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1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS CONCEITO São obrigações que a previdência tem para com seus beneficiários. Beneficiários que nós já conhecemos que são os segurados de um lado e os dependentes do outro. ESPÉCIES Serviços Benefícios SERVIÇOS Os serviços são utilidades prestadas pela previdência aos seus beneficiários. Os mais importantes são: a) o serviço social, que nós podemos dizer que é aquele serviço de orientação aos beneficiários, não basta que o segurado, que o dependente receba seu benefício, um benefício. Ele tem que receber o benefício correto com o valor correto. Portanto, o serviço social deve orientar os segurados, os dependentes em relação aos seus direitos e o caminho, deve orientar o caminho para requerer, para ter acesso a esses direitos. b) o serviço de reabilitação profissional, este serviço é regulamentado ao regulamento, e em caso de acidente de trabalho, esse serviço de reabilitação é obrigatório. A previdência tem todo o interesse em que o segurado trabalhe, e não que o segurado fique em gozo do benefício, porque se ficar em gozo do benefício, ele não paga a previdência e a previdência ainda tem que pagar para o segurado. Então o serviço de reabilitação profissional. c) o convênio, esses convênios são aqueles realizados com clínicas para fazer exames complementares. Esses exames complementares não são direcionados a elaborar o diagnóstico, mas são exames complementares para efeitos da perícia médica. Quem faz o diagnóstico é o médico do SUS, ou então o médico do convênio, ou o médico particular. A previdência faz esses convênios com clínicas e com laboratórios para exames complementares, exemplo: uma ressonância magnética da coluna, ou então uma audiometria, enfim, esses exames complementares muitas vezes necessários para a perícia médica. d) o convênio para pagamento de auxílio doença. Existem grandes empresas ou grandes entidades sindicais que tem interesse em fazer esse convênio com a previdência, porque os médicos da própria empresa ou do próprio sindicato, fazem o exame pericial, concede ou não concede o auxílio doença, e pagam esse benefício, depois a previdência reembolsa a empresa. e) o convênio para desconto em folha, o chamado empréstimo. Esse empréstimo consignado é regulamentado por duas leis, lei 10820/2003 e 10953/2004. Este aqui é uma prestação que nós chamamos de serviços, muito rapidamente para termos uma visão deste ponto. BENEFÍCIOS Os benefícios para efeitos de estudos, nós dividimos em duas grandes categorias, ou de duas naturezas: os benefícios de natureza previdenciária e os benefícios de natureza acidentária. Estes previdenciários normalmente são chamados de comuns para se contrapor ao benefício de natureza acidentária. 2 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO Existe alguma diferença? Existe, a grande importância de se saber se são de natureza acidentária ou se são de natureza comum, é que os benefícios de natureza acidentária não tem carência, e os benefícios de natureza comum geralmente tem carência. BENEFÍCIOS DE NATUREZA ACIDENTÁRIA Dentro dos benefícios de natureza acidentária ainda se encontram os de natureza acidentária comum, normal, ou seja, de qualquer natureza, acidente de qualquer natureza, ou então benefício de natureza acidentária do trabalho. Existem benefícios de natureza acidentária que são decorrentes do trabalho, e qual é a importância de se saber se são de natureza acidentária do trabalho ou se são de natureza de qualquer acidente? Três grandes diferenças. 1ª) tratando-se de benefício de natureza acidentária do trabalho, o segurado em gozo de auxílio doença tem direito ao depósito do fundo de garantia por tempo de serviço, o FGTS. Fundamento: §5º, do artigo 15 da lei do FGTS, lei 8036/90. 2ª) o segurado que retorna do auxílio doença de acidente de trabalho, este auxílio doença ao qual eu me referi antes, tem direito a estabilidade de doze meses no emprego, após o retorno do auxílio doença do acidente do trabalho. Esta previsão está no artigo 118 da lei 8213/91, e esse artigo 118 criou muita polêmica porque os sindicatos entendiam que qualquer tempo em que o segurado ficasse com auxílio doença acidentária do trabalho, já lhe dava o direito a estabilidade. Enquanto que as empresas, os empresários entendiam que para ter direito à estabilidade, havia a necessidade que após o retorno, após a alta ao auxílio doença acidentário, o segurado tivesse que ter direito, ser beneficiário com auxílio acidente. Auxílio acidente é um benefício devido ao assegurado que retorna do auxílio doença acidentário e permanece com sequelas, algum tipo de incapacidade. O artigo 118 diz estabilidade de doze meses após o retorno do auxílio doença acidentário do trabalho, independentemente da concessão ou não do auxílio acidente. Ora, se é independentemente da concessão ou não do auxílio acidente, significa que pode ou não pode retornar com sequelas. Por outro lado, os sindicatos não têm razão, porque só retorna do auxílio doença quem entra em auxílio doença, e para entrar no auxílio doença, precisa ficar mais de quinze dias. Então se o segurado ficar dez, doze, cinco, não tem direito a estabilidade. 3ª) competência jurisdicional. Se o segurado quiser discutir na justiça algum direito relacionado ao acidente do trabalho, a justiça competente é a justiça comum estadual, se for outro tipo de discussão, acidente de qualquer natureza, benefício de natureza comum ou previdenciário, ele tem que recorrer à justiça comum, mas na justiça federal. Será dos juizados especiais federais, dependendo do valor da causa, caso contrário, será da justiça federal comum, a justiça federal previdenciária, que têm varas especializadas na justiça federal. NATUREZA DOS BENEFÍCIOS A natureza dos benefícios é de natureza alimentar. Os benefícios sucedem o salário. O segurado não pode ganhar o salário, então ele vai ganhar o benefício. Então a natureza do benefício é de natureza alimentar. 3 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO Importante saber a natureza porque dessa natureza, do fato de ser de natureza alimentar, decorrem três características muito importantes dos benefícios. indisponibilidade, o beneficiário não pode dispor do benefício; insusceptibilidade de gravame, o benefício não pode ser penhorado, o benefício não pode ser sequestrado; imprescritibilidade do direito. Aqui há uma questão divergente, porque os artigos 103 e 104 da lei, eles falam em dez anos de decadência, dez anos de prescrição. O que é que existe hoje? O que se pode falar hoje em relação a esse tema? Nós temos a sumula 19 das turmas recursais dos Juizados Especiais Federais da 3ª região SP e a súmula 85 do STJ. Cominando estas duas súmulas, chegamos a seguinte conclusão: o que prescreve em relação aos benefícios não é o direito ao benefício, mas sim os cinco anos para trás, a famosa prescrição quinquenal das prestações. CARÊNCIA DOS BENEFÍCIOS Carência em relação aos benefícios é o número de meses em que o segurado precisa contribuir para ter direito a determinados benefícios. É a carência que nós conhecemos, como a carência do plano médico, como outro tipo de carência. A carência é o tempo que precisa ser cumprido, a carência não se compra, a carência se cumpre. Falarei por blocos, blocos significam: vou te dar os benefícios que não tem carência, e depois os benefícios que tem carência. Quando estudarmos cada benefício, também falaremos da carência daquele benefício especificamente. BENEFÍCIOS SEMCARÊNCIA 1º bloco: Benefícios de natureza acidentária. Nenhum benefício de natureza acidentária tem carência. 2º bloco: Auxílio doença e aposentadoria por invalidez, se tiverem como causa, se forem decorrentes de acidente ou de doenças especiais. De acidente já está no item anterior, natureza acidentária, e se for de doenças especiais? Que doenças especiais são essas? Doenças que tem características previstas no artigo 26, II, da lei 8213. E quais são essas características ou esses caracteres? O artigo 26, II, diz o seguinte: doenças e afecções que tenham o caráter de estigma, deformação, mutilação e deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado. Antigamente o art. 151 da Lei n.8.213/91 trazia a lista dessas doenças, a título de exemplo e para facilitar os peritos do INSS. Mas a MP 664/2014 revogou expressamente esse artigo. Contudo o mesmo inciso II do art. 26 da lei, determina que essa lista seja elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social. 3º bloco: salário-família e auxílio-acidente; E finalmente, o salário maternidade para a empregada, para a avulsa, e para a doméstica, então para estas três seguradas não tem carência para efeitos do salário maternidade. E os benefícios com carência? 4 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO a) doze meses para o auxílio doença e aposentadoria por invalidez, estou referindo ao auxílio doença e a aposentadoria por invalidez, para esse dois benefícios quando forem decorrentes de doenças comuns, porque se forem de doenças especiais, ou decorrentes de acidente de trabalho, nós já vimos que não tem carência, visto no bloco anterior. b) dez meses o salário maternidade, de quem? Da individual, da facultativa e da especial, porque das outras três não tem carência. Então veja, não tem carência o salário maternidade da empregada, da avulsa e da doméstica, tem dez meses de carência a individual, a facultativa e a especial. Esta diferença, este requisito carência para essas três últimas já foi levado ao Supremo e foi julgado constitucional, é a lei que vai dizer qual o benefício e que tipo de carência. Então não há nenhuma irregularidade, não há nenhuma ilegalidade ou inconstitucionalidade na carência das três seguradas e na não carência das outras três. c) cento e oitenta meses para as aposentadorias não patológicas, quais são as aposentadorias não patológicas? São as aposentadorias por idade, por tempo de contribuição e a aposentadoria especial. Então aposentadoria patológica é a aposentadoria por invalidez, as aposentadorias não patológicas são por idade, por tempo de contribuição e especial. d) 24 meses para a pensão por morte e auxílio reclusão. Este item foi acrescido pela MP 664/2014 e pode ser julgado inconstitucional pelo STF e for instado a se manifestar e isso pela própria natureza do benefício. INÍCIO DA CARÊNCIA Importante saber quando começa a contar a carência, qual é o termo inicial da carência. Para o empregado e para o avulso, a carência começa a contar da filiação. A filiação presume o início da contagem da carência. Para o doméstico, o individual e o facultativo, a carência começa a contar do efetivo primeiro recolhimento, então não adianta se inscrever pelo NIT se não pagar a primeira contribuição. Então, para esses três, doméstico, individual e facultativo do efetivo primeiro recolhimento. Para o segurado especial, finalmente, é o início da atividade que lhe garante, que lhe dá essa condição de segurado especial. Início da atividade. BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE Como se calculam, como se gozam, como se conseguem esses benefícios. Vamos estudar o cálculo do benefício e o fator previdenciário. Qual é o caminho percorrido para que um segurado que contribua sobre um valor X vá receber um valor Y, sempre inferior aquele sobre o qual contribuía? Bom, para entendermos essa questão, precisamos entender alguns conceitos, precisamos saber qual é o procedimento de cálculo deste valor do benefício. E para isso, existem algumas regras muito simples. O valor do benefício, que é chamado na previdência de RMI – renda mensal inicial, ele é calculado sobre um valor, um valor indefinido, que se chama valor salário de benefício. O salário de benefício é um valor sobre o qual eu vou calcular o valor da minha renda mensal inicial. O valor inicial do benefício. Este salário de benefício, por sua vez, tem como base, é calculado sobre os salários de contribuição. Então vejam, nós temos o salário do benefício e temos o salário de contribuição. 5 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO O salário de contribuição, eu conheço o meu salário de contribuição. Salário de contribuição nada mais é do que o valor sobre o qual contribui o segurado, eu tenho o meu salário de contribuição, cada um de nós, cada segurado tem o seu salário de contribuição. Então, eu conhecendo os meus salários de contribuição, eu calculo o meu salário de benefício, e sobre este salário de benefício, eu vou calcular o valor do benefício, a renda mensal inicial. Cada benefício tem um valor, porque ele é um percentual do salário de benefício. Por exemplo: auxílio doença, é 91% do salário de benefício. Então eu calculo o meu salário de benefício, aplico 91% sobre esse valor e eu sei o meu valor de benefício, a minha renda mensal inicial. Bom, e como é que se encontra este tal de salário de benefício, já que ele é que é a base de cálculo? Até a lei 9876/99, o salário de benefício era calculado sobre as trinta e seis últimas contribuições. Claro que essas trinta e seis ultimas contribuições eram atualizadas monetariamente. Esta forma de cálculo estava prevista no artigo 202 da CF, vejam que a Constituição tinha a forma de cálculo do salário de benefício, isso era um absurdo. Bom, a emenda 20/98, que como já vimos, foi a grande reforma da previdência social do Brasil. Ela mudou tudo, por quê? Porque em 94, como nós sabemos, houve um plano real que estabilizou a economia brasileira, e portanto, a previdência deveria atualizar a essa nova realidade econômica. Então o que a previdência fez? Tirou a forma de cálculo do artigo 202 da Constituição. Hoje o artigo 202, não trata disso, ele trata da previdência privada complementar. Em 98 tivemos a reforma da previdência, a emenda 20, em 99 tivemos essa lei 9876/99, que nessa linha de raciocínio nova, economia estabilizada, alterou a forma de cálculo do salário do benefício. Como é que se calcula hoje? Depende. Para a aposentadoria por idade, e por tempo de contribuição, o salário de benefício corresponde à média aritmética simples. Dos 80% maior salário de contribuição corrigidos monetariamente do período contributivo. Nós temos o período contributivo, pegamos os 80% maior salário da contribuição, só que aqui temos uma diferença, para os segurados antigos, ou seja, para os segurados anteriores, para os filiados à previdência social antes da lei 9876, vamos pegar o período contributivo de julho de 94, lembra-se do plano cruzado? Julho de 94 para cá. Agora, se o segurado se filiou a previdência social a partir da lei 9876/99, você pega todo o período contributivo, 80% de todo o período contributivo. Sempre os maiores salários de contribuição, sempre corrigidos monetariamente. A esta média que eu encontrei, eu vou aplicar o chamado fator previdenciário. Para as aposentadorias, tempo de contribuição, e por idade esta é a forma de cálculo do salário de benefício. Calculo aquela média, dependendo se o segurado é antes da lei 9876/99, eu pego o período de julho de 94 até hoje, e se o segurado é filiado depois dessa lei9876/99, todo o período contributivo, pega os 80% maiores corrigidos monetariamente. Para os demais benefícios, é a mesma forma de cálculo, só que eu não aplico o chamado fator previdenciário. É um cálculo que o computador, que os computadores da dataprev fazem, não precisa ninguém se preocupar. Com isso, o que eu quero transmitir é que existe esta forma de cálculo que explica porque o segurado recolhe sobre um valor e vai receber um outro valor bem diferente. Fator previdenciário é uma “briga”, o Congresso já acabou com o fator previdenciário, mas depois o Presidente não promulgou, enfim, a verdade é que o fator previdenciário continua existindo. O que é este fator previdenciário? Eu digo o seguinte, fator previdenciário é um índice, é um 6 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO parâmetro de cálculo, ele é um redutor, por quê? O que é que entram? Quais são as variáveis? Quais são os fatores que entram? As parcelas que entram nessa composição do fator previdenciário? A base do fator previdenciário é o tempo de contribuição, a idade do segurado, expectativa de sobrevida e alíquota. O tempo de contribuição de segurado, a idade do segurado e o tempo de sobrevida do segurado são calculados na data em que o segurado requer a aposentadoria por tempo de contribuição ou aposentadoria por idade. A alíquota é sempre 0,31. Pegam-se todas estas variáveis, aplica-se a fórmula que está na lei, e a conclusão desta formula é o fator previdenciário. Este fator previdenciário, ele varia entre 0,67 e 1,4. Duas regrinhas para você saber se o fator previdenciário é pequeno ou grande, ou como se pode vislumbrar, como se pode saber, mais ou menos de plano, o fator previdenciário. O fator previdenciário ele será tanto maior, quanto maior for o tempo de contribuição, quanto mais velho for o segurado, por quê? Porque se o segurado tem um grande tempo de contribuição, se o segurado é velho e tem uma idade elevada, a sobrevida dele vai ser pequena. Então, quanto maior for o tempo de contribuição, quanto maior for a idade, quanto mais velho for o segurado, menor será o tempo, o período de sobrevida do segurado, então o fator previdenciário será maior. A tendência é de chegar a 1,2, 1,3 ou até a 1,4. E o contrário. Quanto menor for o tempo de contribuição, quanto mais jovem for o segurado, portanto, quanto menor for a idade do segurado, maior será o tempo de sobrevida. Se o tempo de sobrevida do segurado for maior, o que é que vai acontecer com ele? Ele vai receber durante um período mais longo, mais prolongado, então o fator previdenciário será menor. Vejam que é a regra do jogo. Se eu sou velho com maior tempo de contribuição, eu vou viver menos aposentado e, portanto, o valor será maior. O contrário. Se eu for jovem o tempo de contribuição será menor, vou viver mais tempo gozando da minha aposentadoria, e, portanto, o valor será menor. Este é o objetivo, a finalidade do fator previdenciário, ou seja, o segurado deve aposentar-se o mais tarde possível, ele deve morrer trabalhando, ou então se aposentar quando estiver lá no finalzinho. Porque ele se aposenta com um valor maior, um valor grande, mas durante pouco tempo. Claro que eu estou exagerando para vocês poderem entender porque até hoje não foi revogado o fator previdenciário, não foi extinto, embora o Congresso esteja sempre criando projetos para extinguir o fator previdenciário. Algumas observações a respeito do fator previdenciário. Aquela expectativa de sobrevida que eu falei, ela é dada pelas tábuas de mortalidade do IBGE. Então o IBGE, a cada dois anos, imita as tábuas de mortalidade. Então num mês em que o segurado vai pleitear a sua aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição, está lá a tábua de mortalidade. Por isso que se aplica aquele fator de sobrevida. Para a aposentadoria por tempo de contribuição, a aplicação do fator previdenciário, naquela média que nós encontramos lá atrás, é obrigatória. A aposentadoria por tempo de contribuição, aplicação de fator previdenciário obrigatório. Aposentadoria por idade. Aplicação do fator previdenciário facultativa, por quê? Porque vejam, na aposentadoria por idade o segurado já tem que ter sessenta anos se for mulher e sessenta e cinco se for homem. Então a expectativa de sobrevida já está mais ou menos fixa. O que a previdência não quer é que alguém com cinquenta anos, com quarenta anos de idade se aposente por tempo de contribuição. Pode se aposentar? Claro. Se tiver trinta anos de contribuição se for mulher, e trinta e cinco se for homem, pode se aposentar. Alguém começou a trabalhar aos quinze anos, mulher mais trinta, pode se aposentar aos 7 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO quarenta e cinco. Vejam que seria um absurdo para o sistema. O fator previdenciário quer preservar o sistema. Não quer que as pessoas se aposentem muito cedo. Por isso reduz o valor do salário do benefício, portanto, reduz o valor da aposentadoria. Mais duas regrinhas. A segurada na hora em que for calcular o seu tempo de contribuição para efeito do fator previdenciário, já tem cinco anos de contribuição, então, acrescenta no seu tempo de contribuição cinco anos. O professor de nível universitário e ensino médio também acrescentam em seu tempo de contribuição cinco anos. E a professora de ensino fundamental e médio, acrescenta dez anos no seu tempo de contribuição na hora de calcular o fator previdenciário. Por quê? Por uma razão muito simples. Aquela fórmula enorme que tem lá na lei, para calcular o fator previdenciário, tem como base o tempo de contribuição de trinta e cinco anos. Se o professor pode se aposentar aos trinta, ele sairia perdendo cinco anos. E a professora que pode se aposentar aos vinte e cinco, sairia perdendo dez anos. Importante saber. Segurada acrescenta cinco anos ao seu tempo de contribuição, professor de ensino fundamental e médio, não universitário, cinco anos. Professora dez anos. AUXÍLIO DOENÇA É um benefício devido ao segurado em razão da incapacidade temporária para o trabalho, ou para as ocupações habituais. Ocupações habituais, pois o segurado facultativo pode não trabalhar, o estudante vai ficar incapacitado para as suas ocupações habituais que é estudar; a dona de casa, para o trabalho de dona de casa. Portanto, é a incapacidade temporária para o trabalho ou para as ocupações habituais. REQUISITOS DO AUXÍLIO DOENÇA 1º) carência de doze meses, se for de doença comum. Vejam que o auxílio doença pode ser decorrente de uma doença comum, de uma doença especial ou de acidente. 2º) incapacidade temporária para o trabalho ou para as ocupações habituais. Esta capacidade deve ser aferida por laudo pericial do perito do próprio INSS. INÍCIO Primeira hipótese: Para o segurado empregado a partir do trigésimo primeiro (31º) dia do afastamento da atividade (incapacidade). Os trinta primeiros dias são pagos pela empresa e a este período de trinta dias, antes de o segurado entrar em gozo do auxílio-doença, dá-se o nome de “tempo de espera”. Ele está esperando se entra ou se não entra em gozo de auxílio doença. Os demais segurados entram em gozo de auxílio doença a partir do primeiro dia da incapacidade. Então, o empregado a partir do trigésimo primeiro dia, e os demais segurados a partir de incapacidade. Segunda hipótese: Data do requerimento: Para o empregado se entre o afastamento e a data do requerimento decorrerem mais de quarenta e cinco (45) dias. 8 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO Para os demais segurados se entre o afastamentoe a data do requerimento deorrerem mais de trinta (30) dias. Lembrem-se que o benefício tem natureza alimentar, se o segurado não comeu durante quarenta e cinco ou trinta dias, para que está precisando do auxílio doença? Então ele vai ganhar o auxílio doença a partir da data do requerimento. VALOR É de 91% do salário-de-benefício. Calculamos o salário do benefício, agora vamos aplicar 91% sobre aquele valor. Contudo o valor encontrado não pode exceder a média aritmética simples dps últimos doze salários-de-contribuição, inclusive no caso de remuneração variável. Se o segurado não tiver o número de doze, a média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes (parte final com a redação dada pela MP 664/2014). DURAÇÃO A duração do auxílio doença, tecnicamente, é enquanto estiver incapacitado para o trabalho. Por definição não dissemos que é uma incapacidade temporária? Então durante todo o tempo em que estiver incapacitado para o trabalho, ele receberá o benefício, o auxílio doença. Cuidado: Se por definição é temporária essa incapacidade, não vai ficar a vida toda em auxílio doença. TÉRMINO a) alta médica. A incapacidade é temporária e a alta médica é a primeira forma de término da cessação do auxílio doença. b) conversão do auxílio doença em aposentadoria por invalidez. Então ele fica dois, três meses, meio ano, um ano, não se cura para ter alta, nem morre. O que fazemos? A perícia concede a aposentadoria por invalidez. c) o retorno espontâneo ao trabalho, o segurado, sem que o perito dê alta, ele volta a trabalhar. É muito perigoso e não pode, caso ele ache que está bom, deve ir até o perito e pedir alta. A previdência não quer ninguém em gozo do auxílio doença. A previdência quer que o segurado trabalhe, pois mantém o auxílio doença estritamente às pessoas que estão incapacitadas. d) abandono da reabilitação quando for obrigatória. Já vimos que o segurado acidentado de trabalho, se a perícia, se o médico exigir, ele é obrigado a fazer a reabilitação. Se ele a abandonar, ele perde. É cassado o auxílio doença. e) a morte. Se ele morrer em gozo do auxílio doença, é claro que se extingue o auxílio doença. Observações: Aplicam-se apenas ao segurado empregado e não aos demais Se o empregado teve alta do auxílio doença, voltou a trabalhar e houve um agravamento daquela mesma doença pela qual ele entrou em gozo do auxílio doença, ou seja, a mesma causa que o levou ao auxílio doença, ela volta e se for num prazo de sessenta dias, ele não tem mais aquele período de espera. Aquele tempo de espera de trinta dias para entrar no gozo do auxílio doença, ele entra direto. A empresa não paga mais aqueles trinta primeiros dias, porque houve um agravamento, foi a mesma causa, ele ficou incapacitado para trabalhar. Nestes casos, a mesma causa, agravamento e num período de até sessenta dias após a alta, ele entra imediatamente no 9 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO auxílio doença. Não há aquele período de espera. Os trinta primeiros dias de incapacidade são considerados interrupção do contrato de trabalho. A partir do trigésimo primeiro dia, portanto, a partir do momento em que o segurado entra em gozo de auxílio doença, o contrato de trabalho fica suspenso. Com o contrato de trabalho suspenso, a empresa não pode fazer nada, não pode mandar embora. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ A aposentadoria por invalidez é um benefício devido ao segurado em razão da incapacidade total e permanente para o trabalho ou para as ocupações habituais. Quando se fala “para o trabalho”, não me refiro ao termo que a lei fala, porque a lei fala incapacidade para qualquer atividade que lhe garanta a subsistência. Falar qualquer atividade que lhe garanta a subsistência é muito forte. Imaginem. Eu sou professor, vivo de dar aulas, peguei um câncer na minha laringe, não posso dar mais aula, eu vou me aposentar por invalidez? Eu não posso fazer outra atividade que me garanta a subsistência? Claro que posso, posso ser porteiro, posso ser qualquer outra coisa. Não é bem assim, precisa ter muito cuidado ao interpretar a lei. Então eu digo, para ocupações eventuais ou para aquela atividade que ele exercia normalmente, por quê? Vai depender muito de cada segurado, se ele é jovem, velho, vai depender da sua capacidade econômica, das suas habilidades, enfim, dependerá de uma série de circunstâncias. A incapacidade para o trabalho que exercia normalmente, para o trabalho que ele possa ser reabilitado e ter sua dignidade de trabalho. Quais são os requisitos? A carência que é igual a do auxílio doença, ou seja, doze meses se for decorrente de doença comum, e não haverá carência se for decorrente de doenças especiais ou acidente, e incapacidade permanente. Sempre, com atenção, que é aferida pelo perito do INSS. INÍCIO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ É da data que constar no laudo pericial. Então o perito vai colocar no laudo a data em que o segurado deve entrar em gozo da aposentadoria por invalidez. Ou ele transforma o auxílio doença por invalidez, ou ele concede de cara no primeiro laudo a aposentadoria por invalidez. Se o segurado está tão doente e logo de cara, ou sofreu um acidente tão grave que o perito entenda que é caso de invalidez imediata, ele dá a aposentadoria por invalidez. Cuidado: se for empregado, e a aposentadoria for concedida no primeiro laudo pericial, aqueles primeiros 30 dias são pagos pela empresa. O benefício se inicia a partir do 31º dia de incapacidade. Então aquele período, aquele tempo de graça, se aplica ao empregado se ele entrar imediatamente em aposentadoria por invalidez. O início dar-se-á a partir do requerimento se entre a data do afastamento e do requerimento, decorrerem mais de 45 dias (MP 664/2014). Qual é o prazo? Qual é a duração da aposentadoria por invalidez? Existem algumas aposentadorias por invalidez que podem ser revertidas. Imaginem que sai uma droga, um remédio novo ou se o segurado se submete a uma cirurgia, não é obrigado, mas suponha que ele quer se submeter a uma cirurgia, ele cansou, se aposentou por invalidez muito novo. Então ele quer voltar a trabalhar, enfim, ele está apto para trabalhar. O que acontece nestes casos? Duas regras muito simples. Em casos de recuperação do 10 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO segurado, se o segurado estiver em gozo da aposentadoria por invalidez, incluindo-se aquele prazo que precede ou pode preceder a aposentadoria por invalidez, chamado auxílio doença, então, auxílio doença seguido por aposentadoria por invalidez, se o segurado ficar cinco ou mais anos em gozo de benefício, incluindo-se eventual período de auxílio doença. Nesses casos, são três situações. Do primeiro ao sexto mês, o segurado vai continuar recebendo 100% do valor da aposentadoria. Do sétimo ao décimo segundo, ele vai receber 50% do valor da aposentadoria, e do décimo terceiro ao décimo oitavo ele vai receber 25% do valor do benefício, do valor que ele recebia. A previdência entendendo que o segurado está muito desatualizado no que diz respeito às atividades laborais, o que ele vai fazer? Ela vai dar esses dezoito meses, ela vai dizer assim: segurado, você terá dezoito meses para se adaptar à nova realidade de trabalho. Durante seis meses eu te pago o mesmo valor que te pagava quando estava aposentado, depois mais seis meses, metade, depois mais seis meses 25%. De maneira que você, segurado, terá dezoito meses para se adaptar. Outra situação. Eu falei que essa situação era para quem fica cinco ou mais anos em gozo de benefício. E se ficar menos de cinco anos? Se o segurado for empregado elevolta imediatamente ao trabalho. Lembre-se que o segurado em gozo de auxílio doença, ou em gozo da aposentadoria por invalidez terá seu contrato de trabalho suspenso. Se está suspenso, ele poderá cair a qualquer momento, pode ser retomado a qualquer momento. Então o empregado que esta a menos de cinco anos aposentado por invalidez, incluindo-se eventual tempo de auxílio doença, ele volta para a empresa. A empresa por mandar embora, mas paga tudo. Então o empregado volta imediatamente ao serviço. Para os demais segurados, a situação é outra. Eles receberão um valor do benefício integral, por tantos meses quantos tenham sido os anos de gozo de auxílio doença e aposentadoria por invalidez. Claro que no máximo quatro, porque se for cinco, entra na tabela que eu falei antes. Então imaginem o facultativo, ficou quatro anos em aposentadoria por invalidez incluindo-se o auxílio doença, ele vai receber quatro meses o valor integral do benefício que estava recebendo. Se ficar três anos, são três meses, dois anos, são dois meses. Cinco anos vai para a tabela. 100%, seis meses, 50%, o segundo seis meses, e 25%, o terceiro seis meses. Então em caso de recuperação se aplica esta regra. Qual é o valor da aposentadoria por invalidez? 100% do salário do benefício. Não pode ficar muito tempo em gozo do auxílio doença, porque esta perdendo 9%. Vejam que a cada ano, já perde muito, 9% ao mês. Vejam quanto o segurado perde. Então o auxílio doença é temporário, lembre-se da definição. Se ficar mais meio ano, alguma coisa não esta bom, ou tem alta ou aposenta, porque mais meio ano hoje em dia, a medicina está muito evoluída, não dá para ficar muito tempo em auxílio doença. Até porque, se for aposentado por invalidez, pode se recuperar e voltar, então não tem nenhum problema. Esse negócio de dizer que ficou cinco anos aposentado por invalidez já é eterno, não é verdade. A previdência pode a qualquer momento chamar o segurado aposentado por invalidez para fazer perícia, para ver se ele já está bom, então não existe mais aquele pensamento de que se ficou muito tempo em auxílio doença, aposenta. Ficou muito tempo aposentado já é definitivo. 11 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO O que é aposentadoria por grande invalidez? É aquela situação em que o segurado que foi aposentado por invalidez, não o segurado aposentado por qualquer tipo de aposentadoria, ele tem a necessidade de uma terceira pessoa para a sua vida habitual, para suas ocupações, para sua vida normal. É a hipótese: o segurado se aposenta por invalidez porque não pode trabalhar, aos poucos, no decorrer do tempo, essa invalidez se torna mais acentuada, sobretudo se for uma doença neurológica. Chega uma hora em que o segurado aposentado por invalidez precisa de uma terceira pessoa para sua vida normal, sua vida habitual, e nesses casos a previdência paga 125% do salário de benefício. Aposentadoria por invalidez normal é 100%, a aposentadoria de grande invalidez, é de 125%, estes 25% a mais são para exatamente para cobrir os gastos com essa terceira pessoa. Claro, tudo depende do perito da previdência social, é o perito que vai dizer quais as situações que o segurado deve ganhar deve receber o benefício de grande invalidez. Aliás, no regulamento, que é o decreto 3048/99, o regulamento tem no quadro o anexo I, de situações em que o segurado tem direito a grande invalidez, mas são apenas situações exemplificativas, quem vai dizer sim ou não é o perito. Então nós vimos aposentadoria por invalidez e o auxílio doença. Vamos estudar agora mais dois benefícios que são a pensão por morte e o auxílio reclusão. Esse dois benefício são devidos aos dependentes. PENSÃO POR MORTE Conceito Benefício devido aos dependentes pela morte do segurado. Requisitos Carência (24 meses (MP 664 – constitucional?) Existência de dependentes (ver aula de dependentes) Morte do segurado (morte material – legal (morte presumida) Dois anos de casamento ou de união estável (caso da viúva). OBS. Exceção: 1. caso de morte por acidente posterior ao casamento. 2. viúva incapaz ou insuscetível de reabilitação para atividade que lhe garanta a subsistência (perito de carreira do INSS) por doença ou acidente após o casamento antes da morte (art. 74, § 2º, I e II). OBS.: o dependente condenado por crime doloso do qual tenha resultado a morte do segurado não terá direito à pensão ( 664) Início da pensão 12 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO Data do óbito do Segurado Data da sentença no caso de decisão judicial (ausência – 6 meses). Data do requerimento quando requerida após 30 dias das datas anteriores. OBS.: Em caso de morte presumida por tragédia, acidente, desastre ou catástrofe o INSS pagará pensão provisória mediante apresentação de prova do desaparecimento. Com o reaparecimento cessará. Não haverá cobrança dos valores pagos, salvo má fé. Neste caso estará carcaterizado ainda o estelionato qualificado (agravado – causa de aumento) – art. 171, § 3º do CP – Súmula 24 do STJ. Duração Enquanto houver dependentes na classe que estiver recebendo o benefício. O benefício não se transfere para eventuais dependentes de outra classe. OBS. A condição da viúva como dependente para efeitos do recebimento da pensão depende da expectativa de sobrevida (MP 664) no momento da morte do segurado, conforme tabela do § 5º, art. 77. Igual ou superior à 55 anos 3 anos de recebimento; Entre 50 e 55 anos 6 anos de recebimento; Entre 45 e 50 anos 9 anos de recebimento; Entre 40 e 45 anos 12 anos de recebimento; Entre 35 e 40 anos 15 anos de recebimento; Inferior à 35 anos recebimento vitalício. Término Com a inexistência de dependentes na classe que estava recebendo o benefício. No caso de cônjuge, vencido o prazo da tabela anterior. Neste caso haverá uma exceção prevista no § 7º do art.77 (MP 664) - viúva incapaz ou insuscetível de reabilitação para atividade que lhe garanta a subsistência (perito de carreira do INSS) por doença ou acidente ou doença ocorrido entre a data do casamento (união estável) e a cessação do pagamento da pensão. Valor Composta de duas parcelas: a) 50% do valor da aposentadoria que o segurado recebia se já aposentado; ou do valor a que teria direito se aposentado por invalidez ; b) Acrescido de 10% desse mesmo valor por dependente até ao máximo de 5 (cinco). 13 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO OBS. Mínimo 60% (claro). Cessada a condição de dependente cessa a cota dos 10%. O valor total da pensão é dividido em tantas partes iguais quantos forem os dependentes da classe que vai receber o benefício. Com o término da qualidade de dependente extingue-se a cota individual dos 10% da parcela b. O restante divide-se pelos dependentes que restaram: Ex. Pensão de 1.000,00: parcela 1: 500,00 (50%) parcela 2: 100,00 - viúva (10%) 100,00 – A (10%) 100,00 - B (10%) 100,00 – C (10%) 100,00 – D (10%) Cada um recebe 200,00 reais. O filho A torna-se maior. A pensão cai para 90%: e os R$ 900,00 divide pelos 4 restantes: Assim cada um passa a receber 225,00. Se cessar outra cota: os 800,00 serão divididos por 3= 266,66 e assim sucessivamente até se extinguir. ATENÇÃO: não confundir cota dos 10% da parcela 2, com o valor que cada dependente recebe, chamada de parte individual. No caso de pensionistajudicial ele concorre com os demais dependentes da classe nos termos acima. Atenção às Súmula 340 do STJ: “A lei aplicável à concessão da pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado” E 336: “A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente”. Atenção à expectativa de sobrevida na data do óbito do segurado 14 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO dada pela tábuas do IBGE utilizada também para o Fator previdenciário. AUXÍLIO-RECLUSÃO O motivo deste benefício é a prisão do segurado, então esse benefício é devido aos dependentes pela prisão do segurado. REQUISITOS Aqui nós vamos encontrar um requisito diferente, vamos encontrar uma situação diferente que até agora nós não vimos, é o chamado segurado de baixa renda. Requisitos: 1) É ser segurado de baixa renda. Este conceito de segurado de baixa renda foi criado pela emenda 20/99, no artigo 13, e hoje é considerado segurado de baixa renda aquele segurado, cujo salário de contribuição é R$ 1.089,72, conforme Portaria Interministerial MPS/MF nº 13, de 09/01/2015. 2) Existência de dependentes. Se é devido aos dependentes, devem existir dependentes. 3) Prisão do segurado. Quando eu falo em prisão do segurado, eu falo de todas as espécies de prisão de natureza penal: prisão temporária, prisão em flagrante, prisão por pronúncia, prisão por sentença recorrível, e prisão por sentença transitada em julgado, todas essas prisões. Regimes fechado e semi-aberto. 4) Carência de 24 meses (MP 664/2014). Isso porque o art. 80 da Lei n. 8213/91 que cuida desse benefício refere-se expressamente que será concedido “nas mesmas condições da pensão por morte”. INÍCIO DO BENEFÍCIO Data da prisão ou data do requerimento, se for feito após trinta dias. Sempre aquelas duas hipóteses, data do fato gerador, no caso aqui, é a prisão, se não for feito em trinta dias, data do requerimento. DURAÇÃO DO BENEFÍCIO Enquanto o segurado estiver preso, só que durante todo o tempo em que o segurado estiver preso, os dependentes que estão recebendo o benefício devem apresentar uma certidão do estabelecimento prisional, de que de fato ele continua preso. Isto porque ele pode fugir. E se o segurado foge da prisão? Suspende-se o benefício. E se ele for recapturado? Ai depende, se o segurado for recapturado ainda durante aquele período de graça, lembra do período de graça que nós já estudamos no artigo 15, ou seja, até doze meses após o livramento, é o período de graça. Então se capturado ainda no período de graça, restabelece o benefício. Agora, se ele for capturado após o término do período de graça, o benefício se extingue, porque ele não tem mais direito, os beneficiários não tem mais direito. 15 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO TÉRMINO O término do benefício ocorre com o livramento do segurado, então ele sai, tem alta do presídio, liberdade, ou então, vai para o regime semi-aberto, por exemplo, ou vai para o livramento condicional, os dependentes perdem o direito do auxílio reclusão. E também pela morte do segurado. Morre, não tem mais direito ao auxílio reclusão. E também com a inexistência de dependentes. Ele continua preso, mas os dependentes acabam, terminam os dependentes daquela classe que estava recebendo o benefício, também se extingue o benefício. VALOR DO BENEFÍCIO Existem três situações: 1ª) Segurado aposentado. O valor do auxílio reclusão será o mesmo, transforma simplesmente o valor da aposentadoria em auxílio reclusão. 2ª) Segurado não aposentado. Calcula-se o valor da aposentadoria por invalidez a que teria direito, e transforma em auxílio reclusão, a mesma regra da pensão. E se o segurado estiver em gozo do auxílio doença? Podem existir duas situações, se o segurado concordar com os dependentes, será esse valor do auxílio doença. Vejam, o auxílio reclusão não é devido aos dependentes? Não é devido ao segurado? Então tem que haver um acordo entre os dependentes e o segurado. Se houver acordo, o valor do auxílio doença transforma em valor do auxílio reclusão. Se não houver acordo, vamos para a hipótese anterior, ou seja, segurado normal, como se estivesse trabalhando. Então calcula-se aposentadoria por invalidez a que teria direito, e transforma em auxílio reclusão. PERGUNTAS: 1) Quais os mais importantes serviços da previdência social? 2) O que são benefícios acidentários e como se distinguem dos benefícios previdenciários? 16 DIREITO PREVIDENCIÁRIO PROF. ANTÔNIO LOPES MONTEIRO 3) Qual a natureza e característica dos benefícios? 4) O que é carência? 5) Quais os benefícios que não tem carência? 6) Qual o termo inicial da carência? 7) Como se calculam os benefícios? 8) Qual a diferença entre salário de contribuição e salário de benefício? 9) O que é fato previdenciário? 10) Sobre o auxílio doença, quais os requisitos, início, valor, duração e término? 11) Sobre a aposentadoria por invalidez, quais os seus requisitos, início, duração, valor, adicional? 12) Sobre a pensão por morte, quem recebe, qual a carência, quais os requisitos, quando se inicia, qual a duração, qual o valor? É cumulável com outros benefícios? 13) Sobre o auxílio reclusão, quando é cabível, quais os requisitos, quando se inicia, qual a duração, quando termina e qual o valor?
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