Buscar

APLICAÇÕES DA BIOLOGIA MOLECULAR NO DIAGNÓSTICO DA ANEMIA FALCIFORME

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
APLICAÇÕES DA BIOLOGIA MOLECULAR NO DIAGNÓSTICO DA ANEMIA 
FALCIFORME 
Amanda Matias Ferreira1 
Ananda da Silva Nunes2 
Bianca Rodrigues Vilela3 
Márcia Cristina Silva Reis4 
Prof. Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto5 
 
RESUMO: A anemia falciforme é um dos distúrbios de um único gene mais comuns 
no mundo, que afeta aproximadamente 280.000 nascidos vivos por ano em todo o 
mundo e caracteriza-se por uma alteração geneticamente determinada na produção 
da hemoglobina formando a hemoglobina S. O diagnóstico laboratorial da doença 
falciforme baseia-se na detecção da HbS. A aplicação das técnicas de biologia 
molecular na identificação de anemia falciforme promoveu excepcional 
desenvolvimento no diagnóstico laboratorial dessa patologia e esta por sua vez se 
torna a cada dia instrumento laboratorial de grande definição no diagnóstico e na 
prevenção dessa patologia. Este estudo tem a finalidade de mostrar o quanto é 
importante o estudo de novas técnicas de biologia molecular para o diagnóstico de 
anemia falciforme, proporcionando assim um tratamento adequado e 
consequentemente uma melhoria na qualidade de vida desses portadores. 
Palavras-chave: Anemia Falciforme. Doenças Hematológicas. Hemoglobinopatias. 
Diagnóstico molecular. 
 
ABSTRACT: Sickle cell anemia is a single gene disorders, the most common in the 
world, affecting approximately 280,000 live births per year worldwide and is 
characterized by an alteration in the production of genetically determined hemoglobin 
hemoglobin S (HbS). Laboratory diagnosis of sickle cell disease is based on the 
 
1
 Biomédica graduada pela Faculdade Padrão. 
2
 Biomédica graduada pela Faculdade Padrão 
3
 Biomédica graduada pela Faculdade Padrão. 
4
 Biomédica graduada pela Faculdade Padrão. 
5
 Doutor em Medicina Tropical e Saúde Pública pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública 
da Universidade Federal de Goiás e Professor dos cursos de Biomedicina, Enfermagem e 
Fisioterapia da Faculdade Padrão de Goiânia - Brasil. Email:bio.neto@gmail.com 
 
2 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
detection of HbS. The application of molecular biology techniques in the identification 
of sickle cell anemia promoted exceptional development in the laboratory diagnosis 
of this disease and this in turn becomes every day laboratory instrument for high-
definition in the diagnosis and prevention of this pathology. This study aims to show 
how important it is to study new molecular biology techniques for the diagnosis of 
sickle cell anemia, thus providing adequate treatment and consequently an improved 
quality of life of these patients. 
Keywords: Sickle Cell Anemia. Blood Disorders. Hemoglobinopathies. Molecular 
Diagnostics. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Anemia é uma situação patológica decorrente da diminuição da 
hemoglobina circulante (CANÇADO, 2007). A hemoglobina é uma estrutura globular 
composta por quatro cadeias polipeptídicas cuja principal função é o transporte de 
oxigênio para os tecidos (ALMEIDA et al., 2011). As causas que provocam anemia 
são muito diversas, entretanto as principais se observam como consequência de 
vários tipos de doenças (NAOUM, 1997). 
A anemia Falciforme é um dos distúrbios de um único gene mais 
comuns no mundo, que afeta aproximadamente 280.000 nascidos vivos por ano em 
todo o mundo (HANKINS, 2010), sendo comumente aceita como uma doença 
hereditária autossômica recessiva causada por uma alteração hemoglobínica na 
substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 da cadeia β, transformando-
a em uma hemoglobina instável, chamada hemoglobina S (HbS) (HOLBASH et al., 
2010). Tal mudança acarreta em uma menor afinidade com a molécula de oxigênio e 
a formação de longas cadeias de hemoglobinas que acabam por formar feixes 
intracelulares concentrados nas extremidades da hemácia e fazem com que ela 
adquira a forma de foice em situações de hipóxia (CAVALCANTE E MAIO, 2011). 
Esse fenômeno ocorre em todo o organismo, provocando hemólise e 
consequentemente anemia hemolítica crônica e com o passar dos anos, lesões 
isquêmicas em todos os órgãos que compõem o leque de manifestações clínicas 
observadas nessas pessoas (HOLBASH et al., 2010). As manifestações clínicas são 
3 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
observadas apenas nos indivíduos homozigotos para a HbS (Hb SS), resultando na 
anemia falciforme. Os heterozigotos (Hb AS) são classificados como portadores de 
traço falciforme e são geralmente assintomáticos, apresentando sintomas apenas 
em casos onde há diminuição da pressão parcial de oxigênio (SOMMER et al., 
2006). 
Os recentes avanços científicos e tecnológicos direcionados à 
identificação de diversas doenças promoveram excepcional desenvolvimento no 
diagnóstico laboratorial de diversas doenças hematológicas. Somam-se a esse fato 
as aplicações das técnicas de biologia molecular que se tornam cada vez mais 
instrumentos laboratoriais de grande definição no diagnóstico e na prevenção de 
doenças hematológicas, notadamente aquelas de origem hereditária (NAOUM, 
2001). 
No passado, o teste de falcização era o principal método de 
diagnóstico da presença de hemoglobina S (HbS), porém, atualmente, foi 
completamente substituído pela eletroforese de hemoglobina, que é um método 
barato, simples e de fácil interpretação (MURAO E FERRAZ, 2007). 
A eletroforese alcalina em acetato de celulose é o método básico para 
a detecção da hemoglobina S, e continua sendo o método mais utilizado para este 
fim. Porém, a existência de outras hemoglobinas variantes que possuem as mesmas 
características eletroforéticas da HbS obriga a realização de um teste confirmatório, 
sendo os mais comuns o teste de solubilidade e a eletroforese ácida em ágar 
(BANDEIRA et al., 2003). 
O diagnóstico da anemia falciforme também pode ser feito através de 
outros exames como a Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) convencional, PCR 
em tempo real (qRT-PCR) e a Cromatografia Líquida de Alta Resolução (HPLC). A 
PCR é um exame qualitativo que detecta o gene S e oferece a vantagem de ser 
altamente específico. PCR em tempo real é um método quantitativo e é uma técnica 
desenvolvida através do refinamento da PCR convencional, também é uma técnica 
altamente específica, porém devido a seu alto custo ambos ainda não se 
popularizaram no diagnóstico da doença (ALMEIDA, 2009). O HPLC tem a grande 
vantagem de ser um exame quantitativo e com isso permite o cálculo não só da 
4 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
dosagem de HbS, como também de hemoglobina fetal (HbF), podendo assim 
verificar a gravidade com que a doença se manifesta (ANVISA, 2002). 
Este estudo teve como principal objetivo descrever e caracterizar as 
diferentes técnicas de biologia molecular utilizadas no diagnóstico da anemia 
falciforme, analisar dados bibliográficos disponíveis em bancos de dados científicos, 
relacionar as técnicas de biologia molecular convencionais com as atuais e levantar 
dados sobre o conhecimento dos acadêmicos de biomedicina em relação às 
técnicas de biologia molecular. 
A precocidade do diagnóstico favorece a tomada de medidas 
preventivas que interferem de forma positiva no tratamento. Tendo em vista que a 
biologia molecular a cada dia proporciona o surgimento de novas técnicas com 
maior especificidade e sensibilidade para o diagnóstico da anemia falciforme, torna-
se relevante um estudo mais aprofundado das técnicas moleculares em relação a 
esta patologia.2 METODOLOGIA 
 
O presente estudo consistiu em uma pesquisa bibliográfica realizada 
pela revisão de artigos encontrados na literatura, por meio de bases de dados (Pub 
Med, Lilacs, Bireme, Medline, Scielo), utilizando como palavras-chave os termos: 
Anemia Falciforme, Doenças hematológicas, Hemoglobinopatias, Diagnóstico 
molecular. Estas foram baseadas no DeCS (Descritores em Ciência da Saúde) 
publicado pela Bireme, disponível no endereço eletrônico http://decs.bvs.br. A 
pesquisa bibliográfica foi realizada no período de fevereiro de 2013 a julho de 2013, 
foram avaliados e selecionados artigos publicados em revistas de alto índice de 
impacto. 
Foi realizado um levantamento de dados através de questionários para 
avaliar o conhecimento em relação às técnicas de biologia molecular e à anemia 
falciforme na comunidade acadêmica. Os questionários foram aplicados aos alunos 
da Faculdade Padrão de Goiânia-GO matriculados do 1° ao 6° período do curso de 
Biomedicina. Os dados provenientes dos questionários foram avaliados e analisados 
5 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
estatisticamente com base no programa Excel e correlacionados com os da literatura 
mundial. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
3.1 Considerações Gerais sobre Anemia 
 
De acordo com Lorenzi (2003), a anemia significa redução da taxa de 
hemoglobina abaixo de um valor entre 13-15g/dl para um indivíduo que está ao nível 
do mar e tem um volume sanguíneo total normal. As anemias são sempre 
secundárias, pois existe uma doença básica que as produz e não se justifica tratar a 
anemia, mas sim a sua causa. A produção deficiente, a destruição excessiva e a 
perda sanguínea são os três mecanismos básicos responsáveis pelo aparecimento 
das anemias (CARVALHO, 1999). 
A hemoglobina é uma proteína conjugada, com um peso molecular 
próximo a 68 kilodáltons (kDa). Sua molécula é formada por dois componentes 
quimicamente distintos: uma metaloporfirina denominada heme (grupo prostético) e 
uma proteína denominada globina (CINGOLANI E HOUSSAY, 2004). Existem quatro 
grupos heme em cada molécula de hemoglobina, cada um dos quais contém um 
átomo de ferro, ligado por uniões covalentes aos átomos de nitrogênio de uma 
estrutura heterocíclica denominada protoporfirina IX. O núcleo heme responsável 
pela cor vermelha é característica da hemoglobina (CINGOLANI E HOUSSAY, 
2004). 
O valor médio da hemoglobina varia de acordo com o sexo, sendo 
menor na mulher, especialmente em gestantes. A diminuição do número de 
eritrócitos não serve, por si só, para definir o estado anêmico, embora com 
frequência esteja presente em quase toda a anemia (LORENZI, 2003). 
 
3.2 Anemia Falciforme 
 
A anemia falciforme é uma hemoglobinopatia de caráter genético, 
hereditário, autossômico recessivo, de alta morbidade e mortalidade (SOUZA et al., 
6 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
2011). Essa doença originou-se na Ásia Menor e foi trazida às Américas pelo tráfico 
massivo de escravos ocorrido entre o século XV e a metade do século XIX (PANTE 
et al.,1998). Atualmente, a anemia falciforme é uma das hemoglobinopatias mais 
frequentes da humanidade e representa a mais comum no Brasil, distribuindo-se de 
modo heterogêneo entre as diferentes regiões do país, sendo mais frequente onde a 
proporção de antepassados negros da população é maior, como é o caso do 
Nordeste do Brasil (RIBEIRO et al., 2008).Tal alteração fisiológica trata-se de uma 
mutação no cromossomo 11, o que ocasionará o surgimento de uma hemoglobina 
patológica (NUZZO E FONSECA, 2004). 
Essa enfermidade caracteriza-se por uma alteração geneticamente 
determinada na produção da hemoglobina e é ocasionada pela substituição do ácido 
glutâmico pela valina (MENDONÇA et al., 2009). A simples substituição pontual de 
uma base nitrogenada, timina por adenina, no sexto códon do éxon1 no DNA do 
cromossomo 11, ocasiona o surgimento de uma hemoglobina patológica. A troca de 
bases nitrogenadas no DNA, ao invés de codificar a produção do aminoácido ácido 
glutâmico, irá, a partir daí, determinar a produção do aminoácido valina, que entrará 
na posição 6 da sequência de aminoácidos que compõem a cadeia da hemoglobina 
β, formando a HbS (NETO E PITOMBEIRA, 2003). 
A HbS sofre polimerização em situações de estresse oxidativo, 
alterando a capacidade de deformabilidade e a plasticidade da hemácia, que 
assume o formato de foice (BACKES et al., 2005). Com isto, há um maior risco de 
ocorrer fenômenos vaso-oclusivos, sendo os principais responsáveis pela 
sintomatologia apresentada pelos homozigotos (NETO E PITOMBEIRA, 2003). 
As manifestações clínicas envolvem crises dolorosas, síndrome 
torácica aguda, acidente vascular cerebral (AVC), alterações esplênicas, crise 
aplásica, úlceras de perna, manifestações osteoarticulares, hepatobiliares e 
oculares, síndrome renal, complicações cardiovasculares e infecções (MENDONÇA 
et al., 2009). 
Os portadores de anemia falciforme são assintomáticos nos primeiros 
seis meses de vida, devido à presença de hemoglobina fetal (HbF) que quando 
presente em altas concentrações diminui o processo de polimerização das 
hemácias. A HbF é composta de duas α-globina e duas cadeias de polipeptídeos da 
7 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
cadeia γ-globina, e nos primeiros seis meses de vida está presente em 
concentrações superiores às encontradas nos adultos, que é de 1%-2% 
(AKINSHEYE et al., 2011). Após este período, a síntese das cadeias γ, formadoras 
da HbF, é substituída pela das cadeias β, ocorrendo a estabilização na produção de 
globinas. Com isso, a HbS passa a ser produzida em maior quantidade e o indivíduo 
perde a propriedade protetora da HbF (DAUDT et al., 2002). 
Pacientes com baixa taxa de HbF podem apresentar, ainda, um quadro 
de esplenomegalia caracterizado pela congestão na polpa vermelha, pelo sequestro 
de eritrócitos falcizados nos cordões esplênicos e sinusóides, evoluindo com a 
formação de trombose e infartos, culminando com a atrofia e fibrose do órgão. Esse 
fenômeno ocorre geralmente até os cinco anos de idade. A asplenia causa maior 
susceptibilidade a infecções por organismos que contenham cápsulas, 
principalmente o Haemophilus influenzae tipo B e o pneumococo (CARDOSO, 
2005). Crianças com anemia falciforme menores de cinco anos apresentam risco de 
infecção por pneumococo de, aproximadamente, trinta a cem vezes maior do que 
crianças saudáveis. Essas infecções, acompanhadas de acidose, hipóxia e 
desidratação, podem desencadear e/ou intensificar as crises de falcização, já que 
favorecem a produção de citocinas inflamatórias, aumentando, assim, a expressão 
das moléculas de adesão endoteliais e a adesão das células falciformes e dos 
polimorfonucleares no endotélio vascular (TAKAHASHI, 2005). 
A anemia falciforme acomete 0,1 a 0,3% da população negróide no 
Brasil, com tendência a atingir parcela cada vez mais significativa da população, 
devido ao alto grau de miscigenação em nosso país. De fato estudos populacionais 
têm demonstrado a crescente presença da HbS em indivíduos caucasóides, a 
porcentagem de mortalidade entre crianças menores de 5 anos com anemia 
falciforme é de cerca 25 a 30% (NUZZO E FONSECA, 2004). 
Estima-se a existência de 25 mil a 30 mil pessoas com anemia 
falciforme no Brasil e, a cada ano, o nascimento de 3.500 crianças com a doença 
(CANÇADO E JESUS, 2007). Um em cada mil recém-nascidos vivos apresenta 
anemia falciforme, destes estima-se que até 25% não atingem os 5 anos de vida, 
sendo elevada a mortalidade perinatal, variando entre 20 a 50% (FILHO et al.,8 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
2012). Isso evidencia a necessidade de maiores investimentos e progressos no 
tratamento desses pacientes (HOKAMA et al., 2002). 
 
3.3 Diagnóstico 
 
O diagnóstico laboratorial da doença falciforme baseia-se na detecção 
da HbS e pode iniciar-se com base em um eritrograma, que revela a anemia grave, 
acompanhado de análise da morfologia eritrocitária na extensão sanguínea corada, 
geralmente com presença de drepanócitos (MURÃO E FERRAZ, 2007). A contagem 
de reticulócitos (eritrócitos jovens) elevada é uma característica comum nos 
processos hemolíticos, juntamente com a elevação da bilirrubina indireta (OLIVEIRA 
E NETO, 2004). Leucocitose com neutrofilia moderada, não necessariamente 
relacionada à infecção e trombocitose completa o quadro hematológico durante as 
crises vaso-oclusivas. A plaquetopenia pode ocorrer em caso de sequestro 
esplênico, que consiste no afoiçamento das hemácias do baço, levando a retenção 
do sangue, diminuindo os níveis de hemoglobina e consequentemente causando 
palidez e dor (VERRASTRO, 1996). 
Em 2001, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de 
Triagem Neonatal (PNTN). A triagem para a HbS foi incluída neste programa, além 
fenilcetonúria e do hipotiroidismo, devido às doenças falciformes serem doenças que 
não apresentam características clínicas precoces. Assim a triagem neonatal para a 
HbS, também conhecido como "teste do pezinho", tem o objetivo de diagnosticar 
precocemente as doenças falciformes, que habitualmente não apresentam no 
período neonatal e assim intervir no seu curso natural (ALMEIDA et al., 2006). 
Para o “teste do pezinho”, o ideal é que a amostra de sangue seja 
colhida entre 48 horas e sete dias após o nascimento, sendo aceitavél até o 30° dia, 
A inclusão das hemoglobinopatias encontra a justificativa em sua alta frequência na 
população brasileira (MENDONÇA et al., 2009). 
No passado o teste de falcização era o principal método de diagnóstico 
da presença de HbS, porém, atualmente, foi completamente substituído pela 
eletroforese de hemoglobina, que é um método barato, simples e de fácil 
interpretação (MURAO E FERRAZ, 2007). 
9 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
A eletroforese em pH alcalino 8,4 a 8,8 é o principal método para a 
diferenciação dos vários tipos de hemoglobina. Os meios de suporte para a 
realização dessa técnica podem ser o acetato de celulose, agarose ou gel de 
poliacrilamida. O método mais utilizado em laboratórios clínicos é a eletroforese em 
acetato de celulose, pois é de fácil manuseio, preparação e rápida análise. Sendo 
assim, esse método é muito utilizado como procedimento inicial de triagem para o 
gene SS, porém, a existência de outras hemoglobinas variantes que possuem as 
mesmas características eletroforéticas da HbS obriga a realização de um teste 
confirmatório, sendo os mais comuns o teste de solubilidade e a eletroforese ácida 
em ágar (PERIN et al., 2000; BANDEIRA et al., 2003). 
O diagnóstico diferencial é realizado principalmente por HPLC, e neste 
ensaio podem-se visualizar as alterações decorrentes da anemia falciforme. Esse 
método é bastante viável, pois as cadeias β globínicas são detectáveis em fase 
precoce de vida fetal, a partir da 10ª a 12ª semana de gestação, o que possibilitará o 
diagnóstico pré-natal da anemia falciforme (NUZZO E FONSECA, 2004). 
O diagnóstico da anemia falciforme também pode ser feito através de 
outros exames como o PCR convencional e qRT-PCR. A PCR é um exame 
qualitativo que detecta o gene S e oferece a vantagem de ser altamente específico. 
qRT-PCR é um método quantitativo e é uma técnica desenvolvida através do 
refinamento da PCR convencional, também é uma técnica altamente específica, 
porém devido a seu alto custo ambos ainda não se popularizaram no diagnóstico da 
doença (ANVISA, 2002; ALMEIDA, 2009). 
No decorrer dos quase cem anos de estudos relacionados à anemia 
falciforme, grandes progressos foram realizados no conhecimento desta doença. 
Como resultado de todos estes esforços, criou-se um novo campo de estudo das 
ciências, a biologia molecular (NETO E PITOMBEIRA, 2003). 
 
3.4 Avanços Tecnológicos e a Biologia Molecular 
 
O estudo da biologia molecular representa hoje uma das áreas de 
maior potencial para a realização de pesquisas na área médica, considerando-se 
não apenas sua grande relevância clínica e epidemiológica, mas influindo 
10 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
especialmente no diagnóstico laboratorial e nos procedimentos terapêuticos de 
algumas patologias com destaque para anemia falciforme (NAOUM, 2001). As 
aplicações da biologia molecular em hematologia poderão elucidar o conhecimento 
das alterações moleculares de doenças, tal como ocorre atualmente na 
caracterização das lesões do gene da β globina e na identificação dos haplótipos da 
HbS (TODRYK et al., 2000). 
Entre as técnicas moleculares, o desenvolvimento de métodos 
baseados no DNA levou ao uso da PCR, uma técnica que permite testar diminutas 
quantidades de DNA. Essa por sua vez, revolucionou as tendências de 
aplicabilidade molecular, pois o seu uso laboratorial teve grande progresso devido à 
simplicidade da técnica e a rapidez em se obter o resultado (PROVAN E GRIBBEN, 
2000). Uma variação desse método recentemente implantado foi a qRT-PCR que 
permite a amplificação e a detecção simultânea (MOLINA E TOBO, 2004). 
A HPLC, também é uma técnica bastante viável para o diagnóstico 
dessa patologia, pois com ela é possível detectar hemoglobinas anormais e 
diminuídas. A técnica baseia-se nas diferenças de carga elétrica entre as cadeias de 
Hb e apresenta, em relação às outras técnicas, vantagens, incluindo conveniência, 
eficácia, rapidez (completamente automatizada) e alto nível de sensibilidade e 
especificidade. Com ela também podemos quantificar as hemoglobinas normais e 
anormais e assim saber com qual gravidade a doença se manifesta (PERIN et al., 
2000 ; NUZZO E FONSECA, 2004). 
 
3.5 TÉCNICAS 
 
Existem várias técnicas utilizadas para o diagnóstico da HbS, cada 
teste tem sua importância na informação de dados para fundamentar com segurança 
o diagnóstico da anemia falciforme. Entretanto para dimensionar sua importância no 
conjunto de informações, comentaremos cada um dos testes apresentados. 
 
 
 
 
11 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
3.5.1 Teste de falcização 
 
A técnica consiste em colocar a hemácia a ser pesquisada, sob-baixa 
concentração de oxigênio, induzindo o seu afoiçamento através do metabissulfito de 
sódio a 2% que reduz a tensão de oxigênio. Adicionando o metabissulfito de sódio 
ao sangue total e lacrando essa mistura entre lamínula e lâmina com esmalte, 
induzimos a falcização devido à falta de oxigenação sendo possível ver essa 
alteração microscopicamente. O teste de falcização é menos indicado, devido ao 
baixo grau de resolução, pois quando positivo não diferencia o estado de associação 
genética (genótipo) da HbS (Hb SS, Hb SF, Hb SC, Hb AS, Hb SD). Além disso, há 
muitos casos de "falso negativo", ou seja, eritrócitos com HbS que submetidos ao 
teste de falcização não falcizam (ZANATTA E MANFREDINI, 2009). Por ser um teste 
de baixa sensibilidade é necessária a utilização de técnicas de biologia molecular, 
por serem métodos mais precisos e específicos. 
 
3.5.2 Teste de solubilidade 
 
O teste baseia-se na insolubilidade da desoxihemoglobina S, onde 
resultados positivos são indicados com a turbidez da solução. É frequentemente 
utilizado como triagem em emergênciasou como teste confirmatório para HbS após 
eletroforese em acetato de celulose devido a sua rapidez e facilidade (PERIN et al., 
2000). Porém esse teste não apresenta boa sensibilidade para a detecção da HbS 
no período neonatal, especialmente nos recém-nascidos prematuros, sendo 
indispensável a interpretação cautelosa do resultado (ZANATTA E MANFREDINI, 
2009). 
Deste modo, podemos perceber que se trata de uma técnica utilizada 
somente para confirmações de resultados. O diagnóstico definitivo deve ser dado 
através uma técnica de biologia molecular. Neste caso, a mais utilizada é a 
eletroforese em acetato de celulose (OLIVEIRA E NETO, 2004). 
 
 
 
12 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
3.5.3 Eletroforese de Hemoglobina 
 
A confirmação do diagnóstico, com distinção segura das demais 
síndromes falcêmicas, faz-se através de uma técnica de biologia molecular a 
eletroforese de hemoglobina. Esse tipo de técnica permite a identificação presuntiva 
do fenótipo da hemoglobina (PERIN et al., 2000), basendo-se na migração 
diferenciada de compostos iônicos ou ionizáveis, em um campo elétrico (TAVARES, 
2006). 
Eletroforese em um tampão alcalino (pH 8,4 a 8,8) é o método principal 
para diferenciação dos diferentes tipos de hemoglobina, podendo os meios de 
suporte ser acetato de celulose, agarose ou gel de poliacrilamida, dentre outros. A 
eletroforese em acetato de celulose é o método de escolha para os laboratórios 
clínicos gerais devido à viabilidade comercial do equipamento, à fácil preparação e à 
rapidez de análise. Esse método é geralmente utilizado como procedimento inicial 
de triagem para o gene da HbS principalmente em pacientes acima dos 3 meses de 
idade. A eletroforese em ágar citrato é usada como teste confirmatório para Hb 
alteradas (WETHERS, 2000). A HbS, a HbG e a HbD possuem a mesma mobilidade 
eletroforética na eletroforese em acetato de celulose que é o método padrão para 
separar a HbS de outras variantes. Todavia, a HbS possui mobilidade diferente de 
HbD e da HbG quando se utiliza a eletroforese em ágar citrato em pH 6,2 (PERIN et 
al., 2000). 
 
3.5.4 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) 
 
O diagnóstico da anemia falciforme teve um grande avanço nos últimos 
anos com a biologia molecular, a técnica de PCR. A metodologia desenvolvida a 
partir da tecnologia do DNA tem ajudado na elucidação da base molecular de muitas 
hemoglobinopatias, que são as doenças genéticas mais comuns na população 
humana. As alterações genéticas identificadas por esses métodos incluem: deleções 
que removem parte do grupamento do gene da globina β e mutações de ponto que 
geram códons nonsense e missense, mRNA instáveis e splicing anormais, 
13 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
resultando no decréscimo da síntese protéica, ausência ou anormalidade estrutural 
de uma das subunidades da globina (ZANATTA E MANFREDINI, 2009). 
A partir da utilização de primers que flanqueiam uma determinada 
região polimórfica do DNA, é possível que uma dada sequência de ácido nucléico 
seja amplificados milhares de vezes, mediante o uso de reagentes adequados, 
quando hibridadas com a sequência alvo através da complementaridade do 
pareamento de bases do DNA, são copiadas milhares de vezes com a enzima DNA 
polimerase extraída de bactérias termo-resistentes. Após a execução de vários 
ciclos de amplificação a elevadas temperaturas, o produto final obtido é a molécula-
alvo amplificada milhares de vezes, permitindo sua detecção e caracterização 
(GOLDENBERG, 2002). 
 
3.5.5 PCR em Tempo Real (qRT-PCR) 
 
Os produtos obtidos pela técnica do PCR podem ser analisados por 
várias técnicas suplementares das quais a mais comum é o qRT-PCR que usa o 
DNA extraído da amostra que se deseja analisar e dele se faz cópias de DNA. O 
DNA copiado é posteriormente replicado. Essa técnica de biologia molecular permite 
que a replicação seja observada em tempo real, sendo assim uma técnica altamente 
especifica e de alta sensibilidade, porém ainda pouco utilizada para o diagnóstico 
dessa patologia devido o seu alto custo (PROVAN E GRIBBEN, 2000). 
 
3.5.5 Cromatografia Líquida de Alta Performance (HPLC) 
 
Essa técnica de biologia molecular utiliza suporte com partículas 
diminutas responsáveis pela alta eficiência, sendo um método adequado para 
separação de espécies iônicas e macromoléculas. Devido à utilização de colunas 
com grande capacidade de separação a realização da HPLC requer a utilização de 
equipamentos específicos, com o uso de bombas e colunas que suportem altas 
pressões necessárias para eluição da fase móvel. Assim a realização da HPLC 
necessita da utilização de um cromatógrafo composto de bomba, coluna 
cromatográfica, detector e registrador (DEGANI et al., 1998; PERES, 2002). Na 
14 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
HPLC a fase móvel deve ser um solvente que dissolva a amostra sem que qualquer 
interação química ocorra entre ambas. A fase estacionária dever ser compatível com 
o detector, possuindo polaridade adequada para permitir a separação adequada dos 
componentes da amostra. Já a coluna cromatográfica deve ser confeccionada de 
material inerte e que resista a altas pressões. Por fim os detectores devem 
apresentar ampla faixa de aplicação, sendo que os mais utilizados são os espectrais 
(PERES, 2002). 
 
3.6 Caracterizações de Dados Levantados 
 
No segundo semestre de 2013, na Faculdade Padrão, foram avaliados 
e analisados o conhecimento dos acadêmicos de biomedicina do 1° ao 6° período 
por meio de questionários aplicados a 72% do contingente total de alunos do 
semestre atual, com o objetivo de obter informações sobre o entendimento dos 
alunos em aplicações da biologia molecular no diagnóstico da anemia falciforme. 
O entendimento e conhecimento sobre a enfermidade é um passo 
importante na busca do tratamento adequado, assim no estudo foi observado que 
96,35% dos acadêmicos possuíam o conhecimento sobre o que é anemia, enquanto 
a minoria 1,67% não sabe o que é essa patologia. Direcionando nossos dados 
iniciais a refletir um público que na sua grande maioria julga saber o que é anemia, 
porém nunca apresentaram patologicamente os sinais da anemia. 
De acordo com Neto e Pitombeira (2003), a anemia falciforme é uma 
das doenças herdadas mais comuns no mundo, atingindo expressiva parcela da 
população dos mais diferentes países, o que torna muito importante o conhecimento 
dessa patologia para que se tenha um diagnóstico precoce e assim uma melhoria na 
qualidade de vida dos portadores dessa enfermidade. Dentre os dados levantados 
foi observado o entendimento dos acadêmicos quanto à anemia falciforme podendo- 
se observar que 76,66% sabem o que é anemia falciforme e 23,34% não sabem o 
que é, demonstrando assim uma diminuição no conhecimento dos acadêmicos em 
relação à anemia falciforme quando comparada com anemia. 
Quando questionados sobre o fato de ter conhecimento de alguém com 
anemia falciforme, somente 38,33% disseram conhecer algum caso, enquanto 
15 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
61,67% não conhecem nenhum. Assim podemos correlacionar este estudo com o 
que cita Mendonça e colaboradores (2009), que mostra o quão grande é a 
importância de um diagnóstico precoce, pois se trata de uma doença assintomática 
nos primeiros seis meses de vida devido à presença de HbF, tornando-se 
indispensável o diagnóstico precoce. 
Uma vez que o conhecimento sobre a sintomatologia dessa patologia é 
muito importante para que se correlacione os sintomas com a clínica e assim tenhaum diagnóstico precoce, em nossos dados levantados avaliamos o conhecimento 
dos alunos de cada período em relação aos sintomas da anemia falciforme. Dos 60 
acadêmicos avaliados no questionário sobre o conhecimento em anemia falciforme, 
os alunos do 1° e 2° período mostraram ter o mesmo grau de conhecimento, pois 
30% dos alunos analisados de ambos os períodos julgaram saber quais são os 
sintomas, sendo que a partir do terceiro, nota-se um aumento no entendimento dos 
alunos, já no sexto período 100% julgam saber os sintomas. O aumento do 
conhecimento dos alunos na medida em que vai aumentando o nível de curso na 
graduação, devem-se as matérias específicas que são estudadas ao longo da 
graduação como, por exemplo: bioquímica, genética, hematologia e biologia 
molecular (Figura 1). 
 
Figura 1- Acadêmicos (%) que conhecem os sintomas de anemia falciforme. 
 
 
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4 5 6
16 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
De acordo com Murão e Ferraz (2007), o diagnóstico laboratorial da 
doença falciforme baseia-se na detecção da HbS. Esse diagnóstico com precisão e 
segurança é possível através da utilização das técnicas de biologia molecular que 
apresentam alta sensibilidade e especificidade. Deste modo, o conhecimento dos 
acadêmicos sobre o diagnóstico torna-se relevante para um diagnóstico precoce. 
Assim, a partir dos dados levantados, nota-se que quanto maior o período de 
graduação maior é o conhecimento. Esse fato se explica pelas matérias específicas 
vistas durante o curso, a partir do 3° período (Figura 2). 
 
Figura 2- Nível de conhecimento da comunidade acadêmica sobre o diagnóstico de anemia falciforme 
 
. 
O diagnóstico da anemia falciforme teve um grande avanço nos últimos 
anos com as técnicas de biologia molecular que apresentam alta rapidez, 
sensibilidade e especificidade. É altamente importante o conhecimento das técnicas 
convencionais e atuais de biologia molecular para se ter um diagnóstico mais rápido 
e preciso. Com base nesses dados observamos o conhecimento dos acadêmicos 
em relação a algumas siglas relacionadas à biologia molecular utilizadas no 
diagnóstico de anemia falciforme. No presente estudo percebemos que a grande 
maioria do público entrevistado conhece alguma sigla encontrada nos estudos de 
biologia molecular. 
Observamos que grande parte dos alunos conhece sobre o 
diagnóstico, mas com base nos dados levantados podemos concluir que mesmo que 
grande quantidade de acadêmicos tenha o conhecimento de técnicas de 
diagnóstico, muitos ainda não conhecem as novas técnicas de diagnóstico como o 
0
20
40
60
80
100
1° 2° 3° 4° 5° 6°
P
o
rc
e
n
ta
ge
m
 %
 
Período 
17 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
HPLC e o qRT- PCR, o que demonstra a necessidade dos profissionais de se 
atualizarem em novas técnicas de biologia molecular, para assim se obter um 
diagnóstico de anemia falciforme mais rápido e preciso (Figura 3). 
 
Figura 3- Conhecimento dos acadêmicos em relação a algumas siglas relacionadas à biologia 
molecular. 
 
 
Com base nos estudos, percebemos que atualmente as técnicas de biologia 
molecular são extremamente importantes para um diagnóstico preciso da 
anemia falciforme. Com isso, questionamos os acadêmicos sobre a aplicação da 
biologia molecular na anemia falciforme. De acordo com 46,66% dos 
acadêmicos, com a biologia molecular é possível diagnosticar a anemia 
falciforme. Com base nos dados levantados podemos concluir que uma 
quantidade relevante de alunos sabe que a biologia molecular é utilizada no 
diagnóstico da anemia falciforme, porém ainda não conhecem novas técnicas de 
diagnóstico com alta especificidade e sensibilidade, tornando assim essencial 
um estudo mais aprofundado nessa nova ciência (Figura 4). 
 
 
 
 
 
40% 
50% 
3% 2% 
5% 
HbF
PCR
HPLC
qRT-PCR
Não Conhecem
18 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
Figura 4- Conhecimento dos alunos sobre a aplicação da biologia molecular na anemia falciforme. 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A anemia falciforme é um distúrbio de um único gene mais comum no 
mundo, sendo considerado um problema de saúde pública inclusive no Brasil. Essa 
enfermidade caracteriza-se por uma alteração geneticamente determinada na 
produção da hemoglobina e é ocasionada pela substituição do ácido glutâmico pela 
valina. 
Um em cada mil recém-nascidos vivos apresenta anemia falciforme, 
destes estima-se que até 25% não atingem os cinco anos de vida, sendo elevada a 
mortalidade perinatal, variando entre 20 a 50% o que evidencia a necessidade de 
maiores investimentos e progressos no diagnóstico desses pacientes para uma 
melhor qualidade de vida desses portadores. 
A aplicação da biologia molecular no diagnóstico de anemia falciforme 
promoveu um excepcional desenvolvimento no diagnóstico laboratorial dessa 
enfermidade, pois a cada vez mais a biologia molecular torna-se um instrumento 
laboratorial de grande definição no diagnóstico e na prevenção de doenças 
hematológicas, notadamente aquelas de origem hereditária, como é o caso da 
anemia falciforme. 
10% 
47% 
37% 
6% 
Prevenir a anemia
Falciforme
Diagnosticar a Anemia
Falciforme
Levantar Dados sobre a
Anemia Falciforme
A Biologia Molecular não
se Aplica a essa Patologia
19 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
O conhecimento dos acadêmicos sobre o diagnóstico torna-se 
relevante para um diagnóstico precoce de anemia falciforme. Nos dados levantados 
no decorrer dos estudos demonstraram que quanto maior o período de graduação 
maior é o conhecimento dos alunos em relação à patologia e o diagnóstico, devido 
às matérias específicas vistas durante o curso. No entanto mesmo que a grande 
maioria julgue saber sobre o diagnóstico de anemia falciforme, somente 4,99% dos 
entrevistados conheciam novas técnicas de biologia molecular. 
Com base neste estudo percebemos o quanto é importante o estudo de 
novas técnicas de biologia molecular para o diagnóstico de anemia falciforme, pois 
com essas técnicas podemos ter um diagnóstico mais rápido, preciso e assim 
proporcionar um tratamento adequado e consequentemente uma melhoria na 
qualidade de vida desses pacientes. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AKINSHEYE, I.; ALSULTAN, A.; SOLOVIEFF, N. et al. Fetal hemoglobin in sickle 
cell anemia; Blood, 2011. 
 
ALMEIDA, A. M.; GODINHO, T.M.; TELES,M.S. et al. Avaliação do programa de 
triagem neonatal na Bahia no ano de 2003. Rev. Bras. Saúde Matern. Infantil. 
2006, 6 (1). 
 
ALMEIDA, K.C.RT- PCR quantitativo em tempo real para análise do receptor de 
EGF em complexos cumulus-oócito colhidos por laparoscopia em cabras 
Canindé submetidas à estimulação hormonal ovariana. Univ. Est. do Ceará, 
Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, 2009, 3(2). 
 
ALMEIDA, L.P.; WENGERKIEVICS, A.C.; VIVIANI, N.M. et al. O laboratório clínico 
na investigação dos distúrbios da hemoglobina; J. Bras. Patol. Med. Lab. 2011, 
47(3). 
 
ANVISA. Manual de diagnóstico e tratamento de doenças falciformes. Brasília, 
2002, 22-26. 
 
20 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
BACKES, C.E.; MALLMANN, F.G.; DASSI, T.; BAZZO, M.L. et al. Triagem neonatal 
como problema de saúde pública. Rev. Bras. Hematol. eHemoter. 2005, 27(1): 43-
47. 
 
BANDEIRA, F.M.G.C.; LEAL, M.C.; SOUZA, R.R. et al Diagnóstico da 
hemoglobina S: Análise comparativa do teste de solubilidade com a 
eletroforese em pH alcalino e ácido no períodoneonatal; Rev. Bras. Saúde 
Matern. Infantil. 2003, 3 (3). 
 
CANÇADO, R.D.; JESUS, A. A. A doença falciforme no Brasil. Rev. Bras. 
Hematol. eHemoter. 2007, 29 (3). 
 
CARDOSO, G.L. Estudo de fatores genéticos moduladores da heterogeneidade 
fenotípica da Anemia Falciforme no estado do Pará. Dissertação de Mestrado, 
UFPA, 2005, 123p. 
 
CARVALHO, W.F. Técnicas médicas de hematologia e imunohematologia. 7º ed. 
Belo Horizonte: COOPMED,1999, 146p. 
 
CAVALCANTI, J.M.; MAIO, M.C. Entre negros e miscigenados: a anemia e o 
traço falciforme no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. Hist. Cienc. Saúde-
Manguinhos 2011, 18 (2). 
 
CINGOLANI, HE. ; HOUSSAY, AB.; Fisiologia Humana. 7 ed. Porto Alegre: 
ARTMED, 2004, 1124p. 
 
DAUDT, L.E., ZECHMAISTER, D.; PORTAL, L.; CAMARGO,N.E. et al. Triagem 
neonatal para hemoglobinopatias: um estudo piloto em Porto Alegre, Rio 
Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde pública. 2002,18 (3): 833-41. 
 
DEGANI, A.L.; CASE, Q.L.; VIEIRA, P.C. Cromatografia um breve ensaio. Química 
nova na escola. 1998, 21 (7). 
 
FILHO, I.L.S.; RIBEIRO, G.S.; VECHI, M.L. et al. Manisfestações clínicas agudas 
na primeira e segunda infâncias e características moleculares da doença 
falciforme em um grupo de crianças do Rio de Janeiro. Revista Bras. Hematol. 
eHemoter. 2012, 34(3). 
 
21 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
GOLDENBERG, S. Ferramentas de análise molecular e os agentes das grandes 
endemias. Ciência e Saúde Coletiva. 2002, 7(1). 
 
HANKINS, J. Assistência médica de qualidade para a anemia falciforme: já 
chegamos lá? J. Pediatra. 2010, 86 (4). 
 
HOLBASH, D.R; SALAZAR, E.A.V.M.; IVO,M.L .et al. Investigação bibliográfica 
sobre a hemoglobina S de 1976 a 2007. Acta Paul. Enferm. 2010, 23 (1). 
 
HOKAMA, N.K.; HOKAMA, P.O.M.; MACHADO P.E.A. et al. Interferência da 
malária na fisiologia e na fisiopatologia do eritrócito (Parte 2 - Fisiopatologia 
da malária, da anemia falciforme e suas inter-relações). J Bras Med. 2002; 
83:40-48. 
 
LORENZI, TF. Manual de hematologia: propedêutica e clínica. 3º ed. Rio de 
Janeiro: Medsi, 2003, 193p. 
 
MENDONÇA, A.C.; GARCIA, J.L.; ALMEIDA, C.M. et al. Muito além do "Teste do 
Pezinho"Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2009, 31 (2). 
 
MOLINA, A.L.; TOBO, P.R. Biologia molecular atualização. Parte 2 – Uso de 
Técnicasde biologia molecular para diagnóstico. Einstein. 2004, 2 (2). 
 
MURAO,KM.; FERRAZ,M.H.C. Traço falciforme - heterozigose para hemoglobina 
S .Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2007, 29 (3). 
 
NAOUM, P.C. Hemoglobinopatias e Talassemias. 1° ed. São Paulo,Sarvier,1: 
1997, 17-18. 
 
______. Avanços tecnológicos em hematologia laboratorial. Rev. Bras. Hematol. 
Hemoterapia. 2001, 23 (2). 
 
NETO, G.C.G. PITOMBEIRA. M.S.; Aspectos moleculares da anemia falciforme. 
J Bras. Patol. Med. Lab. 2003; 39 (1): 51-56. 
 
NUZZO, D.V.P.; FONSECA, S.F. Anemia falciforme e infecções. J. Pediatria. 
2004,80 (5). 
22 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
OLIVEIRA, R.A.G.; NETO, A.P. Anemias e leucemias: conceitos básicos e 
diagnóstico por técnicas laboratoriais.1° ed. São Paulo Roca, 2004, 421p. 
 
PANTE,S.G.; MOUSINHO, R.R.C.; SANTOS,E.J.M. et al. Origin of the hemoglobin 
S gene in a northern brazilian population: the combined effects of slave trades 
and internal migrations. Genet Mol Biol. 1998; 21 (4): 427-430. 
 
PERES, T. B. Noções básicas de cromatografia. Biológico, 2002; 64 (2). 
 
PERIN,C.; FILHO,C.E.; BECKER,F.L.; Anemia Falciforme. Fundação Faculdade de 
Ciências Médicas de Porto Alegre 2000. 
 
PROVAN, D.; GRIBBEN, J. Molecular Haematology 3°ed. Blackwell, 2000, 89-92p. 
RIBEIRO, R.C.M.; CARDOSO, L.G.; SOUSA, I.C. et al. Importância da avaliação 
da hemoglobina fetal na clínica da anemia falciforme. Rev. Bras. 
Hematol.Hemoter. 2008,30 (2). 
 
SOMMER, C.K.; GOLDBECK, A.S.; WAGNER.S.C.et al. Triagem Neonatal para 
hemoglobinopatias: experiência de um anona rede de saúde pública do Rio 
Grande do Sul, Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 2006, 22 (8). 
 
SOUZA, A.A.M.; RIBEIRO. C.A; BORBA.R.I. Ter anemia falciforme: nota prévia 
sobre seu significado para a criança expresso através da brincadeira. Rev. 
Gaúcha Enferm. 2011, 32 (1). 
 
TAKAHASHI, E.K. Haplótipos do alelo bS em pacientes portadores de traço 
falciforme. Dissertação de Mestrado, UFPA, 2005, 146p. 
 
TAVARES, M.F.M. Utilização de um monitor de vídeo como fonte de alta tensão 
para eletroforese capilar. Química Nova. 2006, 29 (6). 
 
TODRYK, S.M.; MELCHER, A.A.; DALGLEISH, A.G. et al. Heat shock proteins 
refine the danger theory. Molecular Medicine Program, 2000, 5 (2). 
 
VERRASTRO, T. Fundamentos de Morfologia, Fisiologia, Patologia e Clínica. 
1°ed. São Paulo, Atheneu, 1996, 47p. 
 
23 
 
Revista Ciência e Cultura Vol. 1 
Faculdade Padrão - Goiânia 
 
WETHERS, D.L. Sickle cell disease in childhood: part II. Diagnosis and treat 
major complications and recentadvances in treatment. Am Fam Physician. 2000, 
62 (6). 
 
ZANATTA, T.; MANFREDINI.V. Comparação entre métodos laboratoriais de 
diagnóstico de doenças falciformes. News Lab, 2009.

Outros materiais