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aula 16 ( Didier NCPC )

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No início da tramitação do projeto do CPC/15, muitos críticos diziam que o novo Diploma aumentava consideravelmente os poderes do juiz. Didier entende que tal crítica não procede. Segundo ele, foram mantidos os atuais poderes do juiz (de uma forma mais bem organizada), mas, em contrapartida, foram estabelecidos mais deveres. 
PODERES DO JUIZ
O tema era tratado pelo CPC/73 no art. 125:
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. 
O novo CPC, por seu turno, traz tais poderes no rol do art. 139, aumentando de quatro para dez incisos. Entretanto, vale dizer que não houve, de fato, um alargamento de tais poderes; o que houve foi uma consolidação deles em um único artigo. Assim: 
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.
Serão analisados a seguir os pontos mais relevantes deste dispositivo. 
Poder geral de efetivação das decisões (inciso IV) 
Dispõe o inc. IV que cabe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária. Este dispositivo consagra o poder geral de efetivação das decisões.
- O juiz tem o poder de determinar medidas executivas atípicas para efetivar suas decisões judiciais. Noutras palavras, o juiz poderá criar o meio executivo adequado às peculiaridades do caso concreto. 
- Esse poder geral de efetivação já existia, em certa medida, no CPC/73: Art. 461, § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. 
Contudo, no antigo Diploma, este poder geral cabia apenas para as ações que tenham por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer e para entrega de coisa diferente de dinheiro.
- O novo texto deixa claro que esse poder geral poderá ser empregado, também, nas ações que tenham por objeto pecúnia. 
Interpretação deste inciso IV
Contexto: o inciso IV surge em vista de uma doutrina que defendia a aplicação de medidas executivas atípicas também para as obrigações de dar dinheiro, alegando haver certo desequilíbrio entre a execução da obrigação de dar dinheiro e a execução das de fazer, não fazer e dar coisa distinta de dinheiro. Assim, mesmo sob a égide do CPC/73 (que não tinha tal disposição), certas doutrinas defendiam a aplicação do §5º do art. 461 também para as obrigações de dar dinheiro. 
- Os defensores deste pensamento defendiam que não fazia sentido o juiz poder adotar medidas atípicas para um tipo de execução, e só poder adotar medidas típicas (ou seja, com um roteiro previsto na lei) para outro tipo. 
- Entretanto, vale dizer que tal corrente de pensamento pregava que a adoção de medidas atípicas, na obrigação de dar dinheiro, deveriam ser subsidiárias. Noutras palavras, o juiz deveria, antes de adotar medidas atípicas (ex.: fixação de multa diária para que o executado pague), determinar medidas típicas (penhora, desconto em folha, adjudicação etc.). 
- Desta feita, a interpretação mais adequada ao inciso IV é no seguinte sentido:
a atipicidade das medidas executivas permanece da mesma forma de antes, ou seja, amplamente aplicáveis para as obrigações de fazer, não fazer e dar coisa que não seja dinheiro;
nas obrigações de pagar quantia, as medidas atípicas devem ser vistas como recursos subsidiários�.
Imprecisão técnica do inciso IV
Fredie aponta para uma evidente imprecisão técnica no texto do inc. IV, que pode dar margem para interpretações equivocadas. O texto do dispositivo diz que cabe ao juiz determinar “todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais” necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial. Contudo, medidas indutivas, coercitivas e mandamentais são rigorosamente a mesma coisa. 
- O legislador quis colocar no texto legal todas as variações doutrinárias do mesmo termo, quando bastava ter dito “medidas coercitivas” e “medidas sub-rogatórias”:
indutiva, coercitiva e mandamental: são medidas de coerção indireta;
sub-rogatória: medida de coerção direta.
Poder de dilatar prazos processuais e alterar a ordem dos meios de produção de prova (inc. VI)
O inc. VI prevê dois poderes ao juiz: poder de dilatar� os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito
- As duas hipóteses tratam do poder do juiz de adequar o processo às peculiaridades da causa. 
- O projeto original do CPC/15 previa, neste inciso, um poder geral de adaptação do juiz, ou seja, um poder que lhe permitia adequar qualquer aspecto do processo às peculiaridades da causa. Essa previsão, contudo, não passou no Senado. 
Observações quanto ao poder de dilatar prazos processuais
Juiz não pode dilatar o prazo quando já exaurido. Noutras palavras, o juiz não pode, através deste poder, superar a preclusão.
Juiz pode, ao invés de desmembrar o processo nos casos de litisconsórcio multitudinário ativo, dilatar os prazos de defesa 
Interrogatório (inc. VIII)
O juiz tem o poder de determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso.
- O conhecido “interrogatório” (meio de prova determinado pelo juiz) saiu da parte do CPC que cuidava do depoimento pessoal e veio para a parte dos poderes do juiz. 
Primazia das decisões de mérito (inc. IX)
O juiz pode determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais. 
- Este dispositivo é mais um dentre outros que confirmam o princípio da primazia da decisão de mérito, segundo o qual as decisões de mérito preferem às que não resolvem o mérito. 
- Didier salienta que este inc. trata, na verdade, de um poder-dever do juiz (o juiz deve determinar o suprimento dos pressupostos processuaise sanear eventuais vícios).
Dever de comunicação (inc. X)
O juiz, quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, deverá oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública), e o art. 82 da Lei no 8.078/90 (CDC), para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.
- Dispositivo que consagra o dever de comunicação do juiz. 
- Este dispositivo compõe o microssistema de tutela de causas repetitivas, que é composto também pelo poder do juiz de provocar o próprio Tribunal para fixe uma tese sobre elas. Logo, estes são dois poderes que, diante de ações repetitivas, irão conviver paralelamente:
Dever de comunicação dos legitimados para propositura de ação coletiva;
Poder de provocar o próprio Tribunal para que fixe a tese a ser aplicada às causas repetitivas.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO JUIZ
Nos termos do novo CPC:
Art. 143.  O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único.  As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Observações importantes:
- A responsabilidade do juiz é regressiva, ou seja, é preciso, inicialmente, acionar a União ou os Estados e estes entes, em regresso, acionarão o magistrado. 
- Esta responsabilidade regressiva fora estendida aos advogados públicos, aos membros do MP, aos Defensores Públicos e servidores. 
- Com isso, fica consagrada a posição do STF de que a responsabilidade do funcionário público é regressiva. 
ELIMINAÇÃO DA PARTE FINAL DO ART. 126 DO CPC/73
Dizia o art. 126, CPC/73: O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. 
Do dispositivo acima, apenas sua primeira parte fora mantida no CPC/15; a segunda parte (negrito), fora retirada, demonstrando clara opção metodológica do legislador processual.
O silêncio se deve porque este trecho do art. 126 traz claro equívoco técnico:
a) “No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais (...)” 
Ao juiz cabe aplicar o Direito, e não tão somente as normas legais, que são apenas parte daquele sistema. O magistrado, no seu munus, pode, por exemplo, se valer de resoluções do CNJ, pode dar efetividade a um contrato, observar uma medida provisória etc. 
b) “(...) não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito”
Outra imprecisão técnica: princípios gerais de direito são normas e, como tais, são aplicadas em conjunto com a aplicação do Direito. Logo, os princípios não são a última técnica de integração de lacuna, como quer fazer crer o art. 126; eles compõem o Direito e, como tal, são aplicados. 
Disposição no novo CPC
O texto do novo CPC assim ficou:
Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único.  O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
O JUIZ E O PODER DE CONTROLAR SIMULAÇÃO PROCESSUAL
O texto do CPC/73 assim dispõe:
Art. 129. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes.
Versando sobre o mesmo assunto, diz o CPC/15:
Art. 142.  Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.
- A pequena alteração terminológica serviu para modificar, de maneira sistêmica, a disposição que já era prevista no CPC/73. Noutras palavras, o novo artigo demonstra que, tendo em vista o contexto normativo do CPC/15, é preciso dar uma nova interpretação ao poder do juiz de controlar a simulação do juiz.
- No CPC/73, falava-se em sentença; no CPC/15, fala-se em decisão (muito mais amplo). 
- A antiga disposição era interpretada como o poder do juiz de combater tão somente as lides simuladas, tanto que, em vista de tais hipóteses, o juiz proferia uma sentença para extinguir o feito. 
A atual redação, ampliando o alcance deste poder, demonstra que o juiz pode não só combater as lides simuladas, mas também qualquer simulação que se faça no processo. Daí a possibilidade de se proferir decisão – e não apenas sentença – para enfrentar tais questões. 
- Este poder de controle de simulações processuais se aplica, também, no âmbito dos negócios processuais (convenções das partes acerca de questões do processo) que se apresentem simulados.
REPRESENTAÇÃO CONTRA JUIZ PELO EXCESSO DE PRAZO
A previsão do antigo art. 198 do CPC/73 está agora insculpida no art. 235 do novo CPC:
Art. 235.  Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.
Procedimento da representação 
A principal diferença do novo texto para o antigo é que, nos §§ deste dispositivo, o CPC/15 procedimentalizou esta representação, garantindo o contraditório (perceba que esta representação dá início a um processo administrativo, cujo processo deve ser devido). 
Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento liminar, será instaurado procedimento para apuração da responsabilidade, com intimação do representado por meio eletrônico para, querendo, apresentar justificativa (defesa prévia) no prazo de 15 dias (§1º).
Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48 horas após a apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação do representado por meio eletrônico para que, em 10 dias, pratique o ato.
Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra o qual se representou para decisão em 10 dias.
DO JUIZ
� Mesmo ante tal interpretação, Fredie não vê com bons olhos, por exemplo, a determinação de multa como medida atípica no caso de obrigação de dar quantia. Isso porque, a princípio, já há a multa de 10% quando o executado não cumpre a sentença. Além disso, também não faz sentido fixar multa diária quando se sabe que, em dívidas de valor, incidem juros moratórios (que já servem como uma multa pelo atraso). 
� O juiz pode ampliar os prazos, e não reduzi-los.

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