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aula 19 a 22

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Analista dos Tribunais e MP - Área Judiciária 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Tributário 
 Professor: Caio Bartine 
Aulas: 19 a 22 | Data: 26/08/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 
 Espécies de Responsabilidade Tributária (cont.) 
 
DENÚNCIA ESPONTÂNEA 
 
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
 
 
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 
 
Espécies de Responsabilidade Tributária (cont.) 
 
 Por sucessão (art. 129 a 133 do CTN) 
 
Sociedade Empresarial 
 
É uma responsabilidade decorrente de sucessões tributárias previstas no art. 132 do CTN. 
 
CTN - Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de 
fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é 
responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas 
jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou 
incorporadas. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de 
extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração 
da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio 
remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou 
sob firma individual. 
 
 
Operação societária é aquela que modifica a estrutura original de uma sociedade. São tratadas pelos artigos 1.113 
do Código Civil e 220, da Lei 6.404/76. 
 
CC/02 - Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução 
ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da 
constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se. 
 
 
 
 
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Lei 6.404/76 - Art. 220. A transformação é a operação pela qual a 
sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de 
um tipo para outro. 
Parágrafo único. A transformação obedecerá aos preceitos que 
regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela 
sociedade. 
 
Temos ao todo 4 operações societárias: 
a) Fusão 
b) Transformação 
c) Incorporação 
d) Cisão 
 
Exemplos: 
Fusão: empresa A + empresa B = Empresa C 
 
Nesta operação as empresas se unem para formar uma 3ª empresa, de modo que as empresas originais 
desaparecem depois da fusão. Neste caso, quem responderá após a fusão pelos débitos que empresas A e B 
tinham? Quem responderá será a empresa C. 
 
Regra geral, o produto final de formação das operações societárias respondem pelos débitos tributários das 
sociedades fusionadas, transformadas ou incorporadas. 
 
O CTN faz alusão apenas à fusão, transformação e incorporação, não mencionando a cisão. Por quê? Pois essa 
operação societária só surgiu com a lei das S/A (6404/76), posterior ao CTN (que é de 1966). 
 
Como tratar então a cisão? 
 
Primeiro temos que entender que há 2 tipos de cisão: 
a) Total 
A sociedade se extingue e com o patrimônio desta eu constituo 2 ou mais sociedades. 
b) Parcial 
A sociedade não deixa de existir. Ela pega parte de seu patrimônio e constrói uma nova sociedade. 
 
Como fazer na cisão total? 
A sociedade X se extingue. Quem arca com os débitos fiscais que a empresa X deixou? Quem arcará com esses 
débitos serão as empresas B e C. A responsabilidade será solidária entre as empresas resultantes. 
 
Já na cisão parcial a responsabilidade será subsidiária. 
 
 Responsabilidade na sucessão no trespasse 
Art. 133 do CTN 
Trespasse é o contrato particular de alienação do estabelecimento empresarial. 
Num contrato de trespasse o adquirente continuará a mesma exploração da atividade econômica desenvolvida 
pelo alienante. O que está adquirindo continua exercendo a mesma atividade econômica de quem lhe vendeu. 
 
 
 
 
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CTN - Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que 
adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou 
estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a 
respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma 
ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou 
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: 
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, 
indústria ou atividade; 
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração 
ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova 
atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou 
profissão. 
 § 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de 
alienação judicial: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
I – em processo de falência; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação 
judicial.(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 § 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o 
adquirente for: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade 
controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;(Incluído 
pela Lcp nº 118, de 2005) 
 II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, 
consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial 
ou de qualquer de seus sócios; ou (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 III – identificado como agente do falido ou do devedor em 
recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão 
tributária.(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 § 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de 
empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de 
depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, 
contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o 
pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem 
ao tributário. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 
 
Se o estabelecimento empresarial tiver débitos fiscais, quem responderá por estes será o adquirente. 
O adquirente poderá responder de forma integral ou subsidiária. 
Será integral quando o alienante vender o seu único estabelecimento empresarial e não constituir outra atividade 
econômica, independentemente do ramo, dentro do prazo de 6 meses contados da alienação; 
Ex.: B tem um único estabelecimento: uma padaria. B vende a padaria para X. Se B não constituir dentro de 6 meses 
outra atividade econômica, a responsabilidade será inteira de B. 
Tirando este único caso, a responsabilidade será subsidiária. 
Inexiste responsabilidade solidária por débitos tributários decorrentes de trespasse. 
(Lembrar as hipóteses em que a responsabilidade será integral, que ocorrem nos seguintes casos: 
 
 
 
 
 
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 Nos casos de trespasse de estabelecimento comercial em falência ou recuperação judicial 
Exige-se, para que ocorra a alienação do estabelecimento empresarial: 
- autorização judicial; 
- um parecer favorável do MP e dos credores 
Como fica a dívida tributária? 
A dívida tributária permanecerá com o devedor, entretanto o adquirente pode vir a responder de uma forma 
excepcional em 3 casos: 
a) Quando o adquirente for sócio do falido, do devedor em recuperação judicial ou de qualquer uma de suas 
controladas 
b) Quando o adquirente for parente do alienante até 4º grau (independe se consanguíneo, colateral ou por 
afinidade) 
c) Quando o adquirente for constituído com o agente do falido com o intuito de fraude. 
 
 
 De terceiros 
Previsto no art. 134 CTN. 
 
CTN - Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do 
cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem 
solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas 
omissões de que forem responsáveis: 
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; 
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados 
ou curatelados; 
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por 
estes; 
IV - o inventariante, pelostributos devidos pelo espólio; 
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida 
ou pelo concordatário; 
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos 
tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em 
razão do seu ofício; 
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de 
penalidades, às de caráter moratório. 
 
 
O CTN diz que o 3º tem solidariedade solidária, ocorre que o STF e STJ já decidiram que esta não é solidária, mas 
sim subsidiária. 
Para concurso não falar em responsabilidade solidária, mas sim subsidiária. 
 
O artigo 134 do CTN traz um rol dos terceiros que vão assumir os encargos tributários: 
a) Pais: filhos menores 
b) Tutores e curadores: pelos tributos dos tutelados e curatelados 
Tanto a tutela quanto a curatela vão depender de uma autorização judicial. 
Se o tutelado/curatelado tem débito, o tutor/curador não respondem com seu próprio patrimônio, mas sim com o 
patrimônio do tutelado/curatelado 
 
 
 
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c) Os administradores de bens de terceiros: respondem pelos tributos devidos pelos bens que administram 
Ex.: jogador de futebol que vai pra Europa e deixa vários imóveis aqui no Brasil. Deixa um 3º para administrar seus 
bens. O fisco vai buscar quem está administrando o patrimônio para cumprir com o débito. O administrador 
responde com o bem do administrado. 
d) Inventariante: pelos tributos devidos pelo espólio 
Espólio são os bens deixados pelo falecido. Se os bens deixados pelo falecido tiverem débitos, quem vai responder 
será o inventariante. 
e) Síndico/comissário 
Aqui há uma impropriedade técnica, pois fala sobre síndico/comissário, termos utilizados no Decreto Lei 7661/45 
que tratava de falência e concordata. 
Síndico= tratava da massa falida 
Comissário= fiscalizava o cumprimento da concordata 
Hoje o decreto-lei foi substituído pela lei 11.101/05, que no art. 21 fala a respeito da figura do administrador 
judicial. Antigamente o síndico e comissário tinham que ser necessariamente uma pessoa física. Hoje o 
administrador pode ser pessoa física ou jurídica. 
O administrador judicial: 
*na falência – administra a massa falida; 
*na recuperação judicial – fiscaliza o cumprimento de um plano de recuperação. 
O administrador só vai responder na massa falida, de modo que os encargos serão suportados por ele. Não 
responde na recuperação, pois ele não a administra, mas só fiscaliza o cumprimento de um plano. 
 
Lei 11.101/05 - Art. 21. O administrador judicial será profissional 
idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de 
empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. 
 Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa 
jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o 
nome de profissional responsável pela condução do processo de 
falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído 
sem autorização do juiz. 
 
 
f) Tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício: por ações e omissões no exercício da função 
Estamos falando daqueles que atuam com atividade notarial e registral. Essas atividades são tratadas em nossa CF, 
no art. 236 e são regulamentadas pela Lei 8935/94. 
O fisco vai tentar cobrar das partes e, não conseguindo, passa para a cobrança destes profissionais. 
 
CF/88 - Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em 
caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento) 
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e 
criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e 
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. 
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de 
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e 
de registro. 
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de 
concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer 
 
 
 
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serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de 
remoção, por mais de seis meses. 
 
 
g) Sócios na liquidação da sociedade de pessoas 
Sociedade de pessoas é aquela em que as qualificações individuais de cada sócio são fundamentais no sucesso ou 
insucesso da atividade. 
É diferente da sociedade de capitais, onde o sócio é apenas um elemento da sociedade, sendo que o que realmente 
importa é o aporte financeiro. 
Há 3 fases da dissolução da sociedade: 
1ª Fase: Ato/procedimento: causas que levam uma sociedade à solução (pode ser amigável, judicial etc.); 
2ª Fase: Liquidação 
Liquidação é a apuração de haveres. Na liquidação se pega o ativo e subtrai o passivo. 
3ª Fase: Partilha. 
 
Ex.: sociedade tem um débito tributário de 13 milhões de reais. Há dois sócios, sendo que cada um subscreveu na 
sociedade 1 milhão de reais. Por quanto eles respondem? Por 1 milhão cada! Vide art. 1024 CC: 
 
CC/02 - Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser 
executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os 
bens sociais. 
 
Além disso, temos que ler a súmula 430 d0 STJ, que estabelece que o fato da sociedade não cumprir a obrigação 
tributária, não gera a responsabilidade tributária do administrador. 
 
Súmula 430 - STJ 
O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, 
por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. 
 
Diferentemente ocorre no caso de responsabilidade por excesso de poderes, prevista no art. 135 do CTN. 
 
CTN - Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos 
correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos 
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social 
ou estatutos: 
I - as pessoas referidas no artigo anterior; 
II - os mandatários, prepostos e empregados; 
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de 
direito privado. 
 
Quando uma pessoa possui um poder, este pode ter-lhe sido transferido por: 
- lei; 
- contrato; 
- estatuto. 
Neste caso, parte-se do entendimento que a pessoa fará um uso regular deste poder. Havendo um uso irregular, 
haverá o que chamamos de abuso de poder, que pode ser de 2 espécies: 
a) Excesso de poder 
 
 
 
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Quando pessoa age além dos limites que foram estabelecidos em lei/contrato/estatuto. 
b) Desvio de poder 
Quando se usa o poder com finalidade diversa daquele que foi inicialmente conferido. 
 
Apesar do art. 135 CTN falar em excesso, a jurisprudência entende que deve ser entendido como “uso abusivo do 
poder”. Deste modo, se a pessoa tem um poder e o usa de forma abusiva, se tributos forem gerados, esta pessoa 
terá responsabilidade pessoal e direta com o pagamento destes responderá com seu patrimônio pessoal. 
 
O artigo 135 CTN em seus incisos estabelece que: 
 Todas as pessoas indicadas no art. 134 (pais, tutores, curadores...) poderão responder de forma pessoal e direta 
 Mandatários, prepostos, empregados 
Essas pessoas têm poder decorrente de um contrato. Se agirem de forma abusiva e gerarem débitos, responderão 
pessoal e diretamente. 
 Diretores, gerentes e demais representantes das pessoas jurídicas de direito privado. 
A ideia do legislador aqui foi responsabilizar quem exerce função de administrador. 
Ex.: um sócio minoritário, que não tem no contrato nenhum poder de administração, poderá responder por excesso 
de poder? Não, ele não exerce função de administração. Para responder deve ter função de mando. 
 
E os membros do Conselho de Administração? 
O STJ entende que o conselho de administração é órgão consultivo e não diretivo. Quem exerce a administração 
propriamente dita é a diretoria. Assim, quem responde é a diretoria e não os membros do conselhode 
administração. 
Essa ideia é reforçada ainda com o art. 158, da Lei 6404/76. 
 
Lei 6404/76 - Art. 158. O administrador não é pessoalmente 
responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e 
em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, 
pelos prejuízos que causar, quando proceder: 
 I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; 
 II - com violação da lei ou do estatuto. 
 § 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros 
administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em 
descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para 
impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador 
dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do 
órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência 
imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, 
se em funcionamento, ou à assembléia-geral. 
 § 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos 
prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres 
impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da 
companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos 
eles. 
 § 3º Nas companhias abertas, a responsabilidade de que trata o § 
2º ficará restrita, ressalvado o disposto no § 4º, aos administradores 
que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar 
cumprimento àqueles deveres. 
 
 
 
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 § 4º O administrador que, tendo conhecimento do não 
cumprimento desses deveres por seu predecessor, ou pelo 
administrador competente nos termos do § 3º, deixar de comunicar o 
fato a assembléia-geral, tornar-se-á por ele solidariamente 
responsável. 
 § 5º Responderá solidariamente com o administrador quem, com 
o fim de obter vantagem para si ou para outrem, concorrer para a 
prática de ato com violação da lei ou do estatuto. 
 
Fechamos aqui a responsabilidade por excesso de poderes. 
 
 Responsabilidade por Infrações 
Vamos analisar essa responsabilidade sob 2 óticas: 
1. Direito Tributário Penal 
Cuida das infrações administrativas. 
Nas infrações administrativas a responsabilidade é objetiva (não importa a intenção, não se analisa culpa ou dolo). 
2. Direito Penal Tributário 
Aqui vamos analisar os crimes tributários. 
Estes crimes têm previsão no art. 137 CTN, art. 168-A CP e na Lei 8.137/90. 
 
CTN - Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: 
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou 
contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de 
administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no 
cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; 
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente 
seja elementar; 
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo 
específico: 
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem 
respondem; 
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus 
mandantes, preponentes ou empregadores; 
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de 
direito privado, contra estas. 
 
CP/ - Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as 
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou 
convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000) 
 I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância 
destinada à previdência social que tenha sido descontada de 
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do 
público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
 
 
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 II – recolher contribuições devidas à previdência social que 
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de 
produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas 
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela 
previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, 
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, 
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência 
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da 
ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar 
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, 
desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de 
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social 
previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja 
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, 
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de 
suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
 
 
A lei tributária exige para crime tributário a existência de um dolo específico. Deste modo: não existe crime 
tributário culposo. Todo crime tributário é doloso. 
 
Assim, no crime tributário, a responsabilidade do agente é subjetiva, pois depende da intenção. 
 
A súmula vinculante 24, que estabelece que só poderá haver representação para fins penais após a constituição 
definitiva do crédito tributário  “Constituição definitiva do crédito” deve ser entendido como ”esgotamento das 
vias administrativas”. 
Ou seja, enquanto estiver em andamento processo administrativo, não poderá haver representação penal. 
 
STF - Súmula Vinculante 24 
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no 
art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo 
do tributo. 
 
O art. 83, parágrafo 4, da Lei 9430/96 estabelece que o pagamento integral (do tributo com juros, multa etc) é uma 
causa de extinção da punibilidade a qualquer tempo. O parcelamento, no entanto, é causa de suspensão da 
punibilidade. 
 
Lei 9430/96 - Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa 
aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei 
 
 
 
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no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a 
Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada 
ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera 
administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário 
correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) 
§ 1o Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, 
a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada ao 
Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do 
parcelamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011). 
§ 2o É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes 
previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a 
pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver 
incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha 
sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. (Incluído 
pela Lei nº 12.382, de 2011). 
 § 3o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão 
da pretensão punitiva. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011). 
 § 4o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando 
a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar 
o pagamento integral dos débitosoriundos de tributos, inclusive 
acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento. 
(Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011). 
 § 5o O disposto nos §§ 1o a 4o não se aplica nas hipóteses de vedação 
legal de parcelamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011). 
 § 6o As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei no 9.249, de 
26 de dezembro de 1995, aplicam-se aos processos administrativos e 
aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a 
denúncia pelo juiz. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 
12.382, de 2011). 
 
 
DENÚNCIA ESPONTÂNEA 
 
Trata-se de um instituto previsto no art. 138 do CTN. 
 
CTN - Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia 
espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento 
do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância 
arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do 
tributo dependa de apuração. 
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia 
apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo 
ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. 
 
 
 
 
 
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A denúncia espontânea é uma forma de sanção premial. Neste caso tem-se um devedor que realiza o pagamento 
extemporâneo do tributo juntamente com o juros de mora e correção. 
Se este pagamento se der antes do início do procedimento de fiscalização, a autoridade recebe o pagamento como 
denúncia espontânea. O benefício que o devedor tem é a exclusão da multa. 
“Antes do início do procedimento” deve ser entendido como “antes da notificação”. 
 
Não esquecer: denúncia espontânea não exclui tributo, juros, correção etc. Exclui apenas a multa. 
 
Tributos podem ser submetidos aos seguintes tipos de lançamento. 
 Ofício 
 Declaração 
 Homologação 
 
No lançamento por homologação, o contribuinte calcula o quanto deve pagar, qual a situação jurídica, paga e 
declara o quanto pagou. 
Imagine o seguinte caso: o contribuinte realiza a declaração sem realizar o pagamento. Passados 5 meses, ele paga 
o tributo + juros +correção. Fisco não aceita e solicita que ele pague também a multa. Pode isso? 
Sim, a súmula 360 do STJ estabelece que quando existe a declaração e o posteriormente o pagamento 
extemporâneo, não cabe denúncia espontânea. 
 
Súmula 360 - STJ 
O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos 
a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos 
a destempo. 
 
A súmula 360 é justificada pela súmula 436 do STJ: como neste caso não há notificação, não cabe denuncia 
espontânea. 
 
Súmula 436 - STJ 
A entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito 
fiscal, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra 
providencia por parte do Fisco. 
 
No caso de parcelamento, cabe denúncia espontânea? 
Para que o contribuinte possa fazer o parcelamento ele deve fazer um termo geral de confissão de dívida. Portanto, 
não cabe denúncia espontânea quanto ao parcelamento. 
 
Encerramos o estudo da denúncia espontânea! 
 
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
Previsto a partir do art. 139 do CTN. 
 
Crédito tributário é um valor devido ao fisco em decorrência de uma obrigação tributária principal válida. 
 
Este valor devido ao fisco é um bem público, visto que este montante será utilizado para atendimento de um 
interesse coletivo. Assim sendo, aplica-se ao crédito tributário o princípio da indisponibilidade de bens públicos, de 
modo que o crédito tributário é um patrimônio indisponível. 
 
 
 
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Diante disso tem-se que toda e qualquer negligência na arrecadação tributária se constitui em ato de 
impropriedade administrativa por danos ao erário (art.10, X, Lei 8429/92). 
 
Lei 8429/92 - Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que 
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, 
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento 
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º 
desta lei, e notadamente: 
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem 
como no que diz respeito à conservação do patrimônio público; 
 
Por ser um bem público, o crédito tem garantias próprias. 
 
Este valor devido ao fisco é um direito subjetivo do Estado: enquanto este valor não for determinado pela 
Administração publica, o Fisco não tem como cobrá-lo. 
 
O que dá a exigibilidade ao crédito tributário é o lançamento. 
 
Definição de lançamento é previsto no art. 142 do CTN. 
 
CTN - Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa 
constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o 
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato 
gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria 
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito 
passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 
 Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é 
vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 
 
Vamos fragmentar o conceito do artigo para entendê-lo melhor: 
 
*Competência privativa de uma autoridade administrativa 
Segundo a lei tributária, quem tem competência para efetuar o lançamento é um agente público. 
Este agente é detentor de um cargo público, o que se extrai da análise do art. 37, XXII, CF 
 
CF/88 - Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do 
Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão 
recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de 
forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de 
 
 
 
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informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
 
*Constituição do crédito tributário 
Quando falamos da constituição do crédito, estamos falando que o lançamento torna o crédito tributário exigível. 
 
*é um procedimento administrativo vinculado 
Se é procedimento administrativo, então ele é um conjunto de atos administrativos. 
Quando falamos que ele é vinculado, significa que estes atos administrativos são adstritos à lei. 
Portanto, se houver algum vício no lançamento deverá o ato ser anulado. 
 
*Cabe ao lançamento verificar a ocorrência do fato gerador na respectiva obrigação tributária 
Ou seja, define qual é o aspecto espacial (local da ocorrência do fato gerador) e o aspecto temporal (momento da 
ocorrência do fato gerador). 
Assim, lançamento indica quando e aonde ocorre o fato gerador. 
 
*A determinação da matéria tributária 
O lançamento também analisa o aspecto material, ou seja, o que está sendo tributado; qual é o tipo de tributo. 
Define-se o que se tributa (taxa, contribuição, imposto etc) 
 
*Cálculo do montante do tributo devido 
Cabe ao lançamento analisar o aspecto quantitativo = base de cálculo x alíquota 
 
*Identificação do sujeito passivo 
Determina quem é o contribuinte e quem é o responsável. O lançamento analisa o aspecto pessoal. 
 
*Sendo o caso, o lançamento também propõe a penalidade cabível 
É responsável pelo auto de infração e imposição de multa (AIIM). 
O AIIM nada mais é do que uma multa. 
 
 
 Modalidades de Lançamento 
Há 3 modalidades de lançamento: 
 
1. Lançamento de ofício ou direto 
Neste lançamento, o fisco já possui em sua base de dados todas as informações necessárias parao lançamento. 
Ou seja, ele não depende de informações do contribuinte. 
Ex.: você não precisa avisar o Fisco que você comprou um carro. Aguarde até janeiro e você receberá a cobrança 
do IPVA. 
Exemplos de tributos sujeitos a este lançamento de ofício: IPVA, IPTU, Taxas, contribuição de melhoria etc. 
 
2. Lançamento por declaração ou Misto 
Art. 147, CTN. 
O fisco lança com base nas informações prestadas pelo contribuinte. 
Aqui, o fisco tem uma parte das informações e o contribuinte complementa. 
É um lançamento que está em desuso e tende a desaparecer. 
 
 
 
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Num 1º momento, o fisco vai confiar nas informações recebidas. Ocorre que ele continuará fiscalizando por 5 anos. 
Se descobrir que o contribuinte informou dados errados ou não informou algo que deveria, o Fisco vai lançar de 
ofício com a devida multa. 
São exemplos de tributos sujeitos a este lançamento: o ITCMD, em alguns Estados e o ITBI, em alguns municípios. 
 
CTN - Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do 
sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da 
legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações 
sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. 
§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, 
quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante 
comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o 
lançamento. 
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão 
retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a 
revisão daquela. 
 
 
3. Lançamento por Homologação (autolançamento) 
Art. 150 CTN 
Neste tipo de lançamento o contribuinte realiza todo procedimento administrativo, inclusive mediante a 
antecipação do recolhimento do tributo. 
O contribuinte declara ao fisco o quanto pagou, cabendo ao fisco concordar ou não com o pagamento realizado. 
O ato de concordância denomina-se homologação. 
 
CTN - Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto 
aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de 
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade 
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, 
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, 
expressamente a homologa. 
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo 
extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação 
ao lançamento. 
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos 
anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por 
terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. 
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, 
considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, 
na imposição de penalidade, ou sua graduação. 
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a 
contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a 
Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o 
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada 
a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 
 
 
 
 
 
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A homologação pode ocorrer de duas formas: 
 Expressa 
Quando se tem a concordância por escrito dentro do prazo de 5 anos. 
 Tácita 
Quando decorrer ao menos 5 anos sem qualquer manifestação do Fisco. 
 
Ocorrendo a homologação, ocorrerá a extinção do crédito tributário. Trata-se do lançamento mais comum, no Brasil 
e no mundo. 
 
Sujeitam-se a este tipo de lançamento: II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, ICMS, ISS, Contribuições Sociais etc. 
 
Uma vez feito o lançamento, não significa que este não possa ser alterado. Vamos analisá-las algumas formas de 
alteração do lançamento. 
 
 Hipóteses de alteração do lançamento 
Art. 145, CTN 
Este artigo traz 3 situações onde o lançamento poderá ser alterado: 
 
a) Impugnação do sujeito passivo 
Se o contribuinte não concordar, ele poderá impugnar o lançamento. A impugnação começa com a defesa 
administrativa que é apresentada perante a 1ª instância administrativa. 
Prazo para apresentação da defesa: o contribuinte terá 30 dias contados da notificação do lançamento. Essa defesa 
vai respeitar o decreto 70235/72 que regulamento o processo administrativo fiscal. 
 
Se esta defesa for indeferida, o contribuinte não é obrigado a concordar com esse indeferimento, podendo 
apresentar um recurso voluntário, que é um recurso administrativo interposto perante a 2ª instância 
administrativa. 
 
Se a defesa apresentada pelo contribuinte na 1ª instância for deferida, o Fisco não precisará aceitar, podendo 
apresentar um recurso de ofício. 
 
CTN - Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito 
passivo só pode ser alterado em virtude de: 
I - impugnação do sujeito passivo; 
II - recurso de ofício; 
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos 
previstos no artigo 149. 
 
b) Recurso de Ofício 
Art. 34, decreto 70235/72 
É o recurso administrativo interposto pelo fisco ante o indeferimento da defesa administrativa. 
Prazo: 30 dias. 
 
Decreto 70235/72 - Art. 34. A autoridade de primeira instância 
recorrerá de ofício sempre que a decisão: 
I - exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de 
multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado 
 
 
 
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em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 
9.532, de 1997) (Produção de efeito) 
II - deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens 
cominada à infração denunciada na formalização da exigência. 
§ 1º O recurso será interposto mediante declaração na própria 
decisão. 
§ 2° Não sendo interposto o recurso, o servidor que verificar o fato 
representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe 
imediato, no sentido de que seja observada aquela formalidade. 
 
c) Revisão de Ofício 
Ocorre por iniciativa de ofício da autoridade administrativa nos casos previstos do art. 149, CTN (já previamente 
transcrito). 
Aqui, o fisco está revendo o que ele fez sem ter tido a provocação de ninguém. Ele faz isso em decorrência do 
princípio da autotutela (súmula 473 do STF). 
STF já determinou que o rol do art. 149 é taxativo. Assim, o fisco só vai poder rever se acontecer um dos casos 
previstos no artigo. Devemos ainda lembrar que ele só poderá rever de ofício, enquanto não estiver extinto o seu 
direito (5 anos). 
 
Súmula 473 - STF 
A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO 
EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE 
ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE 
CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS 
ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO 
JUDICIAL. 
 
 Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário 
Essas hipóteses suspendem o prosseguimento de cobrança do crédito tributário. Enquanto estiver rolando alguma 
das hipóteses de suspensão, previstas no art. 151 do CTN, deve se suspender a cobrança do crédito. Vamos analisar 
as hipóteses: 
 
CTN - Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: 
 I - moratória; 
 II - o depósito do seu montante integral; 
 III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do 
processo tributário administrativo; 
 IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. 
 V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras 
espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento 
das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo 
crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. 
Art. 152. A moratória somente pode serconcedida: 
I - em caráter geral: 
 
 
 
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a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o 
tributo a que se refira; 
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do 
Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente 
concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações 
de direito privado; 
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, 
desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. 
Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever 
expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território 
da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada 
classe ou categoria de sujeitos passivos. 
 Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua 
concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros 
requisitos: 
I - o prazo de duração do favor; 
II - as condições da concessão do favor em caráter individual; 
III - sendo caso: 
a) os tributos a que se aplica; 
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que 
se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à 
autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter 
individual; 
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de 
concessão em caráter individual. 
 Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente 
abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do 
despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado 
àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. 
 Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude 
ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. 
 Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera 
direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que 
o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou 
não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do 
favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: 
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou 
simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; 
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. 
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido 
entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para 
efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso 
II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o 
referido direito. 
 
a) Moratória 
Art. 152 – 155 do CTN 
 
 
 
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Moratória é a dilação no prazo de pagamento de crédito tributário vincendo. Note que ele ainda não venceu! 
É uma postergação do pagamento mediante autorização legislativa. 
Não incide juros nem multa, pois o crédito ainda não venceu. 
A moratória é um benefício fiscal e, portanto, só pode ser concedido mediante lei específica (que em regra é uma 
lei ordinária). 
A lei que conceder a moratória deve prever: 
- a forma; 
- as condições; 
- o prazo e 
- os tributos para o qual se aplica. 
 
Não confundir moratória com parcelamento. 
 
 
b) Parcelamento 
Art. 155, a, CTN 
O parcelamento é a dilação no prazo de pagamento de um crédito tributário vencido. 
Importante ressaltar que sobre o crédito tributário vencido incide juros e multa. 
Neste caso, parcelamento também é um benefício fiscal e, portanto, deve ser concedido mediante lei específica 
A lei que conceder o parcelamento deve prever: 
- a forma; 
- as condições; 
- o prazo e 
- os tributos para o qual se aplica. 
Para que haja aumento da adesão, a lei pode estabelecer uma redução tanto do juros quanto da multa. 
 
c) Depósito do montante integral 
Este depósito ocorre na via judicial. Na via administrativa, este depósito é inconstitucional, conforme dispõe súmula 
vinculante 21. 
Súmula vinculante 21 – STF 
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de 
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
 
Art. 38 da Lei 6830/80 (Lei de Execução Fiscal) – este dispositivo estabelece que só pode ingressar com ação judicial 
para discutir a exigibilidade do crédito mediante a existência de um depósito. Ou seja, este artigo traz o depósito 
como uma condição da ação. STF, analisando o dispositivo, editou a súmula vinculante 28, defendendo a 
inconstitucionalidade de depósito enquanto condição da ação, pois isso seria cerceamento ao direito de defesa. 
 
Lei 6830/80 – Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda 
Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as 
hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou 
ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do 
depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e 
acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. 
 Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação 
prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na 
esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. 
 
 
 
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Súmula Vinculante 28 - STF 
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de 
admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a 
exigibilidade de crédito tributário. 
 
Portanto, contribuinte pode ingressar com a ação sem fazer o depósito, mas isso não impede o fisco de executar a 
cobrança. 
 
Súmula 112 do STJ estabelece que o depósito que suspende a exigibilidade do crédito tributário só poderá ser 
integral e em dinheiro. 
 
Atenção: se é integral, deverá englobar o tributo, bem como juros, multa e correção. 
 
Súmula 112 - STJ 
O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se 
for integral e em dinheiro. 
 
d) Reclamações e Recursos Administrativos 
 
É a utilização, conforme o art. 14 do decreto 70235/72, do processo administrativo fiscal. 
 
Este processo administrativo se inicia com a apresentação da impugnação administrativa. Enquanto o processo 
administrativo estiver rolando, a exigibilidade está suspensa, isso é, o fisco fica impedido de cobrar o tributo. 
 
Decreto 70235/72 - Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase 
litigiosa do procedimento.

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