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DIREITO ADMINISTRATIVO - AULA 14 (13/09/12) Continuação da Organização da Administração Pública 01) AUTARQUIAS - Conceito: é uma PJ de Direito Público que presta uma atividade típica do Estado. - Para a Autarquia, serão dadas as atividades típicas/próprias do Estado. 01.1) Regime Jurídico das Autarquias a) Os atos realizados pela Autarquia são considerados atos administrativos, e, portanto, gozam de presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade. - Por serem atos administrativos, os contratos celebrados pelas Autarquias são contratos administrativos, seguindo o regime público. - Estes contratos estão sujeitos à L. 8.666/93, portanto, estão sujeitos também à licitação. - O registro do contrato administrativo é exatamente a cláusula exorbitante. Estas cláusulas dão algumas prerrogativas à Administração. Estas cláusulas estão dispostas no art. 58, L. 8.666/93. b) A Responsabilidade Civil para as Autarquias está sujeita ao art. 37, § 6º, CF. De acordo com este artigo, a responsabilidade é objetiva, ou seja, a responsabilidade independe de dolo ou culpa. - Se o serviço público é um dever do Estado, e ele resolve transferir à Autarquia, quem responde perante a vítima é a própria Autarquia, mas o Estado também será chamado à responsabilidade (subsidiariamente), pois ele não pode se eximir. - Portanto, o Estado deve responder subsidiariamente. c) Os Bens Autárquicos são bens públicos. Quanto a isso, não há qualquer divergência na doutrina. - O bem é público porque a Autarquia é uma PJ de Direito Público. - Por ser bem público, deverá seguir o regime próprio de bem público, e as regras aplicáveis a ele são dos bens públicos, havendo proteção especial. - A regra é que não é possível alienação de bens públicos, mas em algumas condições eles poderão ser alienados. Portanto, os bens públicos são “alienáveis de forma condicionada”. - Os bens públicos são impenhoráveis, ou seja, não podem ser objetos de penhora, arresto e sequestro. Penhora é uma garantia que acontece dentro de uma ação de execução, é a garantia do juízo. Arresto e Sequestro são cautelares típicas e servem como cautelares para proteger uma futura penhora. No Arresto serão restringidos bens indeterminados e no Sequestro são para bens determinados. - Os bens públicos não podem ser objeto de oneração. Oneração significa direito real de garantia. Isso significa que bem público não pode ser objeto de penhor, hipoteca e anticrese. - Os direitos reais de garantia acontecem antes da ação judicial. - Penhor é um direito real de garantia sobre bens móveis. Os bens objetos de penhor são chamados de bens empenhados. OBS: Penhor é fora da execução enquanto que penhora é dentro da execução. - A hipoteca é direito real de garantia sobre bens imóveis. - Anticrese é direito real de garantia quando o pagamento é feito com a exploração do patrimônio. Está em desuso nos dias atuais. - Os bens públicos são imprescritíveis, ou seja, não podem ser objeto de prescrição aquisitiva, que é o usucapião. OBS: O Poder Público pode usucapir bens. b) Débitos Judiciais: A garantia que no final da ação a Autarquia cumprirá a sua ação é que débitos judiciais serão pagos através do regime de precatórios (art. 100, CF). e) O prazo prescricional para ajuizar ação contra Autarquia é de 05 anos. - Existe uma divergência para as ações de reparação civil. O entendimento é de que, mesmo em caso de reparação civil, o prazo é de 05 anos. - A polêmica é em relação à reparação civil do CC/2002, que afirma que o prazo prescricional seria de 03 anos. Contudo, o próprio STJ entendeu pelos 05 anos. f) Quanto aos Procedimentos Financeiros, as Autarquias seguem o regime público. Portanto, está sujeita à contabilidade pública (L. 4.320/64) e à lei de responsabilidade fiscal. g) Regime Tributário: No art. 150, VI, “a”, CF estabelece a imunidade recíproca, que afirma que um ente político não pode instituir imposto para outro ente político. Lembrando que é somente imposto, podendo instituir a taxa e a contribuição, por exemplo. - No art. 150, § 2º, CF afirma que a imunidade recíproca dos entes políticos se estende às Autarquias. Mas a imunidade se estende somente para a sua finalidade específica (para aquela que foi criada). É a finalidade definida na lei de criação. - Diante disso, Autarquia paga taxa e contribuição. h) Privilégios Processuais: A Autarquia tem tratamento de Fazenda Pública em juízo. - A Autarquia tem prazo dilatado (art. 188, CPC). Será o prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. - O Reexame Necessário (ou duplo grau de jurisdição obrigatório) é aplicado à Autarquia. Isso quer dizer que independentemente de recurso voluntário, o processo será levado à uma nova análise no Tribunal. Esta matéria está no art. 475, CPC. - Contudo, o Reexame Necessário não é absoluto. No artigo em comento estão as hipóteses em que não haverá o referido reexame. - Enquanto o processo não for levado ao Reexame Necessário, a decisão não irá transitar em julgado. i) Regime de Pessoal - Quem atua em Pessoa Pública é servidor público, portanto, quem trabalha na Autarquia é servidor público. - Hoje no Brasil o servidor público está sujeito a Regime Jurídico Único, ou seja, um só regime para todos os servidores (ou Celetistas ou Estatutários). - Prevalece no Brasil o regime Estatutário. Ex. de Autarquias: INSS, INCRA, Universidades Federais, IBAMA, BACEN. 01.2) Autarquia Territorial - Território não é ente político e tem personalidade pública. - Mas sua natureza não estava definida. Portanto, decidiu-se que o Território teria natureza de Autarquia. - A questão não foi aprofundada ainda, pois não existe nenhum Território no Brasil. 01.3) Conselho de Classe - Obrigatoriamente, no Brasil, o conselho de classe tinha natureza de autarquia. - Contudo, a L. 9.649/98 afirmou que o conselho de classe teria personalidade jurídica de direito privado. - Esta lei foi levada ao STF, e foi objeto de controle através da ADI 1.717. Neste julgado o STF reconheceu que o conselho de classe exerce poder de polícia, que não pode ser dado ao particular. Isso comprometeria a segurança jurídica. Portanto, o STF entendeu que neste ponto a L. 9.649/98 seria inconstitucional, reestabelecendo ao Conselho de Classe o status de Autarquia, sendo chamadas de Autarquias Profissionais. - A anuidade do conselho de classe, como regra, tem natureza tributária de contribuição (não está inserida a OAB). - Por ter natureza tributária, a cobrança poderá ser por via de execução fiscal. - A contabilidade do conselho de classe segue as regras públicas, pois envolve dinheiro público. - Quanto à OBA, a L. 8.906 regulamenta este conselho de classe. De acordo com o estatuto, o não pagamento da anuidade gera execução comum. Com isso, a anuidade não teria natureza tributária, senão a execução seria a fiscal e não a comum. - A jurisprudência entende que no caso da OAB a contabilidade não é pública e o Tribunal de Contas não necessita controlar. - Quanto ao concurso público, o STF na ADI 3.026 entendeu que a OAB não necessita realizar concurso. Isso porque a OAB é Pessoa Jurídica Ímpar. 01.4) Agências Reguladoras - Nada mais é do que uma autarquia. - São chamadas de autarquias de regime especial. - Estas constituem em autarquias que possuem regras próprias; especiais. - Assim, tudo o que foi estudado para autarquia também serve para agências reguladoras. - O regime especial é marcado por 3 características: Tem mais autonomia e liberdade do que as demais agências Exerce função de regulação, de normatização, de controle e de fiscalização das diversas atividades. Essa função é velha, a novidade é o termo “agência”. Agências reguladoras definem normas técnicas complementares à previsão legal. Investidura especial ou nomeação especial Normalmente, o Presidente da República nomeia e exonera, de forma livre, o dirigente da Administração indireta. Em relação às agências reguladoras, o Presidente da República nomeia, mas com prévia aprovaçãodo Senado Federal trata-se de ato complexo – SF + Presidente. Mandato de prazo fixo O prazo desse mandato depende da lei de cada agência. Há um PL com o objetivo de unificar em um prazo de 4 anos. - O dirigente pode sair antes de encerrar o mandato em caso de renúncia ou em caso de condenação em processo administrativo ou judicial transitado em julgado. - E aí, ele fica afastado por quarentena. - Isso porque possui muitas informações privilegiadas - O dirigente fica afastado daquele ramo de atividade na iniciativa privada (nada impede que trabalhe na Administração e na iniciativa privada, em outros ramos). - Via de regra, a quarentena é de 4 meses, salvo algumas agências que o prazo é de 12 meses. - Contudo, ele recebe remuneração na quarentena como quando era dirigente. - Ler Lei 9.986/00 - Exemplo de agências reguladoras: serviços públicos ANEEL, ANATEL, ANTT, ANTA (agência nacional de transportes aquaviários), ANAC, ANS, ANVISA. Monopólio ANP Bem público ANA (agência nacional de águas) Fomento ANCINE (agência nacional de cinema)
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