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1 DIREITO DO TRABALHO II NOTA DE AULA nº 05 - PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER E DO MENOR S U M Á R I O 1. NORMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER a. Aspectos Históricos e Normas Protetivas b. Condições de Trabalho da Mulher c. Proteção à Maternidade d. Práticas Discriminatórias Contra a Mulher 2. NORMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR a. Medidas de Proteção ao Menor b. Proteção do Trabalho da Criança e do Adolescente c. Deveres e Responsabilidades em Relação ao Menor d. Contrato de Aprendizagem 1. NORMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER – (Art.372 a 401-B/CLT) a. Aspectos Históricos e Normas Protetivas Historicamente, tanto as mulheres como os menores foram os trabalhadores mais explo- rados na fase inicial do desenvolvimento do Direito do Trabalho, especialmente nos primeiros anos da Revolução Industrial. As mulheres sujeitavam-se a extenuantes jornadas de trabalho que chega- vam a 16 horas diárias, recebiam baixos salários e eram submetidas a condições nocivas e prejudi- ciais à saúde, em ambientes insalubres, muitas vezes desempenhando atividades laborais penosas e muito perigosas, sem quaisquer condições de segurança. Ao longo do século XIX, sobretudo em sua segunda metade, foram sendo estabelecidas as primeiras normas protetoras dirigidas às mulheres e aos menores. Finalmente, com a celebra- ção do Tratado de Versalhes, o princípio da igualdade salarial entre homens e mulheres foi fixado como marco definitivo entre ambos os sexos. Mesmo assim, atualmente, ainda encontramos dife- renças salarias envolvendo homens e mulheres. Ao longo do século XX a Organização Internacional do Trabalho editou inúmeras conven- ções com vistas a estabelecer uma maior proteção tanto à mulher, como aos menores. 2 No Brasil, a primeira norma que tratou do trabalho da mulher foi o Decreto nº 21.417- A/1932, que proibia o trabalho noturno da mulher no período das 22 às 5 horas, além de vedar-lhe a remoção de pesos. A CF/34 proibia a discriminação do trabalho da mulher quanto à diferenciação de salá- rios, vedava a realização de trabalho insalubre e garantia o repouso antes e depois do parto. As Constituições seguintes, de 1946 e 1967, mantiveram as garantias anteriores, sendo que a última estabeleceu o direito de aposentadoria às mulheres que exercessem atividade laboral por 30 anos. O Decreto-lei nº 229/67 alterou o art. 374 da CLT, permitindo o regime de compensação apenas por acordo coletivo e modificou os arts. 389 e 392 da CLT para proporcionar a guarda de fi- lhos das mulheres na empresa e o descanso no período de quatro semanas antes do parto e oito semanas depois. A Lei nº 6.136/74 transferiu o ônus do pagamento da licença maternidade da empresa para a Previdência Social. Já a Lei nº 7.189/84 deu nova redação ao art. 379 da CLT, permitindo o trabalho noturno da mulher maior de 18 anos. A CF atual passou a permitir o trabalho da mulher em atividades insalubres; assegurou licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias (antes eram 84 dias); proibiu a diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão ao empre- go por motivo de sexo. O art. 10, II, b dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias esta- beleceu a garantia de emprego à mulher gestante, desde a confirmação da gravidez, até cinco meses após o parto. A Lei 7.855/89 revogou os arts. 379 e 380 da CLT, que proibiam o trabalho noturno da mulher e especificavam certas condições; os arts. 374 e 375, que tratavam da prorrogação e com- pensação do trabalho da mulher; o art. 387 da CLT que versava sobre a proibição do trabalho da mulher nos subterrâneos, nas minerações em subsolos, pedreiras e obras da construção civil, bem como nas atividades perigosas e insalubres. Em consequência, no atual ordenamento jurídico pá- trio, a mulher pode trabalhar em locais perigosos, insalubres ou penosos. b. Condições de Trabalho da Mulher Os fundamentos da proteção ao trabalho da mulher dizem respeito a sua fragilidade fí- sica. Porém, as medidas de proteção só se justificam em relação ao período de gravidez e após o parto e às situações relacionadas à impossibilidade física de levantar pesos excessivos. 3 A duração do trabalho da mulher é igual a de qualquer outro trabalhador, ou seja, 8 ho- ras diárias e 44 horas semanais, de acordo com o que dispões o art. 7º, XIII da CF/88. Os períodos de descanso tanto dos homens, quanto das mulheres são praticamente iguais, ou seja, 11 horas de intervalo entre duas jornadas. Porém, em caso de prorrogação do tra- balho da mulher será obrigatório um intervalo de 15 minutos, antes de cumprir tais horas. A mulher poderá prorrogar sua jornada de trabalho, fazendo horas extras, nas mesmas condições que o homem, não se justificando diferenças salariais entre ambos os sexos, conforme dispõe o art. 7º, XXX da Lei Maior. Ao empregador será vedado empregar a mulher em serviço que demande o esforço de força muscular superior a 20 quilos para trabalho contínuo, ou 25 quilos para o trabalho ocasional. Toda empresa deverá prover os estabelecimentos com medidas relativas à higienização dos métodos e locais de trabalho, ventilação e iluminação adequada. Instalar bebedouros, banhei- ros e vestiários femininos com armários individuais privativos para as mulheres (exceto em estabe- lecimentos comerciais, escritórios e bancos em que não se exige a troca de roupa das mulheres). Além disso, a empresa deverá fornecer gratuitamente equipamentos de proteção indivi- dual, como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais para proteção dos olhos, pele e sistema res- piratório, de acordo com a natureza do trabalho realizado. A rigor todas as normas anteriores tam- bém se aplicam ao trabalho masculino e nem deveriam estar no capítulo do trabalho da mulher. c. Proteção à Maternidade Inicialmente, o empregador era quem pagava o período em que a gestante ficava afas- tada para dar à luz. Em consequência, a contratação de mulheres era mais escassa, pois o empre- gador não se interessava em assumir este encargo. Porém, com a edição da Lei nº 6.136/74, o sa- lário maternidade passou a ser prestação previdenciária, não mais tendo o empregador que pagar o salário da empregada grávida. A empresa adianta o salário-maternidade à empregada e compen- sa com o que deve a título de contribuição previdenciária na guia de recolhimento. Se empregador tivesse que arcar com o pagamento do salário da empregada no período da gestação e após o parto, não iria contratar mulheres. O início do afastamento da empregada será mediante atestado médico, devendo notificar o seu empregador, a partir de 28 dias antes do parto, até a ocorrência do mesmo. Em casos excepcionais, os períodos de repouso antes e depois do parto poderão ser dilatados por mais duas semanas cada um, mediante atestado médico. 4 Durante o período de licença, a gestante tem direito ao salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos últimos 6 meses de trabalho. Fará jus às vantagens adquiri- das no decorrer de seu afastamento pelas normas coletivas da categoria ou por outra regra legal. O direito à licença-maternidade não fica condicionado ao nascimento do filho com vi- da, ocorrendo o parto o direito está garantido, mesmo em caso de natimorto. Entretanto, em ca- so de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico, a mulher terá direito a um repouso remunerado de duas semanas. Em caso de aborto criminoso, não terá direito a licença remunerada. O INSS deverá pagar o benefício do salário-maternidade integralmente, independente- mente do valor do salário da empregada. Assim,a natureza jurídica do salário-maternidade é pre- videnciária. A comprovação da gravidez durante o aviso prévio dá direito ao salário-maternidade, pois o período de aviso prévio integra o contrato de trabalho, mesmo que a gravidez tenha iniciado no curso do aviso prévio (seja ele cumprido ou indenizado), em função da inclusão do art. 391-A à CLT, por intermédio da Lei 12.812, de 16 de maio de 2013. Antes do advento da Lei 12.010/2009, tal direito seguia um escalonamento em função da idade da criança adotada, assim, se a mesma tivesse até um ano de idade a licença seria de 120 dias; a partir de um ano até quatro anos de idade, o período de licença maternidade seria de 60 dias; e, a acima de quatro até oito anos de idade a licença seria de 30 dias. No entanto, a Lei 12.010/2009 revogou os parágrafos 1º, 2º e 3º do art. 392-A da CLT, nesse caso não há mais que se considerar o referido escalonamento fazendo jus a adotante ao to- tal de 120 dias relativo à licença maternidade. A Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013, alterou o caput do art. 392-A, da CLT, confe- rindo uma maior proteção à maternidade e incluiu o § 5º ao mesmo, estabelecendo que “a adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença-maternidade a apenas um dos adotan- tes ou guardiães empregado ou empregada. A mesma lei também estabeleceu no art. 392-B, que: Em caso de morte da genitora, é assegurado ao cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por todo o período da licença-maternidade ou pelo tempo restante a que teria direito a mãe, exceto no caso de falecimento do filho ou de seu abandono. O art. 392-C, também ampliou esse direito ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para tal, dispondo esse direito aos empregados do sexo masculino. A Lei nº 11.770/2008 prorroga por mais 60 dias a licença-maternidade, inclusive para as mães adotantes. Tal período não será pago pelo INSS, mas sim pelo empregador, não se constituindo em benefício previdenciário. 5 Porém, a empresa que aderir ao programa e conceder o benefício a sua empregada po- derá deduzir o total da remuneração durante os 60 dias do imposto de renda devido. Somente o empregador, pessoa jurídica, é que poderá conceder o referido benefício, sendo que sua conces- são é opcional. A Convenção nº 103 da OIT estabelece que se a mulher amamentar seu filho será auto- rizada a interromper seu trabalho com esta finalidade durante um ou vários períodos, cuja duração será fixada pela legislação nacional. O art. 396 da CLT regula a situação, dispondo que a empregada terá direito a dois in- tervalos de descanso especiais de meia hora cada um até que seu filho complete seis meses de idade, para efeitos de amamentação, podendo este período ser dilatado, a critério da autoridade competente. No entanto a lei não dispõe que o intervalo seja remunerado. d. Práticas Discriminatórias Contra a Mulher A Convenção 100/51 da OIT dispõe sobre a não-discriminação em matéria de salário sendo aprovada pelo Decreto-Legislativo (DL) nº 24/56 e promulgado pelo Decreto nº 41.721/57. Já a Convenção nº 111/58, versando sobre a não-discriminação relativa a emprego foi aprovada pelo DL nº 104/64 e promulgada pelo Decreto nº 62.150/68. A ONU publicou em 1974 a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de dis- criminação contra a mulher, que foi promulgada pelo Decreto nº 89.460/84. A Lei nº 9.029/95 estabeleceu normas quanto à proibição de exigência de atestados de gravidez e esterilização e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho. De acordo com o art. 10, II, b dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), a empregada não poderá ser dispensada desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. A CF/88 também proíbe o critério de admissão por motivo de sexo e dispõe sobre a inviolabilidade da intimidade e da honra das pessoas. Os atos discriminatórios também estão ligados à exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez, bem como à adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do empregador, que configu- rem indução ou instigamento à esterilização, ou promoção de controle de natalidade. 6 Nada impede que a empresa solicite exame de gravidez por ocasião da dispensa da empregada, justamente para se precaver quanto à despedida de empregada grávida. Também não haverá qualquer medida discriminatória se a empregada apresentar, espontaneamente, teste de gravidez, pois, nesse caso a exigência não foi do empregador. Caso a empregada esteja grávida e seja demitida a mesma poderá optar entre rescindir o contrato com o pagamento em dobro da remuneração do período de afastamento, com juros de 1% ao mês, mais a correção monetária; ou ser readmitida com o pagamento da remuneração devi- da entre a data do afastamento e a data do retorno, com juros e correção monetária. Quando do retorno da empregada, poderá o empregador dispensá-la caso não goze de garantia de emprego, bastando nesse caso pagar as verbas rescisórias cabíveis. 2. NORMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR – (CLT, Art. 402 a 441) a. Medidas de Proteção ao Menor A preocupação com o trabalho do menor vem da época das Corporações de Ofício, em que sua assistência era feita para preparação profissional e moral, visando proporcionar-lhe aprendizagem. Com a revolução industrial, em meados do século XVIII, o menor ficou totalmente desprotegido, passando a trabalhar de 12 a 16 horas por dia, à semelhança do que ocorria com as mulheres. A partir do início do Sec. XIX surgiram as primeiras normas protetivas em favor dos me- nores, na tentativa de se reduzir as jornadas de trabalho e proporcionar-lhes uma maior proteção. A OIT passou a editar Convenções que buscavam proteger o trabalho do menor. A Con- venção nº 5/19, ratificada no Brasil, em 1934, estabeleceu a idade mínima de 14 anos para o tra- balho na indústria. A Convenção 6/19, ratificada no Brasil, em 1935, proibiu o trabalho do menor no período noturno nas indústrias. A Convenção nº 10/21, fixou o limite de idade mínima para o trabalho na agricultura. Em 1959, a ONU editou a Declaração Universal dos Direitos da Criança. Posteriormen- te, outras Convenções foram sucessivamente editadas com o objetivo de aumentar a proteção do menor, com destaque para a mais recente delas, a Convenção nº 182 e a Recomendação nº 190 que tratam da proibição das piores formas de trabalho infantil, com ações imediatas para sua er- radicação. Tais normas foram recepcionadas em nosso ordenamento jurídico, por intermédio do Decreto Legislativo nº 179/99 e promulgadas no ano seguinte, por intermédio do Decreto nº 3.597. 7 No Brasil, as primeiras normas de proteção ao menor surgiram no final do século XIX. O Decreto nº 16.300/1923 vedava o trabalho do menor de 18 anos por mais de seis horas. Em 1927 foi aprovado o Código de Menores, pelo decreto nº 17.943-A, proibindo o trabalho dos menores de 12 anos e o trabalho noturno, aos menores de 18 anos. A CF/34 proibia a diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade e estabelecia a proibição do trabalho aos menores de 14 anos, o trabalho noturno aos menores de 16 anos, e em indústrias insalubres a menores de 18 anos. As Cartas de 1937 e 1946 mantive- ram as vedações anteriores. A CF/67 proibiu o trabalho do menor de 12 anos e o trabalho notur- no aos menores de 18 anos, assim como o trabalho nas indústrias insalubres. A Constituição atual proibiu a diferença de salários, de exercício de funções e de crité-rio de admissão por motivo de idade, vedou o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos meno- res de 18 anos e qualquer trabalho aos menores de 14 anos, salvo na condição de aprendiz. A EC nº 20/98 alterou a redação do art. 7º, XXXIII da CF, atribuindo-lhe a redação atual que dispõe sobre a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos e de qualquer trabalho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Em 1990, foi editado o Estatuto da Criança e do Adolescente, por intermédio da Lei nº 8.060. O Decreto nº 6.481/2008 elenca as piores formas de trabalho infantil, em proíbe o traba- lho do menor de 18 anos, para certas atividades, inclusive o trabalho doméstico. A CLT emprega a palavra menor, dedicando-lhe em capítulo inteiro destinado à proteção do trabalho desse tipo de trabalhador. A CF emprega a expressão crianças e adolescentes, ao invés de referir-se aos meno- res, expressão utilizada quando deseja referir-se à incapacidade do indivíduo. b. Proteção do Trabalho da Criança e do Adolescente Os principais fundamentos de proteção do trabalho da criança e do adolescente são de ordem cultural, moral, fisiológica e de segurança. No que concerne ao aspecto cultural deve-se garantir estudo e instrução ao menor. Já em relação ao aspecto moral, objetiva-se proibir que o menor exerça trabalhos em locais que prejudique sua moralidade. No que diz respeito ao aspecto fisiológico, o menor não deverá trabalhar em locais insalubres, perigosos, penosos ou à noite que possam prejudicar o seu desenvolvimento físico normal. Em relação ao aspecto da segurança, tan- to o menor, quanto qualquer outro trabalhador deve ser resguardado com normas de proteção que evitem acidentes do trabalho. 8 O art. 7°, XXXIII, da CF vedou o trabalho noturno, perigoso e insalubre aos menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz. O art. 403 da CLT dispõe que é proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos, estabelece o § único que o trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíqui- co, moral e social e em horários e locais que não permitam a frequência à escola. Aprendiz é a pes- soa entre 14 e 24 anos. Dos 14 aos 16 anos, o trabalho do aprendiz gera vínculo de emprego. Mesmo havendo vedação do art. 7°, XXXIII, da CF/88, que proíbe o trabalho do menor de 16 anos, se houver a prestação dos serviços sob os moldes do contrato de trabalho, o vínculo deve ser reconhecido, pois a norma não pode ser interpretada em prejuízo ao trabalhador, senão haveria enriquecimento ilícito por parte do empregador, pela exploração do trabalho do menor. O Decreto n° 6.481/2008, que regulamenta os artigos 3o, alínea “d”, e 4o da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação, aprovada pelo Decreto Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000. O art. 2o da norma em questão esclarece que “fica proibido o trabalho do menor de de- zoito anos nas atividades descritas na Lista TIP, salvo nas hipóteses previstas neste decreto”. Nesse sentido, o trabalho doméstico foi incluído na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, passan- do, assim, a ser vedado ao menor, esse tipo de trabalho. O art. 405 da CLT veda ao menor o trabalho em locais insalubres ou perigosos, os servi- ços perigosos ou insalubres, ou o trabalho em locais ou com serviços prejudiciais à sua moralidade. A CLT nada menciona em relação aos trabalhos penosos, mas parece óbvio que tam- bém não será permitido aos menores exercer esse tipo de atividades, que normalmente se desen- volvem nas minas ou subsolos, em pedreiras e em obras da construção civil, entre outras. Atividades insalubres estão reguladas na NR n° 15 e atividades perigosas na NR n° 16, ambas contidas na Portaria n° 3.214/78 da Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho. Em relação às proibições dispostas em relação ao trabalho do menor em teatros, cine- mas e circos não parece muito lógica tal vedação, pois esses locais, normalmente são frequentados por menores e apresentam espetáculos a eles destinados. É comum se verificar a participação de adolescentes ou crianças em programas de televisão, teatro ou cinema. 9 Permite-se tal atividade apenas quando não cause qualquer tipo de prejuízo ao me- nor, sendo admitida como forma de manifestação do direito fundamental de liberdade de expres- são (art. 5°, inciso IX, da CF/88). Para tal se faz necessária uma autorização judicial do Juiz da Vara da Infância e da Juventude, desde que ausente qualquer prejuízo ao menor, com fundamento no princípio da razoabilidade, considerando-se que a atividade realizada trata-se muito mais de uma manifestação artística e não de um trabalho ou emprego propriamente dito. Também é vedado empregar o menor em serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20 quilos para o trabalho contínuo ou 25 quilos para o trabalho ocasional, mesma restrição imposta em relação ao trabalho das mulheres. Em regra, a duração do trabalho do menor é regida pelo art. 7° da CF/88, sendo a mesma que é aplicada aos outros trabalhadores, 8 horas diárias e 44 horas semanais. Deve-se observar o descanso de 11 horas entre as jornadas e de 15 minutos quando sujeitos a jornada superior a 4 horas. A duração normal diária do trabalho do menor não poderá ser prorrogada, exceto: (a) até mais duas horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante acordo ou convenção coletiva, desde que o excesso de horas de um dia seja compensado pela diminuição em outro, observando-se o limite máximo semanal de 44 horas; (b) excepcionalmente, apenas em casos de força maior, até o máximo de 12 horas no dia, com acréscimo salarial de 50% sobre a hora normal e dede que o trabalho do menor seja im- prescindível ao funcionamento do estabelecimento. No caso de prorrogação extraordinária deverá ser comunicada ao Ministério do Traba- lho, dentro de um prazo de 48 horas, devendo ser concedido um descanso de, no mínimo, 15 mi- nutos, antes do início do período extraordinário de trabalho. c. Deveres e Responsabilidades em Relação ao Menor Os responsáveis legais dos menores deverão afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente seu tempo de estudo, reduzam o tempo de repouso, ou prejudique sua educa- ção moral (art. 424/CLT). Quando a autoridade competente (Juiz da Infância e Juventude) verificar que o trabalho executado pelo menor é prejudicial a sua saúde, a seu desenvolvimento físico ou a sua moralidade, poderá obriga-lo a abandonar o serviço, devendo a perspectiva empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de funções, sob pena de carac- terizar-se a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do art. 483 da CLT. 10 O menor de 18 anos poderá firmar recibo de pagamento de salários, não havendo ne- cessidade de assistência de seus pais ou responsáveis. Já em relação à rescisão do contrato de tra- balho, o menor terá que ser assistido por seus responsáveis legais, quando for dar quitação das verbas que estiver recebendo (art. 439 da CLT). d. Contrato de Aprendizagem Essa espécie de contrato de trabalho tem origem nas corporações de ofício, em que o trabalhador ingressava na corporação com o objetivo de aprender e poder desenvolver uma obra que o tornasse mestre. De acordo com o art. 428 da CLT, alterado pela Lei n° 11180/2005, o con-trato de aprendizagem é o pacto de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determi- nado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 anos e menor de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e dili- gência, as tarefas necessárias a essa formação. O menor aprendiz não poderá perceber menos de que um salário mínimo calculado à base horária. O aprendiz deverá ser registrado desde o primeiro dia de trabalho, anotando-se em sua CTPS a condição de aprendizagem. O Contrato de aprendizagem distingue do estágio, uma vez que este relaciona-se aos objetivos educacionais da instituição de ensino e não configura vínculo empregatício (art. 3º da Lei 11.788/2008), sendo que o seu desenvolvimento somente poderá ser feito para pessoas que estejam frequentando cursos de educação superior, de ensino médio, de educação profissional, de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modali- dade profissional, não havendo idade limite para tal. A aprendizagem tem por objetivo fazer com que o trabalhador aprenda um ofício pa- ra exercer uma profissão, pressupõe anotação na CTPS, matrícula e frequência do aprendiz na es- cola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desen- volvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. A for- mação técnico-profissional caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente orga- nizadas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho. O objetivo do con- trato de aprendizagem se estender até os 24 anos, respeitado o prazo máximo de dois anos é permitir que o trabalhador aprenda um ofício e aplique na empresa, qualificando as pessoas que apesar de não serem menores, ainda não tenham conseguido um emprego, pois há o incentivo da redução da alíquota do FGTS para 2%. 11 Ao aprendiz portador de necessidades especiais não há limite de idade. Ao menor aprendiz será assegurado o salário mínimo hora (art. 428, § 2°/ CLT). O contrato não poderá exce- der a dois anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência (art. 428, § 3º da CLT, redação dada pelo art. 19 da Lei 11.788/08). Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do dis- posto no § 1° desse artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a freqüência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental (nova redação do § 3° do art. 428 da CLT, dada pelo art. 19 da Lei 11.788/08). A duração do trabalho do aprendiz não excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornadas (art. 432/CLT). Podendo chegar a oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental. As empresas não poderão ter menos de 5% de aprendizes, sob pena de pagar multa administrativa à União, prevista no art. 434 da CLT. O limite é de 15%, sendo calculado em cima de cada estabelecimento. Dispõe o art. 433 da CLT que “o contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o aprendiz completar 24 anos, ressalvando a hipótese prevista no § 5º do art. 428 (ida- de máxima de 24 anos), ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses: (I) desempenho insu- ficiente ou inadaptação do aprendiz; (II) falta disciplinar grave; (III) ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; (IV) a pedido do aprendiz”. No caso de rescisão antecipada do contrato do aprendiz, por força do disposto nos inci- sos I, III e IV, não fará jus o trabalhador ou a empresa, às indenizações dos arts. 479 e 480 da CLT, que tratam da rescisão antecipada do contrato por prazo determinado. Findo o contrato de dois anos numa empresa, o aprendiz poderá ser contratado nessa condição em outra empresa, pois não se trata de mesmo empregador. Porém, se o aprendiz já concluiu o curso de aprendizagem para certa função, não poderá fazer o mesmo curso de aprendizagem para trabalhar em outra empresa. REFERÊNCIAS CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: 8ª ed. São Paulo: Método, 2014. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: Ltr, 2013. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8ª ed. São Paulo: Método: 2013. MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 30ª ed. São Paulo: Atlas, 2014. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. COMPLEMENTE SEUS ESTUDOS COM A LEITURA DA DOUTRINA RECOMENDADA NO PLANO DE ENSINO! PROF. JOÃO LUÍS PRIÁTICO SAPUCAIA
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