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Colégio Aplicação Apostila de História (2015)

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HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 1 
 
 
APOSTILA 2015 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA 
 
PROFESSOR: MARCOS 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 2 
 
Índice 
Capitulo 1 .................................................................................................... P.4 
Capitulo 2 .................................................................................................... P.10 
Capitulo 3 .................................................................................................... P.16 
Capitulo 4 .................................................................................................... P.22 
Capitulo 5 .................................................................................................... P.29 
Capitulo 6 .................................................................................................... P.34 
Capitulo 7 .................................................................................................... P.38 
Capitulo 8 .................................................................................................... P.43 
Capitulo 9 .................................................................................................... P.48 
Capitulo 10 .................................................................................................. P.54 
Capitulo 10 .................................................................................................. P.61 
Referencias Bibliográficas ............................................................................P.66 
 
 
 
 
ADAPTAÇÃO PROFº MARCOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 3 
 
 
 
Objetivos Pedagógicos 
 
 Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e 
deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação 
e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; 
 
 Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, 
utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; 
 
 Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas 
capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção 
social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; 
 
 Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir 
conhecimentos; 
 
 Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvêlos, utilizando para isso o 
pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando 
procedimentos e verificando sua adequação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 4 
 
 
 
Descoberto no Chade, África, pelos paleontólogos franceses Michel 
Brunet e Patrick Vignaud, o crânio do hominídeo de 7 milhões de 
anos (acima) recebeu o apelido de Toumai, nome dado na região às 
crianças nascidas na estação das secas. 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Origem da Humanidade 
 
 
 
 
 
Em julho de 2002, um grupo de cientistas anunciou ter encontrado no 
Chade, África, o fóssil de um hominídeo de 7 milhões de anos. O achado - 
um crânio, dentes e pedaços de mandíbula – recebeu o nome científico de 
Sahelanthropus tchadensis, mas foi apelidado de Toumai (veja a imagem). 
Para alguns especialistas, essa descoberta modifica tudo o que se sabia 
a respeito do surgimento do ser humano. Até então, acreditava-se que os 
ancestrais mais antigos da humanidade não tinham mais do que 5 milhões 
de anos. 
Outros estudiosos, contudo, afirmam que Toumai não é um hominídeo. 
Para eles, esse espécime seria apenas membro de uma primitiva espécie de 
chimpanzé. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 5 
 
* Hominídeos: nome pelo qual são conhecidos os membros da família Hominídea. É composta de mamíferos 
primatas da qual o ser humano e seus ancestrais como as diferentes espécies dos gêneros Ardipithecus, 
Australopithecus, Paranthopus e Homo - fazem parte. 
 
* DNA: DNA é a abreviatura, em inglês, de Ácido Desoxirribonucleico (Desoxyribo-Nucleic-Acid). Os cientistas já 
sabiam, havia cerca de cinquenta anos, que as informações hereditárias contidas nos genes eram constituídas 
pelo ácido desoxirribonucleico. Mas foi em abril de 1953 que os pesquisadores James Watson e Francis Crick 
elucidaram a estrutura da molécula de DNA, comparando-a com uma dupla hélice ou uma escada em espiral. 
Essa descoberta possibilitou o grande desenvolvimento atual da biologia molecular, e vem permitindo que nossa 
herança genética seja desvendada. Como o DNA é responsável pela transmissão de informações genéticas de 
uma geração para outra, ele contém um registro da história humana. 
O DNA pode mostrar, por exemplo, a diversificação do homem moderno nos grupos étnicos que conhecemos 
hoje, bem como a evolução dos hominídeos, que começaram a caminhar sobre duas pernas há mais de 4 
milhões de anos. 
Pré-História: um conceito controvertido 
 
Tradicionalmente, as origens da humanidade eram situadas pelos historiadores numa época conhecida como 
Pré-História. Hoje, entretanto, essa expressão já não é mais aceita por todos os historiadores. Por quê? 
A Pré-História costumava ser definida como o período compreendido entre o aparecimento dos primeiros 
hominídeos* e a invenção da escrita, ocorrida por volta do quarto milênio A.C. na Mesopotâmia (no atual Oriente 
Médio) e no Egito. Essa periodização começou a ser utilizada a partir do século XIX, na Europa. Nessa época, os 
estudiosos acreditavam que só seria possível resgatar o passado de uma sociedade caso ela tivesse deixado 
registros escritos. 
Hoje essa visão é encarada com reservas. Outras fontes, como imagens, objetos do cotidiano e relatos orais, 
por exemplo, passaram a ter a mesma importância da escrita nesse processo de conhecimento histórico. Além disso, 
recentes avanços científicos e tecnológicos colaboram na tarefa de resgatar o passado. É o caso da análise do 
DNA*, de programas de computador que reconstroem rostos humanos a partir de um crânio e de métodos científicos 
que determinam a idade de fósseis e de restos arqueológicos. 
A invenção da escrita como marco inicial da História também pode ser questionada pelo fato de ela não ter 
ocorrido ao mesmo tempo em todo o planeta. Muitos povos só entraram em contato com a escrita no final do século I 
a.C. durante a expansão de Roma. Ainda hoje, tribos indígenas do Brasil e grupos aborígines da Austrália, por 
exemplo, não fazem uso de nenhum sinal gráfico para representar palavras. 
Na verdade, se considerarmos o surgimento da escrita como o início da História, conquistas como o domínio do 
fogo, a invenção da roda e a prática da agricultura ficariam de fora da história da humanidade, pois elas ocorreram 
muitos séculos antes da invenção dessa forma de comunicação. 
Amparados nessas ressalvas, podemos dizer que o mais indicado é considerar a Pré-História como uma etapa 
no processo histórico do ser humano. Assim, do ponto de vista social, podemos entendê-la como um período em que 
ainda não haviam surgido sociedades complexas e sedentárias e no qual as pessoas se reuniam em pequenos 
agrupamentos nômades. 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 6 
 
Os primatas 
 
Há cerca de 60 milhões de anos apareceram na Terra os primeiros primatas. Desse grupo surgiram o gorila, o 
chimpanzé, o orangotango e os primeiros hominídeos,que deram origem à espécie humana. 
Atualmente, diversos especialistas, como paleoantropólogos, geólogos, arqueólogos, biólogos, geneticistas, 
etnólogos, paleontólogos, etc., participam de escavações em busca de vestígios dos nossos ancestrais com o 
propósito de descobrir como eles eram e como viviam. Esses vestígios podem ser fósseis*, ferramentas, esculturas, 
pinturas em cavernas, utensílios, restos de fogueiras, etc. (veja a imagem a baixo). 
Entretanto, a ciência ainda não encontrou uma resposta precisa a respeito de como e quando o ser humano 
apareceu. O que os cientistas sabem é que seu surgimento foi resultado de um longo processo, que se estendeu por 
centenas de milhares de gerações e envolveu não só alterações físicas no corpo, mas também mudanças culturais, 
como o modo de viver e agir desses seres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A principal fonte de informação dos pesquisadores que estudam a evolução dos seres humanos são vestígios 
fósseis, encontrados em todos os continentes. Mas é na África que se localizam os principais sítios contendo restos 
dos mais antigos grupos de hominídeos. A foto acima mostra a paleoantropóloga Mary Leakey (1913-1996) 
trabalhando nas escavações de Laetoli, Tanzânia, em 1978. Durante os trabalhos dessa expedição foram 
descobertas pegadas fossilizadas de hominídeos, em um percurso de cerca de 40 metros, datadas de 3,6 milhões de 
anos. As pegadas evidenciam que naquela época os hominídeos já eram bípedes e caminhavam em posição ereta. 
* Fóssil: palavra que tem origem no 
latim fossilis, que significa 'tirado da 
terra'. Os fósseis são vestígios 
petrificados ou endurecidos de animais 
ou vegetais, anteriores à época atual, 
que se conservaram sem perder suas 
formas primitivas, permitindo que se 
determinem seu período geológico e 
outras características importantes para o 
estudo da evolução das espécies. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 7 
 
* Evolução: conjunto dos processos pelos quais as espécies animais e vegetais se modificam 
no decorrer do tempo, de geração em geração, levando ao aparecimento de novas espécies. 
No século XIX, a contribuição do naturalista inglês Charles Darwin (1809- 1882) foi decisiva 
para o estudo da evolução dos seres vivos. 
 
Os mais antigos hominídeos 
 
Os fósseis são uma das principais fontes de estudo para entender a evolução* da espécie humana. A análise 
dessas amostras - explicadas no boxe acima - indica que os indivíduos com características tipicamente humanas não 
apareceram recentemente nem de uma só vez. 
Se excluirmos o Sahelanthropus tchadensis (Toumai), a respeito do qual não existe consenso entre os 
cientistas, o hominídeo mais antigo que se conhece é o Ardiphitecus kadabba, que habitou a África há 5,8 milhões de 
anos. 
Posteriormente, surgiram outros hominídeos do género dos australopitecos. Eles teriam habitado a África entre 
4,2 milhões e l milhão de anos atrás e se dividiam em várias espécies, como a dos Australopithecus anamensis e a 
dos Australopithecus afarensis. 
De modo geral, os australopitecos tinham braços longos, maxilar saliente e cérebro pequeno. Mas sua principal 
característica era andarem eretos. 
 
 
 
 
O gênero Homo 
 
Uma das espécies de australopiteco - não se sabe qual - deu origem a um novo grupo de hominídeos, o Homo. 
Os cientistas ainda não descobriram quando, como e onde isso aconteceu. 
Acredita-se que os primeiros seres do gênero Homo apareceram há cerca de 2 milhões de anos e por mais de 
800 mil anos conviveram com os australopitecos na África. Estes, porém, não conseguiram se adaptar à crescente 
competição entre as espécies e acabaram extintos. 
Segundo alguns especialistas, a espécie mais antiga de Homo que se conhece é a do Homo habilis. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 8 
 
 
Com cerca de 1,57 m de altura, pouco mais de 50 quilos de peso e um cérebro de até 800 cm³, o Homo habilis 
se desenvolveu graças à sua capacidade de adaptação cultural e social: ele tinha, por exemplo, o hábito de dividi r os 
alimentos com os integrantes de seu grupo, criando, assim, laços de solidariedade. 
Provavelmente, o Homo habilis originou uma nova espécie de hominídeo, o Homo erectus, que apareceu na 
África por volta de 1,8 milhão de anos atrás. O Homo erectus chegava a medir até 1,80 m. Seu cérebro tinha um 
volume médio de 950 cm³, mas podia chegar a 1, 250 cm³. Seu rosto era largo e sua arcada dentária saliente. 
O Homo erectus revelou-se um ser de grande capacidade mental: andava em bandos de vinte a trinta 
indivíduos, fabricava utensílios, construía cabanas, aprendeu a dominar o fogo e a organizar caçadas, dividindo 
tarefas entre si. 
Ele foi o primeiro hominídeo a emigrar da África. Seguindo o curso do rio Nilo, alcançou a Ásia e depois a 
Europa. Desapareceram há cerca de 300 mil anos, quando espécies arcaicas de Homo sapiens já andavam sobre o 
planeta. 
Tudo indica que essas espécies evoluíram até que, por volta de 195 mil anos atrás, apareceu o Homo sapiens 
sapiens (ou Homo sapiens moderno), espécie da qual fazemos parte. Por ter uma faringe mais longa e uma língua 
mais flexível, essa espécie desenvolveu a capacidade da fala, por meio da qual passou a expressar seus 
pensamentos e a desenvolver conceitos abstratos. A ilustração abaixo situa na linha do tempo diversas espécies do 
gênero Homo. 
Durante algum tempo, o ser humano conviveu com indivíduos de outra espécie do gênero Homo - o Homo 
neanderthalensis, também conhecido como Homem de Neanderthal -, mas ela desapareceu há cerca de 30 mil anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 9 
 
 
Como se sabe tudo isso? 
 
As descrições dos primeiros ancestrais da espécie humana que você lê em livros e revistas não brotam da 
imaginação dos historiadores. Na verdade, centenas de cientistas vasculham continuamente regiões da África - 
sobretudo no Quênia, na Tanzânia e na Etiópia - e de outros continentes em busca de vestígios de nossos 
antepassados mais remotos. É com base no que eles descobrem - ossos, restos de fogueiras, ferramentas, pontas 
de flechas, etc. - que é reconstituída a árvore genealógica da espécie humana e são descritos os espécimes, os 
cenários em que viviam e seu modo de vida. 
 
 
 
 
 
Atividades Complementares 
 
 
1. Por que o conceito de "Pré-História" deve ser usado com ressalvas? 
 
2. Atualmente, a escrita faz parte do cotidiano de todos os povos? Explique. 
 
3. De acordo com o que você leu, o que a ciência sabe sobre a origem e o desenvolvimento 
dos hominídeos? 
 
4. O que são fósseis? 
 
5. Como os fósseis podem ajudar os cientistas a descobrir informações a respeito de nossos 
ancestrais? 
 
6. Quais as principais conquistas do Homo erectus? 
 
7. Síntese: Releia o capítulo e localize passagens que mostram como o uso do 
conhecimento e as mudanças culturais contribuíram para garantir a sobrevivência da 
espécie humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 10 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
Novas Práticas Humanas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desde suas origens, no período Neolítico, até os nossos dias, a 
agricultura passou por radicais transformações, ligadas tanto às 
formas de propriedade quanto ao conhecimento tecnológico 
aplicado ao trabalho agrícola. Na foto, colheitadeiras de soja em 
fazenda do estado do Paraná. 
 
Durante milhões de anos, nossos ancestrais viveram da caça, da 
pesca e da coleta de frutas, folhas e raízes. Uma grande mudança 
ocorreu com o desenvolvimento da agricultura.A agricultura significou para o ser humano uma verdadeira 
revolução, modificando seus hábitos, fixando-o à terra, permitindo que 
ele abandonasse a vida nômade e se tornasse sedentário. Foi com ela 
que surgiram as primeiras cidades e civilizações. 
Neste capítulo estudaremos o povoamento da Terra e as grandes 
mudanças ocorridas na vida humana com o desenvolvimento da 
agricultura. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 11 
 
A grande migração 
 
Entre 1 milhão e 700 mil anos atrás, o Homo erectus saiu da África, onde surgiu, e iniciou o povoamento da Ásia 
e da Europa. Entretanto, foi o Homo sapiens sapiens quem conseguiu - até por volta de 12000 a.C. - ocupar todos os 
continentes do planeta, com exceção da Antártida. 
Segundo os especialistas, o Homo sapiens sapiens chegou ao Oriente Próximo e à Ásia entre 90000 e 45000 
anos a.C. Do continente asiático ele teria - há cerca de 40 mil anos - alcançado a Oceania por meio de embarcações. 
Enquanto isso, outros grupos ocupavam a Europa e a Ásia central. Aí caçavam mamutes e bisões, hoje extintos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A conquista da América 
 
Ainda hoje a ciência não chegou a um consenso a respeito de quando os primeiros humanos atingiram o 
continente americano. A Teoria Clóvis, formulada na primeira metade do século XX, afirma que há cerca de 15 mil 
anos grupos de caçadores/coletores teriam saído do nordeste da Ásia, atravessado o estreito de Bering e chegado 
ao Alasca. 
As mil e uma utilidades de um mamute 
 
Parentes dos elefantes, os mamutes viveram no norte da Ásia e na América do 
Norte. 
Esses animais de quase quatro metros de altura e cerca de treze toneladas foram extintos 
há 12 mil anos, em decorrência da caça. Praticament 
Réplica de mamute exposto no Real Museu da 
Columbia Britânica, Canadá, foto de outubro de1988. 
lo eram oferecidos como alimento às crianças e aos idosos. 
• A gordura servia de combustível para tochas. 
• A pele era usada para confecção de roupas. Impermeabilizada com gordura, servia 
para cobrir as cabanas. 
• Os tendões eram utilizados como linha de costura, para atar machadinhas de sílex 
ou osso a cabos de madeira. 
• A carne era consumida crua ou cozida. 
(Adaptado de: Fiona MacDonald. El periódico de Ia prehistoria. 
Barcelona: Ediciones B y Ediciones B Argentina, 1999. p. 12-3.) 
 
 
Réplica de mamute exposto 
no Real Museu da 
Columbia Britânica, Canadá, 
foto de outubro de1988. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 12 
 
Isso só teria sido possível porque, naquela época, o planeta vivia sua última Era Glacial*, durante a qual as 
águas do mar baixaram drasticamente, deixando descoberto o fundo do estreito de Bering. Do Alasca, essa 
população teria alcançado a América do Sul há 11500 anos. 
Entretanto, descobertas arqueológicas mais recentes recuam a chegada do ser humano à América para muito 
antes dessa data. Para alguns pesquisadores, existiriam vestígios da presença humana no continente de até 50 mil 
anos, o que obrigaria os estudiosos a rever a Teoria Clóvis. 
Outra polemica recente refere-se à ideia, defendida pelo pesquisador brasileiro Walter Neves, de que houve 
mais de uma leva de imigração pelo estreito de Bering, sendo uma delas realizada por povos de traços negróides. 
Para reforçar essa hipótese, Neves baseia-se no crânio de uma mulher achado em 1971 em Lagoa Santa, no estado 
de Minas Gerais, à qual se deu o nome de Luzia. Ela teria vivido há cerca de 11 500 anos e apresenta características 
morfológicas mais próximas das dos aborígines negróides da Austrália do que das características dos mongoloides 
asiáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O domínio da agricultura 
 
Por volta de 12000 a.C. a temperatura da Terra voltou a elevar-se. As placas glaciais que cobriam parte dos 
continentes derreteram, restando apenas o gelo das calotas polares. Com o fim da Era Glacial, o clima tornou-se 
mais ameno e o solo, mais fértil. Grupos nômades começaram a construir suas cabanas junto a rios e lagos, onde 
pescavam, abasteciam-se de água, caçavam e coletavam cereais. 
Levados para os acampamentos, onde eram moídos e cozidos, muitos desses grãos de cereais caíam 
acidentalmente no solo e é provável que as pessoas tenham percebido que, com o tempo, eles germinavam. 
Segundo alguns estudiosos, foi dessa maneira que o ser humano aprendeu a cultivar a terra. 
As evidências encontradas indicam que o domínio da agricultura ocorreu de forma independente em diferentes 
lugares do mundo. Mas os primeiros cultivos parecem ter surgido na região de Jericó, no Oriente Médio, há cerca de 
10 mil anos. 
 
 
* Era Glacial: diz-se do 
período em que as 
temperaturas do planeta 
chegaram a níveis 
extremamente baixos e 
grandes porções da superfície 
terrestre foram cobertas por 
espessas camadas de gelo. 
Acredita-se que a Terra já 
tenha passado por pelo 
menos quatro grandes 
períodos glaciais; o primeiro, 
e provavelmente o mais 
intenso, teria ocorrido entre 
800 e 600 milhões de anos 
atrás. 
 
 
 
Três tipos étnicos segundo uma 
visão eurocêntrica do século XIX. De 
cima para baixo: europóide, 
mongoloide e negróide. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 13 
 
A Revolução Agrícola 
 
O domínio da agricultura provocou uma grande transformação na vida dessas populações a ponto de ser 
chamado de Revolução Agrícola. 
Pela primeira vez as pessoas podiam sair da posição de caçadores e coletores e assumir um relativo controle 
sobre sua produção alimentar. A tomada de consciência dessa nova capacidade resultou em um aprimoramento das 
técnicas agrícolas e provocou inúmeras mudanças nos grupos humanos. Juntamente com o desenvolvimento da 
agricultura, os seres humanos passaram a elaborar melhor seus instrumentos e utensílios de pedra. 
Essa mudança, à qual se acrescentou mais tarde a utilização dos metais como matéria-prima, levou os cientistas 
a dividirem a chamada "Pré-História" em três períodos: 
 
• Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada – do surgimento dos primeiros seres humanos até 8000 a.C. 
Caracterizado por instrumentos rústicos, não polidos. 
 
• Neolítico, ou Nova Idade da Pedra - de 8000 a.C. a 5000 a.C. Principais características: instrumentos de 
pedra polida, agricultura e sedentarização. 
 
• Idade dos Metais - de 5000 a.C. à invenção da escrita. 
 
Durante o Neolítico, o maior estoque de alimentos permitiu que algumas comunidades crescessem. Em alguns 
lugares, os homens passaram a derrubar árvores e a preparar o terreno para o plantio. Para isso, desenvolveram 
novas ferramentas de pedra, sílex ou madeira, como machados, foices, enxadas e arados. As mulheres se ocupavam 
da colheita. 
Quase ao mesmo tempo em que o domínio da agricultura, ocorreu a domesticação de animais - cabras, ovelhas, 
cães, porcos, cavalos e bois. Com ela, alguns desses animais passaram a ser utilizados como meio de transporte e 
força de tração. Outros, como fonte de leite, lã e esterco, além de carne para os períodos de fome. 
Em muitos lugares a vida sedentária e o cultivo do solo levaram ao crescimento demográfico e à formação de 
aglomerações humanas. Com o passar dos séculos, surgiram nesses lugares as primeiras vilas e cidades, algumas 
das quais em regiões de clima quente que sofreram processos de desertificação após a Era Glacial. 
Sobreviver nesses lugares de clima árido exigia um enorme esforço coletivo. A população dessas regiões 
precisava construir reservatórios para garantir água nos períodos de seca, erguer diques para controlar as cheias dos 
rios, abrir canais para irrigar as plantações. Para isso, era fundamental que o grupo estivessebem organizado e 
preparado para superar as adversidades. 
Surgiu, assim, a necessidade de uma melhor divisão das tarefas: enquanto algumas pessoas se 
responsabilizavam pelas obras públicas (diques, canais de irrigação, etc.), outras cuidavam da agricultura e da 
fabricação de ferramentas e utensílios. O resultado desse esforço foi um gradual avanço tecnológico, que culminou 
na invenção da roda, do arado de tração animal, do barco a vela e na fundição de metais. 
À medida que algumas atividades e profissões foram assumindo maior importância, começaram a surgir os 
primeiros graus hierárquicos (pessoas que mandavam e pessoas que obedeciam, por exemplo) e formas iniciais de 
estratificação social*. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os problemas da vida sedentária 
 
 
 
Se a vida sedentária trouxe muitas vantagens para o ser humano, também resultou em inúmeros problemas. Ao 
se fixarem em um lugar, as pessoas passavam a viver sob a ameaça dos caprichos da natureza, como doenças 
endémicas, inundações repentinas, tempestades de areia. Além disso, a riqueza das cidades atraía saqueadores 
nômades; dejetos acumulados nos agrupamentos provocavam a contaminação da comida e a proliferação de 
doenças como a disenteria; e o contato direto com animais domésticos resultava em viroses, como o sarampo, a 
gripe e a catapora. 
(Adaptado de: A aurora da humanidade. 
Rio de Janeiro: Time-Life/Abril Coleções, 1996. p. 105) 
 
 
 
 
* Estratificação social: divisão da sociedade em camadas (ou estratos) superpostas. Essa 
divisão é estabelecida pelas diferenças existentes entre os grupos sociais, em termos de 
riqueza, prestígio ou poder, ou todas as formas combinadas. O conceito de estratificação 
social tem sido útil para a descrição das diversas sociedades. Entretanto, alguns 
pensadores, sobretudo os da tradição marxista, preferem utilizar os conceitos de classe 
social e de luta de classes em suas análises da sociedade e da História. 
 
 
Exemplares de foice de épocas pré-
históricas diferentes. A de cima, de pedra 
polida com cabo moderno, é do período 
Neolítico. A do meio, de bronze com cabo 
moderno, assim como a de baixo, de ferro, 
pertence à Idade dos Metais. 
 
 
 
Pintura rupestre em caverna da África 
do Sul, cerca de 2000 a.C., alusiva à 
criação de gado por grupos humanos 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 15 
 
 
Atividades Complementares 
 
 
1. Como ocorreu o povoamento da Terra pelo gênero Homo? 
 
2. O que defende a Teoria Clóvis e por que alguns cientistas a contestam? 
 
3. Qual a relação entre o fim da última Era Glacial e a formação de vilas e cidades? 
 
4. Explique a frase: "Sobreviver nesses lugares de clima árido exigia um enorme esforço 
coletivo". Em que sentido era direcionado esse esforço? 
 
5. Como se manifestou o processo que deu origem aos primeiros reis e governantes? 
 
6. Elabore um texto sobre os principais problemas urbanos da região onde você mora. 
Que problemas ainda são comuns aos dos primeiros grupos sedentários? 
 
7. E possível afirmar que o conhecimento humano surge ao mesmo tempo para todas as 
pessoas? Que fatores podem dificultar ou facilitar a aquisição do saber? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 16 
 
CAPÍTULO 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Brasil Pré-Histórico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os sambaquis são grandes aglomerados de conchas empilhadas pelos paleoíndios em diversos 
pontos do território brasileiro. Externamente, assemelham-se a pequenos montes calcários 
invadidos pela vegetação. Internamente, conservam vestígios dos antigos habitantes da região, 
como restos de alimentos, artefatos e até ossos de pessoas sepultadas em seu interior. 
Descoberto em 1988 por arqueólogos da Universidade de São Paulo no Vale do 
Ribeira, no estado de São Paulo, o mais antigo sambaqui (amontoado de conchas) 
do Brasil constitui um enigma para os estudiosos de nossa pré-história no Brasil. 
Ali foi encontrada em 2001 a ossada de um homem com cerca de 9 mil anos. A 
datação pode modificar as teorias a respeito da ocupação do território brasileiro. 
Até então, acreditava-se que os mais antigos sambaquis ficavam no litoral e 
tinham, no máximo, 7 mil anos. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 17 
 
 
Os paleoíndios 
 
Em 1825 o naturalista dinamarquês Peter Lund mudou-se para o Brasil, onde residiu até morrer, em 1880. Entre 
1834 e 1844 ele se estabeleceu na aldeia de Lagoa Santa, em Minas Gerais, e começou a estudar as cavernas da 
região. Ali encontrou mais de 12 mil fragmentos de ossos fossilizados de animais, além de alguns fósseis humanos, 
conservados durante milhares de anos. 
Ao analisar o material, Lund descobriu que muitos desses ossos pertenceram a espécies extintas, como o 
megatério, um bicho-preguiça que chegava a medir até sete metros de comprimento. Constatou ainda que o ser 
humano conviveu com esses animais gigantescos e que a presença humana em nosso território é muito mais antiga 
do que se imaginava na época. 
Um século depois de Lund, os pesquisadores já mapearam mais de mil diferentes sítios arqueológicos pré-
históricos no Brasil, nos quais foram encontrados objetos de pedra e cerâmica, esculturas e até restos de alimentos 
de milhares de anos. Eles ajudam a reconstituir hábitos e costumes dos primeiros ocupantes de nosso território. Uma 
das mais importantes fontes desses estudos são as pinturas rupestres. 
Os habitantes mais antigos do território brasileiro - os paleoíndios - viviam da caça e da pesca - realizadas pelos 
homens - e da coleta de frutas, folhas e raízes, feita, sobretudo por mulheres e crianças. Nômades, eles se 
deslocavam de um lugar para outro em busca de alimentos; caminhavam em pequenos bandos de famílias 
aparentadas e dormiam em grutas ou em abrigos improvisados. Fabricavam ferramentas e objetos de pedra e osso 
e, há 4 mil anos, começaram a praticar a agricultura na região hoje conhecida como Amazônia. Mais tarde, povos de 
outras regiões desenvolveram também técnicas de cultivo da terra. 
 
Na serra da Capivara 
 
A maior concentração de sítios arqueológicos no Brasil encontra-se no Parque Nacional da Serra da Capivara, 
em São Raimundo Nonato, Piauí. Com mais de setecentos sítios, o local é considerado pela Organização das 
Nações Unidas (ONU) patrimônio cultural da humanidade. 
De todos os sítios da região, o mais antigo e importante é o Boqueirão da Pedra Furada, onde foram 
encontrados vestígios que, segundo alguns pesquisadores, indicam a presença humana no local há cerca de 50 mil 
anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As pinturas rupestres 
A arte rupestre é um dos mais belos e 
importantes vestígios deixados pelos grupos 
pré-históricos. Encontrada nas paredes de 
grutas e cavernas, em geral representam 
pessoas, animais, cenas de caça e de 
dança. Há também pinturas abstraías na 
forma de grafismos geométricos. 
No Brasil, as pinturas rupestres mais 
antigas são as da serra da Capivara, no 
estado do Piauí, produzidas há cerca de 23 
mil anos, segundo alguns estudiosos (veja a 
imagem). Entre as mais antigas do mundo 
estão as de Lascaux e Chauvet, na França, 
e as deAltamira, na Espanha, com cerca de 
30 mil anos. 
 
Pintura rupestre existente no sítio 
arqueológico do Parque Nacional da Serra 
da Capivara, município de São Raimundo 
Nonato, Piauí, 2000. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os sítios de Minas GeraisA região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, é outro dos principais sítios arqueológicos do país. Aí foi encontrado 
o crânio de Luzia (veja a imagem abaixo), o mais antigo fóssil humano das Américas, com 11 500 anos, além de 
machados de pedra. 
Também é antiga a presença humana no Vale do Peruaçu, no Alto São Francisco, em Minas Gerais. Pesquisas 
indicam que esse lugar começou a ser ocupado há aproximadamente 11 mil anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reconstituição da cabeça de Luzia feita na Universidade 
de Manchester, Inglaterra, com a ajuda de tomografias 
computadorizadas. A reconstrução revela uma face de 
traços negróides, em contraste com a dos índios de 
características mongoloides encontrados por Cabral em 
1500. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 19 
 
 
 
As tradições Umbu e Humaitá 
 
Entre 9500 a.C. e 1500 d.C., aproximadamente, os campos da região sul do país e do atual estado de São Paulo 
foram ocupados por grupos da tradição Umbu. Exímios fabricantes de instrumentos de pedra, eles difundiram duas 
grandes inovações tecnológicas: o arco e a flecha e a boleadeira, arma de caça ainda hoje utilizada nos pampas 
gaúchos. Formadas por duas ou três bolas de pedra amarradas em tiras de couro, elas eram arremessadas contra as 
pernas do animal a ser caçado de modo a imobilizá-lo. 
Os povos da tradição Humaitá viveram na mesma região. Inicialmente, dividiram alguns espaços com os povos 
da tradição Umbu. Com o tempo, deslocaram-se dos campos em direção às matas, preferindo as partes altas ou as 
encostas. Fabricavam instrumentos de pedra e, além do que obtinham com a caça e a pesca, alimentavam-se de 
pinhão, que assavam, cozinhavam ou transformavam em farinha para o fabrico de pães e bolos. 
 
Os povos dos sambaquis 
 
Acredita-se que entre 7 mil e 6 mil anos atrás o litoral brasileiro começou a ser ocupado por povos que viviam 
principalmente de recursos marinhos. Como dispunham de comida abundante - proveniente da caça, da pesca e da 
coleta de frutas, raízes e moluscos -, não precisavam mudar com frequência de um lugar para outro e acabavam 
permanecendo por muito tempo numa mesma região. 
Um de seus costumes era guardar as conchas dos moluscos coletados e empilhá-las juntamente com restos de 
comida, ossos de animais e ferramentas. Com o tempo, essas pilhas se transformaram em elevações de mais de 20 
metros de altura. Eram os sambaquis ("amontoados de mariscos", em tupi), também chamados concheiros. Nesses 
locais, as pessoas construíam suas casas e enterravam seus mortos. 
Os sambaquis são encontrados em trechos do litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul até a Bahia, e do 
Maranhão até o Pará. Os povos dos sambaquis desapareceram por volta de 1500. 
 
Agricultores da Amazônia e de Marajó 
 
Pesquisas arqueológicas comprovam que a região amazônica já era habitada por povos caçadores- coletores há 
cerca de 12 mil anos. Por volta de 2000 a.C. alguns desses povos descobriram a agricultura e a arte da cerâmica. 
Entre os anos 1000 a.C. e 1000 d.C., surgiram ali sociedades mais complexas, com uma organização social 
hierárquica e um artesanato altamente desenvolvido.O centro de uma dessas sociedades parece ter se estabelecido 
nas proximidades da atual cidade de Santarém, no Pará. 
Há cerca de 3 500 anos grupos de agricultores começaram a colonizar a ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas. 
Ali, por volta do ano 200, surgiu a mais notável cultura amazônica do período pré-colonial no Brasil: a civilização 
Marajoara. 
 Para escapar das enchentes, os marajoaras erguiam elevações - os tesos - às margens dos rios, sobre as quais 
construíam suas habitações. Além de agricultores, eram também especialistas na fabricação de objetos de cerâmica. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 20 
 
Um terceiro sítio arqueológico importante no Pará é o de Pedra Pintada, no município de Monte Alegre. Ali, 
pesquisas recentes revelaram a presença de grupos humanos há cerca de 11 200 anos. 
 
 
Os povos de Itararé 
 
Por volta de 3500 a.C. desenvolveu-se no sul e sudeste do Brasil uma cultura de agricultores e ceramistas 
conhecida como povo de Itararé. Esses paleoíndios se instalaram em planaltos a mais de 800 metros acima do nível 
do mar, em regiões frias. Para se abrigar, eles construíam suas habitações abaixo do solo. 
Para isso, escavavam buracos de até 8 metros de profundidade e 20 metros de diâmetro. Depois, cobriam-nos 
com um teto feito provavelmente de madeira, argila e gramíneas. As habitações se comunicavam entre si por meio 
de túneis, onde também ficavam guardados alimentos e certos objetos, como vasos de cerâmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividades Complementares 
 
1. De acordo com o texto, qual a importância do trabalho de Peter Lund para o estudo da pré-
história brasileira? 
 
2. Como é possível conhecer o passado dos povos pré-históricos brasileiros? 
 
3. Qual a importância do crânio de Luzia para o estudo da ocupação humana da América? 
 
4. Quais os principais legados deixados pelos povos da tradição Umbu? 
 
5. Por que a cultura paleoíndia surgida na Amazônia é considerada uma sociedade 
complexa? 
 
 
 
 
Belo exemplar da arte Marajoara com 
decoração abstraia de tipo geométrico, 
essa urna de 83 cm de altura foi 
encontrada em Rio Anjás, ilha de Marajó, 
no estado do Pará, em 1949. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 21 
 
 
 
 
A seguir você encontrará dois documentos. O primeiro é um texto do educador Rubem Alves a respeito da 
capacidade criadora dos indivíduos. O outro é uma fotografia que mostra ferramentas criadas pelos seres humanos 
no período Neolítico. 
Após a análise do material, responda ao que se pede. 
 
 DOCUMENTO 1- TEXTO 
 
Sem medo de errar 
 
Há um tipo de inteligência criadora. Ela inventa o novo e introduz no mundo algo que não existia. Quem inventa 
não pode ter medo de errar, pois vai se meter em terras desconhecidas, ainda não mapeadas. Há um rompimento 
com velhas rotinas, o abandono de maneiras de fazer e pensar que a tradição cristaliza. Pense, por exemplo, no 
milagre do iglu (habitação de gelo do povo inuíte, que vive no Alasca). Como teria acontecido? Compreender que 
aquele espaço é protegido, que é possível usar o gelo para preservar o calor... Perceber as vantagens estruturais 
daquela forma de hemisfério. Fazer uso dos materiais disponíveis. Tudo imensamente simples, inteligente, adaptado, 
eficaz. 
Encontramos o mesmo tipo de inteligência no artista que faz uma obra de arte, no cientista que visualiza na 
imaginação uma nova teoria científica, no político-sonhador que pensa mundos utópicos (...). O criador está 
convencido de que existe algo de fundamentalmente errado no que existe e que é necessário começar tudo de novo. 
(Adaptado de: Rubem Alves. Monjolos e moinhos. Disponível em: 
<www.vercrescer.com.br/conteudo/materias/monjolos.htm>. 
Acesso em: 13 dez. 2004 
 
 DOCUMENTO 2 – FOTOGRAFIA 
 
 
 
1. Você concorda com a frase: "Quem inventa não pode ter medo de errar"? Por quê? 
 
2. De todas as invenções e descobertas do ser humano ao longo da História, aponte cinco que você considera 
as mais importantes e justifique sua escolha. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 22 
 
Por que razão as múmias egípcias permaneceram tão bem 
conservadas ao longo de milhares de anos? A resposta a essa 
pergunta parece ter sido finalmente encontrada por cientistas 
alemães. Em outubro de 2003 eles anunciaram que o segredo 
da mumificação tão bem guardado pelos egípcios estava em 
um conservante com forte efeito antibacteriano obtido a partirde um extraio de cedro, madeira encontrada na região da 
Fenícia (atual Líbano). 
Os egípcios acreditavam na existência de uma vida após a 
morte e achavam que os corpos precisavam ser preservados 
para a eternidade. Neste capítulo vamos conhecer a 
fascinante civilização egípcia, surgida às margens do rio Nilo 
há mais de 5 mil anos e que deixou para a humanidade um 
rico legado em diversas áreas do saber. 
 
Ricamente decorado, este sarcófago de múmia do antigo Egito faz 
parte do acervo do Museu do Brooklin de Nova York, Estados 
Unidos. Os egípcios acreditavam que a mumificação assegurava a 
imortalidade da alma da pessoa morta por meio da preservação te 
seu corpo físico. 
3. Em sua opinião, o conhecimento do passado pode ajudar a transformar a realidade em que vivemos? Por 
quê? 
CAPÍTULO 4 
 
 
 
 
 
 
 
O Egito Antigo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 23 
 
 
 
A formação do Egito 
 
Localizado no norte da África, o Egito tem seu território quase todo ocupado pelo deserto do Saara. Por isso a 
maior parte de sua população encontra-se nas margens e no delta do rio Nilo, que atravessa o país de norte a sul. 
Essa ocupação é basicamente a mesma há quase 8 mil anos. 
As águas do Nilo transbordam de seu leito todos os anos entre junho e outubro, em razão das chuvas tropicais 
na nascente do rio. O húmus trazido pelas enchentes torna o solo da região excelente para a agricultura. Durante 
milhares de anos a população que aí vivia aprendeu a drenar terrenos, construir diques e canais e a erguer suas 
habitações e celeiros em locais elevados, longe das águas. 
Com o passar dos séculos, esse trabalho comunitário organizado propiciou excedentes agrícolas e fez com que 
os pequenos núcleos populacionais evoluíssem para povoados e vilas com maior estrutura. Essas aldeias passaram 
a ser conhecidas como nomos, e o chefe de cada uma delas, como nomarca. 
Grande parte da população do nomo era formada por agricultores - os felás -, que, com o linho, faziam roupas e velas 
de barco e com a cevada produziam cerveja. O rio era o principal sistema de comunicação e de transporte. Para 
essas pessoas, somente a ação dos deuses explicava o privilégio de elas morarem em uma terra de abundância 
rodeada por áreas de seca e fome. 
 
Sob o poder dos faraós 
 
Os nomarcas mais eficientes na tarefa de garantir a alimentação de suas comunidades passaram a personificar 
os deuses protetores dos nomos. Assim, gradativamente, o poder político e administrativo dos nomos se fundiu ao 
poder religioso. 
Ao mesmo tempo, os governantes mais destacados começaram a incorporar novos territórios a seus nomos, 
transformando a região em uma área de diversos pequenos reinos. Por volta de 3500 a.C. os nomos foram unificados 
em apenas dois reinos: o do delta e o do vale do Nilo - também chamados de Baixo Egito e Alto Egito, 
respectivamente. 
Cerca de trezentos anos depois, um rei do vale do Nilo chamado Menés (também conhecido como Narmer, Men 
ou Meni) conquistou a região do delta. Pela primeira vez alguém foi coroado como faraó do Egito, ou seja, um misto 
de monarca e chefe religioso. O símbolo de seu poder era uma coroa dupla nas cores branca e vermelha que 
representava a união das duas regiões em um único e centralizado império (na caixa a seguir abordamos os poderes 
e as funções do faraó). 
Os faraós governaram o Egito por mais de 3 mil anos, em uma sucessão de dinastias. Os historiadores 
costumam dividir todos esses anos em três grandes períodos: Antigo Império, Médio Império e Novo Império, que 
estudaremos a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 24 
 
 
 
 
Antigo Império (3200 a.C. a 2300 a.C.) 
 
No início do Antigo Império as fronteiras do Egito iam do delta até a região da primeira catarata do rio Nilo (ver 
mapa). Nesse período, seu território foi dividido em 42 regiões governadas por nomarcas, e a cidade de Mênfis foi 
construída para ser a capital do império. 
Para supervisionar esses governantes regionais, o faraó contava com a ajuda dos escribas, funcionários 
encarregados de cobrar os impostos, controlar o estoque de alimentos e fiscalizar a construção de obras públicas. 
Para tanto, eles desenvolveram uma escrita chamada hieroglífica (veja a caixa A escrita hieroglífica). 
Durante o Antigo Império, o Estado egípcio expandiu-se em direção ao sul, região na qual viviam os núbios (no 
atual Sudão). A prosperidade que tomou conta do Egito nesse período se fez sentir principalmente na arquitetura: 
tornou-se habitual entre os faraós mandar construir grandes monumentos funerários, as pirâmides, das quais as mais 
famosas são as de Quéops, Quéfren e Miquerinos. 
Por volta de 2300 a.C. o império foi sacudido por conflitos internos esfacelando o poder dos faraós. 
 
 
Médio Império (2000 a.C. a 1580 a.C.) 
 
Cerca de 250 anos depois de o poder central ter sido destruído, o Egito foi novamente unificado, dessa vez sob 
o comando do faraó Mentuhotep II, que restabeleceu o Estado centralizado. Esse período marca uma fase de 
recuperação das terras agrícolas e de conquistas de mais áreas ao sul - região da Núbia. Por volta de 1800 a.C., os 
hicsos - povo invasor - ocuparam o delta do Nilo e, aos poucos, começaram a subjugar todo o império. Em 1700 a.C., 
aproximadamente, os invasores usurparam o posto de faraó. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 26 
 
A escrita hieroglífica 
 
A escrita egípcia teria surgido, segundo os estudiosos, na época da unificação do território. Chamada de 
hieroglífica consistia no uso de símbolos - ideogramas - para representar palavras: os hieróglifos. Assim, o 
desenho de um olho significava "olho". Com o tempo, os hieróglifos passaram a designar também os sons das 
palavras, os fonogramas. Por exemplo, para escrever o nome do deus Osíris - Wosiri, em egípcio antigo -, eles 
desenhavam um trono, Wos em egípcio, e um olho, que era iri. E para ninguém pensar que significava o "olho 
do trono", em geral desenhavam ao lado uma bandeirola, emblema que designava um deus. 
Quase simultaneamente ao desenvolvimento dos hieróglifos, foi criada também uma escrita cursiva, mais 
simples, chamada hierática. Por meio dela, grande parte dos textos literários, jurídicos e administrativos do 
Egito chegou até nós. Posteriormente, a escrita foi simplificada ainda mais, surgindo, assim, a escrita 
demótica. 
 
(Fontes: Ernst Gombrich. A breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. r -;.' Jean Vercouf O Egito antigo. São Paulo: 
1999) 
 
Novo Império (1580 a.C. a 525 a.C.) 
 
Por volta de 1580 a.C. os egípcios conseguiram expulsar os hicsos e o Egito foi unificado mais uma vez. Nos 
séculos seguintes, surgiram em Tebas - então capital do império - templos exuberantes, como os de Karnac e Luxor. 
Em 1200 a.C., aproximadamente, começou a ocorrer uma redefinição de forças na região que liga os 
continentes africano e asiático. Os assírios (que estudaremos no próximo capítulo) haviam constituído um poderoso 
império e passaram a ameaçar a hegemonia egípcia. Ao mesmo tempo, a região do delta voltou a sofrer invasões. 
Após um período de disputas internas e invasões, em 1100 a.C. o Egito foi novamente dividido em dois reinos. 
Ao longo dos séculos seguintes, intercalaram-se momentos de centralização e de ausência de poder até que, em 662 
a.C., os assírios conquistaram a região. Posteriormente, a realeza egípcia retomouo poder, mas em 525 a.C. o 
império caiu sob o domínio dos persas. 
A partir de então, o Egito foi sucessivamente invadido por povos de diversas origens, com macedônios e 
romanos na Antiguidade, e árabes na Idade Média. No século XIX, tornou-se colônia do Império Britânico, 
conquistando a independência apenas em 1922. 
 
Cenas da vida cotidiana 
 
A sociedade egípcia era rigidamente estratificada, ou seja, estava dividida em grupos sociais fortemente 
separados entre si. No topo da pirâmide social estava o faraó, considerado filho do deus Amon-Rá, e seus familiares 
(veja a ilustração abaixo). A seguir vinham sucessivamente os sacerdotes, a nobreza, os escribas (burocratas) e os 
soldados. O último degrau era ocupado pelos camponeses e artesãos. Abaixo deles estavam os escravos. 
Poucas cidades do Egito Antigo sobreviveram ao tempo e às cheias do Nilo. Mas sabe-se que as moradias mais 
modestas eram de junco ou madeira e, geralmente, tinham pouco mobiliário; uma pequena peça funcionava como 
sala de estar e dava diretamente para a rua. Essas casas tinham também banheiro com lavatório separado, uma sala 
principal com um pequeno altar, onde eram recebidas as visitas, quarto, cozinha e uma escada que levava ao 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 27 
 
telhado, sempre plano, onde à noite os moradores se refugiavam do calor. As pessoas de melhores condições viviam 
em casas de tijolo produzido com uma mistura de barro, areia e palha, o adobe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muitos deuses 
 
A religiosidade foi um dos aspectos mais marcantes da sociedade egípcia. Das diversas divindades existentes, a 
mais importante era Amon (ou Amon-Rá), rei dos deuses e criador de todas as coisas, que se identificava com o Sol. 
A crença na imortalidade fez com que os egípcios encarassem a morte como um grande acontecimento. As 
tumbas dos faraós continham pinturas que retratavam passagens de sua vida e de seu governo com a intenção de 
mostrar aos deuses como eles foram bons para seu povo. Era comum um faraó ser enterrado com familiares e 
funcionários, que iriam acompanhá-lo e servi-lo na vida eterna. No túmulo do faraó Uadji (Antigo Império), foram 
encontrados outros 335 corpos. 
Outra grande preocupação em relação à vida eterna era com a conservação do corpo, uma vez que o conceito 
de "viver após a morte" implicava a permanência física do corpo. Por essa razão os egípcios desenvolveram e 
aperfeiçoaram a prática da mumificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pirâmide social: no topo o Faraó, seguido 
por Sacerdotes, Nobreza, Burocratas e 
Militares. Abaixo os Camponeses, 
Artesãos e Escravos. 
 
 
Cena da vida cotidiana no Egito antigo: 
casal da nobreza desfruta de uma sessão 
de música executada por um harpista, em 
mural datado de 1184-1147 a.C. 
O poder das múmias 
O processo de mumificação desenvolvido pelos egípcios incluía a desidratação do cadáver e a aplicação 
de betume, substância destinada a conservar o corpo. Durante a Antiguidade, esse produto também era 
empregado em outras regiões no tratamento de cortes e fraturas. 
Aliando esse possível poder de cura do betume com os mistérios e magias que envolviam as múmias, a 
partir da Idade Média médicos europeus passaram a prescrever o uso de carne mumificada no tratamento de 
várias doenças. Como consequência, inúmeras tumbas egípcias foram saqueadas e traficantes passaram a 
exportar pedaços de múmias secas ou em pó para o Ocidente. Francisco I (1494- 1547), rei da França, por 
exemplo, tinha sempre consigo um suprimento de carne mumificada para o caso de se ferir nas caçadas. 
(Adaptado de: Paul Johnson. História ilustrada do Egito antigo. 
Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 224-7; 360-1) 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 28 
 
Uma arte monumental e rígida 
 
Impregnada de religiosidade e de sentimento hierárquico, a arte servia aos deuses e aos faraós. Na arquitetura, 
as obras mais importantes foram os templos e os túmulos dos faraós - as pirâmides. Já a pintura (assim como a 
escultura) obedecia a regras extremamente rígidas: as cenas eram retratadas sem perspectiva; as figuras humanas 
apareciam com a cabeça, as pernas e os pés de perfil, enquanto um dos olhos e o tronco eram mostrados de frente. 
 
O conhecimento dos egípcios 
 
Por sua prática na construção de diques e represas, os egípcios alcançaram grande desenvolvimento em 
engenharia hidráulica. Seus tecelões eram hábeis na produção de tecidos de linho. Na área de transporte, 
construíam embarcações de variados tipos e tamanhos, tanto fluviais como marítimas. Como a moeda só começou a 
ser utilizada a partir de 400 a.C, até essa data seu comércio era feito por meio da troca direta de produtos. 
Conhecedores da anatomia humana, os egípcios obtiveram grandes avanços na Medicina, chegando até mesmo 
a usar anestesia em cirurgias. Seus astrônomos criaram diferentes calendários, como o que conferiu ao ano a 
duração de 365 dias e seis horas. Mais tarde, esse calendário foi adotado, com modificações, pelo imperador romano 
Júlio César. Reformado pelo papa Gregório XIII, no século XVI, constitui a base do calendário que utilizamos até 
hoje. 
 
Atividades Complementares 
 
 
 
1. Explique a frase: "Com o passar dos séculos o trabalho comunitário propiciou excedentes 
agrícolas e transformou pequenos núcleos populacionais em povoados". 
 
2. Como foi o processo de transformação dos nomos em um único império? 
 
3. Usando como ponto de partida o esquema da pirâmide social do Egito, descreva a antiga 
sociedade egípcia. 
 
4. Escreva um texto relacionando as palavras "religião", "pirâmides" e "faraós". 
 
5. A construção de Mênfis, primeira capital do Egito, foi ordenada pelo faraó Menés para 
celebrar a unificação do império. Que cidade no Brasil foi construída com a finalidade 
específica de ser a capital do país? Qual a finalidade de nossa capital ser construída em 
um centro de difícil acesso? 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 29 
 
 
CAPÍTULO 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mesopotâmia 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 30 
 
 
 
As sociedades da Mesopotâmia 
 
As Primeiras cidades 
 
Mesopotâmia fazia parte de uma região onde hoje se encontram o Iraque, o Kuwait, a Síria e o sul da Turquia, 
no Oriente Médio. Essa região formava com o Egito um arco semelhante à Lua em quarto crescente. Em virtude 
disso, e também da qualidade de suas terras, ótimas para a agricultura, esse arco ficou conhecido como Crescente 
Fértil (ver mapa a seguir). 
Localizado entre os rios Tigre e Eufrates, o território da Mesopotâmia é formado basicamente por uma planície 
ora desértica, ora pantanosa, com temperaturas que podem chegar a 50 graus à sombra. Foi ali que, há milhares de 
anos, povos como os sumérios, acadianos, hititas, babilônicos, assírios e caldeus se fixaram em aldeias e passaram 
a viver da agricultura. 
Por volta de 4000 a.C. muitos desses pequenos núcleos se transformaram em cidades autossuficientes e 
autogovernadas. Com o tempo, alguns de seus governantes passaram a controlar, além do poder político, também o 
religioso. 
A autoridade desses soberanos, contudo, ficava quase sempre restrita à sua cidade. É por isso que os 
historiadores caracterizam tais centros urbanos como cidades-estados (veja no boxe Desenterrando o passado como 
foi possível recuperar informações sobre as antigas cidades mesopotâmicas). 
 
Sumérios: os primeiros a chegar 
 
Os sumérios foram os primeiros povos a se estabelecer na Mesopotâmia. Estudos arqueológicos e linguísticos 
indicam que eles teriam vindo da Ásia centro-ocidental e se fixadono extremo sul da Mesopotâmia por volta de 8500 
a.C. O local foi escolhido porque a ação dos rios Tigre e Eufrates ao longo dos séculos tornaram o solo ideal para a 
agricultura. 
As cheias dos rios, no entanto, causavam grandes prejuízos à população. Para sobreviver, os sumérios tiveram 
de se organizar e construir coletivamente diques e canais para conter as inundações e irrigar as terras cultivadas. 
À medida que aumentava o número de habitantes e surgiam novas atividades profissionais - como as de 
cesteiros, pastores, marceneiros, etc., tornou-se necessário constituir um corpo de funcionários públicos capaz de 
administrar a execução dos trabalhos. A necessidade de um melhor controle do processo levou à invenção da 
chamada escrita cuneiforme (veja na página seguinte o boxe "O surgimento da escrita"). 
A partir do terceiro milênio a.C. diversas cidades se constituíram no sul da Mesopotâmia, entre elas Erídu, Ur, 
Nipur e Uruk. Todas funcionavam como Estados autônomos e eram governadas pelo patesi, líder político, religioso e 
militar que, mais tarde, passou a ser chamado de rei. 
Os sumérios foram responsáveis por importantes conquistas da humanidade, como a invenção do arado de 
cobre, o uso da força animal na agricultura e a construção de diques e canais para levar água a regiões distantes dos 
rios. 
Eles estabeleceram também a divisão do ano em doze meses, da hora em sessenta minutos e do circulo em 
360 graus; criaram o mais antigo sistema numérico da história, com base em sessenta símbolos, e um calendário 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 31 
 
formado por meses lunares de 28 dias, que lhes permitia prever com bastante exatidão o melhor momento de semear 
e colher. Atribui-se a eles, ainda, a invenção do vidro e da roda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Primeiro Império Mesopotâmico 
 
Enquanto os sumérios dominavam o sul, a região central da Mesopotâmia era ocupada por povos de origem 
semitas, como assírios e acadianos. A partir de 2350 a.C, o rei da cidade de Acad, Sargão, unificou sob seu governo 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 32 
 
não só as cidades do centro, mas também as do sul. Nascia, assim, o Primeiro Império Mesopotâmico. Por volta de 
2100 a.C, enfraquecido por revoltas internas, esse império foi destruído por povos inimigos. 
 
 
Uma cidade chamada Babilônia 
 
Com o declínio do império fundado por Sargão, destacou-se na Mesopotâmia a cidade da Babilônia, habitada 
pelos amoritas, povo originário do deserto da Arábia. A expansão da cidade teve início por volta de 1800 a.C. Entre 
1792 e 1750 a.C., um dos reis babilônicos, Hamurabi, unificou toda a região. Dessa unificação surgiu o Primeiro 
Império Babilônico (1800-1600 a.C.), cujos domínios iam da Assíria, no norte, à Caldéia, no sul. Hamurabi passou a 
nomear governadores, unificou a língua e a religião e determinou que os vários mitos populares fossem fundidos em 
um único poema - a Epopeia de Marduk, que passou a ser lido em todas as festas do reino. Além disso, reuniu as 
diversas leis e sentenças pronunciadas no império e unificou-as no Código de Hamurabi, um dos mais antigos corpos 
de leis de todos os tempos (veja a imagem). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As supremacias hitita e assíria 
 
Após a morte de Hamurabi, o Império Babilônico sofreu algumas invasões até se desintegrar por completo em 
1600 a.C. Nessa época, os hititas, povo originário da Anatólia (na atual Turquia), conquistaram a supremacia 
territorial e política da Mesopotâmia. 
Entre as inovações introduzidas por esse povo, destacam-se a utilização do ferro no fabrico de armas e o 
desenvolvimento de carros de guerra com rodas de aros que tornavam esses veículos mais fáceis de manobrar. Por 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 33 
 
volta de 1200 a.C., os hititas foram dominados pelos assírios, povo que vivia no norte da Mesopotâmia. Começava, 
assim, o Império Assírio (1200-612 a.C.). 
Os assírios foram o primeiro povo a constituir um exército disciplinado. Seu império chegou ao fim em 612 a.C. 
quando os babilônicos destruíram sua capital, a cidade de Nínive. 
 
 Atividades Complementares 
 
1- Dê um exemplo significativo de Cidade-estado da Mesopotâmia. 
 
2- Elabore um pequeno texto caracterizando a importância da escrita na história humana. 
 
3- Exponha um fator natural que contribuiu para que a Mesopotâmia se transformasse em uma das 
regiões de maior ocupação de povos da Antiguidade no Oriente Médio. 
4- Indique as afirmações corretas sobre os antigos povos da Mesopotâmia: 
a) Há milhares de anos, povos como os sumérios, acadianos, hititas, babilônicos, assírios e 
caldeus se fixaram no território mesopotâmico em aldeias, passando a viver da agricultura. 
 
b) Os sumérios foram os últimos povos a se estabelecer na Mesopotâmia. 
 
c) As cidades-estados tiveram pouca importância entre os antigos povos mesopotâmicos. 
 
d) A partir do terceiro milênio antes de Cristo, diversas cidades se formaram no sul da 
Mesopotâmia, entre elas Eridu, Ur, Nipur e Uruk, funcionando como Estados autônomos. 
 
e) O primeiro Império Mesopotâmico nasceu no centro do território a partir de 2350 a.C., quando 
Sargão, rei da cidade de Acad, unificou as cidades do centro e do sul. 
5- Observe a imagem e responda: o que pode significar a gravação do Código de Hamurabi em uma 
coluna de pedra, numa época em que a humanidade já conhecia o papiro, precursor do papel. 
 
 
Coluna de pedra com o Código de Hamurabi, Museu do Louvre 
 
 6- Explique o conceito de cidade-estado. 
 
 7- Com base nas informações do capítulo, produza uma linha do tempo dos povos que ocuparam a 
Mesopotâmia na Antiguidade, destacando suas principais características. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 34 
 
 8- Elabore um texto explicando o que foi a escrita cuneiforme e como ela surgiu. 
 
 9- Por que a região governada pelo rei Sargão é chamada de império? 
 
 10- O que era o Código de Hamurabi? 
 
 
CAPÍTULO 6 
 
Os Persas 
 
Dionísio, Deus da Guerra dos Persas. 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 35 
 
OS PERSAS 
 
Os tempos remotos 
 
As origens da antiga Pérsia remontam a 2000 a.C., quando tribos nômades originárias da Ásia central e da 
Rússia atual instalaram-se no planalto iraniano. Entre essas tribos estavam os medos e os persas. 
Os medos se estabeleceram no oeste e no noroeste do planalto, nas proximidades da atual cidade de Teerã, 
capital do Irã. Já as tribos persas se fixaram no sudoeste do planalto. 
Por volta do século VII a.C. os medos foram unificados por Déjoces, que se tornou rei. Coube a seu neto 
Ciaxares a tarefa de consolidar o Império Medo. Graças a um exército composto de soldados disciplinados desde a 
infância, Ciaxares dominou os persas e outros povos, que passaram a lhe pagar tributos. 
 
A unificação de medos e persas 
 
Com a morte de Ciaxares, o trono dos medos passou a ser ocupado por seu filho Astíages. Este, por sua vez, 
promoveu o casamento de uma de suas filhas com o principal líder persa. Dessa união nasceu Kurush (Ciro, em 
grego). Em 559 a.C. Ciro assumiu o lugar de seu pai e unificou as várias tribos persas. 
Temeroso de perder o poder, em 550 a.C. Astíages lançou seu exército contra Ciro na região conhecida como 
Pasárgada, mas foi derrotado. Com a vitória, Ciro incorporou o reino dos medos ao território persa, dando início à 
dinastia dos Aquemênidas - nome do clã de seu pai. 
 
O Império Persa 
 
Grande estrategista militar, Ciro ampliou o territóriopersa após a submissão dos medos e o transformou em um 
grande império. Por causa dessas conquistas, Ciro ficou conhecido como “o Grande”. 
Após a morte de Ciro e algumas disputas internas, um líder chamado Dario assumiu o poder em 522 a.C. Além 
de recuperar domínios perdidos, Dario expandiu o Império Persa, no qual passaram a viver cerca de 10 milhões de 
pessoas de idiomas, costumes e religiões diferentes, como mostra o boxe A disseminação do conhecimento. 
Para controlar toda essa população, Dario estabeleceu um sistema unificado de impostos, um código de leis, um 
sistema monetário único e uma excelente rede de estradas e correios que interligavam as várias regiões do império. 
Mas Dario também conheceu derrotas, principalmente a partir de 514 a.C., época em que resolveu direcionar 
suas conquistas para a Europa. Nessa empreitada, os persas foram vencidos pelas cidades-estados gregas nas 
Guerras Médicas, ou Greco pérsica. Com a derrota persa, as cidades gregas tornaram- se a principal força do 
Mediterrâneo oriental. 
Em 331 a.C. o rei da Macedônia, Alexandre, o Grande, que já dominava a Grécia, derrotou Dario III e conquistou 
o Império Persa, pondo fim à dinastia Aquemênida (veja o boxe O legado religioso dos persas). 
Em 642 a Pérsia foi conquistada pelos árabes e quase toda a sua população se converteu ao islamismo. 
No século XI a região foi invadida pelos turcos e, no século XIII, pelos mongóis. Posteriormente, voltou a ser 
governada por dinastias de origem persa. Em 1935 o país passou a se chamar Irã. 
 
 
 
 
 
 
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Enquanto isso... 
 
 
 
 
Boxe 1 
A disseminação do conhecimento 
A existência do Império Persa fez com que, pela primeira vez na História, povos de origens, histórias e culturas 
diferentes convivessem lado a lado. Nas campanhas militares, por exemplo, cavaleiros persas lutavam ao lado de 
grupos de hindus com seus carros puxados por zebras, de árabes cavalgando camelos e de marinheiros fenícios e 
gregos. 
Por causa dessa proximidade entre povos diferentes, costumes e experiências foram difundidos com rapidez: o 
uso da calça comprida - peça do vestuário persa - disseminou-se; as técnicas agrícolas dos egípcios foram 
incorporadas pelos asiáticos; a experiência hidráulica dos mesopotâmicos permitiu que as águas das montanhas 
persas fossem levadas ao deserto a quilômetros de distância. Esse intercâmbio também possibilitou que sementes 
de arroz da índia fossem plantadas no Oriente Médio. 
Os persas incorporaram o uso de moedas, uma invenção dos lídios; graças às suas eficientes estradas, o 
comércio experimentou grande impulso. Ao mesmo tempo, a escrita foi de fundamental importância para o 
controle dos negócios realizados no Império: independentemente da língua da província, tudo deveria ser 
registrado em aramaico - mais fácil de escrever, uma vez que utilizava o alfabeto fenício e não a escrita 
cuneiforme. 
 
(Fontes: James Laver. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 15; A 
elevação do espírito. Rio de Janeiro: Time-Life Books; São Paulo: Abril Livros, 1991. p. 9-38.) 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 37 
 
 
 
A Religião Persa 
 
É conhecida por ZOROASTRISMO ou MAZDEÍSMO a religião monoteísta surgida no Irã, baseada nos 
ensinamentos do profeta Zaratustra (Zoroastro, na versão grega) (628 – 551 a.C.). De acordo com os relatos 
tradicionais, Zoroastro viveu no século VI a.C. na Ásia Central, num território que corresponde atualmente ao leste do 
Irã e a região ocidental do Afeganistão. Ele pertencia ao clã Spitama, sendo filho de Pourushaspa e de Dugdhova. 
Dois princípios fundamentais regem o sistema de crenças desta religião, que são a existência de Deus e do 
Diabo e a volta do Paraíso à Terra. Ahura Mazda é a deidade suprema, o criador de todas as coisas boas, enquanto 
Ahriman é o princípio destrutivo que rege a ganância, a fúria e as trevas. Seus adeptos acreditam que Zoroastro é um 
profeta de Deus, mas este, porém não é alvo de veneração direta por parte dos mesmos. 
De acordo com os ensinamentos do zoroastrismo, é dado aos seres humanos aproximar-se de Deus e da ordem 
natural marcada pelo bem e justiça (asha). De acordo com os ensinamentos, após a morte, cada alma é julgada na 
“Ponte de Cinvat”. Os que seguem a Verdade chegam ao Paraíso; quem segue a Mentira, cai no Inferno. 
O Zend-Avesta, mal comparando, a Bíblia da religião, é o livro sagrado das orações, dos hinos, dos rituais, das 
instruções, da prática e da lei. Entre outros pontos, a obra ensina a negação de qualquer tipo de prática mágica, 
refuta a adoração de várias divindades e a realização de sacrifícios envolvendo o uso de sangue. Afirma ainda que 
cada indivíduo poderia seguir um dos dois caminhos oferecidos por Mazda e Arimã, e o compromisso com a verdade 
e o amor ao próximo garantiriam uma vida eterna no Paraíso. 
O zoroastrismo possui ainda uma importância em meio à história das religiões, por ser pioneira no conceito de 
religião monoteísta, onde é cultuado apenas um deus. Especula-se que conceitos fundamentais do zoroastrismo, 
principalmente o monoteísmo tenham influenciado o judaísmo, e consequentemente o cristianismo. 
 
 
 
Atividades Complementares 
 
1. Faça uma linha do tempo indicando os principais momentos da história dos persas. 
 
2. Quais os expedientes adotados por Dario para controlar em um único império cerca de 10 
milhões de pessoas? 
 
3. O Império Persa deixou um grande legado à disseminação do conhecimento. De que forma 
isso ocorreu? 
 
4. Quando o Império Persa entrava em decadência, outro povo assumiu uma posição de 
destaque na região do Mediterrâneo. Que povo era esse? Comente esse fato. 
 
5. Escreva um texto comentando a influência do zoroastrismo sobre o cristianismo. 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 38 
 
 
 
 
CAPÍTULO 7 
 
Os Hebreus 
 
 
 
 
 
 
 
 
Moises e os 10 Mandamentos 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 39 
 
 
OS HEBREUS 
 
O monoteísmo como força unificadora 
 
Segundo alguns pensadores, as religiões seriam uma tentativa de encontrar respostas para certas indagações 
que a razão humana não conseguia explicar. Assim, os deuses teriam sido criados pela imaginação humana para 
explicar fenômenos como o nascer do Sol, o aparecimento de uma estrela cadente, a queda de um raio, as doenças, 
o nascimento e a morte, etc. 
Com o tempo, uma divindade teria se destacado entre as outras e passado a ser considerada uma espécie de 
rei dos deuses, criador de todas as coisas. 
Esse processo teria levado a humanidade em direção ao monoteísmo. No Egito, por exemplo, no século XIV 
a.C, o faraó Amenófis IV tentou implantar o culto a um único deus, Aton, mas fracassou. Após sua morte, os egípcios 
retornaram ao politeísmo. 
Seja como for, a crença em um Deus único e universal só se concretizou de fato entre os hebreus, povo nômade 
que, há milhares de anos, disputava com outras tribos do deserto, poços de água e terras de pastagem no Oriente 
Médio. 
 
A origem dos hebreus 
 
Os hebreus são um grupo que tem sua origem linguística na Mesopotâmia. O hebraico falado por eles era uma 
língua semita, assim como as línguas de outros povos Mesopotâmicas. Sua história é narrada sem precisão científica 
no Velho Testamento, um dos livros que compõem a Bíblia. 
O primeiro registro não bíblico de sua existência foi encontrado no Egito e é datado de cerca de 1220 a.C. Trata-
se de um relato sobre a relação de dominação exercida sobre eles pelo faraó Mineptah.Documentos históricos e descobertas arqueológicas comprovam a presença dos hebreus na Palestina somente 
a partir de 1230 a.C. Essa data contraria as informações da Bíblia, segundo a qual eles já estariam estabelecidos em 
solo palestino dois séculos antes (sobre essa divergência, veja o boxe A Bíblia e a historiografia). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boxe 1 
A Bíblia e a historiografia 
 
Uma das principais fontes de estudo do povo hebreu e do monoteísmo religioso no mundo é o Velho 
Testamento. Segundo a Bíblia, os hebreus descendem de Abraão, patriarca que vivia na cidade de Ur - na 
Mesopotâmia - e que teria recebido uma ordem de Deus para conduzir seu povo até a Terra Prometida, também 
chamada de Canaã, ou Palestina, localizada onde hoje se encontra o Estado de Israel. 
Mais tarde, no decorrer do século XX a.C., um longo período de seca e fome teria obrigado os hebreus a 
deixar Canaã para se fixarem no Egito, onde acabariam escravizados. Ainda segundo o relato bíblico, no século 
XV a.C. eles teriam fugido de lá guiados por Moisés, profeta escolhido por Deus para conduzir o povo hebreu de 
volta à Terra Prometida. Depois de quarenta anos de travessia no deserto, os hebreus teriam chegado à 
Palestina. 
Apesar das divergências de datas entre a historiografia e o Velho Testamento, a Bíblia pode ser usada como 
referência nos estudos de História. 
 
(Fontes: Jaime Pinsky. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2001.p. 108-9; John Man. A história do alfebeto. Rio de Janeiro: Ediouro, 
2002.p. 116-29; Paul Johnson. História dos judeus. Rio de Janeiro: Imago, 1989.p. 17-25.) 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 40 
 
 
O período dos juízes 
 
Quando os hebreus se estabeleceram na Palestina, sua organização social baseava-se em um sistema 
comunitário, sem forma definida de governo. Os líderes surgiam apenas em momentos de maior necessidade, como 
durante guerras. 
Na falta de uma centralização política e administrativa, cabia a um conselho de anciães, liderado por um juiz, 
orientar e aconselhar a população em questões específicas. Os juízes eram chefes militares com autoridade 
religiosa. Na tentativa de unificar as tribos hebraicas, eles passaram a difundir entre a população a ideia de que os 
hebreus eram um povo único, escolhido por Deus em meio a tantos outros. 
Para criar esse sentimento de identidade, os juízes afirmavam que os hebreus eram descendentes diretos do 
patriarca Abraão - aquele que, segundo a Bíblia, teria conduzido os hebreus de Ur, na Mesopotâmia, à Terra 
Prometida, na Palestina. Eles também exortavam a população a abandonar seus antigos hábitos politeístas. 
Tudo isso contribuiu para o nascimento do judaísmo, religião monoteísta que se tornaria a base de outras 
crenças monoteístas surgidas mais tarde, como o cristianismo e o islamismo (veja o boxe Do politeísmo ao 
monoteísmo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A monarquia hebraica 
 
Por volta de 1010 a.C. os hebreus unificaram suas tribos e formaram o reino de Israel, do qual o primeiro rei foi 
Saul. Coube a seu sucessor, Davi (1006-966 a.C.), a tarefa de expulsar da Palestina um dos povos rivais: os filisteus. 
Após escolher Jerusalém - cidade que já existia - para capital do reino, Davi dividiu Israel em doze províncias (ou 
tribos). 
Com Salomão (966-926 a.C.), filho de Davi, o reino de Israel conheceu sua fase de esplendor e de centralização 
religiosa. É dessa época a construção do Templo de Jerusalém. Com a morte de Salomão, o reino entrou em 
convulsão e dividiu se entre o reino de Israel (reunindo as dez tribos do norte) e o reino de Judá (formado pelas duas 
tribos do sul). (Ver mapa da próxima página) 
Boxe 2 
 
Do politeísmo ao monoteísmo 
 
Diversos estudos apontam no monoteísmo judeu a presença de elementos politeístas das civilizações 
antigas. Um dos exemplos disso é a história do dilúvio, segundo a qual Noé conseguiu sobreviver de uma 
inundação construindo uma arca. Esse episódio - relatado na Bíblia - seria uma adaptação do Épico de 
Gilgamesh, poema sobre um rei da Mesopotâmia escrito por volta de 2000 a.C. 
Segundo o filósofo francês Voltaire (1694- 1778), o judaísmo é resultado da influência das religiões de 
diferentes povos. Ele afirma que os hebreus tomaram emprestados dos fenícios o nome de Deus; dos persas, a 
crença na existência de anjos e na luta entre o Bem e o Mal; e dos egípcios, a prática da circuncisão. 
 
(Fonte: Maria das Graças de Souza ao Nascimento. Dos deuses ao ser supremo. Folha de S.Paulo, 8 mar. 1996, Caderno Especial.) 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 41 
 
Em 722 a.C. o reino de Israel foi dominado pelos assírios, que levaram muitos hebreus como escravos para seu 
território. Em 587 a.C. Nabucodonosor, rei dos babilônicos, conquistou Judá, destruiu o Templo de Jerusalém e 
escravizou muitos de seus habitantes, levando-os para a Babilônia. Em 539 a.C. Ciro I, o Grande, rei da Pérsia, 
conquistou a Mesopotâmia e permitiu que os hebreus retornassem à Palestina, onde viveriam em liberdade desde 
que lhe pagassem tributos. 
Posteriormente, a região da Palestina foi dominada pelos gregos e depois pelos romanos. Em razão da violência 
imposta por estes últimos, os hebreus dispersaram-se por vários lugares do mundo na chamada Diáspora. Essa 
dispersão duraria cerca de 2 mil anos. 
Mesmo vivendo separados uns dos outros, sem governo e sem território próprios até 1948, quando a ONU criou 
o Estado de Israel, os judeus mantiveram vivo o sentimento de identidade nacional e religiosa. Esse sentimento de 
pertencer a uma única nação só foi possível em razão de sua forte crença religiosa e do fato de acreditarem que a 
Palestina estava destinada a eles por vontade divina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boxe 3 
Segundo a tradição, o Muro das 
Lamentações, em Jerusalém, é a única parte que 
restou do Templo de Salomão, destruído por tropas 
do rei babilônico Nabucodonosor em 587 a.C. A 
cidade de Jerusalém é considerada sagrada por 
três grandes religiões monoteístas: judaísmo, 
cristianismo e islamismo. 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 42 
 
 
 
 
Atividades Complementares 
 
 
1- Segundo alguns pensadores, como surgiu a religião? 
 
 
2- É possível resgatar a história dos hebreus e do monoteísmo usando como documento 
histórico a Bíblia? Justifique sua resposta. 
 
 
3- Como era a organização social dos hebreus no período dos juízes? 
 
 
4- Boa parte das civilizações vistas até o momento neste livro tiveram seu processo de 
unificação - formação de um único Estado - amparado pelo uso da força. No caso dos hebreus, 
como ocorreu a centralização? 
 
 
5- Explique a frase: "Mesmo vivendo separados [...] até 1948, os judeus mantiveram vivo o 
sentimento de identidade nacional e religiosa". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 43 
 
 
 
 
CAPÍTULO 8 
 
Os Fenícios 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Fenícios foram os grandes navegadores do Mediterrâneo 
antes do advento da civilização grega. (na imagem, escultura e 
embarcação fenícia.) 
 
 
 
HISTÓRIA - 1º ANO- ENSINO MÉDIO - 2015 44 
 
 
Os cananeus 
 
O Líbano é uma nação do continente asiático encravada entre a Síria, Israel e o mar Mediterrâneo. Com uma 
área de 10 mil quilômetros quadrados, seu território é formado por um pequeno e fértil planalto ao centro, cercado por 
duas cadeias de montanhas. 
Por volta de 3000 a.C. estabeleceram-se

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