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Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA – Ideias Filosóficas Contemporâneas Docente: Rafael Lucas de Lima Discente: Acson de Freitas Braz – Radialismo (2013.2). John Stuart Mill – A Liberdade, Capítulo II. Artigo sobre a perspectiva de Mill acerca da liberdade de pensamento e expressão. Stuart Mill afirma de uma forma ampla a importância da liberdade de pensamento e de opinião para as atividades da mente, pois o comportamento lógico e racional (para ele fonte de tudo que é respeitável no homem como ser intelectual e moral) pressupõe aos acertos dos erros. Estes, para serem consertados, precisam da experiência e discussão com os outros desse conhecimento, especialmente em assuntos como religião, política, relações sociais, ocupações de vida, que não permitem verdades matemáticas e em relação ao qual o método da compreensão requer o balanço, antecipar o juízo que Stuart Mill sabe que é difícil, entre séries de causas opostas. Stuart Mill vê assim na liberdade de pensamento e discussão a condição para o contínuo estímulo da atividade intelectual e do avanço humano, atraindo a atenção para o questionamento de verdades que acabam virando dogmas mortos, e não verdades vivas, quando não discutidas livremente. Mill também fala que as doutrinas contraditórias têm cada uma, parte da verdade, e que é no choque das ideias que a opinião não verdadeira pode ser ajustada e a opinião verdadeira garantida. Daí o sentido da lógica do diálogo socrático das disputas intelectuais da Idade Média e até da função, reconhecido pela Igreja Católica, do defensor do diabo nos métodos de beatificação de santos. Sufocar a opinião, ou seja, tentar tirar a opinião do pensamento, para o autor, sempre seria em qualquer que seja as hipóteses um mal, pois segundo a sua afirmação. É necessário considerar separadamente essas duas hipóteses, a cada uma das quais corresponde que um ramo distinto da argumentação. Nunca podemos estar seguros de que a opinião que procuramos sufocar seja falsa; e... Se estivéssemos seguros, sufocá-la seria ainda um mal. (MILL, 1952a, p. 44) Para o autor, a opinião que se arrisca eliminar por meio da autonomia poderia ser real. Os que almejam acabar com essa opinião negam com certeza o fato, porém eles não são certo, nem possuem uma autonomia para decidir ao tema para a humanidade, nem muito menos para tentar abandonar os outros das instancias da avaliação. Não aceitar ter percebido uma opinião por achar que essa opinião não seja verdadeira, é concluir que a sua certeza seja sempre absoluta e assim fazer um ponto final ao questionamento ou discussão dessa opinião. Para a defesa da Liberdade de pensamento e de expressão, Mill entende que para o bem-estar da humanidade é necessário a livre expressão do pensamento, e que se deve silenciar as opiniões opostas a isso, o autor se posiciona colocando alguns argumentos a seu favor, que apenas três argumentos dele são mais destacados. O primeiro argumento é o da Falibilidade se a pessoa admite que suas ideias sejam adequadas, ainda assim ele não pode estabelecer suas ideias a outros nem impedir que se apareçam. Isso já que, para Mill, o ser humano é um ser falível, e em motivo dessa falibilidade, a manifestação de opiniões deve ser aceita. Calar uma ideia é admitir a própria infalibilidade: “Se qualquer opinião é compelida ao silêncio, aquela opinião pode, por alguma razão, ser verdadeira. Negar isso é assumir nossa própria infalibilidade” (MILL, 1952a, p. 98). O segundo argumento defendido por Mill refere-se ao valor do confronto de opiniões. Para ele, o único jeito de conhecer integralmente uma matéria é ouvindo o que dizem pessoas que a examinam sob diferentes pontos de vista e que têm opiniões diversas. A única maneira de um ser humano se aproximar de um objeto para conhecê-lo em sua totalidade é ouvindo tudo o que pode ser dito sobre ele por cada pessoa que defende opinião diferente sobre o mesmo, e estudando todos os modos que ele pode ser analisado por cada elemento da mente. Homem sábio algum jamais adquiriu sua sabedoria de outro modo a não ser por esse; nem tampouco está na natureza do intelecto humano adquirir sabedoria de qualquer outra maneira (MILL, 1952a, p.49). O terceiro argumento seria a possibilidade de complementação e de ponderação entre as opiniões. Para Mill (1952a, p. 87), uma das principais causas que fazem da diversidade de opiniões algo vantajoso e que permite à sociedade prosseguir em sua evolução intelectual é que, mesmo uma opinião sendo verdadeira, ela pode não conter toda a verdade. Em todo acontecimento, evitar o exercício da liberdade de pensamento e de expressão de opiniões é anular o crescimento, não apenas do indivíduo, mas também de todo o povo, de toda a sociedade, da geração presente e das futuras. A única restrição é aquela imposta pelo princípio do dano, ressalvando-se que meras ofensas à sensibilidade moral alheia não podem ser consideradas como danosas. Vemos então, que Stuart Mill, em todo capítulo, busca expor os seus argumentos de defesa da liberdade de pensamento e opinião, usando principalmente estes três argumentos para fazer uma ideia bem ampla e explicada para defender o livre-arbítrio do dito e das opiniões. Referências Bibliográficas MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. Tomo IV (Q-Z). Trad. Maria Stela Gonçalves et al. São Paulo: Edições Loyola, 2001. MILL, John Stuart. On Liberty. In: HUTCHINS, Robert Maynard (ed.). Great books of the Western World: American State Papers, The Federalist, J. S. Mill. Vol. 43, 1952a, p. 263-323, Tradução de Pedro Madeira. ALVES, Rodrigo Vitorino Souza. SOBRE A LIBERDADE: INDIVÍDUO E SOCIEDADE EM STUART MILL. Revista CEPPG (P. 197-212)
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