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Apostila Direito Penal Part Geral (Teoria do Crime) Túlio Anderson

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1 
 
 
 
2015.2 
 
Organizador: TÚLIO ANDERSON R. DA COSTA 
 
(tulioanderson1@gmail.com) 
 
PENAL I 
 
 
 
"O DOUTRINADOR QUANDO ESCREVE 
ESPALHA SEU PRÓPRIO BRILHO 
NASCE ENTÃO UMA TRILHA 
E NÃO A PRISÃO DE UM TRILHO" 
 
(Tulio Anderson - Cordel de Penal I) 
 
 
====================================================== 
 
"O conhecimento necessariamente passa pelo ato de humildade e 
disciplina intelectual". 
 
(Paulo Freire) 
 
====================================================== 
 
"Advirto ao leitor de que estas anotações devem ser lidas pausadamente; 
desconheço a arte de ser claro para quem não deseje ser atento" 
 
 
2 
(Jean-Jacques Rousseau - Do Contrato Social) 
 
================================================================= 
 
"Deus criou pra cada um seu próprio dom 
E junto com cada talento uma missão 
Pra uns a força, a astúcia, a fama e o poder 
Pra outros deu a inquietude do saber" 
 
 
(César Lemos - Criação Divina) 
 
================================================================= 
 
CESARE BECCARIA 
 
Dos Delitos e da Penas – 1.764 
 
 
Quereis evitar os delitos? 
 
Fazei com que as leis sejam claras e simples, e que toda a força da nação esteja 
empenhada em defendê-las (...). 
 
Fazei com que as leis favoreçam menos as classes dos homens que os homens 
mesmos. Fazei com que os homens as temam e não temam mais que a elas. O 
temor das leis é saudável, mas o de homem a homem é fatal e fecunda delitos (...). 
 
 
Beccaria propôs uma política criminal baseada em cinco (05) pilares: 
 
1 – Leis claras e simples 
 
2 – Predomínio da liberdade e da razão sobre o obscurantismo. 
 
3 – Exemplar funcionamento da justiça (livre de corrupções). 
 
4 – Recompensas ao cidadão honesto. 
 
5 – Elevação dos níveis culturais e educacionais do povo. 
 
================================================================= 
 
3 
 
ESTRUTURA DO DIREITO PENAL 
 
1 – MISSÃO FUNDAMENTAL 
2 – LEIS e NORMAS 
3 – FATO PENALMENTE RELEVANTE 
4 – SUJEITO ATIVO 
 
================================================================= 
 
PRINCÍPIOS PENAIS 
 
 
PRINCÍPIOS PARA A CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DA NORMA PENAL 
 
Princípios são os fundamentos orientadores do direito penal e de suas normas 
sancionadoras. 
 
Não há uma relação fechada de princípios penais. 
 
Os princípios funcionam como um limitador do poder do Estado contra o indivíduo. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
I - PRINCÍPIOS RELACIONADOS À MISSÃO FUNDAMENTAL DO 
DIREITO PENAL 
 
1 - PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO A BENS JURÍDICOS. 
 
Bens Jurídicos são aqueles de titularidade indeterminada. 
 
O Código Penal enumera os bens jurídicos tutelados, tais como: 
 
VIDA - INTEGRIDADE FÍSICA – SAÚDE – HONRA - LIBERDADE INDIVIDUAL – 
PATRIMÔNIO - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO - SENTIMENTO RELIGIOSO - RESPEITO 
AOS MORTOS - DIGNIDADE SEXUAL – FAMÍLIA – CASAMENTO - INCOLUMIDADE 
PÚBLICA - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL E ESTRANGEIRA - ADMINISTRAÇÃO 
DA JUSTIÇA - FINANÇAS PÚBLICAS. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
 
4 
2 - PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA. 
 
O princípio da intervenção mínima afirma que o Direito Penal deve intervir o menos 
possível na vida do sujeito. 
 
É responsável pela retirada de certas condutas que não possuem mais relevância 
face às mudanças sociais. 
 
Este princípio tem como fundamento a aplicação da pena com base em dois 
aspectos: NECESSIDADE e SUFICIÊNCIA. 
 
A lei penal somente deve ser aplicada levando-se em consideração a necessidade e 
a suficiência, ou seja, ela só será aplicada se houver necessidade e havendo 
necessidade só será aplicada o suficiente para coibir a conduta e prevenir o crime. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Art. 59 do CP 
 
Fixação da pena 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja NECESSÁRIO 
E SUFICIENTE para reprovação e prevenção do crime: 
 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Perdão Judicial 
 
Se o Juiz, nos casos do homicídio culposo, se convencer que o fato já causou 
sofrimento suficiente ao autor da conduta, poderá deixar de submeter o condenado 
à sanção penal, considerando que a mesma não é necessária. 
 
Art. 121 do CP - § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de 
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de 
forma tão grave que a sanção penal se torne DESNECESSÁRIA. 
 
 
5 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
O Direito Penal é SUBSIDIÁRIO e FRAGMENTÁRIO, características que têm origem 
no Princípio da Intervenção Mínima. 
 
Subsidiariedade: O direito penal só intervém em quando ineficazes os demais ramos 
do direito. 
 
Fragmentariedade: O direito penal só intervém no caso concreto naquele 
fragmento do fato que seja penalmente relevante, ou seja, quando houver 
relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão (ofensividade) ao bem jurídico 
tutelado. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
3 - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
 
O Princípio da Insignificância decorre da fragmentariedade da intervenção mínima. 
 
Requisitos para o reconhecimento do Princípio da Insignificância para o STF: 
 
1 - Mínima OFENSIVIDADE da conduta do agente. 
2 - Nenhuma PERICULOSIDADE da conduta. 
3 - Reduzido grau de REPROVABILIDADE do comportamento. 
4 - Inexpressiva LESÃO JURÍDICA. 
 
================================================================= 
 
II – PRINCÍPIOS RELACIONADOS À LEI PENAL 
 
1 - PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BRANDA. 
 
A lei penal que de qualquer modo beneficiar o agente alcançará fatos praticados 
antes de sua entrada em vigor, inclusive aqueles decididos por sentença transitada 
em julgado. 
 
----------------------------------------------------------------------------------------- 
 
É mandamento constitucional: 
 
Art. 5º da CF: 
 
 
6 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
--------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Está previsto no art. 2º do Código Penal Brasileiro: 
 
Lei penal no tempo 
 
Art. 2º (CP) - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. 
 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada 
em julgado. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
2 – PRINCÍPIO DA ULTRATIVIDADE 
 
A ultratividade da lei penal ocorre em três hipóteses: 
 
I – Quando revogada por uma lei mais rígida, a lei vai julgar os fatos cometidos 
DURANTE A SUA VIGÊNCIA, pois a lei penal nova mais rígida não pode retroagir 
para prejudicar o sujeito. 
 
II – No caso de LEI EXCEPCIONAL – Art. 3º do CP 
 
III – No caso de LEI TEMPORÁRIA – Art. 3º do CP 
 
--------------------------------------------------------------------------------------Lei excepcional ou temporária 
 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
3 - PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE OU DA DETERMINAÇÃO 
 
 
7 
A lei penal deve ser taxativa na descrição de sua aplicabilidade, evitando-se 
interpretações não autorizadas acerca do alcance da lei. É um princípio dirigido ao 
Legislador, para que o mesmo construa tipos penais sempre claros e não sujeitos a 
interpretações que não atendam ao espírito da lei. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
4 - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 
 
A lei penal incriminadora deve ser sempre anterior à conduta que deseja incriminar, 
ou seja, a lei penal incriminadora, em regra, somente se refere a fatos futuros. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Art. 1º do CP: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal. 
 
Art. 5º, XXXIX da CF: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal; 
 
================================================================= 
 
III - PRINCÍPIOS RELACIONADOS AO FATO PENALMENTE 
RELEVANTE 
 
 
1 - PRINCIPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO 
 
O Direito Penal lida com FATOS – Art. 2º do CP. 
 
O Estado só pode incriminar penalmente condutas humanas voluntárias, que sejam 
exteriorizadas pela ação ou omissão. 
 
Ninguém pode ser punido simplesmente pela cogitação. 
 
A conduta somente passa a ser punível com o início da execução inequívoca e 
idônea. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
2 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
8 
 
Art. 1º do CP: Não há CRIME SEM LEI anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal. 
 
Art. 5º, XXXIX da CF: Não há CRIME SEM LEI anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal; 
 
Somente haverá crime quando houver uma perfeita correspondência entre a 
conduta praticada e a anterior previsão legal. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
FUNDAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
A) – FUNDAMENTO POLÍTICO: O Poder Legislativo para a elaboração das leis penais, 
o Poder Judiciário para a aplicação das leis formuladas e do Poder Executivo para 
executar as sanções penais impostas. 
 
B) – FUNDAMENTO DEMOCRÁTICO: A sociedade escolhe as condutas que quer ver 
descritas em lei, através de seus representantes. 
 
C) – FUNDAMENTO JURÍDICO: Não poderá o Estado atuar de forma absoluta ou 
arbitrária, tendo o seu poder punitivo (“jus puniendi”) limitado ao direito positivo. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
3 – PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE 
 
Para que ocorra o delito é imprescindível RELEVANTE E INTOLERÁVEL lesão ou 
perigo de lesão (ofensividade) ao bem jurídico tutelado. 
 
A ofensividade se traduz no DANO ou PERIGO CONCRETO DE DANO ao bem jurídico. 
 
A ofensividade no CRIME CONSUMADO é caracterizada pelo DANO. 
 
A ofensividade no CRIME TENTADO é caracterizada pelo PERIGO DE DANO. 
 
Para que possamos saber se o crime foi tentado ou consumado é imprescindível que 
o bem jurídico atacado seja identificado. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
 
9 
4 - PRINCÍPIO DA VERDADE REAL OU VERDADE MATERIAL 
 
O Direito Penal tem como finalidade a busca da verdade material do fato e não a 
verdade processual. 
 
Daí decorre o Principio do "In dúbio pro reo". 
 
================================================================= 
 
IV - PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE ATIVO DO 
FATO 
 
 
1 – PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL DA CONDUTA 
 
O princípio da adequação social da conduta nos ensina que não pode ser 
considerada criminosa a conduta socialmente adequada ou reconhecida, ainda que 
tipificada na lei. 
 
É o caso da colocação de brincos em recém nascidos. 
 
A adequação social exclui a tipicidade da conduta. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
2 – PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 
 
O agente só pode ser responsabilizado pelo fato em virtude do DOLO ou da CULPA. 
 
Não há responsabilidade penal objetiva no direito penal, ela pressupõe dolo ou 
culpa. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
3 – PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA 
 
Constituição Federal 
 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
 
10 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade... 
 
-------------------------------------------------------------------- 
 
Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 
Art. 24 – Igualdade perante a lei 
 
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem 
discriminação alguma, à igual proteção da lei. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
IGUALDADE FORMAL: Todos são iguais perante a lei. 
 
IGUALDADE MATERIAL: A igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e 
desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
4 – PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PRESUNÇÃO DE CULPABILIDADE 
 
Art. 5º, LVII da Constituição Federal: 
 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória; 
 
Na verdade a Constituição não presume a inocência do sujeito. Ela simplesmente 
proíbe a presunção de culpabilidade. 
 
Convenção Americana de Direitos Humanos 
 
Art. 8º - Garantias judiciais 
 
Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma a sua inocência, 
enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
5 – PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE 
 
 
11 
A culpabilidade é a reprovabilidade da conduta de quem tem a capacidade genérica 
de entender e querer e, podia, nas circunstâncias em que o fato ocorreu, conhecer a 
sua ilicitude, sendo-lhe exigível comportamento que se ajuste ao direito. 
 
A culpabilidade representa uma falta de fidelidade do sujeito no tocante ao 
ordenamento jurídico. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
TEORIAS DA CULPABILIDADE 
 
 
A) – TEORIA NORMATIVA PURA OU TEORIA EXTREMADA DA 
CULPABILIDADE. 
 
Visualiza a norma atingida pela conduta. 
 
Adotada excepcionalmente pelo Direito Penal Brasileiro. 
 
B) – TEORIA PSICOLÓGICA OU TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE 
 
Visualiza a finalidade da conduta e as suas circunstâncias. 
 
Adotada em regra pelo Direito Penal Brasileiro 
 
 
 
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE (TEORIA PSICOLÓGICA) 
 
A) – IMPUTABILIDADE 
 
É o conjunto de condições pessoais, que conferem ao sujeito ativo a capacidade de 
discernimento e compreensão, para entender seus atos e determinar-se de acordo 
com esse entendimento. 
 
O direito penal só atribui pena ao SUJEITO IMPUTÁVEL. 
 
---------------------------------------------------------------------------------------------B) - POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE 
 
 
12 
É a noção que o agente tem da potencialidade de ilicitude da sua conduta. 
 
A medida da culpabilidade está ligada ao potencial conhecimento que o sujeito tem 
da ilicitude da conduta. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
C) - EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
 
Não se pode atribuir pena à conduta plenamente justificada no âmbito penal. 
 
Não se pode atribuir penalidade ao agente que não podia agir de outro modo. 
 
A noção de culpabilidade está estreitamente vinculada à possibilidade do sujeito 
evitar a prática da conduta ilícita, pois só se pode emitir um juízo de reprovação ao 
agente que não tenha evitado o fato incriminado quando lhe era possível fazê-lo. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
CARACTERÍSTICAS, EM REGRA, DA NORMA PENAL 
 
1 - IMPERATIVA: Não importam as circunstâncias da conduta, o autor dela 
responderá perante a lei penal. 
 
2 - GERAL: Tem vigência em todo território nacional, desde o momento de sua 
entrada em vigor. 
 
3 - IMPESSOAL: Não se referem a pessoas determinadas. 
 
4 - EXCLUSIVA: Somente a LEI PENAL INCRIMINADORA pode definir crimes e cominar 
sanções – (Art. 5º, XXXIX da CF e Art. 1º do CP) 
 
================================================================= 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS 
 
 
NÃO INCRIMINADORAS E INCRIMINADORAS 
 
 
1 - NÃO INCRIMINADORAS 
 
 
13 
A norma penal não incriminadora só possui o preceito primário e tem caráter 
procedimental, processual, conceitual. 
 
Podem ser: 
 
a) - Explicativas ou interpretativas - são as que esclarecem o conteúdo de outras 
normas ou fornecem princípios ou teorias gerais para a aplicação da lei penal. 
 
Ex.: Art. 63 do CP (conceito de reincidência) 
 
Art. 150, § 4º do CP (conceito de casa) 
 
Art. 327 do CP (conceito de funcionário público) 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
b) - Permissivas - Autorizam a prática de condutas típicas. 
 
b.1 - Genéricas 
 
Se referem a fatos de qualquer natureza. 
 
Ex.: Art. 23 do CP – Art. 24 do CP – Art. 25 do CP 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
b.2 – Específicas 
 
Se referem a fatos delimitados, específicos. 
 
Ex.: Art. 128 do CP – Art. 142 do CP 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
c - Exculpantes – Excluem a CULPABILIDADE do agente na prática da conduta. 
 
Ex.: Art. 20 do CP – Art. 21 do CP – Art. 22 do CP - Art. 26 do CP – Art. 27 do CP – Art. 
28, § 1º do CP 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
2 - INCRIMINADORAS 
 
14 
 
A norma penal incriminadora possui Preceito primário e Preceito secundário. 
 
O surgimento de leis penais incriminadoras no tempo pode gerar QUATRO EFEITOS 
bem definidos: 
 
a) - Definem novos tipos penais e cominam as respectivas sanções. (Novatio legis 
incriminadora) 
 
Não retroagirá para alcançar fatos passados 
 
Ex.: LEI 11.106/2005 – TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
b) - Excluem do mundo jurídico o fato penal. 
(Abolitio criminis) 
 
É a supressão do fato penalmente relevante do mundo jurídico. Essa lei tem o 
condão de retroagir para beneficiar o agente, inclusive atingindo a coisa julgada. 
 
A abolitio criminis faz desaparecer os efeitos penais, permanecendo os efeitos 
extrapenais. 
 
Ex.: LEI 11.106/2005 – RAPTO CONSENSUAL – SEDUÇÃO - ADULTÉRIO 
 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Diferença entre ABOLITIO CRIMINIS e PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA 
OU TÍPICA? 
 
Abolitio criminis: Existe uma revogação formal e supressão do conteúdo da figura 
criminosa. A intenção do legislador é não mais considerar o fato como criminoso. 
 
Ex.: SEDUÇÃO – RAPTO CONSENSUAL - ADULTÉRIO 
 
Princípio da continuidade normativa ou típica: Existe uma alteração formal, 
deslocando-se o conteúdo que permanece criminoso. A intenção do legislador é 
manter o fato como crime. 
 
Ex.: ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR 
 
 
15 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
c) - Pioram o tipo penal já existente. 
(Novatio legis in pejus) 
 
É a lei penal incriminadora mais rigorosa. Em virtude de agravar a situação do 
agente, não pode retroagir. Essa situação gera para a lei penal revogada (mais 
benéfica) o princípio da ultratividade. 
 
Ex.: Reforma do Código Penal nos crimes sexuais – Estupro: a pena foi majorada – 
Lei de Tóxicos: Tráfico (a pena foi majorada) – Lei dos Crimes Hediondos. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
d) - Melhoram o tipo penal já existente. 
 (Novatio legis in mellius) 
 
É a lei posterior mais benéfica ao agente e por isso mesmo tem como característica 
a retroatividade. 
 
Ex.: Lei de Tóxicos – Posse de Entorpecente: Não se atribui mais pena privativa de 
liberdade. 
 
================================================================= 
 
NORMAS PENAIS COMPLETAS E INCOMPLETAS 
 
1 – COMPLETAS 
 
Definem os tipos penais ou suas regras com todos os elementos imprescindíveis à 
sua aplicação. Não necessitam de qualquer complementação. 
 
2 - INCOMPLETAS 
 
NORMAS PENAIS EM BRANCO 
 
As normas penais em branco são aquelas que estabelecem as regras ou cominação 
penal, ou seja, a sanção penal, mas remetem a complementação para outras 
normas jurídicas para que possam ser aplicadas ao fato concreto. 
 
Dependem de complemento normativo ou valorativo. 
 
 
16 
Classificação 
 
A - Norma penal de PRECEITO PRIMÁRIO EM BRANCO. 
 
São aquelas em que a definição do tipo penal (preceito primário) exige 
complementação. 
 
Ex.: Art. 237 do Código Penal 
 
Conhecimento prévio de impedimento 
 
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que 
lhe cause a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
Os impedimentos estão previstos no art. 1.521 do Código Civil. 
------------------------------------------------------------------------------ 
 
A - Norma penal de PRECEITO SECUNDÁRIO EM BRANCO. 
 
São aquelas em que a descrição do tipo é completa, mas o preceito secundário, 
exige um complemento que se encontra em outro tipo penal. 
 
Ex.: Art. 304 do Código Penal. 
 
Uso de documento falso 
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se 
referem os arts. 297 a 302: 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
COMPLEMENTO NORMATIVO 
 
Espécies: 
 
A – IMPRÓPRIO OU EM SENTIDO AMPLO, LATO OU DE COMPLEMENTAÇÃO 
HOMOGÊNEA. 
 
 
17 
O complemento normativo emana do legislador. 
 
LEI complementa LEI. 
 
Espécies: 
 
1 – Homóloga ou Homovitelina 
 
LEI PENAL complementada por LEI PENAL. 
 
NORMA PRINCIPAL 
 
Exclusão de ilicitude 
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 
I - em estado de necessidade; 
 
II - em legítima defesa; 
 
 
COMPLEMENTO NORMATIVO 
 
Estado de necessidade 
 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de 
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, 
direito próprioou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se. 
 
Legítima defesa 
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
 
---------------------------------------------------------------------------------- 
 
NORMA PRINCIPAL 
 
Peculato 
 
 
18 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou 
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
COMPLEMENTO NORMATIVO 
 
Funcionário público 
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração 
Pública. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
2 - Heteróloga ou Heterovitelina 
 
LEI PENAL complementada por LEI CIVIL. 
 
 
NORMA PRINCIPAL 
 
Código Penal 
 
Conhecimento prévio de impedimento 
 
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe 
cause a nulidade absoluta: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
COMPLEMENTO NORMATIVO 
 
Código Civil 
 
Dos Impedimentos 
 
 
19 
Art. 1.521 - Não podem casar: 
 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
 
II - os afins em linha reta; 
 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do 
adotante; 
 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau 
inclusive; 
 
V - o adotado com o filho do adotante; 
 
VI - as pessoas casadas; 
 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
B – PRÓPRIA OU EM SENTIDO ESTRITO OU DE COMPLEMENTAÇÃO HETEROGÊNEA 
 
O complemento normativo não emana do processo legislativo constitucionalmente 
definido. 
 
Ex.: LEI PENAL complementada por um REGULAMENTO do Poder Executivo. 
 
------------------------------------------------------- 
 
NORMA PRINCIPAL 
 
LEI PENAL N° 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003 
 
Estatuto do desarmamento 
 
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
 
Art. 14 - Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, 
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda 
ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
20 
 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
------------------------------------ 
 
Porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
 
Art. 16 - Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter 
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou 
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
COMPLEMENTO NORMATIVO 
 
R-105 – Ministério do Exército 
 
REGULAMENTO PARA A FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOS CONTROLADOS 
 
Capítulo XX 
 
Produtos Controlados de Uso Proibido e Permitido 
 
Art. 161 - São armas, acessórios, petrechos e munições de USO PROIBIDO: 
 
a) - armas, acessórios, petrechos e munições iguais ou similares, no que diz respeito 
aos empregos tático, estratégico e técnico, ao material bélico usado pelas Forças 
Singulares ou Estrangeiras; 
 
..... até letra “ q” 
 
Art. 162 - São armas, acessórios, petrechos e munições de USO PERMITIDO: 
 
a) - espingardas e todas as armas de fogo, congêres de alma lisa, de qualquer 
modelo, tipo, calibre ou sistema; 
 
.... até letra “k” 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
COMPLEMENTO VALORATIVO 
 
21 
 
O Juiz no momento da análise do crime, vai VALORAR a circunstância para a 
adequação típica da conduta. 
 
Tipos penais abertos: 
 
RIXA 
 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO 
 
- Motivo TORPE 
- Meio CRUEL 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
FURTO – (Praticado durante o repouso noturno) 
 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Crimes culposos: O juiz é quem vai valorar a sua negligência, imprudência ou 
imperícia no caso concreto. 
 
================================================================= 
 
Heleno Fragoso, poeticamente, afirma que: 
 
"NORMAS PENAIS EM BRANCO SÃO COMO CORPOS ERRANTES À PROCURA DE 
ALMA" 
 
 
22 
(Revista Consulex - Ano XI n. 244 - 15 de março de 2007 - pg. 13) 
 
================================================================= 
 
RUBRICA DA LEI PENAL 
 
A – Nas normas penais não incriminadoras 
 
É a essência da norma, é o assunto de que trata o dispositivo. 
 
B – Nas normas penais incriminadoras 
 
É o nome jurídico do crime. 
 
================================================================ 
 
ANALOGIA 
 
Trata-se de uma extensão do conteúdo da norma aos casos analógicos 
correspondentes à vontade da lei. 
 
Tal espécie de interpretação é perfeitamente admitida, quando o próprio dispositivo 
legal permite que se aplique analogicamente o preceito. 
 
Diante do princípio da legalidade do crime e da pena, é inadmissível o emprego da 
analogia para criar tipos penais ou estabelecer suas respectivas penas. 
 
================================================================= 
 
 
ANÁLISE INDIVIDUALIZADA DOS ARTIGOS 
 
PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE 
 
 
Art. 1º - Não há crime sem LEI ANTERIOR que o defina. Não há pena sem PRÉVIA 
cominação LEGAL. 
 
 
Princípio inserido no inciso XXXIX do Art. 5º da Constituição Federal: 
 
 
23 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
 
Nenhum outro tipo de norma pode criar ou definir um tipo penal, somente a LEI em 
sentido estrito. 
 
A LEI PENAL INCRIMINADORA deve, em regra, ser ANTERIOR ao fato, tanto no que 
diz respeito ao tipo, quanto no que diz respeito à pena. Pode ser POSTERIOR ao fato 
para beneficiar o agente com a retroatividade. 
 
A LEI PENAL INCRIMINADORA será sempre anterior ao fato incriminado por ela. 
 
Legalidade + Anterioridade: Reserva Legal. 
 
Legalidade ligada ao fato. 
Anterioridade ligada à lei. 
 
O artigo 1º do Código materializa a seguinte expressão latina: 
 
“NULLUM CRIMEN, NULLA POENA, SINE LEGE” 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
A LEI PENAL INCRIMINADORA MENCIONADA NO ARTIGO 1º DO CÓDIGO PENAL 
DEVEPOSSUIR AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS: 
 
A) – LEI ESTRITA: Proíbe-se a utilização da analogia para a criação de tipos penais, 
para fundamentar ou agravar a pena. A lei deve ser aquela sujeita ao processo 
legislativo federal, constitucionalmente previsto. 
 
B) – LEI ANTERIOR: A lei penal incriminadora será sempre anterior ao fato por ela 
incriminado. Princípio da anterioridade. 
 
C) – LEI ESCRITA: O Brasil não admite o direito consuetudinário para fundamentação 
do crime ou da pena. 
 
D) – LEI CERTA: Essa característica exige do legislador que construa tipos penais 
claros e que não deixem dúvidas quanto à sua realização. Essa característica está 
ligada diretamente ao Princípio da Taxatividade ou da Determinação. 
 
 
24 
E) – LEI NECESSÁRIA: O Direito Penal só atua nos casos em que haja necessidade de 
sua intervenção. A necessidade dessa atuação está ligada diretamente ao Princípio 
da Intervenção Mínima. 
 
================================================================= 
 
A LEI PENAL NO TEMPO 
 
PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
 
Parágrafo Único: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos na sentença condenatória transitada 
em julgado. 
 
O fato de lei posterior deixar de considerar crime determinada conduta só atinge os 
efeitos penais, não atingindo os efeitos civis da sentença condenatória. 
 
CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
 
Teoria: "Tempus Regit Actum": A lei rege, em regra, os fatos praticados durante a 
sua vigência. 
 
Não pode, em regra, alcançar fatos ocorridos em período anterior ao início de sua 
vigência nem ser aplicada àqueles ocorridos após a sua revogação. 
 
Entretanto, apesar da teoria exposta, por disposição expressa da lei, é possível a 
ocorrência da retroatividade e da ultratividade da lei. 
 
Retroatividade da lei penal incriminadora mais benéfica é o fenômeno pelo qual 
uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência. 
 
Ultratividade da lei penal incriminadora é o fenômeno pelo qual uma norma 
jurídica, sem vigência, é aplicada a fato praticado durante a sua vigência, em três 
situações: 
 
a) - Após a sua revogação – lei mais benéfica. 
b) - Extinção do fato que motivou a sua criação – lei excepcional. 
c) - Encerramento do prazo estabelecido para a sua vigência – lei temporária. 
 
25 
 
Em havendo conflito de leis penais com o surgimento de novos preceitos jurídicos 
após a prática do fato delituoso, será aplicada sempre a lei mais favorável. 
 
O conflito real no tempo entre duas leis penais que tratam do mesmo assunto, sem 
que a posterior revogue expressamente a anterior é resolvido, EM REGRA, da 
seguinte maneira: VALE A LEI NOVA. 
 
Este fenômeno é conhecido como REVOGAÇÃO TÁCITA. 
 
Há, entretanto, a possibilidade da lei revogada continuar vigorando para julgar os 
fatos cometidos durante a sua vigência, obedecendo-se ao PRINCIPIO DA 
ULTRATIVIDADE, em razão da irretroatividade da lei mais rígida aplicada à lei 
revogadora. 
 
A lei penal mais benéfica será sempre dotada dos princípios da retroatividade e da 
ultratividade, sendo que o princípio da retroatividade surge no momento de sua 
vigência e o princípio da ultratividade surge no momento de sua revogação. 
================================================================= 
 
 
 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 
PASSADO PRESENTE FUTURO 
 
 
 
 Retroatividade 
 
 
Fatos ocorridos antes da 
entrada em vigor. 
 
Sempre para beneficiar. 
 
Vigência 
 
 
 
Regra 
 
“Tempus regit actum” 
 
 
 
 Ultratividade 
 
 
Fatos ocorridos durante a 
vigência da lei. 
 
1 – Para beneficiar. 
 
2 – Lei excepcional. 
 
3 – Lei temporária. 
 
26 
 
 
 
================================================================= 
 
PRINCÍPIO DA ULTRATIVIDADE 
 
Lei Excepcional ou Temporária 
(Leis Intermitentes) 
 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante a sua vigência. 
 
São chamadas de leis de vigência temporária. 
 
 
LEI EXCEPCIONAL 
 
Quando promulgada para satisfazer e enquanto persistir situação anormal 
(terremoto, guerra, epidemia), quando a situação deixa de existir, deixa também de 
vigorar a norma. 
 
LEI TEMPORÁRIA 
 
É a norma cuja vigência é predeterminada pelo legislador, tem data para entrar em 
vigor e data para deixar de vigorar. Terminado o prazo de vigência ela deixa de 
existir, sem a necessidade de uma nova lei revogadora. 
 
São leis dotadas de auto revogação, ou seja, não necessitam de uma lei nova para 
revogá-las. 
 
As leis temporárias e excepcionais possuem sempre ultratividade, pois vigoram para 
julgar os fatos praticados durante a sua vigência. 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
EXTRA ATIVIDADE DA LEI PENAL 
 
Ocorre quando a lei penal é utilizada fora do seu período de vigência. 
 
I - Retroatividade 
 
27 
II - Ultratividade 
 
================================================================= 
 
 
TEORIA DA ATIVIDADE 
 
Tempo do Crime 
 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda 
que outro seja o momento do resultado. 
 
Para o Código Penal Brasileiro existe uma teoria a respeito do tempo do crime: 
 
Teoria da Atividade 
 
APLICAÇÕES PRÁTICAS DA TEORIA DA ATIVIDADE: 
 
a) – Analisar a imputabilidade do sujeito (condutas praticadas por menores de 18 
anos.) 
 
Menores de dezoito anos 
 
Art. 27 (CP) - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
-------------------------------------------------------------------------- 
 
b) - Analisar as circunstâncias da vítima – Art. 121, § 4º (Aumento de pena se o 
crime é praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos). 
 
Homicídio simples 
 
Art. 121 - Matar alguém: 
 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
... 
 
Aumento de pena 
 
 
28 
4o - ... Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é 
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
-------------------------------------------------------------------------- 
 
c) - No caso de sucessão de leis penais no tempo: No momento da conduta 
vigorava a lei A e no momento da sentença existe a lei B que revogou a lei A. 
 
Quando há uma efetiva sucessão de leis penais, surge o conflito no tempo. 
 
Como decorrência do princípio da legalidade aplica-se, em regra, a lei penal vigente 
ao tempo da realização do fato criminoso (conduta). 
 
================================================================= 
 
TEORIA DA UBIQUIDADE, MISTA OU TEORIA DA UNIDADE 
 
Lugar do Crime 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se 
o resultado. 
 
Sabendo que um fato punível, pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou 
mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir 
qual é o âmbito territorial da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se 
relaciona com os outros países em matéria penal. 
 
Se em nossoterritório o ocorrer unicamente COGITAÇÃO, PREPARAÇÃO ou 
EXAURIMENTO do crime, o fato não interessa ao Direito Brasileiro. 
 
Só interessa ao direito brasileiro se a CONDUTA ou o RESULTADO ocorrer no Brasil, 
ou seja, tem que ocorrer pelo menos o início da execução. 
 
TEORIA DA PASSAGEM INOCENTE 
 
Na Hipótese da embarcação de propriedade particular estar apenas de passagem 
pela costa brasileira e ocorre um crime em mar territorial brasileiro, não se aplica a 
lei brasileira (art. 6º) em razão de um tratado internacional. 
 
================================================================= 
 
29 
 
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
 
A LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional 
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Territorialidade 
 
A regra é de que se aplica a lei penal brasileira a todos os crimes ocorridos no 
território brasileiro. 
 
Intraterritorialidade 
 
A exceção, ou seja, a possibilidade da não aplicação da lei brasileira aos crimes 
ocorridos no território nacional reside exatamente nos tratados, convenções e 
regras internacionais que podem dispor de forma diversa. 
 
Os tratados, convenções e regras internacionais criam "imunidades" as quais se 
materializam como uma exceção ao princípio da impessoalidade para a aplicação da 
lei penal. 
 
A imunidade diplomática é a prova de que o Brasil não adotou a Territorialidade 
Absoluta, mas sim a territorialidade relativa, mitigada, temperada. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
REGRAS SOBRE A EXTENSÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 
 
 
30 
a) - Embarcações e Aeronaves Públicas Brasileiras: ONDE QUER QUE SE 
ENCONTREM. 
 
b) - Embarcações e Aeronaves Privadas Brasileiras: EM TERRITÓRIO BRASILEIRO, EM 
ALTO MAR OU EM ESPAÇO AÉREO INTERNACIONAL - PRINCÍPIO DA BANDEIRA. 
 
c) - Embarcações e Aeronaves privadas Estrangeiras: EM TERRITÓRIO BRASILEIRO. 
 
d) - Embarcações e Aeronaves Públicas Estrangeiras: NÃO SE APLICA, EM REGRA, A 
LEI BRASILEIRA – PRINCÍPIO DA RECIPROCIDADE. 
 
================================================================= 
 
PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE 
 
Aplicação da lei brasileira a fatos ocorridos fora do território nacional 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
 
I - os crimes: (extraterritorialidade incondicionada) 
 
 
a) - contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 
b) - contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
 
c) - contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
 
d) - de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
 
II - os crimes: (extraterritorialidade condicionada) 
 
a) - que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 
b) - praticados por brasileiro; 
 
c) - praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
 
31 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
 
a) - entrar o agente no território nacional; 
 
b) - ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
 
c) - estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
 
d) - não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
 
e) - não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
 
(extraterritorialidade hipercondicionada) 
 
 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
 
a) - não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 
b) - houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
A extraterritorialidade permite que o autor da conduta criminosa seja penalizado 
tanto pela lei do país onde o crime foi cometido quanto pela lei brasileira, o que a lei 
brasileira não permite é o cumprimento da mesma pena duas vezes. 
 
A extraterritorialidade da lei brasileira consiste na possibilidade da aplicação da lei 
penal nacional a um fato ocorrido fora do Brasil. 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
O art. 7º divide as hipóteses de Extraterritorialidade: 
 
Extraterritorialidade incondicionada 
 
 
32 
Crimes previstos no inciso I – A lei brasileira vai alcançar o fato cometido no 
estrangeiro independente de qualquer requisito ou condição. 
 
Extraterritorialidade condicionada 
 
Crimes previstos no inciso II – A lei brasileira para alcançar o fato cometido no 
estrangeiro depende de algumas condições cumulativas: 
 
a) – Entrar o agente no território nacional. 
 
b) – Deve o fato ser punível também no país onde o fato foi praticado. 
 
c) – O crime deve estar descritos na Lei de Extradição. 
 
d) – Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ali cumprido a 
pena. 
 
e) - Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Extraterritorialidade Hipercondicionada 
(expressão criada pela doutrina) 
 
Depende das condições do § 2º mais as condições do § 3º. 
 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
 
a) - não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 
b) - houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Além das condições do § 2º ainda tem que obedecer às condições previstas nas 
alíneas “a” e “b”. 
 
Crime e Contravenção: O artigo 7º é taxativo e não inclui as contravenções penais 
nas infrações sujeitas à extraterritorialidade. 
 
================================================================= 
 
 
33 
PRINCÍPIO DO NÃO CUMPRIMENTO DA MESMA PENA DUAS VEZES 
 
“Ne bis in idem” 
 
Pena Cumprida no Estrangeiro 
 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo 
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
"DIZ UM PRINCÍPIO JURÍDICO 
ENTRE OUTROS O MAIS EXATO 
NÃO SE PUNE DUAS VEZES 
A PRÁTICA DO MESMO ATO" 
 
( Dr. Dimas Ribeiro da Fonseca - Livro: Derradeiros Cantos - A morte do enforcado - 
pg. 18) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há a possibilidade do sujeito ser condenado duas vezes pelo mesmo crime, na 
hipótese de extraterritorialidade, mas não pode cumprir a mesma penaduas vezes. 
 
O princípio contido no artigo 8º do Código Penal é o da proibição do cumprimento 
da mesma pena duas vezes, ou seja, o "ne bis in idem" no cumprimento da pena. 
 
Uma pena é idêntica à outra não pela sua quantidade mas pela sua qualidade. 
 
Penas idênticas: A pena do Brasil deve ser computada na pena cumprida no 
estrangeiro. 
 
Penas diversas: A pena do Brasil deve ser atenuada pela pena cumprida no 
estrangeiro. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Na TERRITORIALIDADE esse princípio é ABSOLUTO. 
 
34 
 
Na EXTRATERRITORIALIDADE esse princípio é RELATIVO, no que se refere ao 
processo e à condenação. 
 
================================================================= 
 
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na 
espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
 
Parágrafo único - A homologação depende: 
 
a) - para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
 
b) - para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de 
cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de 
requisição do Ministro da Justiça. 
 
A Sentença é ato de soberania do Estado e sua execução, em regra, só poderia ser 
promovida nos seus próprios limites territoriais, mas o Brasil pode homologar a 
sentença penal estrangeira de modo a torná-la exequível no território nacional. 
 
A homologação deve obedecer ao disposto nos arts. 787 e 790 do CPP, sendo de 
competência do STJ (Art. 105, I, “i” da CF). 
 
A homologação é realizada pelo Superior Tribunal de Justiça (E.C. 45) e é 
imprescindível para: 
 
a) - Obrigar o condenado aos efeitos civis. 
 
b) - Sujeitar o condenado à medida de segurança. 
 
A homologação, para a produção de efeitos civis, dependerá de requerimento da 
parte interessada. 
 
================================================================= 
 
 
35 
CONTAGEM DE PRAZO 
 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os 
meses e os anos pelo calendário comum. 
 
Incluir o dia do começo no cômputo da pena, significa dizer que não importa se o 
prazo começou a correr em domingo ou feriado, computando-se um ou outro como 
primeiro dia. 
 
Os prazos penais são improrrogáveis. 
 
Contar o prazo pelo calendário comum significa dizer que não importa se o mês tem 
28, 29, 30 ou 31 dias, pois o mesmo é calculado a partir do dia determinado até a 
véspera do mesmo dia, no mês seguinte. 
 
Da mesma forma, um ano é contado de certo dia até a véspera do dia idêntico no 
mesmo mês do ano seguinte. 
 
Os prazos processuais são prorrogáveis. 
 
Exclui-se o dia do começo. 
 
Súmula 310 do STF - Prazos processuais 
 
"Se o dia do começo for domingo ou feriado, o primeiro dia do prazo será o primeiro 
dia útil subsequente." 
 
================================================================= 
 
 
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS NA PENA 
 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de 
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro*. 
 
As frações de dia são as horas. 
 
* As frações do real são os centavos. 
 
Não interessa a que horas o prazo começou a correr, conta-se o dia para efeito da 
contagem de prazo. 
 
 
36 
================================================================= 
 
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
 
Legislação Especial 
 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei 
especial, se esta não dispuser de modo diverso. 
 
Lei penal comum é o Código Penal. 
 
Lei penal especial é a norma que contém todos os elementos da lei geral e mais o 
elemento especializante. 
 
Em razão do Principio da Especialidade, se a lei especial dispõe de modo diverso, 
vale a lei especial. 
 
O princípio da especialidade consiste na aplicação da norma penal mais específica 
em relação à norma penal mais genérica. 
 
O Infanticídio (art. 123 do CP), por exemplo, é norma especial em relação ao 
homicídio (art. 121 do CP), pois acrescenta vários requisitos à norma geral. 
 
Conflito Aparente de Normas 
 
Existe o conflito aparente de normas penais quando duas ou mais normas parecem 
regular um mesmo fato. 
 
Requisitos do conflito aparente de normas 
 
a) - Unidade do fato: apenas uma infração penal. 
 
b) - Pluralidade de normas penais: duas ou mais normas regulando a matéria. 
 
c) - Aparente aplicação de todas as normas. 
 
d) - Efetiva aplicação de apenas uma das normas, pois o conflito é aparente. 
 
================================================================= 
 
 
 
 
37 
 
 
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
 
Especial é a norma que possui todos os elementos da geral e mais alguns 
denominados especializantes, os quais acrescentam à norma geral alguns requisitos 
específicos. 
 
Afasta-se, desta forma, o "bis in idem", pois o comportamento do sujeito só é 
enquadrado na norma incriminadora especial, embora também descrito pela geral. 
 
Exemplos: 
 
1) – Contrabando e Tráfico de Substância Entorpecente 
 
CÓDIGO PENAL 
 
Contrabando 
 
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela 
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 
13.008, de 26.6.2014) 
 
... 
 
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. 
 
Tráfico de substância entorpecente 
 
Art. 33 - Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
--------------------------------------------------------- 
 
 
38 
2) – Homicídio Culposo 
 
CÓDIGO PENAL 
 
Art. 121 ... 
 
Homicídio culposo 
 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
... 
 
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997. 
 
Institui o Código de Trânsito Brasileiro. 
 
Art. 302 - Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
... 
 
CÓDIGO PENAL 
 
Lesão corporal 
 
Art. 129 ... 
 
Lesão corporal culposa 
 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
..... 
 
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997. 
 
Institui o Código de Trânsito Brasileiro. 
 
39 
 
Art. 303 - Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
 
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
...................................................................................... 
 
3) – Incêndio em mata ou floresta. 
 
CÓDIGO PENAL 
 
Incêndio 
 
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o 
patrimônio de outrem: 
 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
 
Aumento de pena 
 
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço: 
 
I - ... 
 
II - se o incêndio é:h) ... em lavoura, pastagem, mata ou floresta. 
 
Incêndio culposo 
 
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
 
... 
 
LEI DE CRIMES AMBIENTAIS 
 
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 
 
Art. 41 - Provocar incêndio em mata ou floresta: 
 
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
 
40 
 
Parágrafo único - Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um 
ano, e multa. 
 
================================================================ 
 
 
TEORIA DO CRIME 
 
 
O conceito de crime deve ser entendido em três aspectos: 
 
a) - Material 
b) - Legal 
c) - Formal ou Analítico 
 
O aspecto MATERIAL define o crime como sendo toda conduta que causa dano ou 
perigo de dano a bens jurídicos penalmente relevantes. 
 
O aspecto LEGAL está materializado pela redação do art. 1º do Código Penal: “Não 
há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. 
 
O aspecto FORMAL ou ANALÍTICO leva em consideração as circunstâncias da prática 
da conduta. 
 
================================================================= 
 
TIPO PENAL 
 
Tipo penal é a previsão da conduta penalmente relevante na lei. 
 
É abstrato. 
 
FUNÇÕES DO TIPO PENAL 
 
A) - GARANTIA: Em decorrência do princípio da legalidade, somente a lei penal pode 
criar um tipo penal e atribuir a ele uma sanção. Isso funciona com uma garantia ao 
indivíduo, limitando o poder punitivo do Estado. 
 
B) - FUNDAMENTADORA: É a previsão da conduta penalmente relevante que 
fundamenta o “jus puniendi”. 
 
 
41 
C) - ILICITUDE FORMAL: A prática de qualquer tipo penal leva à presunção da 
ilicitude da conduta. 
 
D) - SELETIVA: Cabe o tipo penal, previsto no Código Penal ou em outra lei penal, 
selecionar as condutas penalmente relevantes. 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
ESTRUTURA DO TIPO PENAL 
 
Os tipos penais possuem três elementos essenciais: 
 
A) - DESCRITIVO: É a conduta que deve ser praticada para a existência do tipo penal. 
 
A conduta pode estar descrita de forma mononuclear ou plurinuclear. 
 
B) - NORMATIVO: Aponta o elemento que torna a conduta penalmente relevante, 
ou seja, é o elemento que leva a conduta praticada para a norma. Define o resultado 
alcançado pela conduta do agente. 
 
C) - SUBJETIVO: É o dolo ou a culpa. É o ânimo do sujeito quando da prática da 
conduta. 
 
TIPOS PENAIS CONGRUENTES E INCONGRUENTES 
 
1 - TIPOS CONGRUENTES SIMÉTRICOS ou apenas CONGRUENTES 
 
Tipos penais que não apresentam a descrição literal do elemento subjetivo. 
 
Art. 121 do CP – Homicídio 
 
Matar alguém 
 
Matar: Elemento Descritivo: conduta 
 
Alguém: Elemento Normativo: resultado 
 
Nesse caso o elemento subjetivo, ou seja, o dolo está implícito no tipo. 
 
------------------------------------------------------ 
 
2 - TIPOS INCONGRUENTES ASSIMÉTRICOS ou apenas INCONGRUENTES. 
 
42 
 
Tipos penais que descrevem literalmente o elemento subjetivo. 
 
Art. 155 do CP – Furto 
 
Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. 
 
 
No crime de furto (art. 155 do CP), não basta a simples subtração da coisa móvel 
(descrição da conduta). 
 
A coisa deve ser alheia (elemento normativo). 
 
E ainda que a subtração ocorra com o ânimo do agente de assenhorar-se da coisa 
para si ou para outrem (elemento subjetivo). 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
ESPÉCIES DE TIPOS PENAIS 
 
Os tipos penais podem sofrer variações de conformidade com as circunstâncias em 
que a conduta é praticada. Daí a seguinte divisão básica: 
 
A) - TIPO FUNDAMENTAL OU BÁSICO: É aquele que retrata a forma mais simples da 
conduta. Em regra está situado no "caput" do artigo. 
 
B) - TIPO DERIVADO: É aquele que tem como base o tipo fundamental, modificando 
a sua penalização de conformidade com as circunstâncias em que a conduta é 
praticada. 
 
Pode ser divididos em: 
 
B.1 - TIPO PRIVILEGIADO 
 
O homicídio praticado nas circunstâncias do art. 121, § 1º é chamado de homicídio 
privilegiado. 
 
O furto praticado nas circunstâncias do art. 155, § 2º é chamado de furto 
privilegiado 
 
B.2 - TIPO QUALIFICADO – Possui pena própria 
 
 
43 
O homicídio praticado nas circunstâncias do art. 121, § 2º é chamado de homicídio 
qualificado. 
 
O furto praticado nas circunstâncias do art. 155, § 4º é chamado de furto 
qualificado. 
 
C) - TIPO FECHADO: É aquele que possui uma descrição minuciosa da conduta. É 
aquele que aborda os detalhes pertencentes ao crime para a sua completa 
definição. 
 
Ex.: Art. 121 – Matar Alguém 
 
D) - TIPO ABERTO: É aquele que não define os detalhes da conduta. Cabe ao Estado 
a análise do caso concreto para que se possa complementar a tipicidade da conduta 
mediante um juízo de valor. 
 
Ex.: Rixa - Crime Culposo 
 
Exigem complementação por parte do Estado. 
 
E) - TIPO SIMPLES: É aquele que possui apenas um núcleo, apenas um verbo 
definindo a conduta do agente. 
 
Ex.: Art. 121: Matar alguém. 
 
F) - TIPO MISTO: É aquele em que a lei descreve vários núcleos da conduta. 
 
É também chamado de crime de ação múltipla ou plurinuclear. 
 
O tipo misto pode ser classificado em: 
 
F.1 - Tipo misto cumulativo 
 
É aquele que prevê várias condutas, mas sem fungibilidade entre elas, significando 
que cada núcleo poderia ser previsto como um tipo penal autônomo. 
 
Aplica-se ao tipo misto cumulativo a regra do crime continuado. 
 
Ex.: Art. 242 (CP) - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de 
outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito 
inerente ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) 
 
 
44 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
 
(Art. 71 do CP – Continuidade delitiva – a pena é aumentada de 1/6 a 2/3) 
 
F.2 - Tipo misto alternativo 
 
 É aquele que prevê várias condutas porém há uma fungibilidade entre os seus 
diversos núcleos, sendo indiferente a realização de qualquer um deles, pois o delito 
continua único. 
 
Ex.: Art. 122 (CP) - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio 
para que o faça. 
 
================================================================= 
 
 
 
 
 
 
FATO TÍPICO 
 
Conceito: É um dos elementos do crime. É um fato humano, indesejado, consistente 
em uma conduta, promotora de um resultado e que se ajusta formal e 
materialmente ao tipo penal. 
 
Fato típico é a ocorrência do tipo penal. 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO: 
 
a) - Conduta 
b) - Resultado 
c) - Nexo Causal 
d) - Tipicidade 
 
========================================================== 
 
a) - CONDUTA 
 
É o comportamento humano, voluntário, consistente em uma ação ou uma omissão 
e tal comportamento pode ser doloso ou culposo. 
 
 
45 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
ELEMENTOS DA CONDUTA 
 
I - VONTADE: A conduta penalmente relevante é sempre praticada sob o domínio da 
vontade. 
 
II - FINALIDADE: A conduta é sempre dirigida a um fim. 
 
III - EXTERIORIZAÇÃO: Ninguém pode ser punido pela cogitação, a conduta tem que 
ser exteriorizada em virtude da aplicação do princípio da "materialidade do fato". 
 
IV - CONSCIÊNCIA: A conduta, dolosa ou culposa, é sempre praticada com 
consciência por parte do sujeito. Sem essa consciência a conduta é penalmente 
irrelevante. 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
TEORIAS DA CONDUTA 
 
 
A - NATURALISTA OU CAUSAL: Sóa conduta é causa de crime. O crime é natural da 
conduta. (Art. 13 do CP.) 
 
B - SOCIAL: A conduta é a realização de um evento socialmente relevante do ponto 
de vista jurídico. Confirma que o direito penal só se importa com a proteção de bens 
jurídicos. 
 
C - FINALISTA: A conduta é uma atividade humana dirigida a um fim. A finalidade da 
conduta nos revela se ela é DOLOSA ou CULPOSA. 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
MOMENTOS DA CONDUTA 
 
 
1 - MOMENTO INTERNO 
 
1.1 - COGITAÇÃO 
 
Na cogitação é que vamos encontrar o DOLO. 
 
 
46 
A COGITAÇÃO, por si só, não é punível pela legislação penal brasileira, mas após a 
conduta ser executada, leva-se em consideração o momento interno para 
estabelecer a sua punição. 
 
A cogitação pode ser dividida em três momentos: 
 
A) - IDEALIZAÇÃO: O sujeito tem a ideia de praticar a conduta. 
 
B) - DELIBERAÇÃO: O agente avalia as vantagens e as desvantagens de sua conduta. 
 
C) - RESOLUÇÃO: O sujeito decide pela prática da conduta. 
 
------------------------------------------------------------------------------ 
 
2 - MOMENTO EXTERNO 
 
2.1 - PREPARAÇÃO 
 
O sujeito se prepara materialmente para a prática da conduta cogitada. 
 
A PREPARAÇÃO, embora pertença ao momento externo da conduta, não é punível 
pela legislação penal brasileira. 
 
2.2 - EXECUÇÃO 
 
A CONDUTA só está sujeita à aplicação da lei penal a partir do início da execução. 
 
A execução da conduta pode ser realizada através da Ação ou da Omissão 
 
O ato executório deve possuir duas características: 
 
A) – INEQUÍVOCO 
 
B) – IDÔNEO 
 
 
========================================================== 
 
b) - RESULTADO 
 
 
É a consequência da conduta. 
 
47 
 
É a ofensa sofrida pelo bem jurídico. 
 
É o dano ou o perigo de dano que o bem jurídico sofre em virtude da conduta. 
 
Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela 
norma. 
 
Dano: resultado do crime consumado 
 
Perigo de Dano: resultado do crime tentado 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
TEORIAS DO RESULTADO 
 
Duas são as teorias que explicam a natureza do resultado: 
 
A) - TEORIA NATURALISTA 
 
É a modificação visível do mundo exterior provocado pela conduta. 
 
Resultado naturalístico - Ocorre nos crimes materiais. 
 
B) - TEORIA NORMATIVA 
 
É a descrição na norma da lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico. 
 
É o resultado previsto na norma. 
 
Para que ocorra o resultado normativo não é necessário que o bem jurídico seja 
efetivamente atingido pela conduta. Nesses casos o resultado se configura com a 
prática da conduta. O resultado está previsto na norma jurídica. 
 
Resultado normativo - Ocorre nos crimes formais. 
 
================================================================ 
 
TIPICIDADE 
 
A tipicidade é a adequação perfeita do fato típico com a descrição contida na lei. 
 
 
48 
A TIPICIDADE pode ser classificada em: 
 
A) – TIPICIDADE DIRETA 
 
Entre o fato e o tipo incriminador ocorre ajuste direto, sem necessidade de normas 
auxiliares. 
 
Ex.: Art. 121 do CP: “Matar alguém” – “A” matou “B”. 
 
B) – INDIRETA OU MEDIATA 
 
Entre fato e tipo incriminador ocorre ajuste indireto, necessita de uma norma 
auxiliar. 
 
Ex.: Art. 121 do CP: “Matar alguém” – “A” tentou matar “B”. 
 
Norma auxiliar: Art. 14, II 
 
Fato: “A” matou “B” induzido por “C”. 
 
“A”: Tipicidade direta 
 
“C”: Art. 29 do CP: Tipicidade indireta. 
 
Norma auxiliar: Art. 29 
 
 
================================================================ 
 
NEXO CAUSAL 
 
Relação de causalidade 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável 
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido. 
 
Conceito: É o nexo causal, vínculo entre conduta e resultado. 
 
Elemento físico ou jurídico que liga a conduta ao resultado. 
 
 
49 
A redação do caput do art. 13, adota a CAUSALIDADE SIMPLES, ou seja, coloca todas 
as causas concorrentes no mesmo nível de importância em seu valor. 
 
A relação de causalidade simples é definida pela TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS 
ATOS ANTECEDENTES ou TEORIA DA CAUSALIDADE SIMPLES ou TEORIA DA 
“CONDITIO SINE QUA NON”, propiciando um retorno mental ao infinito. 
 
Para que um acontecimento ingresse na relação de causalidade, não basta mera 
dependência física. Exige-se ainda a "causalidade psíquica", ou seja, é necessário 
que nesse acontecimento haja a presença do dolo ou da culpa por parte do agente 
em relação ao resultado. 
 
Daí surge a TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA a qual nos ensina que mesmo sendo 
causa, a responsabilidade do agente depende da sua voluntariedade (dolo ou culpa) 
em relação ao resultado. É exatamente a causalidade psíquica. 
 
Pode-se também eliminar os fatos que, embora tenham contribuído para o fato não 
podem ser punidos pois não foram dirigidos ao resultado. 
 
============================================== 
 
CONCAUSAS 
 
 
SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE 
 
Art. 13: ... 
 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou. 
 
 
O § 1º do art. 13 trata do estudo das "CONCAUSAS". 
 
CONCAUSA: É a convergência de uma causa externa à vontade do sujeito ativo da 
conduta, influindo na produção do resultado por ele desejado. 
 
A concausa ocorre quando se verifica uma interrupção de causalidade, ou seja, 
quando sobrevém uma causa que, sem cooperar propriamente com a conduta, 
produz, por si só, o resultado. 
 
 
50 
Ex.: O sujeito leva um tiro e sofre uma cirurgia. Quando está no quarto o teto cai em 
cima do paciente em virtude de um incêndio. 
 
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA 
 
Não basta que o acontecimento anterior tenha contribuído "de qualquer forma para 
o resultado", é imprescindível que o acontecimento anterior tenha ocorrido de 
forma "adequada" a causar o resultado. 
 
A teoria da causalidade adequada exclui a concausa. 
 
================================================================ 
 
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO 
 
Art. 13: ... 
 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir 
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
 
a) - tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 
b) - de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 
c) - com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
------------------------------------------------------------------------------------------ 
 
A) - TENHA POR LEI OBRIGAÇÃO DE CUIDADO, PROTEÇÃO OU VIGILÂNCIA; 
 
O dever de evitar o resultado é sempre um dever legal, ou seja, o dever é derivado 
de uma norma jurídica. 
 
B) - DE OUTRA FORMA, ASSUMIU A RESPONSABILIDADE DE IMPEDIR O 
RESULTADO; 
 
A posição de garantia surge para todo aquele que, por ato voluntário, capta a 
confiança dos possíveis afetados por resultados perigosos, assumindo com estes, a 
título oneroso ou não, a responsabilidade de intervir, quando necessário, para 
impedir o resultado lesivo. 
 
 
51 
C) - COM SEU COMPORTAMENTO ANTERIOR, CRIOU O RISCO DA OCORRÊNCIA DO 
RESULTADO. 
 
Quem produz o perigo no meio social, tem o dever jurídico de atuar para evitar o 
resultado. 
 
O comportamento, criador do perigo, pode ser conforme ou contrário à lei, doloso 
ou culposo, punível ou não. Sua qualificação jurídica é irrelevante.--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
OMISSÃO IMPRÓPRIA OU CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO 
 
É a omissão prevista no art. 13, § 2º do CP. 
 
O resultado do crime omissivo impróprio é NATURALÍSTICO. 
 
OMISSÃO PRÓPRIA OU CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS 
 
É a omissão prevista no tipo penal. 
 
O resultado do crime omissivo próprio é NORMATIVO. 
 
Exemplos 
 
Omissão de Socorro 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo 
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da 
autoridade pública: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
------------------------------------------------------ 
 
Abandono intelectual 
 
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade 
escolar: 
 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
52 
 
------------------------------------------------------ 
 
Omissão de notificação de doença 
 
Art. 269 – Deixar, o médico, de denunciar à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
------------------------------------------------------ 
 
Prevaricação 
 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
------------------------------------------------------ 
 
Art. 319-A – Deixar, o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu 
dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que 
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: 
 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
------------------------------------------------------ 
 
Condescendência criminosa 
 
Art. 320 – Deixar, o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado 
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não 
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
================================================================ 
 
 
CRIME 
 
53 
 
 
 
ELEMENTOS 
 
Há duas posições quanto aos elementos do crime: 
 
A) - TRIPARTIDA: Fato típico - ilicitude - culpabilidade 
 
B) - BIPARTIDA: Fato típico - ilicitude 
 
Para a posição bipartida a culpabilidade já está inserida na tipicidade, ou seja, na 
conduta que é um dos elementos do fato típico. 
 
================================================================= 
 
ILICITUDE 
 
Ilicitude é a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o 
ordenamento jurídico, capaz de causar dano ou perigo de dano a um bem 
juridicamente protegido. 
 
O juízo de ilicitude é posterior e dependente da tipicidade. Assim podemos concluir 
que tudo fato ilícito é necessariamente típico. 
 
A ilicitude pode ser: 
 
a) - Formal 
b) - Material 
 
ILICITUDE FORMAL: é a simples contradição entre o fato praticado e o sistema 
jurídico em vigor. É a conduta que se coloca em oposição ao direito. É a ilicitude 
encontrada no TIPO PENAL E NO FATO TIPICO. 
 
ILICITUDE MATERIAL: É conteúdo material do injusto é a essência da ilicitude. É a 
ofensa aos valores necessários à preservação da ordem e da paz social. É a ilicitude 
encontrada no CRIME. 
 
================================================================= 
 
SUJEITOS DO CRIME 
 
 
54 
SUJEITO ATIVO 
 
1 – AUTOR 
 
Autor é quem realiza, direta ou indiretamente, a conduta descrita no tipo. 
 
TEORIA RESTRITIVA 
 
Teoria que prevalece no Direito Penal Brasileiro. 
 
1.1 – AUTOR IMEDIATO: Pratica diretamente a conduta descrita no tipo. 
 
1.2 – AUTOR MEDIATO: Pratica indiretamente a conduta descrita no tipo. 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
CLASSIFICAÇÃO DO AUTOR 
 
COMUM: É aquele em que o AUTOR não necessita de nenhuma qualidade especial 
para que possa cometer o crime. 
 
Ex: Homicídio, furto, roubo (crimes comuns) 
 
QUALIFICADO: É aquele em que o AUTOR deve possuir uma qualidade especial para 
que possa cometer o crime. 
 
Ex: Peculato, bigamia (crimes próprios) 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
 
2 – PARTÍCIPE 
 
É o coadjuvante do crime. Aquele que pratica condutas acessórias, dirigidas ao 
crime. 
 
TEORIA DA ACESSORIEDADE MÉDIA OU LIMITADA. 
 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
PESSOA JURÍDICA 
 
 
55 
Segundo os arts. 173, § 5º (Crimes contra a Ordem econômica e financeira) e 225, § 
3º (Crimes Ambientais) ambos da Constituição Federal, as pessoas jurídicas podem 
ser sujeito ativo de crime. 
 
DIREITO PENAL COLETIVO 
 
Com a possibilidade da pessoa jurídica ser SUJEITO ATIVO de crime, no que se refere 
ao meio ambiente e à ordem econômica e financeira, surge o fenômeno conhecido 
como Direito Penal Coletivo. 
 
Quando o bem jurídico atingido pela conduta é DIFUSO, ou seja, não há como 
individualizar a sua titularidade, como é o caso do MEIO AMBIENTE, a pessoa 
jurídica pode sofrer sanções penais diferenciadas, ou seja, fogem do comum das 
penas privativas de liberdade. 
 
Ex.: Interdição de atividade, cassação de licença para funcionamento, multas e 
outras, desde que previstas em lei. 
 
Os bens jurídicos penais de natureza difusa se referem à sociedade como um todo, 
portanto, indisponíveis. 
 
---------------------------------------------------------------------------------------- 
 
 
SUJEITO PASSIVO 
 
É, em regra, o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta típica. 
 
O sujeito passivo pode ser: 
 
CONSTANTE OU GERAL: É o Estado. 
 
EVENTUAL OU PARTICULAR: O titular do direito ofendido. 
 
O sujeito passivo também pode ser COMUM e QUALIFICADO. 
 
 
O CADÁVER não pode ser sujeito passivo de crime, pois não é titular de direitos. 
 
Nos crimes previstos do art. 209 ao art. 212 do Código Penal, no capítulo de crimes 
contra o respeito aos mortos, os ofendidos ou vítimas são seus familiares e a própria 
sociedade. 
 
56 
 
================================================================= 
 
 
 
SEGUNDO BIMESTRE 
 
 
 
 
 
 
 
CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
 
Pena de tentativa 
 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado diminuída de um a dois terços. 
 
--------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
CRIME CONSUMADO 
 
Principio da Ofensividade 
 
Tipicidade Direta 
 
 
"ITER CRIMINIS" 
 
"Iter Criminis": É o itinerário que o crime percorre desde o momento da ideia da sua 
realização até a sua consumação. 
 
 
57 
 
================================================================= 
 
CRIME PLURISSUBSISTENTE 
 
No seu “iter criminis” a execução e a consumação estão em fases distintas, 
admitindo-se fragmentação e consequentemente a tentativa. 
 
Cogitação Preparação Execução Consumação 
 
 
 
CRIME UNISSUBSISTENTE 
 
No seu “iter criminis” a execução e a consumação estão

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