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Cinco Pragas da Redação Empresarial

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Cinco pragas da redação empresarial
	
	Equívocos da redação empresarial que fazem um comunicado perder toda a credibilidade
Maria Helena da Nóbrega
A redação empresarial possibilita a formalização escrita das atividades desenvolvidas nas instituições comerciais. Trata-se do registro formal da correspondência interna e externa ou do relato de uma situação profissional. Assim, comunicados, memorandos, cartas comerciais, relatórios etc., se bem escritos, fornecem um histórico de suma importância para as empresas, seja para resgatar etapas de um negócio efetivado com sucesso, seja para analisar por que determinada proposta não foi bem-sucedida. 
Se mal elaborada, a redação comercial não persuade. Propostas ambíguas levam a maior desperdício de tempo, para tentar entender a mensagem. Como a maioria não dispõe de tempo para decifrar textos intricados, perdem-se negócios. Se a incomunicabilidade redacional se mantiver, haverá perda de credibilidade, ou seja, não haverá fidelização dos clientes ou consumidores, que terão uma predisposição ao descaso em relação a todas as mensagens veiculadas pela empresa.  
Empresas de renome sabem da importância de ter funcionários com habilidades comunicacionais bem alicerçadas. Por isso cada vez mais solicitam redação nos processos de seleção. Elas procuram quem sabe se comunicar bem, pois esses funcionários irão representá-las
e ajudarão a criar uma imagem positiva da empresa. 
Como escrever 
 Os textos comerciais obedecem a uma unificação redacional que facilita a comunicação entre as empresas. No entanto, é preciso observar que essa padronização sofreu alterações simplificadoras. Para se ter uma idéia, a finalização dos textos oficiais, regulada em 1937, apresentava 15 padrões. Hoje, há duas fórmulas de despedida. Apesar disso, a permanência de entulhos lingüísticos, em alguns textos, ainda atrapalha a rapidez nos negócios. 
Em meados dos anos 1980, quando a disputa de mercado passa a ser mais acirrada, as empresas tentam criar algum diferencial que permita sobreviver e ampliar os negócios. Nesse momento há uma atualização do estilo e da linguagem da correspondência empresarial. Essa modernização é notada não apenas na linguagem verbal, mas também no ambiente das corporações. 
Há empresas que adotam um dia em que o terno e o tailleur ficam em casa, e os profissionais podem vestir-se em estilo casual para ir trabalhar. Como a roupa é linguagem, tal concessão revela a criação de um ambiente que se expandirá para outras linguagens - as relações entre os colegas ficam menos distantes, as horas de lazer são valorizadas, o poder das decisões sai do eixo vertical e passa a ser mais horizontalizado. Do mesmo modo, essas alterações invadem a esfera da linguagem verbal e renovam o texto empresarial.
Concisão e clareza
A redação empresarial prioriza o estilo conciso e claro. A concisão é necessária pela rapidez das informações. Não há tempo a perder, sobretudo no mundo dos negócios. A clareza impõe-se pela obrigatoriedade de dados precisos, estruturas textuais coesas e coerentes, processos argumentativos persuasivos. Um contrato não será assinado se não houver clareza nas cláusulas propostas. Da mesma forma, investimento financeiro será concedido só se a argumentação for convincente. 
O texto comercial atual dá preferência a vocabulário simples, usual, sem expressões herméticas que tentam mostrar erudição, mas dificultam a compreensão. Porém, simplificação vocabular não significa repetição excessiva de certas palavras. É preciso, portanto, que o empresário tenha o hábito de leitura, para transitar sem tropeços pelos sinônimos de que a língua dispõe. Além disso, ele deve familiarizar-se também com expressões próprias do meio empresarial e com os termos técnicos da sua área de atuação. Sem isso, o texto transmitirá amadorismo e fragilizará qualquer proposta profissional.
 
Hábito de leitura
Tropeços redacionais como os exemplificados nestas páginas são mais facilmente eliminados quando se tem o hábito de leitura de textos bem escritos. Como a redação da correspondência empresarial demanda rapidez, convém redobrar a leitura de livros específicos da área do profissional e outros, pois essa atitude trará ampliação do vocabulário, o que facilitará a redação de textos coesos e coerentes.
Acrescente-se a isso particularidades da redação do texto, que deve ser impessoal. A clareza e concisão serão fundamentais na composição da mensagem. A linguagem deve ser culta, ou seja, adequadamente formal. Sem sofisticações desnecessárias - vocabulário simples, mas não vulgar.
Vale a pena consultar o Manual de Redação da Presidência da República (2ª edição, 2002), que atualiza e uniformiza as normas de redação oficiais. Encontrado no site: http://www.presidencia.gov.br/
A praga dos chavões
Na busca de arejamento do texto, dispensam-se chavões e expressões em desuso, que apenas ampliam os caracteres do texto, mas nada acrescentam à mensagem. Eis alguns exemplos de sugestões redacionais:
EM VEZ DE
USE
Acusamos o recebimento de...
Recebemos...
Levamos ao seu conhecimento...
[entrar diretamente no assunto]
Outrossim/Esclarecemos outrossim...
Ainda... OU Também...
Sem mais/Sem mais para o momento/
 
Sem outro particular/ Sendo o que se
 
nos oferece para o momento...
Atenciosamente
Temos em mãos sua carta...
[entrar diretamente no assunto]
Vimos pela presente/Vimos por meio desta...
[entrar diretamente no assunto]
A praga das redundâncias
O ritmo acelerado da leitura, bem como a necessidade de objetividade, exige que não apareçam tautologias, afinal, escrever a mesma coisa com outras palavras apenas tomaria mais tempo do (quase sempre) apressado leitor. Assim, deve-se prestar atenção em algumas expressões usuais, mas cuja tautologia não se justifica:
EM VEZ DE
USE
A seu critério pessoal 
A seu critério
Comparecer em pessoa
Comparecer
Encarar de frente
Encarar
Inteiramente à disposição
À disposição
Interromper de uma vez
Interromper
Nos dias 20, 21 e 22 inclusive
Nos dias 20, 21 e 22
Planejar antecipadamente
Planejar
Repetir outra vez
Repetir
Retornar de novo
Retornar
Surpresa inesperada
Surpresa
Última versão definitiva
Versão definitiva
Primeira prioridade
Prioridade
Há dez anos atrás
Há dez anos OU Dez anos atrás
A praga das palavras em excesso
A mesma busca de concisão requer que se evitem circunlóquios ou perífrases, ou seja, dizer em muitas palavras o que se poderia dizer em poucas, como nos exemplos abaixo.
EM VEZ DE
USE
Chegar a uma conclusão
Concluir
Chegar a uma decisão
Decidir
Conduzir uma investigação a respeito
Investigar
Fazer um exame
Estudar
Levar a efeito um estudo
Tentar
Levar a efeito uma tentativa 
Repetir
A praga do tratamento
No endereçamento, pode-se adotar Senhor ou Senhora e "fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares", conforme o Manual de Redação da Presidência da República (2002, p.10). Como exemplos:
À Senhora Professora
Roseli Cunha
Senhor Diretor do Departamento de Publicidade
José de Camargo 
A preposição e o artigo (À ou Ao) é facultativa (pode aparecer ou não). Se o documento for encaminhado a autoridades, deve-se usar a fórmula de tratamento e a invocação pertinentes ao cargo, como na tabela deste quadro. Em caso de dúvida, a consulta a uma gramática resolverá o problema.
Fórmulas de tratamento recomendáveis
Cargo 
Fórmula 
Invocação
Embaixador
Excelência
Exmo. Sr.
Ministro
Excelência
Exmo. Sr. Ministro
Reitor
Magnificência (Magnifico Reitor)
Exmo. Sr. Reitor
Maria Helena da Nóbrega é professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP. Leciona no campus de Ribeirão Preto. Autora de Estratégiasde comunicação em grupo (Atlas, 2007).

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