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HALE, CHARLES. As Ideias Políticas e Sociais na América Latina, 1870-1930.

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Dayane Soares da Silva
ANOTAÇÃO DE LEITURA
HALE, CHARLES. As Ideias Políticas e Sociais na América Latina, 1870-1930.
A herança liberal numa época de consenso ideológico.
“As ideias políticas e sociais na América Latina foram afetadas por dois fatores óbvios [...] Primeiramente, a cultura das elites dirigentes e intelectuais na América Latina é inteiramente ocidental, [...] modificada, evidentemente, pelas características especiais que a Espanha e Portugal comunicam às antigas colônias. Segundo, as nações da América Latina, com exceção de Cuba, alcançaram sua independência política no começo do século XIX” (p.131).
“As ideologias, os programas políticos e as teorias sociais do século XIX, embora “europeus” em termos intelectuais, eram, não obstante, distintivos e autenticamente “latino-americanos”, em parte porque surgiram em nações politicamente independentes. Rejeitar ou depreciar essas ideias políticas e sociais, acusando-as de “imitativas” ou “derivativas” [...] é tornar insignificante o que na época era considerado altamente importante e distorcer o nosso entendimento da história latino-americana” (p.131-2).
“[...] começamos esse capítulo com uma discussão do liberalismo que nas nações há pouco independentes constituiu a base de programas e teorias para o estabelecimento e a consolidação de governos e a reorganização de sociedades” (p.132).
“A experiência distintiva do liberalismo na América Latina derivou do fato de terem as ideias liberais sido aplicadas em países extremamente estratificados social e racialmente e subdesenvolvidos economicamente, nos quais a tradição da autoridade estatal centralizada estava arraigada profundamente” foi aplicada num ambiente resistente e hostil (Idem).
“Os anos decorridos da década de 1820 até cerca de 1870 [...] foi um período de grande conflito ideológico e de muita confusão política [...] em que as doutrinas clássicas do liberalismo sofreram grande modificação nesse ambiente irregular, uma modificação que derivou mudanças ocorridas no próprio pensamento europeu” (Idem).
Duas décadas que se seguiram a 1870: apogeu do liberalismo > “fim” dos resquícios monárquicos.
Inserção liberal de um estado secular vitoriosa; inserção das nações latino-americanas no sistema econômico do “mundo civilizado”.
“O que parece o apogeu o liberalismo foi, na verdade, a transformação que ele sofreu: de uma ideologia em conflito com a ordem colonial herdade de instituições e padrões sociais converteu-se num mito unificador” (p.333).
“As doutrinas liberais clássicas baseadas na autonomia do indivíduo cederam lugar a outras teorias para as quais o indivíduo é parte integral do organismo social, condicionado pelo tempo e pelo local e está sempre mudando à medida que muda a própria sociedade” (p.333).
O republicanismo e o “Espírito” Americano
“Em suma, havia um “espírito” americano distinto a separar os dois mundos, cujo centro era o republicanismo. Com exceção do Brasil, a independência política do hemisfério ocidental havia implicado a rejeição da monarquia” (Idem).
“Se o espírito americano representou o avanço dos valores e instituições republicanos, significou também a praga dos caudilhos “bárbaros” que ascenderam ao governo nas décadas pós-independência e cujo poder foi mantido pelo carisma, pela adesão popular ou por interesses regionais” (p.335).
“[...] Em contraste com a América espanhola, a característica mais distintiva do movimento republicano brasileiro, reiterada no Manifesto” de 1870, “eram seus laços indissolúveis cm o federalismo”, fruto da Revolução Farroupilha, “Apesar dessa peculiaridade, o crescimento da causa republicana no Brasil contribuiu bastante para estimular em todo o continente o sentimento de solidariedade americana entre os liberais do pós-1870” (p.337).
O Declínio do Constitucionalismo Clássico.
“Um elemento importante da herança liberal da América Latina foi o entusiasmo pelos esquemas constitucionais [...] Os liberais constitucionais tentaram, caracteristicamente, limitar a autoridade mediante a criação de barreiras legais contra o “despotismo” que associavam com o regime colonial. Foram guiados por duas variantes da filosofia política da Ilustração, os direitos naturais do homem e o utilitarismo” (Idem).
“O que deve guiar os reformadores liberais e os redatores das constituições não são os princípios abstratos, mas as peculiaridades das relações sociais de um país condicionadas historicamente” (p.338).
“O federalismo teórico da Constituição abriu caminho para as realidades da centralização” (p.339).
A Supremacia do Estado Secular
“O elemento distintivo do programa liberal clássico na América Latina que afastou os liberais dos conservadores foi o ideal do Estado Secular [...] para as elites dirigentes e intelectuais o triunfo do liberalismo passou a ser sinônimo de progresso do Estado Laico” (p.342).
“O Estado secular moderno era formado de indivíduos, livres, iguais perante a lei e desimpedidos para perseguir seu interesse próprio de ilustração. Eram antes de tudo cidadãos que deviam lealdade primeiramente à nação, e não à Igreja ou a outros resquícios corporativos da sociedade colonial. Como cidadãos, tinha um estado civil, a ser regulamentado e administrado pelo Estado” (Idem).
O Esvanecimento do Ideal de uma Sociedade Burguesa Rural
“Uma das anomalias do legado liberal foi à justaposição do centralismo político e do individualismo socioeconômico” (p.345).
Laissez-faire; propriedade privada: uma ideia inquestionável.
“Na América Latina, como em outras sociedades agrícolas, os liberais havia posto suas maiores esperanças de harmonia social e progresso econômico no detentor da pequena propriedade [...] Os esforços dos reformadores foram frustrados tanto pelas limitações da teoria liberal quanto pelas realidades da sociedade latino-americana” (Idem).
Propriedade corporativa: criação da sociedade podia ser restringida pelos legisladores;
Propriedade individual: anterior à sociedade, não podia.
“A visão de uma sociedade burguesa rural, permeada pela ética do trabalho, praticamente desapareceu depois de 1870. Mostraram-se ineficazes não só os esforços para pôr em circulação a propriedade vinculada, como também os acalentados planos de colonização por agricultores europeus” (p.346).
A ASCENDÊNCIA DO POSITIVISMO
Positivismo = método científico (enfatiza a observação e o experimento/rejeita todo o conhecimento a priori): único meio de o homem conhecer.
“Sendo um conjunto de ideias sociais, o positivismo compartilhava o ponto de vista contemporâneo de que a sociedade era um organismo em desenvolvimento, e não uma coleção de indivíduos, e de que a única maneira adequada de estudar a sociedade era pela história” (p.348).
Educação de uma Nova Elite
“Na América Latina, a principal influencia direta da filosofia comteana se fez sentir nos esforços para reformar a educação superior a fim de atender aos imperativos da nova era. As economias modernas progressistas e os governos efetivos estáveis exigiam uma liderança imbuída de um domínio sistemático da ciência moderna” (p.349).
“Grande parte do estudo sobre o positivismo latino-americano tem se concentrado nos esforços para instituir a Religião da Humanidade e a Igreja Positivista, obsessões da “segunda carreira” de Auguste Comte depois de 1848 [...] O Positivismo Ortodoxo desfrutou de muita notoriedade como nova religião, nova Igreja e culto elaborado, mas seu impacto sobre o pensamento social político foi pequeno. O positivismo que se tornou filosofia educacional na América Latina era claramente heterodoxo” (p.350).
“Podemos discernir a influência positivista em três características gerais da teoria educacional da época: primeiro, em uma ênfase sobre o aprendizado “enciclopédico” de temas colocados numa ordem hierárquica; segundo, uma crescente preferência pelos estudos científicos e práticos, em oposição aos estudos humanistas; e, terceiro, a adoção do secularismo e do controle do estado” (p.351).
“A doutrina positivista foi interpretada de várias maneiras para ajustar-seàs condições locais” (p.352).
“Política Científica” e Autoritarismo
“O positivismo não é explicitamente uma teoria da política, mas a elite dirigente da América Latina tirou de seus preceitos importantes ideias” (Idem).
Preceito de “politica científica”: expresso formalmente no México e no Chile. “Implicava a certeza de que era possível aplicar os métodos da ciência aos problemas nacionais” (Idem). Seguido por uma elite contrária a abstrações políticas.
“Um princípio da política científica em sua origem era que a sociedade devia ser administrada, e não governada, por representantes eleitos” (p.353).
 Antiindividualistico do positivismo
“O objetivo da política não é lançar abstrações como liberdade e autoridade, mas “satisfazer as necessidades sociais a fim e garantir a melhoria do gênero humano e o desenvolvimento da sociedade”” (p.356).
A Brecha nas Instituições Liberais
Brecha nas instituições liberais da Argentina, Brasil, Chile e México: “A infusão de conceitos científicos havia intensificado o consenso político: mas estava prestes a vir à tona o conflito teórico entre o liberalismo clássico e a política científica” (p.357).
“Nos quatro países, o conflito significou resistência à liderança autoritária em nome dos princípios constitucionais. Além disso, com exceção parcial da Argentina, a resistência partiu de dentro da elite dirigente, e mesmo de alguns ministros. Com o entrelaçamento entre os princípios da política científica e os ditames do constitucionalismo histórico, os contestadores não rejeitaram o princípio da autoridade forte, apesar do manifesto conflito político” (p.358).
“O que fechou a brecha foi à obra de Carlos Pellegrini (1846-1906), cuja carreira e ideias condensaram a fusão na prática do constitucionalismo e da política científica” (p.361).
“Nos quatro países, a paz política foi restaurada rapidamente, graças a um acordo fundamental sobre os valores econômicos e sociais” (Idem).
“O conflito deixou legados importantes. Embora o impulso autoritário na política científica tenha sido detido temporariamente [...] por uma oligarquia “constitucionalista” que ressurgia, o poder presidencial adquiriu novas armas para as futuras batalhas” (p.362).
Evolução Social, Raça e Nacionalidade.
O sistema evolutivo de Spencer: baseava-se no desenvolvimento de sociedades particulares
“Spencer ajudou os latino-americanos a concentrarem sua atenção nas peculiaridades da sua própria sociedade dentro do esquema universal” (p.363).
“Um elemento do sistema evolutivo de Spencer, embora não seja o principal, é a raça, que acabou por tornar-se a preocupação central do pensamento social latino-americano” (Idem).
“A ciência da psicologia, que então nascia, deu outra dimensão à consciência de raça do século XIX e grande parte do pensamento racista latino-americano tomou a forma de uma investigação de psicologia social” (p.365).
“Euclides da Cunha introduziu uma nova questão no pensamento social, a base étnica ou racial da identidade nacional” (p.371).
“A preocupação com o caráter da nova sociedade surgiu como parte de notável florescimento científico e cultural entre 1900 e 1915, que ainda não foi igualado mesmo pela América Latina atual” (p.373).
“Em 1915, poucos intelectuais importantes tinham uma visão positiva de imigração como a de Ingenieros. Ao contrário, simpatizavam com a xenofobia cada vez mais acentuada, que era em parte uma reação da elite às hordas de camponeses e trabalhadores europeus, alguns das quais prosperavam no comércio urbano e nos negócios e nas profissões” (p.376).
O Determinismo Social e o Governo Caudilho
“[...] acentuou e solidificou um diagnóstico da política latino-americana que vinha se desenvolvendo desde pelo menos a década de 1840” (p.378).
“[...] o pensamento social determinístico foi permeado por uma hostilidade às doutrinas liberais e democráticas clássicas” (p.380).
“Os positivistas latino-americanos reconheciam que a sociedade tinha características específicas, mas as limitações da teoria evolucionista forçaram-nos a considerar essa sociedade inferior numa escola unilinear de civilização” (p.382).
“A influência de ambas as conclusões positivistas, uma extraída da política científica programática e outra do determinismo social diagnóstico, persistiu, mas não sem enfrentar uma contestação fundamental das ideias intelectuais sobre as quais estavam baseadas” (p.383).
O NOVO IDEALISMO, O RADICALISMO SOCIAL E A PERSISTÊNCIA DA TRADIÇÃO AUTORITÁRIA.
Rodó
O Impulso Democrático e Constitucional na América Espanhola
“A década de 1919-1929 testemunhou na América espanhola uma onde intensa mais breve de democracia liberal” (p.393).
“A democracia política foi reforçada pelo idealismo filosófico e pela busca da argentinidad, as raízes e essência da cultura nacional” (p.394).
O Socialismo, o Movimento Agrário e o Indigenismo.
“Acompanhando o impulso democrático, surgiu outro desafio mais fundamental ao consenso político e social restabelecida na década de 1890: o socialismo e o radicalismo agrário [...] desencadeado pelo ritmo acelerado das mudanças socioeconômicas: a expansão das economias de exportação e sua integração no sistema capitalista internacional, o crescimento pouco expressivo da indústria e de uma força de trabalho urbana, e em algumas regiões uma maciça imigração” (pág.399).
O Corporativismo
“Concluímos este capitulo com a análise das ideias políticas autoritárias ou corporativistas nos anos anteriores a 1930. O termo "corporativismo" foi utilizado para designar primordialmente u m construto analítico, "uma ferramenta do erudito" para elucidar a estrutura distintiva das políticas latino-americanas contemporâneas (pós-1930)” (pág.407).
O corporativismo como ideologia formal, distinguido do corporativíssimo como sistema, não tem sido comum na América Latina. Apesar disso, várias ideias corporativistas começaram a aparecer com alguma frequência n o pensamento e na política da década de 20” (pág.408).
“O corporativismo foi uma reação a democracia liberal e ao socialismo e, não obstante, esteve muito interligado corri esses dois conceitos” (Idem).
Por mais importantes que tenham sido os modelos europeus contemporâneos, o corporativismo que emergiu bebeu muito mais na herança positivista, tanto na política científica quanto no pensamento social determinista” (Idem)

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