o quanto superficial tem sido o monitoramento da água pela empresa demandada. 15.6. Falta de publicidade nas informações fornecidas aos
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