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GABARITO 1a PROVA - DISCIPLINA MTM 5186: CÁLCULO IV Professor: Matheus C. Bortolan (Valor 3.0) Questão 1: Responda às seguintes questões, usando as equações de Cauchy-Riemann. (1.5) (a) Mostre que a função f (x + i y) = x x2+y2 + i y x2+y2 não é analítica em nenhum ponto de C. (1.5) (b) Mostre que a função f (x + i y) = x2 + y2 +2i x y é diferenciável em todos os pontos do eixo real, mas não é analítica em nenhum ponto de C. ∗ Solução: (a) Claramente esta função não está definida para (x , y) = (0, 0). Assim, podemos supor que x2 + y2 6= 0. Temos neste caso u(x , y) = x x2+y2 e v(x , y) = y x2+y2 . Assim, calculando as derivadas de u com respeito a x , y e de v com respeito a x , y , obtemos ux(x , y) = y2− x2 (x2 + y2)2 e uy(x , y) =− 2x y(x2 + y2)2 . e também vx(x , y) =− 2x y(x2 + y2)2 e vy(x , y) = x2− y2 (x2 + y2)2 Como x2 + y2 6= 0, para que ux = vy é necessário que y2− x2 = x2− y2, o que implica que x2 = y2. (1) Para que uy =−vx , é necessário que 2x y =−2x y , o que implica que x y = 0. (2) A equação (2) mostra que devemos ter x = 0 ou y = 0. Isto, juntamente com a equa- ção (1) nos dá que x = y = 0. Como estamos assumindo x2 + y2 6= 0, vemos que as equações ux = vy e uy = −vx nunca são satisfeitas, e portanto u e v não satisfazem as equações de Cauchy-Riemann, o que mostra que f não é diferenciável em nenhum ponto de C e portanto f não é analítica em nenhum ponto de C. (b) Neste caso, temos u(x , y) = x2 + y2 e v(x , y) = 2x y . Assim, as equações de Cauchy- Riemann para u e v são ( 2x = ux = vy = 2x 2y = uy =−vx =−2y , que estão satisfeitas para qualquer x ∈ R, desde que y = 0. Portanto, f é diferenciável somente nos pontos da forma x + i0 = x , ou seja, em todo o eixo real. Como a analiti- cidade de f em um ponto z0 depende da diferenciabilidade de f numa vizinhança dele, vemos que f não pode ser analítica em nenhum ponto de C. (Valor 2.0) Questão 2: Considere a função exponencial complexa f (z) = ez, e lembremos que para z = x + i y , ela é dada por ez = ex cos y + iex sin y , e está definida para todo z ∈ C. (1.0) (a) Mostre que a função exponencial é inteira; isto é, ela é analítica em todos os pontos de C. (1.0) (b) Mostre que d dz ez = ez, para todo z ∈ C. ∗ Solução: (a) Para a função exponencial temos u(x , y) = ex cos y e v(x , y) = ex sin y , que têm derivadas de primeira ordem contínuas. Calculando estas derivadas temos ux = e x cos y, uy =−ex cos x , vx = ex sin y e vy = ex cos y, e vemos facilmente que ux = vy e uy = −vx , o que mostram que as equações de Cauchy- Riemann estão satisfeitas para todos x e y , e portanto f (z) = ez é diferenciável em todo o plano complexo, e consequentemente, f é analítica em todo plano complexo. (b) Sabemos que se f = u+ iv é diferenciável então d f dz = ux + ivx , e aplicando ao nosso caso, encontramos d dz ez = ex cos y + iex sin y = ez. (Valor 2.0) Questão 3: Sejam r o eixo imaginário e C o círculo |z|= 1. (1.0) (a) Defina z1 = −i, z2 = 0, z3 = i, w1 = −i, w2 = 1 e w3 = i. Construa uma transforma- ção de Möbius T que leva r em C , e tal que T (zi) = wi, para i = 1, 2,3. (1.0) (b) Qual é a imagem do semiplano Re(z)< 0 pela transformação T? Justifique. ∗ Solução: (a) Vamos construir as razões cruzadas (z, z1, z2, z3) e (w,w1,w2,w3). Temos (z, z1, z2, z3) = z+ i z− i · −i i =−z+ i z− i , e também (w,w1,w2,w3) = w+ i w− i · 1− i 1+ i =−w+ i w− i · i Assim, fazendo (z, z1, z2, z3) = (w,w1,w2,w3), obtemos z+ i z− i = i w+ i w− i , ou equivalentemente (z+ i)(w− i) = (iz+ 1)(w+ i), isto é, w(z+ i)− iz+ 1 = w(iz+ 1)− z+ i, e logo w(z− iz+ i− 1) =−z+ iz+ i− 1 Simplificando esta expressão e isolando w, obtemos w = z(i− 1) + i− 1 z(1− i) + i− 1, e portanto a transformação de Möbius que buscamos é T (z) = z(i− 1) + i− 1 z(1− i) + i− 1. Facilmente verificamos que T (−i) =−i, T (0) = 1 e T (i) = i. (b) Método 1: A orientação escolhida para o eixo imaginário faz com que o semiplano Re(z) < 0 seja o lado esquerdo de r. Como a orientação dada por T no círculo faz com que o lado de dentro seja o lado esquerdo de C , sabemos do Princípio da Orientação que 4 T leva Re(z)< 0 na parte de dentro do círculo C . Método 2: Escolhemos o ponto de teste z = −1. Como T (−1) = 0, que está dentro do círculo C , sabemos que o semiplano Re(z)< 0 é levado no interior de C . (Valor 1.0) Questão 4: Calcule ∮ γ z z− 2dz, onde γ é o círculo |z− 2|= 2, orientado positivamente. ∗ Solução: A função f (z) = z não é analítica, e portanto não podemos utilizar a Fórmula Integral de Cauchy. Desta maneira, devemos parametrizar a curva γ. Uma parametrização possível de γ é dada por γ(t) = 2+ 2ei t , para t ∈ [0, 2pi]. Assim, para g(z) = z z−2 , sabemos que∮ γ g(z)dz = ∫ 2pi 0 g(γ(t))γ′(t)d t = ∫ 2pi 0 2+ 2e−i t 2ei t 2iei td t = i ∫ 2pi 0 (2+ 2e−i t)d t = 4pii+ 2 −e−i t��2pi0 = 4pii. (Valor 2.0) Questão 5: Calcule ∮ γ e2iz z4 − z 4 (z− i)3 dz, onde (1.0) (a) γ é o círculo |z|= 6, orientado positivamente. (1.0) (b) γ é o círculo |z− 3|= 1, orientado negativamente. ∗ Solução: 5 (a) Defina a função f (z) = e 2iz z − z4 (z−i)3 , que está bem definida e á analítica em todo o plano complexo, exceto nos pontos z0 = 0 e z1 = i. Segue do Princípio da Deformação de Curvas que ∮ γ f (z)dz = ∮ γ1 f (z)dz+ ∮ γ2 f (z)dz, onde γ1 é o círculo |z|= 12 e γ2 é o círculo |z− i|= 12 , ambos orientados positivamente. Analisemos cada uma das integrais separadamente. Temos∮ γ1 f (z)dz = ∮ γ1 e2iz z4 dz− ∮ γ1 z4 (z− i)3 dz. Como a função z 4 (z−i)3 é analítica sobre a curva γ1 e em seu interior, o Teorema de Cauchy-Goursat nos garante que ∮ γ1 z4 (z−i)3 dz = 0. Para o restante desta integral, definindo g(z) = e2iz, temos que g é analítica sobre γ1 e em seu interior, assim a Fórmula Integral de Cauchy nos dá que∮ γ1 e2iz z4 dz = ∮ γ1 g(z) z4 dz = 2pii 3! g(3)(0) = pii 3 (−8i g(z))��z=0 = 8pi3 . Logo ∮ γ1 f (z)dz = 8pi 3 . Para a integral sobre γ2 prosseguimos da mesma maneira. Temos∮ γ2 f (z)dz = ∮ γ2 e2iz z4 dz− ∮ γ2 z4 (z− i)3 dz, e, neste caso, como a função e 2iz z4 é analítica sobre γ2 e em seu interior, o Teorema de Cauchy-Goursat nos dá ∮ γ2 e2iz z dz = 0. Agora, definindo h(z) = z4, a Fórmula Integral de Cauchy para derivadas nos dá∮ γ2 z4 (z− i)3 dz = 2pii 2! h′′(i) = pii · 12i2 =−12pii, e portanto ∮ γ2 f (z)dz = 12pii. Desta maneira, somando as duas integrais, obtemos∮ γ f (z)dz = 8pi 3 + 12pii. 6 (b) Como f é analítica em γ e em seu interior, segue diretamente do Teorema de Cauchy- Goursat que ∮ γ f (z)dz = 0.
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